Edit#
MöndoBrutal #03
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Info e coisas..:
Cada banda, cada entrevista, resposta, frase ou palavra que temos nesta terceira edição só prova a qualidade e o empenho das propostas que teimam em emergir do nosso underground. Tanto temos o experimentalismo dos Moe’s Implosion, que quase ameaçam abandonar o rock em futuros devaneios, mas decerto sem comprometer a qualidade da boa música que têm vindo a esculpir, como temos uns Spiritual Way que são capazes de sacrificar tudo o que podem pelo eterno rock n’ roll. Há ainda a honestidade e frontalidade dos Artigo 19, onde a mensagem da humildade aliada a uma forte convicção estão bem intrincadas, e os Black Bombaim, como representantes dos defensores da eterna chama negra - o rock que desce aos confins do psicadelismo e faz um pacto com o anjo caído na sua volta, acabando a beber da aridez do southern rock, tudo de forma exímia. Quanto à capa, temos os PhaZer. Que dizer dos PhaZer? Quando tanta coisa parece injusta em relação a como a arte deveria ou poderia vingar, os lisboetas surgem como o exemplo de um grupo que, sem a visibilidade do mainstream, aos poucos e poucos vai ganhando terreno, não só dentro de portas, mas também a nível internacional. Rock não só com nervo, mas também com aquela pontinha de sorte que tanto merecem aqueles que arriscam no jogo tendo apenas presente na memória as imortais palavras do Lemmy “..gambling’s for fools/ but that’s the way i like it baby/ I ain’t gonna live forever“. Em suma, tudo bem espremido, temos mais uma forte dose de exemplos de como o DIY está vivo e recomenda-se. Não esquecer também as nossas rúbricas e o bom conteúdo que desta vez elas compõem, com um interessante insight sobre a contagiante “Deep down inside“ dos RedLizzard, e com o revisitar de mais uma história, sendo que desta vez resgatámos os rockers Lulu Blind. Seleccionem o vosso veneno de eleição, encontrem uma posição favorável, ao som de uma boa banda sonora e entrem em mais esta viagem connosco. Rock n’ roll!
MÖNDOBRUTAL webzine mondobrutal@gmail.com http://www.facebook.com/pages/MöndoBrutal/118889448226960
A Seita: KaapaSessentainove (coisas variadas/ entrevistas) Maltês (design) Rui LX (tmbm design) Cátia Panda (recolha de info/ an.discos) Girh (revisão textos/ entrevistas) Lagartixa (an.discos) Hugo Cebolo (for.d’arquivo/ linhas c. q. s. t. a malha)
índice 02 - Editorial 03 - Notícias 04 - Fora do Arquivo: Lulu Blind
06 - Moe’s Implosion
10 - Artigo 19
14 - PhaZer
18 - Spiritual Way
22 - Black Bombaim
26 - A.l.c.q.s.t.M.: “Deep down inside” dos RedLizzard
28 - Análises a discos
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30 - Videoclube pag.14
Not]cias .................. Pitch Black procuram baterista
Os Pitch Black estão neste momento à procura de baterista. Alguns dos requisitos apontados pela banda são o “domínio em pedal duplo, boa técnica, rapidez, groove“ e a “capacidade para a interpretação de todos os temas dos dois álbuns da banda“. Para mais informações, podem seguir o link para consultar o mural da banda:
Code of hypocrisy estreiam com Tomas Skogsberg Os açorianos Code of hypocrisy, verão o seu EP de estreia, Towards Sheol, ser alvo de misturas nas mãos do produtor sueco, que já trabalhou com bandas como Katatonia, Tiamat ou Hellacopters. Tomas Skogsberg irá pegar nos quatro temas que compõe o registo da banda de death/groove metal em Abril, e as misturas serão feitas nos seu Sunlight Studio, em Estocolmo.
Us & Them, com classe
http://www.facebook.com/PitchBlackThrash?sk=wall
Do M.A.R. nasce uma nova editora O colectivo de músicos M.A.R. irá converter-se numa editora. Após ter produzido bastante música nos últimos quatro anos, contando no seu currículo com, por exemplo, discos dos Quarto Fantasma e MulherHomem, a editora será ‘lançada’ em dois eventos a realizar em Lisboa(Music Box) e no Porto(Plano B) nos dias 1 e 10 de Março, respectivamente.
Os gaienses Us&Them estão de volta com o sucessor do seu registo de 2010, Highway 19. O novo trabalho chama-se Jack class, é constituído por cinco temas que revisitam o rock com atitude e está a ser disponibilizado pela banda de forma gratuita no seguinte link: http://www.usnthem.net/media/jackclass.zip
Ashes abrem o estranho apetite dos fãs Um novo império de tons familiares
Chama-se Ecila e está quase a ver a luz do dia. O novo trabalho dos Ashes é, segundo os mesmos, baseado no livro Alice no país das maravilhas de Lewis Carrol. Para já dão-nos a provar do tentador veneno com o tema “The kind of strange“. Isto e mais no site da banda: http://ashesrain.tk/
Urban War ascendem Os portuenses Urban War assinaram recentemente pela Raising Legends Records - a editora que mais tem dado nas vistas no panorama de peso nacional nos últimos tempos - juntando-se assim a um catálogo que conta com nomes como Holocausto Canibal, We are the damned, Drop D ou BlackSunRise. Neste momento a banda encontra-se a finalizar gravações nos Soundvision Studios daquele que será o seu primeiro registo a sair pela editora.
Os Damn Empire são um novo colectivo que reúne membros de Men Eater, Vicious Five, Born a Lion e These arms are snakes. Encontram-se presentemente em gravações e é possível aguçar um pouco a curiosidade acerca do possível resultado com alguns teasers ‘making of’ que o grupo vai disponibilizando, como por exemplo o do link que se segue: http://vimeo.com/36378391
Fina Flor do Entulho com nova carnificina Depois de em Janeiro deste ano os Fina Flor do Entulho se terem saído com Ao vivo Hard Club, registo ao vivo gravado na nova reincarnação do mítico bar do Porto, a banda da mesma cidade apresenta-se agora com as suas músicas no formato imponente do seu novo EP Carne de Deus, lançado no passado dia 18 de Fevereiro no café-teatro Tui, na Galiza. http://finaflordoentulho.bandcamp.com/album/carne-de-deus
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F#ra do Arquivo
LULU BLIND
Foram o que mais próximo tivémos de um caso de invasão do mainstream musical nacional por parte de uma banda que desde o início se orgulhou de remar contra todas as marés. Saídos de Benfica, tinham como destino voos mais altos e, com a devida dose de insistência, chegaram a ter uns quantos.
Os Lulu Blind formaram-se em 1991 a partir das cinzas dos Amen Sacristi (banda com origem na cena punk portuguesa, mas rebelde até em relação aos padrões ditados pela mesma), e na altura somavam Pedro Vargues(baixo), Filete(voz) e Tó Trips(guitarra), aos quais se juntou o baterista Anselmo. Com um passado também ligado à banda punk Deportados (anteriormente conhecidos como Grito Final) e de uma presença e estilo marcantes, Filete puxou pela creatividade “marada” do então novo colectivo, e o resultado começava a ser o de um rock sujo, mergulhado no descontentamento melancólico que despontava no início dos anos 90, mas, de forma algo bizarra, com muito divertimento à mistura. O cocktail resultaria em algo como um rock delirante e alucinado, ao qual fizeram juz nomes de alguns dos primeiros temas, como “Drogadicto del Rock’n’Roll”, “Feedback Rap” ou “Kiss Madonna”. Apesar do papel fulcral na génese desta nova aventura dos lisboetas, Filete acabaria por abandonar a banda devido à sua insuspeita e surpreendente ida para os Estados Unidos ao serviço da Armada Portuguesa. Os restantes elementos resistiram e, sem comprometer o espírito da banda, integraram Carlos Luz como novo vocalista e com essa mesma formação chegaram a ter duas incursões em estúdio para gravação das músicas que tinham então compostas, com a colaboração de Zé Pedro(Xutos e Pontapés) e Zé Vasco na produção. Na segunda das duas incursões chegaram a gravar treze temas, na esperança de atingir o necessário para a gravação de um ál-
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bum, mas nenhuma das grandes editoras mostrou interesse na banda e, como a banda também não tinha fé nos ideais das editoras independentes(demasiado acomodadas ao seu público underground, segundo os músicos deixavam perceber), por momentos os Lulu Blind viram então os seus planos cair por terra. Mesmo assim, com algumas facilidades a nível de marketing/comunicação que já datavam dos dias dos Amen Sacristi, a banda conseguiu gravar um videoclip para o tema “Rita hot pussy” e viu o mesmo ser passado em doses industriais na RTP, chegando mesmo a ser muito bem classificado no programa Viva o vídeo, e este chegou mesmo a ser um feito assinalável, o de uma banda portuguesa sem discos gravados conseguir uma abertura para a popularidade através de um videoclip. O problema residia no facto de que, dado que o eventual público não conhecia mais nenhum tema da banda, estariam todos à espera de ouvir um set constituído por músicas semelhantes, quando a banda tinha em si um desejo de experimentação assinalável, dentro do género rock, chegando a receber influências tanto de Sonic Youth, como de Jimi Hendrix, sem esquecer a vaga de grunge que já começava a insuflar o underground nacional. No entanto, como não podia deixar de ser, foi mesmo “Rita hot pussy” que escolheram, quando chegou a oportunidade de gravar um single, pela Moneyland Records (que originalmente não passava de uma editora “imaginária”), em 1992. No ano seguinte viram mais uma das suas músicas (“Go and die”) editada, desta vez na compilação Johnny Guitar lançada pela EMI-Valentim de Carvalho. Em 1994 a banda volta a recorrer aos préstimos de Zé Pedro, a par de Zé Motor, para a produção daquele que seria o seu primeiro álbum (Dread, editado pela El Tatu) e passaram o resto do ano a acompanhar os Xutos e Pontapés, fazendo a primeira parte dos seus concertos. No ano seguinte voltariam a visitar a compilação Johnny Guitar, desta vez na sua versão ao vivo - Johnny Guitar: Ao vivo em 1994, pela Johnny Records com o tema “Peggy Boo”. Em 1996 os Lulu Blind editam através da Música Alternativa
o seu segundo álbum, Blast!, produzido pelos Moshers do Universo. Por esta altura a banda, já com dois registos ‘longa duração’ bastante crus e agressivos, e uma modesta legião de fãs, acabaria por se ausentar do panorama musical para o que os próprios designaram como uma “renovação na formação da banda”. Esse afastamento no entanto não impediu que o nome da banda fosse relembrado uma e outra vez, com presença em compilações como 100% Antena 3 (1996), Promusica #17 (1998), ou Press on 04 (2000). Em 1999 a banda chegou mesmo a atender ao chamamento para participar na compilação de tributo aos Xutos e Pontapés XX anos XX bandas, com uma versão para “Quero mais”. Em 2001 finalmente regressariam em nome próprio com Foge de ti, o seu terceiro registo de originais - o primeiro cantado integralmente em português e a contar com Tó Trips a assumir a posição de vocalista, somandoa assim à sua já reconhecida figura de guitarrista e líder da banda. Pedro Vargues mantinhase, juntamente com Trips, como o outro membro sobrevivente da formação original, contando a banda por esta altura com as adições de Ritchie(Kick out the Jams) na segunda guitarra e Samuel Palitos(Censurados, Sitiados, Rádio Macau...) na posição de baterista. Com este regresso de ‘cara lavada’ os Lulu Blind atacavam o cenário musical português com a mesma dose de energia, mas com uma proposta bastante diferente no que diz respeito aos pormenores da sua sonoridade. A causticidade dos primeiros experimentalismos punk-rock/ grunge davam lugar a um rock enérgicomelancólico na mesma veia de uns Smashing Pumpkins, e com intenções quase épicas em alguns dos novos temas, donde se destacou o single “Atirar-te ao ar”, que teve direito a videoclip e rodagem de destaque em programas de televisão como o Top +. Outra característica que a banda trazia com o seu regresso era a voz característica de Tó Trips, que se apresen-
tava diferente de tudo o que se tinha ouvido no panorama musical nacional até então, e que se mantém até hoje como uma das vias possíveis (e surpreendentemente não aproveitada) de explorar o sempre difícil ‘cantar em português’. A atitude dos Lulu Blind com este regresso era algo mais madura, mas mesmo assim ‘políticamente incorrecta’, se não o fosse pelos testemunhos dos elementos da banda, era-o pelas palavras que emitia a voz do seu líder em cada uma das músicas. Mas a experiência de gravar em português não vingou da mesma forma que a banda esperava, e com um mote que desde o início se lia como “Os Lulu Blind não querem ser underground; pequenos sim, mas só enquanto o forem” - como chegou a escrever Pedro Brinca -, a banda acabaria por se remeter a um hiato e consequentemente à dissipação da formação. De entre os elementos que mais se destacaram dentro da banda, o exemplo mais visível de continuidade no caminho da música - mesmo que num estilo bastante desmarcado do que aqui falamos - é o do indiscutível homem do leme do grupo, Tó Trips, que viria a formar os Dead Combo e a tornar-se, juntamente com Pedro V. Gonçalves, parte do duo instrumental mais bem sucedido da música nacional, e onde, se escutarmos com atenção, ainda poderemos sentir um pouco da inquietude que um dia o guitarrista não hesitou em comungar com electricidade e ferocidade.
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http://www.myspace.com/lulublind http://underrrreview.blogspot.com/2009/05/lulu-blind.html
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Moe's Implosion
Enquanto foram desenvolvendo a relação de amizade entre os cinco, que consequentemente levou à criação da banda, tanto trocavam discos entre vocês, como jogos, segundo é dado a perceber num dos vídeos das LPS*. Já vos passou pela cabeça se em vez de se virarem para os instrumentos se virassem para o código e modelação 3D, e se em vez de uma banda viessem a criar uma empresa de criação de jogos? Epá, isso não nos passou pela cabeça mas gostamos imenso do Super Mario e do Crash Bandicoot. Não seria nada mau se um dia tivéssemos oportunidade de fazer a banda sonora de algum desses jogos.
No vosso álbum Light Pollution optaram
por uma abordagem menos directa, mas não menos intensa em relação ao vosso EP de estreia. O que vos levou a optar por esse caminho? O desejo de fazer algo diferente do que já tínhamos feito anteriormente, com mais tempo para estruturar os temas e não apenas debitar os primeiros riffs e melodias que nos vinham à cabeça.
Principalmente neste trabalho nota-se uma boa entrega à parte dos sons mais sintetizados, mas nem por isso deixam que eles moldem a forma como os temas saem, ou chegaram mesmo a levar a experimentação a esse ponto? É uma componente forte na banda, essa, neste momento? Os sintetizadores que estão no álbum, na sua
*Light Pollution Sessions
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Tendo ganho lance com um EP onde exploraram as suas influências mais rockeiras e directas, os montijenses Moe’s Implosion viram agora chegar a altura de esticar um pouco mais a corda e, com o entusiasmante Light Pollution, por pouco não abandonaram de vez a grande àrea do rock. No entanto planos para a exploração de géneros mais electrónicos, assim como a abertura para propostas de composição de bandas sonoras de videojogos podem estar à espreita...
grande maioria, foram arranjos que surgiram depois dos temas estarem quase terminados. O Sancho, que é o responsável pela parte mais sintetizada da banda, ele optou por colocar faixas de sintetizadores nos nossos temas à medida que ia aprendendo a trabalhar com esse equipamento. De certa forma, os sintetizadores acabaram por se tornar mais num instrumento do que apenas um utensílio para arranjos, houve alturas nos ensaios em que as faixas de sintetizadores deram origem a linhas de saxofone. Talvez num próximo trabalho os sintetizadores sejam o principal meio de composição em Moe’s Implosion, mas isso nunca se saberá ao certo até começarmos a compor novos temas. Quem sabe se não viramos uma banda de synth-pop-doom no próximo álbum?
Quase podemos adivinhar Rage Against The Machine, Faith no more, Glassjaw e
At The Drive-In como algumas das possíveis influências da banda. No entanto quando envergam um pouco mais de experimentação inter-géneros lembramnos quase automaticamente ora Zen (nos compassos mais funk), ora Primitive Reason (não só, mas principalmente pela adição do saxofone em algumas músicas). Pode-se dizer que são influências, ou é mais algo inevitável soar a alguém que tanto trilhou no sentido de uma determinada forma de explorar a música? Somos uma banda que tem duas guitarras, um baixo, uma bateria, usa sintetizadores e quase todos cantam, é uma formação típica de rock. À partida sabe-se mais ou menos ao que pode soar. As bandas mencionada são-nos todas conhecidas e algumas até apreciamos bastante. Mas o nosso
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pensamento nunca foi de querer soar ou parecer a alguém. Os vários artistas que nós admiramos sempre foram conhecidos por fazerem música à sua imagem, com uma linguagem muito própria, e é exactamente isso que nós queremos fazer e ser como banda. É também nesse sentido que vamos
tentar trabalhar, para conseguir criar uma identidade muito definida como banda. Vemo-nos como um conjunto de músicos que cria a sua própria música e não como uma típica banda que se associa a um género de música e tem receio de sair desse registo.
O Light Pollution é um álbum conceptual, cujo as letras e a própria música gravitam à volta da história de uma personagem que, inclusive, testemunha alguns deja vus. Podem-nos introduzir um pouco mais no contexto do que acontece na história? O conceito do disco baseia-se num personagem que, ao longo de vários períodos da vida tem contacto com situações do futuro ou com vivências passadas, fictícias ou não, através de visões e de deja vus. Basicamente, o álbum começa com o nascimento do protagonista da nossa história e acaba num ponto da sua vida em que, após tantas visões, deja vus e outros fenómenos, este já não consegue diferenciar o que era realmente verdadeiro e o que apenas era produto da sua mente. Élhe dada a oportunidade de voltar ao príncipio da vida e, desta vez, tentar conseguir separar tudo o que se passa na sua mente daquilo que realmente lhe acontece na vida [real]. E achámos isto interessante porque, após a audição do disco, o ouvinte pode escolher ouvi-lo outra vez, e, de certa forma, tentar também perceber melhor os temas e as músicas.
Até que ponto as Light Pollution Sessions foram acompanhadas pelos
seguidores da banda, e quais têm sido os comentários que têm recebido quanto a essa iniciativa? Quando decidimos fazer o Light Pollution Sessions achámos que seria uma mais-valia para todas as pessoas que nos quisessem conhecer via internet. É uma espécie de ensaio de portas abertas onde apresentamos o nosso álbum num registo ao vivo. É uma ideia que se vê muito frequentemente lá fora mas que achamos ainda pouco explorada em Portugal. Os comentários têm sido bastante positivos, esperamos que a longo prazo contribua de forma positiva para a promoção da banda.
Têm deixado novos elementos alimentar a produtividade e a diversidade do alinhamento da banda, algo que em álbum funciona de forma surpreendente, no entanto é sempre mais complicado transportar essa união pelas mais diversas questões - que podem envolver agendas, por exemplo - para vários palcos. Como têm contornado essa questão? Estar numa banda enquanto estamos a estudar implica muito mais esforço do que as pessoas julgam. Por trás dos concertos e CD’s estão muitas horas de ensaio e de viagem, que acabam por fazer falta quando precisamos de mais tempo para os estudos. Mas nada como tentar ser organizado e flexível ao máximo para se conseguir conjugar os ensaios com os estudos e tempos livres. Em suma, quem corre por gosto, não cansa!
Em concerto as músicas tendem a sair de forma mais enérgica e explosiva, ou têmse controlado um pouco principalmente pela tonalidade menos directa deste último conjunto de temas? Não, de todo. A energia está lá sempre, quer seja nos temas mais antigos ou nos mais recentes. Acima de tudo nós divertimo-nos imenso a tocar
ao vivo e isso reflecte-se na intensidade com que interpretamos as músicas.
Não quiseram repetir a formula do EP e decidiram avançar logo para um álbum onde realmente têm mais espaço para explorar ainda mais ideias. Concedem a hipótese de voltar a gravar um EP num futuro próximo ou mais depressa passar o para o mítico conceito do álbum duplo? Depois de gravar o EP sentimos que haviam coisas
que ficaram por explorar, coisas que por uma questão de tempo e dinheiro não conseguimos fazer. Decidimos, à partida, que isso seria um ponto-chave para se trabalhar no próximo trabalho. Do mesmo modo, queríamos fazer um álbum porque a experiência de o compor e de gravar seria, certamente, diferente. Gostamos de desafios e, por isso, gravar um álbum depois de um EP fez todo o sentido. Quanto a gravar um álbum duplo, teríamos que ter material para o fazer. É preciso muito tempo de estúdio e, nos próximos tempos, é capaz de ser complicado. Mas quem sabe? Nada é impossivel.
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http://www.facebook.com/moesimplosion http://www.myspace.com/moesimplosion
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Artigo 19
De um grupo que começou quase como brincadeira em formato acústico até ao ponto em que se converteram numa banda a sério, os Artigo 19 têm-se revelado uma das propostas mais interessantes do hardcore da zona do Porto. Com boa disposição, humildade, seriedade q/b e sempre sem esquecer que a palavra é um veículo para mudar mentalidades... ‘tomem lá que foi o vosso pai que mandou!‘ Recorrer ao Artigo 19 (impossibilioda de ‘Suspensão do exercício de direitos’ por parte dos órgãos de soberania) é a bem dizer outra forma de gritar ‘Pára!’ ou reclamar pelos direitos que são devidos a cada um de nós. Como vos surgiu a ideia: algum episódio que envolvesse órgãos jurídicos ou algo assim do género? Na verdade não tem nada a ver com esse Artigo 19, hehe. Quando pensámos no nome para a banda, queríamos algo que tivesse a ver com liberdade de expressão, visto que a música envolve esse direito. Procuramos então na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Artigo 19, diz que todo o individuo deve ter direito à liberdade de expressão/opinião e assim ficou o nome da banda.
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No passado ainda chegaram a ter alguns originais registados em formato acústico. Foi apenas uma fase, envolveu algum tipo de privação (de instrumentos, por exemplo) ou era apenas uma experiência que quiseram levar a cabo? Tudo começou como uma “brincadeira”. Fizemos as músicas nas acústicas e gravámos com um micro ligado ao pc, que era o material que tínhamos. Nem imaginámos ter a aceitação que tivémos. Foi tudo inesperado. Mais tarde, sentimos-nos motivados para construir algo mais sólido, investir em material e procurar um baterista.
Através de descrições que fazem das características que vos motivam - “humildade, dedicação e paixão” -, e de frases como “Juntos caminhamos, unidos so-
mos fortes!” mais uma vez nos vem à cabeça a imagem d’o grupo super-unido e coeso’. Em alguns outros géneros não se ouve muito disto; acham que no punk, talvez pela base centrada em ideais muito específicos, vive-se mais esse espírito de banda unida e practicamente inseparável? Pensamos e acreditamos que sim. De outra maneira a paixão que temos pela música que fazemos, ouvimos e vivemos, não faria sentido. Cada estilo tem as suas partes boas e más mas não encontro outro onde as pessoas sejam tão humildes; a entreajuda está sempre presente desde o pessoal que já anda por cá há muitos anos até aos mais novos.
desse álbum termos andado meio perdidos. Existiram muitas mudanças na banda, passamos do acústico para a distorção, entrada/saída de membros, o estilo mudou bastante desde a entrada do Zé para a bateria. O Zé trouxe-nos novas ideias, ficámos mais coesos como banda, e finalmente conseguímos encontrar o nosso som.
No “Enfrenta a realidade” têm participações de Kisto(Dokuga) e Zyon(Motim) a debitar no microfone. É um featuring que visa apenas dar à música aquilo que ela pedia, ou é também uma forma de manter e fomentar a união inter-bandas? Foi um pouco de ambos. Os Motim são uma banda com quem nos damos muito bem. É tudo pessoal humilde e já tínhamos falado que gostávamos que o Zyon participasse numa música, tal como o Kisto. Além disso, achamos que as suas vozes iriam dar outra cara à música e o resultado agradou-nos bastante.
O vosso núcleo duro é sem dúvida o punk hardcore. Que bandas vos inspiraram na fase inicial? Já agora que referências no género encontram a nível nacional, mesmo entre as mais recentes? Em termos de inspiração sempre a encontrámos no tipo de som que ouvimos. Desde a sonoridade, letras, filosofia, etc. As bandas que mais nos inspiram/inspiraram de alguma forma são: Proudz, Ignite, Dropkick Murphys, Pennywise. A nível nacional: Mordaça, Last Hope, For the Glory, Saida de Emergência.
Basta passear por alguns espaços virtuais dedicados ao underground para nos cruzarmos com pelo menos um ou dois cartazes onde os Artigo 19 figuram. Têm-se esforçado para manter a banda activa e a rolar, contando sempre com os vossos pares? Sim, com altos e baixos como qualquer banda temos tentado sempre focar-nos em marcar concertos, lançar material novo, estar no activo. Contando sempre com a amizade, ajuda e partilha de muitas bandas com quem tivémos/temos o prazer de conhecer e o pessoal que aparece nos concertos e que nos dá força para seguir em frente.
Segundo vocês mesmos Sangue Suor e Dedicação “traçou um novo começo na história da banda”. Podem explicar um pouco melhor o que pretendem transmitir com esta afirmação? Esta afirmação deve-se ao facto de até à gravação
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Muitas mensagens de incitação à revolta e à acção espalhadas um pouco por todo este trabalho, e não só. Acreditam que estamos a viver tempos que clamam por
uma revolução, por exemplo? Pode parecer cliché mas acreditamos que a verdadeira revolução está na nossa mentalidade. Cada vez mais o “eu” se sobrepõe ao “nós” e o que nos move é tentar, com a nossa música, reverter esse modo de pensar.
É preciso alguma coragem para transportar este tipo de música para a rua (como chegaram a fazer na avenida de Sta Catarina, no Porto) num formato tão ‘vulnerável’ como o acústico. O que vos desafiou a fazê-lo? Coragem tem o pessoal que toca na rua dia-a-dia para tentar ganhar algum dinheiro para colocar a comida na mesa. A esses sim, é de dar valor. A principal razão esteve relacionada com o facto de, nessa mesma tarde, estar a decorrer uma manifestação e achámos que era uma boa maneira de contribuir.
Quão difícil pode ser para uma banda de punk hardcore nacional o processo para conseguir gravar um álbum? É bastante díficil. Principalmente quando tentas fazer um trabalho com melhor qualidade a nível de estúdio. Foi o que tentámos fazer no SSD. Desde a gravação até à parte física do álbum sai tudo do nosso bolso e é esta a realidade para praticamente a maioria das bandas do género. Contudo, no final, é com orgulho que vemos o fruto de todo esse esforço. Vês que tens um trabalho teu cá fora e que não tiveste de pedir favores, nem andar a lamber as botas a ninguém, para o conseguir. Brevemente vamos voltar a estúdio para gravar um split com os nossos amigos brasucas Like A Texas Murder.
E já agora... “Toma lá que foi o teu pai que mandou..” (*logo no início do tema “Punk hardcore”) de onde foi que surgiu esta frase? É alguma private joke? Boa pergunta, hehe! Costumamos dizer essa frase várias vezes. É como dizeres algo do tipo: “dá-lhe brita” ou “dá-lhe gás”. E como o Zé dizia isso muitas vezes antes de começar essa música, ele mesmo gravou essa frase (com efeito na voz, hehe) e assim ficou.
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MB
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PhaZer
Nem todas as jovens bandas portuguesas desfrutam do mesmo factor de sorte que os lisboetas PhaZer. A banda de rock - que sabe manter os horizontes bem abertos - já viu (e vê) a sua música ser alvo de atenção além fronteiras, chegando a ser rotulada como uma das referências daquilo que poderá ser visto como o futuro do rock português e até já inclui no seu currículo a participação na banda sonora de um videojogo lançado pela Play Publishing (e não só). Mas, com tanta dificuldade que uma banda encontra em se destacar nos dias que correm, será que podemos confiar que foi tudo apenas uma questão de sorte? Nas próximas linhas, respondidas de forma bem clara e directa pelo vocalista Paulo Miranda, ficamos a saber as respostas às questões mais pertinentes sobre um grupo que, por aquilo que tem alcançado, se tem vindo a tornar num exemplo inspirador. 14
Começaram como uma banda de covers e só por acaso descobriram que eram capazes de fazer originais tão ou mais entusiasmantes do que as músicas que potenciaram a vossa união. Quando olham para trás como vêm essa feliz coincidência? Bom, a banda de covers nunca chegou a ver a luz do dia, embora tivesse sido essa a intenção original. Acho que acabou por ser o meio de nos conhecermos musicalmente e encontrar aquele objectivo comum em todos nós de fazer exactamente aquilo que realmente queríamos fazer, que era fazer parte de uma banda rock de originais.
Estavam à espera que o vosso primeiro EP Revelations, de 2006, vos trouxesse o reconhecimento que hoje têm no circuito rock underground português? Acho que o EP Revelations cumpriu exactamente o propósito que tinha, que era apresentar-nos ao mundo, como um cartão de visita. Não deixa de ser um disco ingénuo, pois éramos completamente inexperientes, ainda nos estávamos a encontrar musicalmente e o mais importante de tudo foi que aprendemos do zero todo o processo de ser e gerir uma banda de rock, gravar um disco, ir para a estrada, etc.. Acabou por ser um disco que superou as nossas expectativas por tudo, e sobretudo
pela dificuldade de uma nova banda sem recursos aparecer aí e tentar furar pelos media e pela estrada. Felizmente correu muito bem e conseguímos uma boa reacção mesmo [a nível] internacional, da imprensa e do público ao disco. O nosso primeiro álbum Kismet é o resultado de tudo o que EP Revelations significou para nós.
Vocês próprios já afirmaram que se identificam principalmente com o rock, mas que não se limitam apenas a este ou outro qualquer género musical. Por que géneros vos falta explorar ainda? Têm alguma nova composição/experiência musical inter-géneros guardada na manga neste momento por exemplo? Sim é verdade, temos um prazer especial em não nos fecharmos numa única fórmula (mesmo que seja a nossa fórmula) ou género musical. O Rock é assumido como a nossa base de vida musical, sem ela não respirávamos. E o resto do “Frankenstein” que vamos construindo, gostamos de ir buscar diferentes linguagens aqui e ali. É uma forma de cada música tornar-se mais interessante para nós. No Kismet, explorámos uma veia mais Southern. Ultimamente estamos virados para uns sons mais directos e pesados e com algum stonner pelo caminho, mas ainda existem outras ideias diferentes na gaveta, vamos ver o que sairá.
Algumas das vossas músicas integram a banda sonora do Jogo Trucker 2 da companhia de jogos polaca Play Publishing. Como surgiu, e de que forma exploraram essa oportunidade. Nós publicámos uma demo do EP Revelations no Jamendo, e foi aí que a Play nos encontrou e convidou-nos a figurarmos como banda sonora do Jogo. Temos tido boas experiências no campo do Jogos de computador e Desportos Radicais. Aparentemente, o nosso som tem sido bastante requisitado para Jogos e filmes de desportos radicais, o que é óptimo para nós… pois na banda gostamos de ambos, uns mais que outros, aliás a letra da música “Love Kills” (do EP Revelations) foi inspirada no argumento do jogo Max Paine 2.
Serem descritos como a “grande promessa do rock português” em algumas publicações estrangeiras é algo que dá que pensar. Como reagem a reacções deste género? Acreditam que é um título que têm que agarrar sem hesitar, ou levam as coisas com humildade q/b? Por um lado é excelente recebermos tamanho título, por outro aumenta a responsabilidade da confirmação esperada. É sempre bom, recebermos críticas destas, pois, acaba por ser um reconhecimento do trabalho que fazemos e acredito que agora e no futuro saberemos sempre receber tanto as boas como as más críticas. Mas a responsabilidade ou pressão de títulos não tem grande impacto na banda, gostamos de ser reconhecidos,
mas o mais importante é estarmos satisfeitos com a música que fazermos e irmos ao encontro da expectativa dos nossos fãs quer em disco quer ao vivo. É isso que nos dá maior alento.
Para a gravação do vosso primeiro álbum Kismet recorreram ao produtor Fernando Matias (produtor com créditos em discos de Moonspell, F.E.V.E.R., Bizarra Locomotiva, Linda Martini...) para vos auxiliar na tarefa. Que tal foi a experiência, e em que medida ele vos ajudou a alcançar os resultados que pretendiam? Já tínhamos a referência do trabalho do Fernando há algum tempo, inclusive o nome dele esteve em consideração para a masterização do EP Revelations acabando por não ter sido a opção na altura. No entanto para o nosso primeiro álbum quisémos a participação de um “produtor” que nos garantisse um bom disco, de alguém fora da banda que ouvisse as nossas músicas com sentido critico e nos ajudasse a melhorá-las. E foi essa expectativa que tínhamos ao trabalhar com ele, e gostamos muito do resultado final. Acredito que este disco sem o Fernando, seria um disco diferente. Como já tinha dito em anteriores entrevistas, o Fernando no Kismet foi o nosso 5º Beatle, neste caso o nosso 5º PhaZer! Não foi apenas o produtor do Kismet, mas tornou-se um forte amigo da banda.
Ao longo de várias das vossas músicas somos percorridos por associações a
bandas como Alice in Chains, Soil, Faith no more, The Cult ou até Mötley Crüe. Que bandas ou artistas portugueses, se tal se aplica, chegam a ter também alguma influência sobre o som dos PhaZer? Algumas dessas são influências assumidas na banda tal como Faith No More ou The Cult, mas é normal que muita gente reconheça diferentes influências nas nossas músicas, pois não estamos a inventar um novo estilo musical, nós assumimonos como crossover. Já constatámos muitas vezes, que numa única música, as opiniões sobre ao que soa nunca são consensuais, mesmo entre a banda… eu gosto disso (risos). As nossas influências são maioritariamente anglo-saxónicas e não temos dentro da banda influências portuguesas.
Como surgiu a ideia para o videoclip de “Wake me”? E já agora que tal foi a experiência de o fazer? Este foi um projecto de final de curso de cinema e após uma tentativa falhada nos estúdios da Universidade Lusófona, acabámos por improvisar e assumímos uma ideia de vídeo clip muito simples e sem grandes expectativas e pretensiosismos, que foi, fazer um vídeo clip com 0€ de orçamento numa única tarde. Acabou por ser uma experiência praticamente nova para nós, mas muito divertida e uma tarde muito bem passada entre a equipa de produção e a banda. Disponibilização gratuita do single “Wake me” para download, videoclip no youtube, site com apresentação muito profissional... acreditam que cada vez mais é incontornável a importância deste tipo de media na promoção de uma banda? Até que ponto acham que vai a necessidade deste tipo de promoção e começa a de dar um bom concerto de rock’n’roll?
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Sem dúvida, hoje em dia as ferramentas web que temos à disposição, são excelentes meios para divulgarmos e promover o nosso trabalho e acima de tudo gratuítas. Conseguimos regularmente comunicar com fãs nos Estados Unidos ou na Índia e eles conseguem ter acesso imediato aos nossos conteúdos e comunicar em tempo real connosco. É fantástico. Diria que estes meios são actualmente imprescindíveis para levar a nossa música a mais gente. Em relação aos concertos, também nos ajudam a promovê-los, a partilhar imagens e vídeos de concertos e assim envolver cada vez mais os nossos fãs.
Que tipo de memórias guardaram da tour de 2 anos que fizeram a tocar em alguns dos principais pontos de encontro de rock/metal espalhados pelo país? Bom… 2 anos de memórias numa única resposta! Seria uma resposta muita longa (risos). De forma resumida, a tour do Revelations foi muito importante para todos nós, pois passámos por muito e, felizmente, nunca aconteceu nenhuma história triste ou trágica, não tivémos acidentes, nem fomos enganados, nem os clichés desentendimentos da banda, etc. Mas de todos os concertos até agora dados, recordo especialmente o nosso primeiro concerto no Santiago Alquimista em Lisboa onde tocámos para meia dúzia de amigos, passando pelo Festival de Vagos em 2006 – nunca nos iremos esquecer do pessoal de Vagos e Aveiro - e depois passados alguns anos, tocarmos no Hard Rock Café em Lisboa que estava cheio, assim como no Hard Club no Porto, no Coliseu de Lisboa como banda suporte de Cheap Trick e também na Concentração Motard de Faro deste ano, são concertos todos diferentes mas que nos marcaram para sempre.
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MB
PASSATEMPO Os Phazer têm duas cópias do seu álbum Kismet para ofercer aos leitores da MöndoBrutal!
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CDs Para se habilitarem a este prémio só têm de escolher, de entre as respostas dadas aquela que consideram a melhor frase (não a resposta completa) dita por Paulo Miranda, durante a entrevista acerca da sua banda. De entre as que nos forem enviadas, aquelas que nos parecerem as melhores/mais interessantes irão ditar cada um dos vencedores que receberá o CD dos Phazer em sua casa. Para isso não se esqueçam então de adicionar o nome e morada ao mail que nos enviarem.
Não percam mais tempo e enviem as vossas respostas para:
Cameraman Metálico
mondobrutal@gmail.com
http://www.gophazer.com/ http://www.facebook.com/gophazer
Spiritu piritual al Way
Antes de mais, que tal tem sido a reacção das pessoas que têm tido contacto com o vosso EP homónimo de 2009/10? Tem sido excelente, superou as expectativas. E a prova disso foram as 4 edições (100 unidades cada) que fizemos e que das quais já só restam 4 EPs... Felizmente surgiram muitas datas ‘live’ que também ajudaram à divulgação do mesmo.
O que vos levou, depois do fim dos The Blizzard a se juntarem de novo(os três elementos restantes) e formar uma nova banda, em vez de seguir pelo trilho que já haviam iniciado com a banda anterior? Os Blizzard (1997/2002) foi a 1ª banda que tivémos e como tal marcou-nos muito... Muitos momentos mágicos foram vividos nessa época; é a magia dos 15 anos... Em 2008 o Bruno Martins (Às de Espadas) andava a fazer umas ‘jam sessions’ com 2 amigos, Rato no baixo e Pedro Domingues na bateria. O Rato não tinha muito tempo para a coisa e foi então que o Ricardo Neto
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(Às de Paus) assumiu o lugar no Baixo, aqui nascem os Spiritual Way, ainda a brincar e a explorar sonoridades sem um trilho muito definido. O Pedro porque morava longe acaba por se afastar, e claro quem melhor que Jorge Correia (Às de Copas) para assumir a Bateria...E assim o velho trio pilar de Blizzard volta a estar junto. Assim nasce um ‘power trio’ de puro rock’&’roll... Os Blizzard eram bem mais metal na onda de new wave of british heavy metal... Com os dois primeiros concertos de Spiritual Way surge a necessidade de uma 2ª guitarra que pudesse abrilhantar a coisa nada melhor que o puto Ricardo Baptista (Ás de Ouros), que com o tempo se tornou um membro fundamental na sonoridade de S.W.
Em “Twin city”, por exemplo, experimentam tanto quanto podem; desde o ritmo inspirado em algum blues, até uns falsetes muito à Prince, passando por algo parecido com spoken word. Acham que o rock hoje em dia está muito es-
Partindo da new wave of british heavy metal para ir de encontro a uma paixão pelo rock sem preconceitos nem limitações. Transpirando atitude DIY por todos os poros e teorizando sobre o “fim do mundo”. Assim são os lisboetas Spiritual Way. Subam a bordo e acompanhem a descrição daquele que tem sido o andamento dos quatro ases.
As principais dificuldades são sem dúvida os custos dessas “brincadeiras” mas como quem corre por gosto não cansa… Embora muitas das vezes o ‘cachet’ não chegue para pagar as despesas na sua totalidade. Quanto às principais motivações, achamos ser a melhor forma de divulgação de uma banda... Ao vivo é que se vê o potencial real de uma banda... E os S.W. são sem dúvida uma banda de palco. A estrada e convívio proveniente da mesma é algo que nos inspira e motiva a continuar...
Numa reportagem da nemesistv.com referente ao concerto que deram em suporte aos Iberia e Fantasy Opus, lê-se que começaram o concerto “de forma tímida” mas que foram “gradualmente e energicamente soltando as notas” e acabaram “ mostrando à vontade, confiança e boa disposição”. Acham que esta é uma descrição exemplar do que podemos esperar de um dos vossos concertos, ou foi uma ocasião especial? Abrir para uma banda que anda na luta desde os anos 80 (os grandes Ibéria) é no mínimo uma responsabilidade acrescida e uma Honra... E como é obvio acusamos essa pressão no início, mas sim acho que “à vontade, confiança e boa disposição” será uma boa forma de descrever as actuações de S.W. Felizmente o público foi correspondendo e fomos “gradualmente e energicamente soltando as notas”... Na sua maioria os concertos de S.W. são uma grande festa com amigos, fãs, família, cerveja e muita diversão à mistura...
tereostipado e tem medo de arriscar ou se divertir, ao contrário do que vocês parecem fazer? Sim, com o passar dos anos o rock tornou-se em algo muito estereotipado, sem graça, careta, sem sal... Perdeu a loucura e a diversão... Nos S.W. não nos preocupamos com rótulos ou estereótipos, tocamos o que queremos sem a preocupação que digam ...”epá isto já não é rock”... ou ...”que falsete mais gay”, a nós soa-nos bem fixolas e além disso o Prince é um excelente artista, músico e performer, se soa a Prince então é um elogio seja ele do rock ou não. O que queremos é que se divirtam ao som de S.W.
São de Lisboa, mas não se censuram a extrapolar as eventuais dificuldades para tocar em cidades como Viseu ou Porto. Quais diriam que são as principais de entre essas dificuldades resultantes da deslocação e quais as principais motivações que vos levam a fazê-lo na mesma?
Há um pouco de hard rock e até sleaze rock à 80’s na “Rock’n’Roll tonight”. Já alguma vez vos passou pela cabeça se uma banda como os Spiritual Way seria mais bem enquadrada/aproveitada nessa década? Acham que um renascimento desse entusiasmo pelo rock português que se faz hoje faria bem à cena musical portuguesa, ou acham que já não há solução para a cena? A sonoridade dos S.W. é sem dúvida muito inspirada nos 70’s e 80’s, mas não achamos que seria melhor enquadrada/aproveitada nessa época, até porque o verdadeiro espírito do rock’&’roll é intemporal... Agora é obvio que esses foram os anos dourados do hard e sleaze rock... Todas as cenas têm uma solução. Se fazes aquilo que sentes e acreditas não importa a época... Em portugal sempre rendeu mais ser ouvinte que músico mas isso é uma desvalorização que damos sempre aos nossos artistas. Privilegiando sempre o artista estrangeiro...
Uma das coisas que escreveram no vosso myspace é “Record label: abertos a propostas, até lá Do It Yourself”.
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puseram para a sua música? Confesso que adorei esta questão. As teorias que os S.W. já transpuseram para a sua música? A que mais se destaca é do fim do mundo (“End of Times” no 1ºEP), pois não deixa de ser uma teoria até que se concretize... mas temos outras por exemplo “a arte de lutar sem lutar” ( teoria desenvolvida por Bruce Lee num dos seus textos) um tema que não foi ainda gravado mas que já foi tocado ao vivo. E também um pouco de teorias da conspiração, e da forma como o sistema está viciado...
O que vos faz acreditar que “it’s the End of Times”? Já aora, de qualquer forma vocês pensam ignorar ‘o fim’ com o plano de lançar um próximo EP para breve, certo? Lá está, é uma teoria... Até porque acreditamos ser o fim de uma era/época/império/etc... e não o fim do mundo. Sim o 2º EP de S.W. está gravado e está aí mesmo a sair, dia 4 de Dezembro* será o Lançamento oficial num concerto na Casa de Lafões em Lisboa. A New Chapter é o nome do novo EP e trás 6 temas de puro metal’&’roll, sem truques nem malabarismos…
Acreditam que esse(DIY) é o caminho a seguir de agora em diante para a maior parte das bandas que, como vocês, aparece e faz música apenas por amor à música e pela diversão que daí tiram? Sim sem dúvida. As editoras hoje em dia procuram um produto já feito, pronto a ser comercializado... já ninguém arrisca neste ou naquele artista... O DIY é sem dúvida o futuro. E em certa parte até é mais gratificante, apesar de exigir muito mais dos músicos; torna a coisa mais real, mais nossa, é tudo feito à nossa maneira. Acima de tudo como referes na pergunta “música apenas por amor à música e pela diversão que daí tiram” é o caminho dos S.W. O que não impede de futuramente termos uma ‘Record Label’...desde que a motivação se mantenha a mesma!
A mensagem em “Rock’n’Roll tonight” não podia ser mais clara. Mesmo assim, teriam mais alguma coisa a acrescentar para alguém que não vos compreenda e esteja do lado de lá? What you see is what you get! E para quem não entende Inglês. Não vamos mudar - não gosta não come. Não damos importância à fama/dinheiro. Não critiques tanto; faz tu mesmo, sê tu mesmo, acredita no que fazes se isso te dá prazer…
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Entre as influências extramúsica que referem num site encontra-se uma incumum: teorias. Quais diriam que são as teorias que os Spiritual way já transhttp://www.spiritual-way.com/
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http://www.facebook.com/SpiritualWay
* o novo EP dos Spiritual Way já por aí anda; é visitar o site da banda!
Black Bombaim Com o coração da cena de Barcelos mesmo ali ao lado do deserto americano, os Black Bombaim beberam do que melhor havia da era psicadélica do rock e não só, para destilar riffs e ritmos alucinantes e envolventes que até já os levaram a estar lado a lado com alguns dos seus nomes de referência. É de ter respeito. Aí estão eles:
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É inevitável começar pelo óbvio: vocês têm feito a camada jovem (e quem sabe outras também) mexer em Barcelos, e como vem descrito na vossa biografia em plataformas virtuais, têm feito mais pela cidade nos últimos anos do que o Galo de Barcelos em décadas. O que sentem face a este tipo de declarações? Apesar dessas declarações nos fazerem sentir imensamente orgulhosos, acho que é de uma forma muito natural que estas coisas acontecem numa cidade como Barcelos. Desde sempre nos habituámos a interagir com várias bandas, desde quando a banda se formou, víamos bandas a tocar pela cidade e pelo resto do país, e isso deu-nos força de vontade para fazer o mesmo. De certa forma, acho que estamos a fazer inconscientemente pelas bandas mais jovens aquilo que bandas como Astonishing Urbana Fall, Kafka ou Green Machine fizeram connosco.
Ao ler sobre a banda chega-nos a referência aos The Stooges, mas com Ron Asheton puxado para o primeiro plano, face ao icónico Iggy Pop. Tudo isto enquanto vocês próprios deixam de lado a opção de incluir um vocalista. Na vossa opinião o que é que uma banda tem a ganhar quando não há esse compromisso entre a voz e o instrumental? Qual é o limite da exploração neste caso, e em que pontos podem começar a surgir, se é que as há, falhas? Quando não há um compromisso inicial e uma preocupação por incluir voz nas composições, os instrumentos têm que compensar essa “lacuna”, e essa liberdade para ocupar esses espaços, além de nos fazer evoluir como músicos, também nos impulsiona na procura de novas formas de captar a atenção de quem ouve a música. Claro que como somos apenas três elementos, cada um com o seu instrumento, isto chega a um ponto em que se pode tornar aborrecido, por isso, estamos sempre à procura de novas maneiras de nos reinventarmos e fazer um som “fresco”, ainda que inspirado no antigo e bolorento rock psicadélico de outrora.
Num power-trio, principalmente quando cada elemento é um músico dedicado ao seu instrumento, tudo flui de uma forma surpreendente e as coisas correm da melhor maneira - essa é a ideia que costuma passar para o lado de cá. É mesmo assim? Quando muitas das composições partem do improviso, há sempre um risco que as coisas não corram da melhor maneira. Mas como nos conhecemos há imenso tempo e crescemos a ouvir
a mesma música, há um ponto de equilíbrio, e esse risco que corremos, tanto a compor, como a gravar ou a tocar ao vivo, é sempre um risco mais ou menos controlado e tentamos sempre arranjar terreno seguro nas improvisações, de forma a que a coisa flua da melhor forma possível.
Lançaram em 2010 o Saturdays and Space Travels, que basicamente consiste em duas grandes improvisações - parte 1 e parte 2 - que se estendem e juntas completam qualquer coisa como 40 minutos; essa é a maior prova de que estão de costas totalmente viradas para qualquer ponta de mainstream. Ainda se fazem álbums assim? Sim, ainda há bastantes bandas que operam dessa maneira e gravam álbuns assim, mas como vocês próprios dizem, é uma forma de virar as completamente as costas ao mainstream, e essas bandas não chegam onde poderiam chegar. Isto não nos preocupa muito, pois o que queremos fazer é rock n’ roll do mais puro, e se isso para nós significa tocar non-stop durante 20 minutos de cada lado de um disco, que assim seja.
A improvisação realmente era uma das imagens de marca da música do final dos anos 60 e durante a maior parte dos anos 70. Até que ponto a influência de grupos dessa época entra na vossa música e a partir de onde abrem margem para a influência proveniente de novos nomes? Podiam dar alguns exemplos de quem mais vos influenciou/influencia como banda? Somos fãs incondicionais do rock psicadélico dos anos 60 e 70, que nos influenciaram profundamente. Grupos míticos como Led Zeppelin, Black Sabbath e o grande Jimi Hendrix desbravaram caminho para imensas bandas, e nós não somos excepção. Depois claro, há imensos grupos não tão maioritariamente conhecidos como Sir Lord Baltimore, Hawkwind, Ash Ra Tempel, Amon Duul II, entre muitos outros, que foram fulcrais para praticarmos o nosso som. A lista é infindável.
Ainda assim, há qualquer coisa de stoner rock (tanto pelo groove, como pela carga hipnótica) nas vossas músicas. Acham que se não tivesse havido este acréscimo repentino de atenção virada para este género musical nos últimos anos os Black Bombaim estariam aí a revirar palco atrás de palco? Talvez se não existisse esse hype, nem os Black Bombaim existiam. Foi também com esse acréscimo de atenção que começámos a ouvir cada vez mais bandas desse “stoner rock” e nos apaixonámos pelo movimento. Uma dessas bandas foi
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Karma To Burn, que em Barcelos sempre teve um número de seguidores brutal, e que amigos nossos mais velhos nos deram a conhecer, já depois deles acabarem, e que nos impulsionou também para desistir de uma procura inicial por um vocalista. Uns anos passados, tivémos o orgulho de partilhar o palco com eles, no Porto.
A vossa prestação no que toca à música ao vivo transparece uma entrega à música que se assemelha a um estado de transe. Não seria errado pensar que algumas substâncias podem não estar muito longe do mundo dos Black Bombaim, ou a música é o suficiente para vocês atingirem esse clímax? Sendo politicamente correcto, é possível chegar a esse clímax sem a ajuda de substâncias, mas nós não somos santinhos nenhuns e acreditamos que a experiência é diferente quando se está noutro estado. Mas como disse o Al Cisneros (Sleep, Om), a influência das drogas na música psicadélica está mais presente quando se a ouve, e não tanto quando propriamennte se toca.
Neste tempo em que a fasquia a nível de creatividade na música portuguesa está em alta, mas a produtividade também, as editoras independentes têm um papel que cada vez menos podemos ignorar. Vocês têm estado associados à Lovers & Lollypops; o que a editora tem feito pelos Black Bombaim?
A Lovers & Lollypops, para nós, mais do que uma editora, é uma família. Conhecemos-nos todos muito bem e somos todos amigos, o que torna o processo muito mais fácil para nós. Não há planos futuros nem contractos que sejam assinados numa situação que não seja um jantar bem regado ou uma noite de copos. Quando temos todos o mesmo objectivo e pensamos de igual forma, as ideias surgem naturalmente e o trabalho é melhor feito. Nesse sentido, e como a Lovers & Lollypops tem feito com as suas bandas, editamos discos e temos tocado muito graças à editora, assim como é parte fundamental no surgimento de novas ideias e caminhos que podemos seguir. Trabalhar com a L&L é extremamente produtivo nesse sentido.
O Saturdays and Space Travels ainda tem muito para dar, mas de qualquer forma já começaram a trabalhar em novo material, certo? Temos um disco novo quase concluído, que deverá estar cá fora em Abril, um projecto ambicioso, mas do qual estamos bastante orgulhosos. Um vinil duplo, com imensos convidados nacionais e internacionais, como o Steeve Mackay dos Stooges, o Isaiah dos Earthless, ou o grande Adolfo Luxúria Canibal entre muitos outros. Será um disco diferente do Saturdays..., e estamos ansiosíssimos para o ter cá fora.
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MB
http://www.myspace.com/blackbombaim
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http://www.facebook.com/blackbombaim
As linhas com_ que se cosem a [“Deep down inside”, dos RedLizzard]
MALHA
‘Deep down inside’, dos RedLizzard, é um daqueles temas que nos transporta para um tempo em que o rock era usado para criar hinos, banhado de um espírito bastante garage - tanto Danzig como Billy Idol vêm à memória quando escutamos o tema - mas com um input muito actual em termos de som, tornando-o um tema muito forte de entre as músicas que vão surgindo abaixo da superfície do mundo musical que habitamos, dentro de portas. Gonçalo F. Santos
A força do tema é em boa medida justificada pela letra, que no refrão carrega os versos ‘cuts like a knife/deep down inside/takes everything you love’, sendo que a mesma foi escrita “numa altura em que [Elvis - guitarrista da banda] passava por um mau bocado da vida dele. Na altura ele acompanhava uma pessoa muito próxima num processo de recuperação de toxicodependência” descreve Patrick, que completa a dupla de guitarristas dos RedLizzard, “e isso é perceptível na letra e na própria música. É uma letra de interpretação simples, fala principalmente do mal que a toxicodependência provoca a todos os que se envolvem ou que acabam envolvidos…”
Apesar de ser um assunto sempre complexo, o do envolvimento com substâncias ilícitas, simples e directo são adjectivos que que Patrick recupera quando descreve o tema e a forma como este se projecta nos membros da banda, referindo que este é um daqueles que lhe “transmite energia pura. Principalmente quando o tocamos ao vivo porque acaba por ser um tema contagiante a que o público adere rapidamente”. Tal
é a forma como o público dos RedLizzard adere ao tema que chega mesmo a ser um pouco frustrante quando a banda o omite do alinhamento de um espectáculo. “Sim existe um núcleo dentro do grupo de fãs de RedLizzard que nos está sempre a pedir o tema. Inclusive houve alguns a ficarem tristes, por não o termos incluído no set que tocámos com Bon Jovi, e agora por não o termos incluído no set acústico que temos estado a fazer pelas Fnacs. Sabemos que é um dos temas preferidos de um número considerável de fãs.”
A raíz dessa forma de actuar da música sobre o público (e até mesmo sobre os membros da banda) é completamente perceptível, principalmente pelo groove da mesma, e algo que, sempre que está presente na parte mais punk, de entre as duas em que dividem os seus espectáculos - “o espectáculo [..] tem um momento mais hard rock e outro mais punk” - se pode ‘culpar’ a quem esteve por detrás da composição. O guitarrista ilumina-nos quanto a esse cenário: “Este tema foi originalmente composto pelo Elvis, depois foi arranjado por mim e por ele”, refere, “na altura sentámo-nos os dois no pequeno estúdio que ele tinha e começámos a fazer alguns dos arranjos que ainda hoje existem no tema. http://www.myspace.com/redlizzardband
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http://pt-br.facebook.com/pages/RedLizzard/21189516432
Da minha parte na altura procurei puxar algumas das ideias para as referências que tinha, mais alternativas. O que fez crescer o tema, que já tinha uma forte linha rítmica, uma excelente linha de voz e o solo era muito bom... Mas faltava algo nas guitarras que as fizesse saltar mais e ainda antes de ser apresentada à banda, o Elvis fez uns arranjos na estrutura da música tornandoa mais num formato de canção. Mais tarde quando apresentámos a música ao resto da banda, ela cresceu com os inputs dos restantes elementos. Principalmente pelo facto das linhas de bateria serem diferentes do que estava desenhado. Trabalhámos bastante a parte dos backing vocals e todas as linhas vocais do Mauro.”
Quanto à nossa associação do tema com essa fase mais garage rock Patrick não discorda, mas completa o quadro: “sim penso, que claramente há momentos que se nota esse tipo de influências, apesar de não serem nossas referências. Na altura passavam mais por Danko Jones, Velvet Revolver, Iron Maiden, Janes Addiction, etc. Isto apesar de termos grandes influências de outras coisas mais classic rock como Bon Jovi, Whitesnake, AC/DC, Led Zeppelin, Deep Purple, Def Leppard... Enfim, de tudo um pouco, mas talvez estas últimas sejam as mais comuns a todos os elementos da banda.” De qualquer forma, apesar de todos estes nomes levantarem uma mistura um pouco complexa, há que entender que o importante é a simplicidade capaz de ser traçada e encontrada como ponto comum entre cada um deles e que a banda adoptou para a sua própria fórmula e que fez como que o tema se tornasse “definitivamente um dos momentos altos do espectáculo” da banda. Para concluir Patrick exclarece que “passa principalmente por ser uma característica nossa o simplificar ao máximo as nossas músicas, por isso o nome do EP In your face simples e directo... como quem diz “Isto somos nós - os RedLizzard”!” Agora, como o próprio membro da dupla de guitarristas diz, e bem, “acho que já dissémos tudo sobre o tema, agora é ouvi-lo!”
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Yoshi, o puto dragão Volume 1 [EP] (2011)
A diferença traduz-se mais vezes num afastamento do que numa aproximação e consequente consensualidade.. é portanto, num misto de entusiasmo e uma certa angústia que é feita esta enésima escuta de ‘volume 1’ dos Yoshi, o puto dragão; devido a várias das características que marcam este projecto - sendo a indumentária a resgatar algo do imaginário das artes marciais no tempo em que ainda havia samurais, e a inspiração na BD japonesa as que mais se destacam - aos olhos da maioria a banda pode chegar como apenas uma mera curiosidade, quando na verdade esconde por baixo da superfície um potencial fora do normal para a construção de temas que exploram practicamente tudo desde a música tradicional japonesa ao deathcore - em “Buried under chinatown” e “Delaforce” por exemplo -, passando por momentos de puro rock viciante ou até mesmo pelo típico power-pop tão característico das bandas sonoras dos animées “Takare”. A mistura é de tal forma imensa, quase como se os Mindless Self Indulgence se lembrassem de fazer um álbum conceptual inspirado nos manga japoneses (e cantado em quatro línguas diferentes - inglês, japonês, português e francês), que por alguma razão
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só podemos olhar para a estratégia da banda em lançar o álbum como banda sonora da BD que o acompanha nesta edição como a única solução possível, se quizermos ser razoáveis, visto que será a melhor forma de eventualmente habituar o ouvido de quem possa estar mais desprevenido para esta dose sónica. Há momentos em que a música chega a alcançar níveis de intensidade surpreendentes, com alguns apontamentos de orquestração em tom oriental absurdos, banhados de uma carga de sedução justificada já quase só pela voz de Mónica Martins que, principalmente no tema “Hikikomori” (que tem um toquesinho apaixonante de Guano Apes), usa a sua voz como um instrumento capaz de transportar melancolia para dentro de um cenário já feito de destroços daquilo que eram os muros erguidos pelos preconceitos musicais que um qualquer adepto da evolução da costela agressiva do rock poderia opor a esta colecção de temas. Como é cantado e bem no último tema - adequadamente intitulado “Genérico” - “esta história nunca foi contada”. É então altura de entregar os ouvidos aos Yoshi e ouvir o que o puto dragão tem para nos revelar, pois decerto o desfecho será marcante.
nacional) tem a dever a instrumentais complexos que não viram a cara ao groove. Guitarra e baixo bem fortes, coezos e audazes acompanhados por ritmos de bateria que não vêm um limite para a inspiração de arranjar sempre uma linha ou um break viciante que encaixe na parte certa de forma a tornar cada momento de uma música em algo delicioso - indesmentível no tema superior que é “Autopsy headcrush”. Devido à primeira impressão deixada pelo (ainda) insistente ‘preconceito’ de ouvir um álbum sem vozes, este registo torna-se um exemplo claro de um álbum que não é - nem seria, decerto, suposto que fosse - fácil, nem à primeira, nem à segunda. Mas é tudo uma questão de nos entregarmos ao groove e ao eterno poder do riff e nos deixarmos levar pela onda envolvente de um tema como o tema título “Winds of revenge”, ou mesmo pela odisseia sonora que é de “Like crows, they drop”. Mesmo fãs de Mastodon ou Black Sabbath que saibam fazer mais do que pregar os olhos nas letras vão saber dar o devido valor a este trio depois de uma escutadela!
Blue trash can - Who Keeps The Silence, Keeps The Lie! [EP] (2010)
Aspen - Winds of revenge (2011)
Com raiz na no subgénero que se emancipou algures entre as premonições dos Neurosis e a concretização de uns Cult of Luna, os Aspen lembram-nos o quanto esta mais recente lufada de música pesada da última década (mesmo em território
É num tom festivo e practicamente powerpop que os Blue Trash Can nos abrem as portas através da escuta deste seu segundo EP, logo aos primeiros segundos de “SSS (Slightly Small & Stupid)”, para logo se metamorfosearem e assinar um registo nítidamente a apontar para o grunge e para o rock mais alternativo. O registo da voz de ... chega mesmo por vezes
a fazer lembrar ora, Mike Patton, ora Maynard James Keenan, mas, por mais curioso que possa parecer, a maior parte do tempo lembra-nos um feeling muito rockabilly que insiste na comparação com uns Volbeat. Mas é inquieta esta escuta, pois essa associação é redutora quanto ao potencial que a banda demonstra ao longo destas cinco faixas, reclamando algo de seu em “Still Searchin”, ou em “Primordial Touch”, músicas que, mais do que outra coisa qualquer, vingam muito bem graças a refrões fortes, alicerçados em riffs firmes e que conseguem mesmo assim ser melódicos e orelhudos - com airplay sufuciente correm até o risco de se tornar viciantes! “They scream in silence” acentua a veia grunge e lembra-nos que não podemos ignorar algo de Pearl Jam a sair pelos poros destas composições, e chega a ser a música mais caustica de entre o conjunto, com riffs menos melódicos mas não menos sedutores, graças ao groove. Pelo meio “Paper planes”, a fazer lembrar a última fase de uns Incubus, relembra que algum airplay por rádios nacionais podia fazer algo de bom pelos Blue Trash Can, e talvez até pelos ouvintes.
próprios rapazes, esta demo dos Local Trap é mais uma prova de que o espírito DIY está de boa saúde, tal é a relativa qualidade/equilíbrio que conseguiram extrair neste conjunto de três temas onde desbravam um punk rock de espírito bem hardcore, com espaço para misturar tonalidades ainda mais desafiadoras de gavidade que, mais do que metal chegam mesmo a imprimir algo de negro no universo da banda de Gaia. Curioso ver como do primeiro para o último tema o tempo de duração dos mesmos vai aumentando (sendo que o primeiro não chega a atingir a meta dos 2 minutos) ao passo que já na recta final de “L.I.F.E.” a velocidade vai consideravelmente diminuíndo. É quase uma metáfora para o que foi a exploração creativa dos Black Flag, mas que rasga laços com quaisquer comparação ao som de uma voz que transpira raiva e acusa com autoridade sónica capaz de surpreender.
Pussy hole treatment - Destroy everything now[EP] (2010)
Local Trap - Demo (2011)
pergunta: como é possível uma jarda sónica de 11:30 minutos soar como tendo o mesmo efeito de uma de 45? 11:30 é o tempo de duração deste conjunto de 6 temas que constitui a estreia dos Pussy hole treatment, e para dizer a verdade este conjunto de seis temas enraizados no punk mais hardcore e desgarrado - começando na inspiração sacada a uns Discharge, mas com vários apontamentos da nova onda de hardcore mais encorpado, já na ressaca da onda que foi a do metalcore, lembrando por vezes nomes como Burnt by the sun(como no tema “No tomorrow”). Com voz sempre em riste, naquele tom rouco de quem canta até que a voz lhe falhe - o que fica mesmo a matar neste tipo de registos, diga-se - o punk thrashado dos PHT viaja por quase tudo um pouco dentro do universo punk e não só; desde o crust no início de “Think of yourself” até ao hardcore mais puro de “Superiority talk”, sem esquecer o já mencionado metalcore de inspiração sueca, não estivéssemos nós a falar de uma banda de crossover. O mais estranho chega mesmo a ser o facto de como com uns quantos leads de guitarra à Iron Maiden(!) pelo meio de algumas destas malhas os PHT nos conseguem relembrar que até a NWOBHM teve a sua génese na velocidade e rebeldia descoberta pelo punk.. Sem espinhas, nem gordura a mais; exactamente a dose certa para nos tentar a clicar em replay.
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MB
Ok, vamos por partes. Primeiro é preciso tentar responder a uma Gravada no local de ensaio dos
Identificas-te com a MöndoBrutal?
A tua banda gravou 1a demo/cd/ep?
Comunica connosco e dá-nos a conhecer : mondobrutal@gmail.com
Videoclube 5ZT4K5EjE
http://www.youtube.com/watch?v=j0
http://www.youtube.com/watch?v=RpWmfuRVpL0
BLUE TRASH CAN - “Primordial
DEVIL IN ME - “Only
30
touch”
god can judge me”
(clica e vê)
GAZUA - “Preocupa-te”
ATENTADO - “Corrosive”
http://www.youtube.com/watch?v=-ymVkv20oL8
S03E
http://www.youtube.com/watch?v=XiAPB82
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