Mesinha de Cabeceira #24

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MESINHA DE CABECEIRA #24 [mesinha-de-cabeceira.blogspot.com] Junho 2012 333 exemplares Editado por MMMNNNRRRG [gentebruta.blogspot.com] Promovido por Associação Chili com Carne [chilicomcarne.com] Arranjo Gráfico Joana Pires [so-what-saloon.blogspot.com]





















Antes de apagar a luz... Há muitos números que deixei de escrever editoriais para o Mesinha de Cabeceira, de alguma forma, achei que os trabalhos publicados nas suas páginas valiam por eles próprios ao nível artístico sem precisar de fazer chamadas de atenção. Isso não deixa de acontecer com os trabalhos deste número, mas há uma série de curiosidades que justifica este texto. Em parte, algum do material foi “encontrado”, ou seja, se nos outros números as BDs dos autores eram pedidas na forma de encomenda, neste e nos seguintes tal não acontece. Esta é uma das situações, a principal no entanto passa pela minha vontade de voltar a publicar as minhas BDs - as que produzi em dois meses numa residência artística na Finlândia. Todo o projecto é uma pretensa “novela gráfica” de vários capítulos, dos quais só conclui três na minha estadia. É-me inconcebível pensar em fazer mais 60 páginas (serão?) para depois sair num volume único. Na pratica estou bem ciente que ninguém irá querer esta “novela” numa editora “profissional”, ou porque é “BD” ou porque é BD cujo desenho não é “cute”. Se calhar terei de fazer um esforço de auto-edição para que a “novela” saia cá para fora, e se isso já vai ter de ser feito então porque não editar em série? Parte da inércia em acabar esta “novela” deve-se ao facto de ter dúvidas do que estou a fazer ou da forma como estou a tratar os temas. Sem “feedback” tirando o de um círculo íntimo de amigos, sinto uma enorme necessidade de mostrar publicamente o que está feito e usar isso como alavanca para concluir o trabalho. De certa forma é um regresso à fórmula “perzine” que caracterizou os números 10, 11 e 12 do Mesinha. Antes de ir para a Finlândia fartei-me do Mesinha, e dado ao facto do próximo número ser o 23, dei o enterro do projecto para as mãos do Pedro Brito - foi com ele que criámos este título em 1992 (tendo o Pedro desistido por volta do número 6) além de que o Pedro sempre teve uma paranóia qualquer com o número 23 sem entrar em esoterismos extremos. O ano de 2012 é a comemoração dos 20 anos do zine e “20 anos é demasiado tempo de existência para um zine”. Um volume está a ser preparado, sem o Pedro (não anda com tempo para nada), incluirá velhos colaboradores (dice industries, João Chambel, Daniel Lopes), novos autores (André Coelho) e novos talentos da cena portuguesa (Zé Burnay). É preciso esperar por Outubro. O Mesinha é para continuar! Tanto que até salta para o número 24 sem pensar duas vezes! E o que temos neste número que merece este editorial? (tudo) Começamos pelo Dr. Uránio que fez a capa. Ele é um dos segredos mais bem guardados do Porto! Mestre da restauração e acomodação, é um insanciável respigador de falhas urbanas. Talvez por isso tenha desenvolvido sob efeitos cibernéticos de talidomida essa técnica ubíqua chamada de “colagem”. No passado poderão encontrar trabalhos seus no livro Y el hambre y los ciegos de Héctor Arnau e em várias edições fonográficas da Marvellous Tone. Outros mistérios autorais poderão ser vistos em linha no seguinte blogue: dr-uranio.blogspot.pt Tim Morris, ilustrador e argumentista inglês, nasceu em Sheffield a 20 de Abril de 1957, vive e trabalha em Leicester. “Mente perversa” e “O Escapista” são as suas duas únicas obras publicadas em Portugal, ambas pela Campo das Letras. O autor é representado pelo artista Tiago Manuel que lhe encomendou esta BD para a revista Quadrado #7 a editar pela Bedeteca de Lisboa. A revista no entanto foi cancelada, o que nos levou a contactar o Sr. Manuel - que no passado já nos tinha apresentado ao alemão Max Tilmann - para que a BD deste britânico não ficasse nos arquivos bafientos da “instituição abandonada” da Câmara de Lisboa. A minha BD é um projecto intitulado provisoriamente “Desobediência é um artigo de colecção” e pretende ser uma BD de 100 ou mais páginas. Voltei a Portugal a 31 de Outubro de 2011 e deixei de ter capacidade para a concluir. A transição para lá não deixou de ser traumática ao ponto de ter sonhos (sempre estranhos) como o que está aqui relatado na página ao lado, feito ao acordar da primeira noite passada na residência. Não poderia deixar de dar os meus “kiitos” a Tommi Musturi, Ville Hänninen, Harri Römpötti, Matti Hagelberg e Katja Tukiainen, e em especial à Kristiina Kolehmainen (1956–2012) que me ajudaram a chegar à Saari Residence. Um agradecimento ao Rafael Dionísio e ao Dr. José Machado Pais pelo feedback que já deram deste primeiro capítulo. A dupla eslovaca Gigi i Gigi também aparece aqui perdida, vítima da desilusão também da Quadrado - há rumores que a revista volte a ser publicada em breve por outra equipa editorial! Esta BD marca o final da parceria artística entre os dois autores, Vera Suchánkova foi para a Alemanha onde publica livros de artistas da Europa de Leste e de Zdenek Dolezal nada se sabe. Diz-se que planeia voltar à sua terra-mãe dada a conjuntura económica portuguesa - Dolezal, campeão de patinagem artística, dedicou-se a dar formação no nosso país nesta área que como sabemos tem pouca tradição na bela Arte do Movimento. Aliás, Portugal não gosta de movimento. Mais uma razão para não abandonar o Mesinha de Cabeceira. Marcos Farrajota Lisboa, 19 Junho 2012











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