Trabalho de filosofia clonagem

Agrupamento de Escolas Abel Salazar Escola Secundária Abel Salazar Ano letivo 2012/2013

A Clonagem

Curso de Línguas e Humanidades Disciplina de Filosofia Docente: Luísa Valente Realizado por: Brícia Silva, nº7 e Joana Anjos, nº15

A Clonagem Escola Secundária Abel Salazar 2012/2013

Índice Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- .2 O que é a clonagem? ------------------------------------------------------------------------------------------------ .3 

Clonagem natural ----------------------------------------------------------------------------------------- .4



Clonagem induzida -------------------------------------------------------------------------------------- .4



Clonagem reprodutiva --------------------------------------------------------------------------------- .5



Clonagem embrionária -------------------------------------------------------------------------------- .5



Clonagem terapêutica ---------------------------------------------------------------------------------- .6

Clonagem artificial -------------------------------------------------------------------------------------------------- .7 Benefícios e problemas da clonagem artificial -------------------------------------------------------- .8 Ovelha Dolly ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.9 Questões éticas ------------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.10 Contra ou a favor? ------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.13 

Catolicismo ------------------------------------------------------------------------------------------------ pág.13



Islamismo --------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.14



Judaísmo ---------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.14

Eugenia ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ pág.15 Perspetiva de Lydia da Veiga Pereira -------------------------------------------------------------------- pág.17 Legislação em Portugal ------------------------------------------------------------------------------------------ pág.18 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- pág.19 Bibliografia/Webgrafia ------------------------------------------------------------------------------------------- pág.20

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Introdução Este trabalho foi elaborado no âmbito da disciplina de Filosofia, e tem-se como objetivo estudar e compreender a clonagem, abordando-se os diferentes tipos existentes e os procedimentos realizados para clonar. Também serão apresentados os respetivos benefícios e problemas da clonagem, procurando-se entender como é que esta pode ter implicações a um nível ético.

Desta forma ir-se-á analisar esta temática a um nível científico e, posteriormente serão apresentados diferentes problemas éticos sobre os quais vimos a necessidade de refletir. Para além disto, também será dada a conhecer a perspetiva de Lydia de Veiga Pereira, relativamente à investigação e prática da clonagem.

Já introduzindo o tema, é importante referir que a ciência pode ser definida como a investigação metódica e organizada das leis segundo as quais se regem os fenómenos naturais. Esta investigação vai-nos proporcionar um conhecimento racional sobre a Natureza e o funcionamento das coisas à nossa volta e, desse conhecimento, nasce a tecnologia, que é a aplicação técnica do conhecimento científico para nosso proveito. Apesar de ser importante dissociar uma da outra, a ciência e a tecnologia são interdependentes e só podem evoluir em conjunto.

Surge assim, como já referido acima, a necessidade de compreender as vantagens e os riscos que acarreta a evolução da tecnologia, mais precisamente da clonagem. Como se irá enunciar ao longo do trabalho, é preciso estabelecer limites à intervenção humana no decurso natural dos fenómenos, isto porque temos de assegurarnos de que nenhuma investigação em nome da ciência viole a dignidade, de homens e animais, e que não desrespeite o equilíbrio natural do planeta. A tecnologia pode ser usada para bons e maus propósitos, e o controlo ético, neste caso, visa evitar que a tecnociência ponha em causa, de qualquer forma, o bem-estar da humanidade em geral.

Note-se ainda que este trabalho foi realizado ao abrigo do novo acordo ortográfico português.

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1. O que é a Clonagem?

Figura 1. Herbert John Webber

A palavra clone é originada etimologicamente da palavra grega klon, que significa “broto de um vegetal”. Esta palavra foi utilizada pela primeira vez pelo botânico Herbert J. Webber, em 1903.

A clonagem é um processo de reprodução assexuada, onde são gerados indivíduos idênticos geneticamente, cuja informação genética procede apenas de um progenitor e não da combinação dos genes paterno e materno. Assim, um clone é então uma cópia exata do seu original biológico, da designada célula-mãe.

1.1. Diferentes tipos de clonagem  Clonagem natural  Clonagem induzida  Clonagem reprodutiva  Clonagem embrionária  Clonagem terapêutica

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1.1.1. Clonagem natural A clonagem natural ocorre espontaneamente na Natureza e é comum em várias espécies. Isto acontece quando estas têm a capacidade de se reproduzir assexuadamente, sendo as crias geneticamente iguais ao progenitor.

Figura 2. Clonagem natural de estrelas do mar

1.1.2. Clonagem induzida A clonagem induzida é uma técnica da engenharia genética aplicada a vegetais e animais. Consiste na reprodução assexuada produzida em laboratório e, por isso, artificialmente. É realizada através da produção de uma ou mais células a partir de uma célula-mãe, de onde resultam os clones.

Figura 3. Clonagem induzida: OGM (Organismos Geneticamente Modificados)

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1.1.3. Clonagem reprodutiva A clonagem reprodutiva consiste na transferência de uma célula somática, daí uma das técnicas ser a Transferência Nuclear da Célula Somática (TNCS), utilizada para clonar animais ou, possivelmente, humanos. Nesta técnica introduz-se uma célula somática numa célula retirada de um animal, logo após a ovulação, esta última com os cromossomas removidos. As células fundem-se e a célula fundida torna-se num embrião normal colocado no útero de uma “mãe-de-aluguer”.

Figura 4. Imagem representativa do processo de clonagem reprodutiva

1.1.4. Clonagem embrionária A clonagem embrionária consiste em remover uma ou mais células de um embrião e provocar o seu desenvolvimento completo, ou seja, formar um novo embrião geneticamente igual ao original. Isto já foi repetido com sucesso em laboratório e é já uma técnica conhecida e aplicada inclusive em seres humanos. Em humanos, os clones naturais são “gémeos univitelinos”, ou seja, seres que compartilham do mesmo ADN, do mesmo material genético originado pela divisão do óvulo fertilizado.

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Figura 5. Imagem alusiva à clonagem embrionária

1.1.5. Clonagem terapêutica A clonagem terapêutica é idêntica à clonagem reprodutiva e é utilizada em laboratório para a produção de células a fim de produzir tecidos ou órgãos para transplante. Transplantam-se então novas células para substituir as células que não funcionam adequadamente devido a defeito genético (exemplos: diabetes, lesões da coluna cervical).

Figura 6. O processo da clonagem terapêutica

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2. Clonagem Artificial Após a apresentação dos diferentes tipos de clonagem, esta bastante sucinta, o que importa aqui focar é a clonagem artificial, ou seja, aquela que é feita pelo Homem.

A clonagem artificial de plantas é utilizada há já algum tempo por horticultores, embora a clonagem de animais seja um processo bem mais complexo que só veio a ser possível há relativamente pouco tempo e em laboratórios tecnologicamente avançados.

Desde há um tempo que se tornou possível utilizar o termo “clonar”, reproduzindo-se em laboratório não só organismos inteiros mas também genes, células, tecidos e órgãos que poderão ter aplicações benéficas na medicina, como se pôde verificar acima.

Levantou-se então uma possibilidade: clonar seres humanos. Já nos apercebemos que isto é uma possibilidade e apenas uma questão de tempo até que esta passe de possibilidade a realidade: é apenas necessário que a técnica da clonagem se desenvolva o suficiente para alcançar um nível satisfatório de sucesso.

Porém, e já eticamente falando, será legítimo clonar um ser da nossa própria espécie? Quais serão as implicações disso? Qual é a identidade desse indivíduo? Poderá um clone ser considerado um ser humano? Inúmeras questões e problemas éticos se levantam quando a temática da clonagem é mencionada.

A clonagem artificial é então, nada mais, nada menos, que o processo artificial equivalente ao processo natural que leva à formação dos gémeos monozigóticos (“verdadeiros”), com igual património genético. Não será chocante a ideia de encarar uma pessoa sem pai nem mãe? É assustadora a ideia de pensar em alguém que foi criado num laboratório. O que muitas vezes nos esquecemos é que clonar não é copiar um indivíduo mas sim apenas o seu património genético, que define somente uma pequena parte do complexo ser que é o Homem. Queremos com isto dizer que seres geneticamente idênticos podem originar pessoas muito diferentes, como vemos quando observamos gémeos que têm personalidades, por vezes, opostas. De acordo com todo o conjunto de interações que tenham com o meio, cada pessoa tem a sua própria identidade.

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3. Benefícios e Problemas da Clonagem Artificial Quais serão então as implicações e consequências, positivas e negativas, de clonar?

Figura 7. Imagem alegórica à clonagem humana

3.1.1. Riscos  Possibilidade de comprometer a individualidade  Perda de variabilidade genética  Elevado número de anomalias  Lesões hepáticas, tumores, baixa imunidade  Baixa taxa de fertilidade, visto a tecnologia não estar ainda bem desenvolvida  Possível discriminação dos clones pela sociedade que poderá, talvez, causar problemas psicológicos desconhecidos

3.1.2. Benefícios  Rejuvenescimento  Resolução de problemas ao nível da cirurgia plástica reconstrutiva e estética  Clonagem de órgãos humanos para possíveis transplantes  Cura de diversas doenças, nomeadamente a leucemia e cancros

 Clonagem animal: salvação de espécies em vias de extinção 8|Página

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4. Experiências de Clonagem 4.1.

Ovelha Dolly

A clonagem que já se faz com algum êxito em ovelhas, ratos, vacas e cabras segue sempre a mesma técnica. O processo de clonagem animal com maior sucesso, que é já muito conhecido e falado, foi o da ovelha Dolly.

Para a clonagem da ovelha Dolly foram necessárias três ovelhas adultas: à que ia ser clonada foi retirada uma célula de uma glândula mamária cujo núcleo continha o património genético da futura ovelha. À outra ovelha foi retirado um óvulo, do qual se extraiu o núcleo e mediante uma descarga elétrica se deu a fusão do ADN da célula da glândula mamária com o ovo sem núcleo: formou-se assim o embrião. A terceira ovelha foi utilizada para a gestação do embrião e como resultado desta experiência obteve-se então o nascimento de uma cria, a ovelha Dolly, com informação genética idêntica à da ovelha que lhe forneceu a glândula mamária.

Figura 8. Processo de clonagem da ovelha Dolly

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5. Clonagem e Ética Abordando novamente os problemas que acima colocamos… Não estaremos nós a manipular os processos naturais ao permitir a clonagem? Note-se que para clonar a ovelha Dolly foram necessárias perto de 300 tentativas, as quais na sua maioria fracassaram totalmente e um número considerável levou a mortes prematuras e deficiências variadas

como

problemas

nos

órgãos

e

sistema

imunológico. Surge então o dever moral de rejeitar o sacrifício de clones humanos não sucedidos enquanto se aguarda o desenvolvimento da técnica.

Ao tentar a clonagem humana nestas condições estaríamos a instrumentalizar embriões e fetos humanos para alcançar resultados pouco ou nada definitivos, atitude condenável do ponto de vista ético. O valor da vida de embriões e fetos é aqui um ponto importante, pois existem diferentes ideias cientificas em relação ao momento em que essas vidas ganham valor e significado, havendo quem defenda como barreira o momento da fecundação e quem prefira o momento em que o feto desenvolve consciência.  Mas será um clone um ser humano?

Quais serão as características que um indivíduo precisa de possuir para se considerar a si próprio e pelos outros um ser humano? Ao nosso redor todos são seres humanos, não convivemos com clones (ainda). Mas porque é que são seres humanos? Segundo Peter Singer, filósofo, “a questão de saber se um ser pertence a determinada espécie pode ser cientificamente determinada por meio de um estudo da natureza dos cromossomas das células dos organismos vivos. Neste sentido, não há dúvida que, desde os primeiros momentos da sua existência, um embrião concebido a partir de esperma e óvulo humanos é um ser humano; e o mesmo é verdade do ser humano com a mais profunda e irreparável deficiência mental — até mesmo de um bebé anencefálico (literalmente sem cérebro)”. Para além disto, Para Peter um ser humano deve ter autoconsciência, autodomínio, sentido do futuro e do passado, capacidade de se relacionar e preocupar 10 | P á g i n a

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com os outros, capacidade de comunicação e desejo de saciar curiosidade. Ora, em suma, um ser humano é então uma pessoa que pertence à espécie Homo sapiens, mas que também possui todas as características acima referenciadas. A isto podemos dizer, por uma analogia, que o pertencer à espécie Homo sapiens se vê como o “corpo”, e as restantes características como “alma”. Um clone, pelo menos até agora, só apresenta corpo e das várias tentativas de clonagem humana nenhuma se deu como bem-sucedida considerando-se o sucesso a produção de um ser com todos os mesmos atributos que um ser humano. Segundo isto, não podemos então considerar os clones nossos semelhantes.

Figura 9. Filósofo Peter Singer

 Pode haver algum tipo de impacto psicológico num clone?

Vamos assumir que somos clones. Este ponto consiste em determinar qual o sofrimento psicológico a que um clone pode estar sujeito, simplesmente por saber o que é: produto de um processo artificial sem pais. Pensando desta forma, não poderia isto levar a que alguém preferisse não viver como alternativa a ser concebido dessa forma?

O certo é que sentimentos deste género são despertados habitualmente em pessoas que passam por outros processos considerados perfeitamente legítimos e até banais, como a fertilização in vitro e a adoção.

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 Se concebermos clones, como serão as relações familiares?

Ora, ao se conceberem clones há que ter em atenção um ponto ao qual não se lhe dá a devida atenção. Quando pensamos em clonagem admitimos desde o princípio que o clone não tem uma árvore genealógica por ser originado num laboratório, ou seja, não tendo pai nem mãe. No entanto isto é apenas o foro de uma consideração biológica: há também que considerar a parte mais humana de uma família. Apesar de não haver a conceção natural deste indivíduo, o certo é que muitas vezes os laços afetivos criados no seio de uma família se sobrepõem aos biológicos. O problema das relações familiares acaba então por ser simples de resolver: é necessário haver apenas um ajustamento da ideia de “família”.

 E o que dizer acerca da dignidade e identidade de um clone?

Tanto a dignidade como a identidade são características que se atribuem à personalidade própria de indivíduos únicos e irrepetíveis. Esta definição, aliada à noção de clonagem, que é digamos que um processo de copiar integralmente alguém, vai criar a ideia de que um clone não possui identidade própria, estando limitado a ser idêntico a alguém. Quem apoia esta objeção imagina que a clonagem originará uma pessoa com as mesmas características físicas e psicológicas da que doou a informação genética. Este é obviamente um argumento deficiente, porque reduz o ser psicologicamente mais complexo de todos, o Homem, à sua identidade genética. Como já referimos, há que ter em conta todo o tipo interações com o meio que nos rodeia, com a cultura e a sociedade em que estamos inseridos, fatores que vão determinar a pessoa que somos, a forma como pensamos e agimos. Bem, está claro que estes fatores são impossíveis de criar pessoas iguais, e portanto ninguém é igual a ninguém, como já esclarecemos. Aqui, a posição que nega identidade própria ao clone resulta de um ponto de vista incompleto, sendo, por isso, facilmente refutada, simplesmente referindo o processo natural de formação da identidade pessoal.

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6. Contra ou a Favor?

Está claro que existem apoiantes da clonagem e indivíduos que a rejeitam totalmente. Podemos dizer que existe principalmente um grande confronto de ideias, que já não é novo, entre a ciência e a religião. De tempos a tempos, a fé e a religião são abaladas por descobertas científicas que exigem dos crentes uma melhor interpretação dos livros sagrados, e a clonagem é um exemplo recente disso.

6.1.

Catolicismo

Figura 10. Representação do Catolicismo

A igreja católica defende a vida humana, desde o momento em que existe fecundação até à morte como algo divino, afirmando que a vida é um dom que Deus nos deu e só ele também tem o poder de a retirar. Assim, a clonagem é um ato homicida contra a vida e desrespeita a vontade de Deus: não é permitido destruir um embrião para obter outras células, já que este é uma vida em desenvolvimento que deve ser respeitada. Também a clonagem terapêutica é rejeitada pelo catolicismo já que quando se trata de extrair células de um embrião se infringe o mandamento “Não matar”. O único meio de reprodução aceitável é só e apenas mediante a relação sexual homemmulher e nós, meros seres humanos, em nada temos o direito de criar formas de vida artificiais pois o único que a pode dar é Deus. O Vaticano condena qualquer tipo de reprodução via clonagem, tanto para finalidades terapêuticas como reprodutivas. Entre os problemas apontados pelo Vaticano, está a possibilidade de haver uma instrumentalização da mulher, a qual passa a estar limitada às suas funções biológicas, a partir do empréstimo dos óvulos e do útero; parentesco, consanguinidade e progenitura, já referidos; e, falta de identidade da pessoa clonada, que passa a ser uma “cópia”.

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6.2.

Islamismo

Figura 11. Representação do Islamismo

A clonagem terapêutica também é condenada pelo Islamismo. Para os islâmicos o ser humano merece respeito e não pode ser criado por partes nem alvo de experiências.

Todas as criaturas são obras de Deus, o qual instala almas nos corpos, não por pedaços mas por inteiro. Não se podem aproveitar partes do ser humano úteis e deitar fora as que não interessam: isso é desrespeito para com o próximo e violação do direito básico da vida. No entanto, a doação de órgãos após a morte de um indivíduo e com a permissão da família do dador e do próprio é permitida pelo Islamismo, sendo até apoiada desde que não seja para fins comerciais. Outra objeção colocada é o conflito da identidade que pode fazer parte da vida de um clone, não se levando em atenção as dificuldades que este poderá encontrar no futuro, questionando-se este sobre a forma excêntrica pela qual veio ao mundo, o que poderá trazer problemas psicológicos e inserir na sociedade indivíduos sem a menor noção do conceito de família.

6.3.

Judaísmo

Há que referir que os judaicos não se opõem totalmente à clonagem de seres humanos. No entanto, vêm na clonagem o problema de colocar filhos no mundo sem uma família ao seu redor, o que seria grave.

Segundo o Islamismo, é preciso amar o próximo como a si Figura 12. Judaísmo mesmo, dando-lhe a possibilidade de uma vida digna e saudável onde os pais são a base para a obtenção desta, por meio da educação. É necessária a ideia de uma figura feminina e masculina para a formação do caráter de um indivíduo, dando-lhe esta mesma figura segurança e incutindo-lhe valores necessários.

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7. A Eugenia Uma das questões que se coloca é se a clonagem fará ressurgir a polémica da eugenia.

A eugenia deriva de um termo grego que é usado para descrever algo que, do ponto de vista biológico, apresenta boa origem e futuro promissor. Neste sentido, a eugenia visará melhorar tanto a origem como o futuro de um indivíduo ou espécie. É então uma técnica utilizada na tentativa de melhoria das características físicas ou psicológicas dos indivíduos.

Esta seleção artificial pode ser feita, quer promovendo o desenvolvimento e propagação daqueles caracteres que consideramos favoráveis (eugenia positiva), quer eliminando ou evitando outros que possamos considerar indesejáveis ou desfavoráveis (eugenia negativa). São exemplos de eugenia positiva o simples ato de escolher com quem queremos gerar descendência e de eugenia negativa a eliminação de embriões e fetos a quem foram diagnosticadas graves doenças que impliquem morte prematura ou deficiências severas.

Este problema é evocado devido ao carácter manipulativo da clonagem, uma vez que a possibilidade de manipulação da evolução de uma espécie é sempre temida e que à eugenia são, normalmente, atribuídos valores bastante negativos.

A má fama da eugenia é justificada. Embora, no início, se destinasse unicamente à erradicação de doenças, rapidamente ideias preconceituosas e discriminatórias passaram a ser critérios para delinear as boas e as más características, tendo também surgido uma ideia desvalorizadora da vida humana que, por razões práticas, defende a eliminação não das características indesejáveis, mas sim dos indivíduos que as possuem.

Em suma quer isto dizer que, em vez de procurar evitar ou resolver anomalias ou deficiências, a eugenia passou a ser utilizada para defender a eliminação das próprias pessoas portadoras de deficiência.

Esta desvalorização da vida conduzida por critérios discriminatórios conduziu a extermínios em massa, genocídios que violam toda e qualquer dignidade humana, de que é exemplo mais gritante o Holocausto, levado a cabo pelos nazis em nome do desenvolvimento de uma raça “pura”.

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Figura 13. O Holocausto, com a figura de Hitler à direita

Um cenário destes é, de facto, algo a temer e muitas pessoas recearão qualquer tipo de possibilidade de intervenção no decurso natural da evolução humana devido a traumas que ficaram na história da humanidade, como o referido. Contudo estes receios são infundados e resultam naturalmente da curiosidade e medo do desconhecido. Na verdade, nunca foi necessária a clonagem para que os atos de tal barbaridade fossem cometidos e não há quaisquer fundamentos racionais que indiquem que a clonagem poderá, no futuro, suscitar novas situações deste género.

8. Perspetiva de Lygia da Veiga Pereira

Figura 14. Professora e pesquisadora em genética humana e células-tronco embrionárias

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A Clonagem Escola Secundária Abel Salazar 2012/2013 “O argumento para mim definitivo contra a clonagem é o da preservação da integridade do genoma humano. (…) Assim, clonar, como está a ser proposto, gerar um indivíduo a partir de uma célula somática, é uma temeridade, pois não podemos garantir a integridade dos genes desta célula e, assim, dos genes do clone. E a partir daí poderemos gerar “monstros” ou, pior, clones aparentemente normais, porém carregando nos seus genes alterações que só se manifestarão a longo prazo – uma espécie de “bomba relógio”. Ao procriarem com outros indivíduos da população, os clones estarão a disseminar alterações genéticas pela população humana que podem vir a manifestar-se somente depois de várias gerações, quando já estiverem presentes num número significado de pessoas. E então será tarde demais e o património genético humano já terá sido alterado de forma irreversível. Este é um preço altíssimo a pagar – e, principalmente, não justificado por qualquer benefício imediato que a clonagem possa gerar. E, então, devemos parar com toda e qualquer experiência de clonagem?

Não! Temos de separar o trigo do joio: há uma distinção importante entre a “clonagem reprodutiva”, em que um indivíduo inteiro é produzido a partir de uma célula por reprodução assexuada, e a “clonagem terapêutica”, ou seja, as aplicações científicas e terapêuticas desta mesma tecnologia. (…) Se pudermos entender e controlar este mecanismo, poderemos um dia regenerar órgãos e tecidos danificados. Afinal de contas, as células de um rim danificado ainda têm a receita de fazer outro rim – porque não a utilizar, como a lagartixa que regenera a ponta do seu rabo cortado? (…) Os mesmos conhecimentos que nos permitirão clonar um ser humano podem ser aplicados em estudos que trarão reais benefícios à humanidade. Continuemos, sim, as pesquisas em clonagem, porém, em modelos animais e voltadas para aplicações científicas e terapêuticas! Cientificamente, está claro que a clonagem humana reprodutiva é perigosa para a nossa espécie. No entanto, ainda corremos o risco de ela ser feita mesmo assim. Infelizmente, a vaidade do ser humano é ainda mais perigosa do que a clonagem: não resistimos à tentação de fazer algo que podemos, só porque podemos. (…) Vamos resistir à tentação de macular o nosso património genético e de utilizar de forma inteligente e benéfica estes novos e admiráveis conhecimentos da genética?”

Por Lygia da Veiga Pereira, Instituto de Biociência – Departamento de Biologia

O que podemos dizer acerca da perspetiva de Lygia? Esta opõe-se à clonagem reprodutiva, mas não se opõe, de certa forma, à clonagem terapêutica: opõe-se à clonagem humana quer na vertente reprodutiva ou terapêutica visto que esta ameaça, 17 | P á g i n a

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como a mesma diz, “a integridade do genoma humano”. O património genético humano poderá ser alterado de forma irreversível e isto seria avassalador. Em suma, podemos dizer que, para Lygia, a clonagem não é um mal em si, mas devemos impedir a clonagem reprodutiva e terapêutica em seres humanos, de forma a evitar males maiores e possíveis ocorrências de acontecimentos não desejados, como a disseminação de “alterações genéticas pela população humana que podem vir a manifestar-se somente depois de várias gerações, quando já estiverem presentes num número significado de pessoas”. Desta forma, as pesquisas não devem parar, mas a atenção deve ser virada para a clonagem terapêutica, que se deve limitar à utilização de espécies animais, sem o envolvimento de seres humanos.

9. Legislação A utilização de embriões humanos para outro fim que não seja o de produzir um bebé é altamente controversa. Para algumas pessoas, a eliminação de um embrião humano de modo a fornecer a cura para uma doença é absolutamente inaceitável.

Para outras pessoas, esse facto é aceitável se o embrião for muito recente e a doença for bastante grave. De modo a elaborar uma lei que proíba ou permita a utilização de embriões na investigação médica, os legisladores devem discutir estes assuntos com cientistas, líderes religiosos, especialistas em bioética, grupos de pressão e outros elementos da sociedade civil. A variedade cultural e histórica existente na Europa fez com que cada país tenha elaborado leis diferentes sobre a utilização de embriões. Em alguns casos, o que é legal num país é proibido noutro. Em Portugal: 1. É legal utilizar embriões humanos na investigação médica? Não. Em Portugal, nunca houve consenso sobre o estatuto do embrião. Isto impediu todas as tentativas de legislar a procriação clinicamente assistida. Aceita-se, no entanto, a investigação “quando esta tenha como único propósito beneficiar o embrião”.

2. Existe alguma lei que proíba a clonagem reprodutiva? Sim. A Lei sobre Técnicas de Procriação Assistida, promulgada pelo Parlamento em Julho de 1999, proíbe a clonagem reprodutiva e criminaliza a sua utilização.

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Conclusão Ao longo do tempo o homem tem vindo a desenvolver os seus interesses nas mais vastas áreas científicas e práticas. O conhecimento biológico acerca das células tem vindo a ser alvo de um estudo aprofundado que permitiu descobertas que podem gerar tanto euforia quanto pânico. No início de 1993, com o caso da ovelha Dolly, o Homem confrontou-se com uma revelação que deu origem a um tema muito debatido e controverso, a clonagem.

Como pudemos analisar minuciosamente alguns aspetos dos diferentes tipos de clonagem, podemos já com efeito afirmar que, ao nível da clonagem reprodutiva, o estado atual da ciência não é desenvolvido o suficiente para poder avançar a fundo neste campo. Se a comunidade científica resolver pôr realmente em prática a clonagem reprodutiva, nada nos garante que não possam resultar da gestação autênticos “monstros humanos”, dos quais, naturalmente, não nos podemos descartar, por razões éticas, morais, religiosas e culturais que não são de modo nenhum aceitáveis no estado atual da nossa civilização. Isto não justifica qualquer vantagem que a clonagem humana possa vir a trazer.

Apesar deste inconveniente, não é necessário parar com as experiências da clonagem, visto que esta tem realmente vantagens a ter em conta, sobretudo na cura de doenças relacionadas com a deterioração dos órgãos motivadas por alterações celulares, como o cancro. Para além disto, através da clonagem torna-se possível regenerar órgãos e tecidos danificados, pelo que a clonagem terapêutica assume grande importância num contributo para o bem-estar da Humanidade.

No entanto, e sob qualquer circunstância e fazendo referência a qualquer tipo de clonagem, todos os procedimentos que tenham a ver com clonagem não podem, de nenhuma forma, comprometer as gerações humanas pondo em causa o futuro e o bemestar de cada um de nós, seres humanos.

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Bibliografia Aquando da realização deste trabalho recorreram-se às seguintes fontes:  Nova Enciclopédia LAROUSSE; Círculo de Leitores; 1997.  CORREIA; Clara Pinto. Clonai e Multiplicai-vos – Verdade e Mentiras. Texto Editora. 1997  RODRIGUES; Luís. Filosofia – 11º Ano. Plátano Editora. 2013.

Webgrafia  http://www.bioetica.ufrgs.br  http://afilosofia.no.sapo.pt  http://www.ambito-juridico.com.br/  http://misteriosdomundo.com/  http://www.ghente.org  http://www.vatican.va

Devem surgir em páginas diferentes…

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