Em Movimento – Edição 1 – Outubro2014

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Edição 01 Ano I Outubro de 2014

avanço no tratamento Trabalho inovador garante histórias de superação

Profissionalismo contra a crise Segredo de sustentabilidade e longevidade


04 Gestão empresarial impõe desafios Foco é sustentabilidade e longevidade

Selma Quinália Cerri

Selma Quinália Cerri

Letícia Gelain

Letícia Gelain

índice

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08 Primeiros passos para o sucesso Tratamento interdisciplinar contribui para inserção social

Da necessidade nasce a ideia Contribuições são peça-chave para a evolução do Bazar solidário

Selma Quinália Cerri

O que você faz bem pode fazer bem a alguém Trabalho voluntário transforma vidas 24 2

EM MOVIMENTO

Letícia Gelain

Balanço Social 2013 Estatísticas resumem as atividades de 2013 26

22 Parceria com Fundação Liliane gera bons frutos Recurso permite capacitação na reabilitação


editorial Caro Leitor, Este é um ano de comemorações para a Casa da Criança Paralítica. Completamos seis décadas como uma entidade referência na Região Metropolitana de Campinas em tratamento especializado multiprofissional para crianças, jovens e adultos com deficiências físicas. E lançamos a primeira edição da revista Em Movimento, marcando a trajetória de sucesso e dando visibilidade aos projetos, programas e tratamentos inovadores que possibilitam melhor qualidade de vida aos pacientes. São 60 anos de luta e de mudanças. Um caminho desafiador que uniu funcionários, voluntários, poderes públicos e empresas colaboradoras em torno da nossa causa. Em cada página você conhecerá um pouco da nossa história, nossos desafios e de muitas vidas que se dedicam a outras vidas. A revista revela como foi importante dar caráter profissional à gestão da Casa, mostra como os profissionais se envolvem na rotina da entidade e ainda detalha os tratamentos e os caminhos percorridos pelos pacientes até atingirem autonomia com qualidade de vida. Temos muito a comemorar e muito a agradecer! Desde a nossa fundação, em 1954, atendemos aproximadamente 15 mil pacientes. Somente em 2013 realizamos 46.301 atendimentos, sempre com o objetivo de oferecer esperança e a inclusão social às pessoas com deficiências físicas desde que nascem Selma Quinália Cerri até a fase adulta e também para aqueles que as adquiriram no decorrer de suas vidas. À todos os que abraçaram e ainda abraçam a nossa missão, o nosso agradecimento por nos apoiar em busca de um futuro de grandes realizações. Boa leitura!

Jamil Khater Diretor Presidente da Casa da Criança Paralítica

Projeto gráfico e Editoração Selma Quinália Cerri

EM MOVIMENTO é uma publicação da casa da criança paralítica DE CAMPINAS Jornalista Responsável Ana Carolina Silveira - MTB 18.542 Conteúdo editorial Ana Carolina Silveira Renata Barbieri Odonel Urbano Gonçales

Assessoria de Imprensa e Revisão dos Textos: Carol Silveira Assessoria de Comunicação imprensa@carolsilveira.com.br Impressão Gráfica Silvamarts Capa Lucas Jeová Ramos Teixeira com a fisioterapeuta Caroline Nogueira Tavares, no PediaSuit Foto: Edu Fortes

CASA DA CRIANÇA PARALÍTICA DE CAMPINAS – CCP | CNPJ 46.042.370/0001-92 | Fone: +55 19 2127-7230 - Pedro Domingos Vitalli, 160, Parque Itália, Campinas, SP – 13036-180 | Email: ccp@ccp.org.br | Site: www.ccp.org.br | DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Jamil Khater | VicePresidente: Carlos Alberto Casanova Campos | 1ª Diretor Financeiro: Valdir José de Oliveira Filho | 2ª Diretor Financeiro: Márcio Carelli | Diretor Administrativo: Jonas Lobo da Silva | Diretor Secretário: Odonel Urbano Gonçales | Diretora Social: Maria Delta Brito Ramos | Diretor de Patrimônio: Luiz Fernando Neves Galvan | Diretor de Relações Públicas: José Carlos Ducati | Diretor Clínico: Luiz Carlos Costa Morisco | Diretor Técnico: Reginaldo César Campos | Diretora Jurídica: Maria Bernadete Flaminio | CONSELHO DELIBERATIVO: Agenor José Henriques Giannini | Antonio Carlos Finoteli | Arlindo Piunti | Caio Cesar Gobby Ducati | Francisco Antônio Piccolotto | Marcelo Pinheiro Zarattini | Marcos José Bernardelli | Raul Ramos Maudonnet | Roberto Dutra Simões| Rodolfo Otávio Amaral | Valter Otávio Faria Monteiro Júnior

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Administração

Maria Bernadete Flaminio

Luiz Fernando Neves Galvan

Carlos Alberto Casanova Campos

Márcio Carelli

Jamil Khater

Maria Delta Brito Ramos

Jonas Lobo da Silva

Odonel Urbano Gonçales

José Carlos Ducati

Reginaldo César Campos

Luiz Carlos Costa Morisco

Valdir José de Oliveira Filho

Gestão empresarial impõe desafios Profissionais envolvem-se na rotina das áreas de finanças, patrimônio e relações públicas, com foco na sustentabilidade e longevidade da Casa 4

EM MOVIMENTO

O acaso e o inesperado provocaram a aproximação entre a Casa da Criança Paralítica de Campinas e o advogado Odonel Urbano. Há doze anos, doutor Odonel, como é conhecido na entidade, recebeu no pedágio de Valinhos uma revista da AutoBAn, concessionária que administra as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Durante meses, a publicação repousou em sua mesa no escritório, até que, um dia, ao folheá-la, leu uma pequena reportagem sobre instituições filantrópicas de Campinas e acabou se interessando em conhecer a Casa no dia 9 de agosto do mesmo ano.


cretaria para a Presidência e também de uma ferramenta que possibilitasse a tramitação dos assuntos submetidos à deliberação da Diretoria. Nessa linha de atuação foram instituídos também uma reunião semanal com as coordenações e gerência da Casa, para debate e resolução de problemas do dia-a-dia; a confecção de recibos para todo recurso financeiro que entra na Casa; o depósito de todos os valores em conta corrente

da Casa e o rigoroso controle dos pagamentos de fornecedores e de pessoal. “A execução da nova estratégia não surtiu efeitos imediatos, pois as dificuldades financeiras exigiam austeridade nos gastos e impediam qualquer capacitação funcional ou a criação de novos cargos. Depois das naturais dificuldades, numa demonstração de apreço e confiança, fui reeleito para o biênio 2005/2007”, explica dr. Odonel.

Selma Quinália Cerri

Após visitar diferentes setores, perguntou a então coordenadora do local o que um advogado poderia fazer como voluntário. “Poderia ser diretor”, foi a resposta. “Levei um susto porque jamais tinha posto os pés na Casa. Como poderia ser diretor sem nada conhecer? Dirigir o quê?”, indagou dr. Odonel. Como ouvinte, dr. Odonel participou de uma reunião em que estava sendo composta uma diretoria tampão em um momento de crise na instituição. Acabou sendo eleito no início de 2003 para o Conselho Fiscal e, na sequencia, tornou-se presidente para o biênio 2003/2005. “Foi outro susto. Como iria presidir uma organização desse porte sem conhecê-la? Comecei a conhecer os meandros da Casa depois de um ano de atividades”, relembra. Dr. Odonel foi testemunha importante da transição da administração da Casa que, na época, deixou de ser administrada por uma só pessoa, alheia à existência de uma diretoria formalmente constituída, para iniciar uma gestão profissional. A diretoria eleita em março de 2003 iniciou o processo de construção do alicerce para a atuação das diretorias seguintes, com o afastamento gradual do amadorismo que até então prevalecia na instituição. “A manutenção daquele modelo de administração não iria assegurar a longevidade desejada à entidade. Era um modelo compatível apenas com as décadas anteriores nas quais foi utilizado”, enfatiza dr. Odonel. Essa diretoria percebeu que o Terceiro Setor, diante de sua crescente complexidade, enfrentaria obstáculos intransponíveis sem uma gestão profissionalizada. A “reorganização” da Casa teve início pela base, com algumas providências aparentemente simples, como a criação de uma se-

Depois de algum tempo de trabalho na entidade, observa-se a transformação da atividade numa paixão pela causa EM MOVIMENTO

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Selma Quinália Cerri

Nova forma de administrar trouxe benefícios e respeito dos colaboradores que se sentem seguros da atuação da diretoria

Sustentabilidade e longevidade

Profissionais do setor público e privado uniram-se então, nesse biênio, com o objetivo de implantar a gestão empresarial, processo que continua em evolução até hoje. “A participação efetiva de pessoas com conhecimento empresarial foi e continua sendo imprescindível na filosofia de dotar a Casa de uma administração ajustada

às complexidades atuais e assegurar-lhe as necessárias sustentabilidade e longevidade. No começo, isso ocorreu de forma espontânea, pois pessoas que não se conheciam apresentaram-se para trabalhar em torno de um ideal. Algumas pela simples vontade de ajudar ao próximo, outras para saldar possíveis dívidas sociais e outras porque tinham algum tempo livre e decidiram utilizá-lo no auxílio àqueles que necessitam. Depois, ou-

tros profissionais foram trazidos pelos primeiros, muitos dos quais permanecem na Casa. Esta permanência longeva e a oxigenação decorrente das sucessivas eleições para a diretoria dão à Casa mais força, afastando a criação de vícios que corroem a boa administração”, diz dr Odonel. A principal dificuldade enfrentada no processo rumo à gestão profissionalizada foi - e continua sendo - a cultural, embora hoje mais enfraquecida.

Fotos: Letícia Gelain

Pessoas com deficiência são tratadas com competência e, acima de tudo, dignidade

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EM MOVIMENTO


Empreendimento Social

“No Terceiro Setor existe a ideia enraizada da mão estendida, do pires na mão, de que o Estado proveja as necessidades. É o paradoxo da organização não governamental sobrevivendo – em alguns casos quase que exclusivamente – dos recursos estatais. E a Casa da Criança Paralítica não foge à regra, mesmo com a visível evolução sentida nestes últimos doze anos. Com a força do trabalho intenso, da disseminação de ideias e de exi-

gências no dia-a-dia conseguimos estabelecer, dentro de um longo processo, uma rotina de empresa capaz de torná-la independente de recursos estatais. Essa forma de administrar trouxe benefícios, em especial o respeito dos colaboradores que hoje se sentem seguros de que existe uma diretoria. Esse trabalho é um modelo de empreendedorismo social”, esclarece dr. Odonel, hoje diretor secretário. Na prática, o trabalho de gestão da Casa é dividido entre diretores que, cada um na sua área, se en-

Profissionalismo contra crise Algumas ações implantadas nos últimos anos: Criação de ferramenta material (expediente) para processamento das demandas da Casa; Reunião semanal com as coordenações e gerência da Casa para debate e resolução de problemas do dia-a-dia; Confecção de recibos para todo recurso financeiro que entra na Casa; Depósito de todos os valores em conta corrente da Casa; Observância do Regulamento de Compras da Casa; Rigoroso controle dos pagamentos de fornecedores e de pessoal; Em cada área - administração, finanças, patrimônio, relações públicas e sociais – há um diretor com perfil para as funções de seu cargo.

volvem efetivamente na administração, finanças, patrimônio, relações públicas e sociais, sob o comando do presidente e do vice presidente, com o suporte de uma secretaria atuante. Em cada uma das áreas citadas está um diretor com perfil para as funções do respectivo cargo. Como previsto na lei, uma ONG não remunera seus diretores; por isso o engajamento acontece de forma espontânea, por amor à atividade filantrópica. Depois de algum tempo no trabalho observa-se que a atividade transforma-se numa paixão pela causa. Valdir Oliveira, por exemplo, que foi vice-presidente da Casa no biênio 2005/2007, diz que hoje vê a vida de uma forma diferente. “Acredito que ganho muito mais pessoalmente do que ofereço com meu trabalho”, afirma Oliveira, que está na Casa desde 2003. Para dr. Odonel, é importante destacar que, sem uma gestão profissionalizada, não se alcançam as desejadas sustentabilidade e longevidade, mas é fundamental a preservação dos fins filantrópicos. Esse equilíbrio caracteriza o objetivo sempre buscado pelas diretorias sucessivamente eleitas a partir de 2005 e, também, da atual, presidida pelo empresário Jamil Khater. “Cheguei à Casa dessa maneira. Resolvi ficar pelo que se vê todos os dias por seu corredores: crianças e jovens com deficiência, carentes, sendo tratados com competência e, acima de tudo, dignidade. Temo que, não fosse a assistência que a Casa gratuitamente fornece a essa população, ficaria ela jogada ao ostracismo, já que não se tem confiança no Estado. Acrescente-se minha convicção de que todos nós temos, maior ou menor, uma dívida social a pagar; dívida que é tão grande que quanto mais eu pago, mais devo”, conclui dr. Odonel. EM MOVIMENTO

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Especialidades

Os primeiros passos

Graziela Murarolli Barbosa com a fisioterapeuta Sandra Maria Verlengia Marino, no PediaSuit

O tratamento interdisciplinar proporcionado pelas áreas técnica e pedagógica auxilia pacientes da CCP a relatar histórias de superação 8

EM MOVIMENTO

Edu Fortes

PARA O SUCESSO


O Terceiro Setor, em geral, e a Casa da Criança Paralítica, em especial, atuam no vácuo deixado pelo Estado nas áreas da saúde, assistência social e educação, o que garante a relevância de sua atuação junto a uma parcela significativa da população mais carente e com deficiência. “O capital social e a longevidade da Casa são formados pela credibilidade decorrente dos programas e atividades de reabilitação, desenvolvidos de modo sustentável”, conta Odonel Urbano, diretor secretário da Casa. A especialização e o alto nível do corpo técnico, dos profissionais da área médica, paramédica, odontológica, pedagógica, psicológica e de assistência social, e os demais profissionais da área nutricional e jurídica, qualificam esse capital e possibilitam o desenvolvimento da pessoa com deficiência, contribuindo para sua inserção social. Crescendo com o próximo

A Casa da Criança Paralítica, durante anos, trabalhou com um protocolo de atendimento voltado apenas às crianças com deficiência física e comprometi-

mento neurológico de zero a 12 anos. Após essa idade, elas eram desligadas. “Mas e depois? Para onde vão essas crianças?” pensou Lilian Emy Okada Mendes Robbi, ao ser convidada para assumir a coordenação da área técnica na entidade. “O processo de reabilitação alcança êxito quando a criança ou jovem com deficiência é inserido na sociedade. Para a Casa, esse processo chega ao final quando o jovem reabilitado integra-se ao mercado de trabalho, o que vem crescendo a cada dia. A entidade participa desta atividade de socialização admitindo ex-pacientes em seus quadros funcionais”, afirma Lilian. A Casa acolhe a criança e oferece possibilidades técnicas para que possam atingir o seu potencial máximo de funcionalidade, sempre respeitando suas limitações, contribuindo para sua participação na sociedade. “Disponibilizamos ferramentas para que ele lide melhor com dificuldades e veja as coisas de uma maneira diferente”, conta Lilian. Milton Marcelino é um ex-paciente da Casa e hoje, aos 43 anos, é presidente da equipe de basquete sobre rodas, o GADECAMP (Grupo de Amigos Deficientes Esportistas de Campinas). “A partir dos 12

anos o jovem começa a se aceitar e ele precisa de apoio para não se sentir excluído. A Casa faz isso. Eu tinha 10 anos quando passei por lá, foi uma fase muito importante para mim e, hoje, a instituição é mais importante ainda, pois consigo trazer as crianças para o esporte”, conta Milton. Há 6 anos, Milton, junto com os atletas do GADECAMP e em parceria com a Casa da Criança Paralítica, colocou em prática o projeto do basquete sobre rodas, onde crianças e adolescentes treinam três vezes por semana com a supervisão de educadores físicos, em cadeiras adaptadas, com direito a uniforme e lanchinho após o treino. “O projeto é uma realização para mim. Meu objetivo é incentivar essas crianças para que se realizem ainda mais. Acredito que a partir dessa prática fazemos a inclusão delas na sociedade”, ressalta Milton. “Todos nós temos capacidades e incapacidades. A deficiência é constituída num contexto social, ou seja, na experiência de segregação como resultado negativo entre um corpo com lesão e a sociedade. Nosso principal papel é minimizar as barreiras e valorizar o potencial de

Selma Quinália Cerri

Milton Marcelino e os alunos da CCP: “é através do esporte que consigo fazer inclusão deles na sociedade”

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cada criança diminuindo as diferenças e incentivando sua participação na sociedade”, afirma Lilian. 60 anos de conquistas

Fotos: Selma Quinália Cerri

A Casa da Criança Paralítica completa 60 anos com grandes conquistas no atendimento aos pacientes. Projetos, programas alternativos e tratamentos inovadores possibilitam a crianças, jovens e adultos com deficiências físicas, assim como todo o contexto social, a ter melhor qualidade de vida, contribuindo, de alguma forma, para seu convívio na sociedade. “O meu maior desafio sempre foi receber uma criança com uma limitação muito severa e visualizar, lá na frente, uma provável melhora desse paciente, estabelecendo durante todo esse tempo todos os esforços e recursos necessários que a Casa dispõe”, conta Dr. Luiz Carlos Costa Morisco, diretor clínico. Com a constante mudança e evolução da instituição nos últimos doze anos, esse desafio tem se tornado algo estimulante para o time de profissionais da entidade. “Atualmente

João Lucas com a mãe Wilma: “a atividade que ele mais gosta é informática e o sonho dele é ser cientista”

Letícia Gelain

Dr. Luiz Carlos Costa Morisco, diretor clinico, em atendimento

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temos tratamento, ferramentas e profissionais que nos dão condições de, cada vez mais, apresentar casos de sucesso”, ressalta Lilian. Mas casos de sucesso dependem muito de todo o grupo envolvido. Exemplo disso é João Lucas Pereira de Carvalho, que iniciou tratamento na Casa em 2013, quando tinha 10 meses. “Quando descobri que ele tinha a paralisia cerebral, logo comecei a procurar tratamento e me indicaram a Casa da Criança Paralítica, que foi a base de tudo. Durante anos, eu o levava à instituição quase todos os dias para fazer o acompanhamento. E a cada ano que passava ele se mostrava mais esforçado. Foi crescendo, tendo alta em alguns setores e hoje frequenta a Casa apenas uma vez

por semana”, conta Wilma Pereira Neves, mãe de João Lucas. A família sempre foi um meio para garantir as conquistas de João Lucas. Em 2013, Wilma ingressou na justiça para conseguir um cuidador que acompanhasse o filho na escola. “João Lucas é uma criança que, apesar de todos os tratamentos, não tem um quadro totalmente funcional. Ele precisa de acompanhamento terapêutico efetivo para sua evolução. Consideramos um caso de sucesso, não só pelos resultados apresentados dentro dos tratamentos, mas também pelas parcerias, a família, os colegas e a escola, que entenderam que ele é uma criança diferenciada e que tem muito para mostrar. Isso é uma conquista”, ressalta Lilian.


ÁREA TÉCNICA

Casos como o de João Lucas, de Milton Marcelino e de milhares de crianças que estão na Casa ou que já passaram pelos programas e atividades de reabilitação que a instituição oferece, mostram que a entidade está no caminho certo. Os profissionais das áreas técnica e pedagógica atuam em conjunto nos diferentes projetos e possibilitam que a criança, o adolescente e o jovem com deficiência física e comprometimento neurológico desenvolvam seu sucesso dentro e fora da Casa. Conheça a atuação das diferentes especialidades dentro da área técnica: Acolhimento

A porta de entrada da Casa da Criança Paralítica é o setor de Assistência Social. As profissionais recebem o contato para agendar e fazer a primeira avaliação do caso. “Nós acolhemos desde o primeiro momento e identificamos o histórico daquela família desde a gestação e as dificuldades que tiveram. Temos uma conversa íntima em que elas relembram de todo o processo, às vezes, doloroso que vivenciaram”, explica Ana Paula Chissonde, assistente social. O Serviço Social é o elo entre os pacientes e a entidade. “É um setor muito procurado por todas as famílias, por conta de suas dificuldades. Elas buscam orientações em relação à legislação, trazem os problemas e nós damos as diretrizes”, conta Valéria Luiza Lopes, assistente social. O trabalho também é feito em con-

SEMPRE NO CAMINHO CERTO

Assistente social Valéria Luiza Lopes acolhe paciente e família ao chegarem na Casa

junto com os outros setores; quando se faz necessário são realizados encaminhamentos e orientações, principalmente quanto ao acesso a medicamentos, como os da farmácia de alto custo, pedidos de suplemento alimentar ou solicitações de exames, entre outros. Nutrição

e, a partir da ingestão do suplemento, teve um ganho significativo. “Acredito que a nutrição tem contribuído bastante para detectar alguns problemas primários e ajudar quando algum problema já está instalado”, conta Priscilla Andrade Araújo, nutricionista. Nutricionista Priscilla Andrade Araújo: “com a nutrição é possível melhorar a qualidade de vida do indivíduo”

João Lucas, por exemplo, passou pelo processo completo da área de Nutrição, assim como todos os outros pacientes, em que a profissional os conhece, fica ciente dos problemas e seus hábitos alimentares e, de acordo com esses dados, tem uma conduta diferenciada. João foi diagnosticado com desnutrição. Através de ação judicial, patrocinada pelo setor jurídico da Casa e com o auxílio da Assistência Social, após meses de luta, ele conseguiu o suplemento alimentar pela Farmácia de Alto Custo EM MOVIMENTO 11


Selma Quinália Cerri

Kátia Melo dos Santos, fonoaudióloga, durante atividade do Projeto Comunicar

O objetivo do setor é identificar as doenças por meio da nutrição, considerando as particularidades do diagnóstico primário de cada paciente. Além do atendimento ambulatorial, o setor de nutrição oferece, aos pais ou responsáveis, palestras com temas relevantes sobre alimentação. “Vejo qual é a necessidade mais importante naquele momento, seleciono os pacientes e entro em contato com os pais para assistirem a palestra. É uma maneira de reforçar, tirar dúvidas e orientar melhor as pessoas que participam da rotina dessa criança”, explica Priscilla.

comunicação ao indivíduo com paralisia cerebral que apresenta alterações no ato motor da fala (articulação), caracterizadas por ausência ou atraso da mesma. “Esse sistema é composto por recursos, estratégias e técnicas que complementam modos de comunicação existentes ou substituem habilidades de quem, na verdade, não possui o dom da palavra, pois

Sorriso saudável

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Letícia Gelain

Comunicação Alternativa

A Fonoaudiologia oferece atendimento especializado aos indivíduos com deficiência física visando melhorar a qualidade de vida destes, trabalhando nas áreas da Comunicação e também nas Funções Estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, respiração e fonação). Dentro desse perfil são destacados dois projetos executados pelo setor: o Projeto Comunicar e a Bandagem Terapêutica. O Projeto Comunicar proporciona a

Atividade física é facilitadora na superação de barreiras

não consegue se expressar”, explica Kátia Melo dos Santos, fonoaudióloga. Todos os pacientes com comprometimento neurológico, como aqueles com paralisia cerebral, tem muitas dificuldades em realizar movimentos voluntários e o método da Bandagem Terapêutica estimula os músculos faciais por meios externos, ou seja, através da pele. “É recente a utilização dessas bandagens com o objetivo de melhorar o controle oral de crianças, mas já é visível sua eficácia no tratamento de crianças com alterações neurológicas, podendo ser consideradas um aliado no tratamento da sialorréia (falta do controle do fluxo salivar)”, ressalta Andiara Scarpel Camargo Bornelli, fonoaudióloga.

Ao passar pelo Departamento de Odontologia a criança é submetida a anamnese que permite avaliar a saúde atual. Em seguida é feita a avaliação do exame clínico para checar a condição da saúde bucal. O procedimento odontológico é o mesmo utilizado nos consultórios convencionais, mas com uma atenção especial. “Na maioria das vezes a criança não consegue nos dizer se o que estamos fazendo está doendo ou não, por esse motivo todos os procedimentos são realizados sob anestesia”, explica Dra. Ivana Santinho G. Prado, dentista. O setor conta com dois dentistas voluntários e uma THD (Técnica em Higiene Dental), que, além do tratamento, ainda orientam as mães durantes as consultas da importância da escovação. No mês de outubro a CCP promove a semana da saúde bucal, oportunidade em que os profissionais do setor interagem com brincadeiras, vídeos, teatro e palestras para reforçar a importância da higiene bucal.


Letícia Gelain

Durante as terapias são realizados exercícios no colchonete e chão para melhorar mobilidade, agilidade e fortalecimento

Reabilitação

A Fisioterapia é um dos principais setores da Casa da Criança Paralítica que trabalha conceitos de reabilitação, em que o paciente reaprende suas funções motoras perdidas, e habilitação, caso o comprometimento tenha ocorrido desde o nascimento do bebê, para que seja possível à criança se adaptar e aprender estratégias, melhorar a postura e facilitar a locomoção. A entidade é referência no tratamento de mielomeningocele. “Durante as terapias são trabalhados exercícios no colchonete e chão para melhorar a mobilidade, agilidade, fortalecimento, utilizando bolas, brinquedos, e a reabilitação virtual (com equipamentos como iPad e Wii). Através dos jogos de Wii conseguimos trabalhar a coordenação motora, equilíbrio, fortalecimento muscular, consciência corporal, tudo de forma prazerosa”, explica a fisioterapeuta Sandra Marino. Outras formas de reabilitação estão sendo implementadas, entre elas, a academia adaptada com seis aparelhos para cadeirantes com o objetivo

de trabalhar o fortalecimento muscular de membros superiores e tronco de forma independente. “Acreditamos que a atividade física é um facilitador na superação de barreiras, proporcionando melhora na qualidade de vida, da condição cardiovascular e da coordenação motora, entre outros”, conta a fisioterapeuta Juliana Ribeiro. Já o método PediaSuit é uma novidade na abordagem terapêutica. “A proposta é fornecer estímulos sensoriais suplementares para os músculos e articulações do corpo, auxiliando no movimento funcional”, explica Caroline Tavares, fisioterapeuta. O PediaSuit consiste em colete, touca, calções, joelheiras, calçados e um sistema de elásticos ajustáveis. Trata-se de uma roupa ortopédica criada nos anos 70 por cientistas russos para uso por astronautas que apresentavam dificuldades motoras, perda de movimentos, massa muscular e estrutura óssea debilitadas após a realização de missões espaciais. “O uso desses equipamentos em uma estrutura metálica ou “gaiola” (Ability Exercise Unity, em inglês),

acompanhado por exercícios repetitivos realizados diariamente, ensinam o sistema nervoso um novo caminho para se mover, equilibrar e se autocoordenar”, detalha Rodolfo Kós, fisioterapeuta. A criança é colocada em uma unidade de suporte para o corpo, estabelecendo alinhamento biomecânico e descarga de peso fundamentais na normalização do tônus muscular, da função sensorial e vestibular. Para a coordenadora da Casa, Lilian Emy Okada Mendes Robbi, a conquista motora da criança está intimamente ligada a aspectos de sua aprendizagem diária. “A aprendizagem é influenciada pela confiança e prazer nas brincadeiras que envolvem comprometimento físico. Isso só ocorre à medida que ela adquire capacidade de controlar o próprio corpo. O tratamento visa auxiliar a criança a maximizar suas funções até explorar todo o seu potencial, proporcionando a vivência e aprendizagem de habilidades que só são possíveis com as facilidades geradas por estes dispositivos”, explica. EM MOVIMENTO 13


Fotos: Letícia Gelain

Os 274 pacientes atendidos atualmente passarão por um protocolo de avaliação previsto pelo método, levando-se em consideração contra indicações absolutas para a realização da terapia. A compra dos equipamentos para implantação do tratamento, no valor de R$ 50 mil, foi possível graças à empresa ExxonMobil. Terapia Ocupacional

A parte funcional no tratamento de reabilitação conta também com o trabalho da Terapia Ocupacional. “No primeiro contato com o indivíduo e sua família são coletados todos os dados referentes à gestação, hora do parto e desenvolvimento. É realizado um exame físico, em conjunto com a fisioterapeuta, para identificar a capacidade e as necessidades de cada um, e avaliar se o indivíduo está dentro do desenvolvimento esperado para a idade. Nosso objetivo é contribuir com a funcionalidade do paciente, para que ele seja mais autônomo nas atividades de vida diária”, explica a terapeuta ocupacional Tais Helena Bizari Teixeira. Na Casa Experimental, um importante espaço da instituição, os usuários aprendem e vivenciam 14 EM MOVIMENTO

atividades corriqueiras do dia a dia. “Se uma criança precisa de estímulo para ter independência nas atividades de vida diária, como, por exemplo, escovar os dentes, pentear o cabelo, tomar banho, nós a levamos para essa casa adaptada, onde a treinamos para ter o máximo de autonomia possível”, conta Tais. “Avaliamos também se a criança necessita de prescrição de adaptações e/ou dispositivos para facilitar a realização de uma determinada atividade e promover a sua autonomia. E quando necessário, indicamos, também, órteses de posicionamento de punho e mão para prevenir deformidades e melhorar a função”, complementa. No caso de pacientes que precisam de estimulação precoce ou que apresentam dificuldades, seja na coordenação global ou fina, existem outras abordagens e recursos para o tratamento, por intermédio de atividades específicas como brincar. O indivíduo, assim, é estimulado e desenvolve habilidades. “Se uma criança se envolve e possui um bom desenvolvimento em uma brincadeira, pode desenvolver melhor a motricidade funcional dos seus membros superiores, e isso faz com que,

futuramente, consiga se alimentar, tomar banho e seja independente em diversas outras atividades de sua vida. É brincando que a criança aprende sobre o mundo a sua volta”, ressalta Inajara Mills Siqueira, terapeuta ocupacional. O setor de Terapia Ocupacional também conta com a Integração Sensorial, uma sala com aparelhos suspensos, onde a criança se conscientiza e percebe seu corpo no espaço, promovendo o controle de estímulos sensoriais, gravitacional, movimento, coordenação e sequenciamento, melhorando a habilidade para responder as informações do ambiente. “Lá a criança se movimenta a todo o tempo com circuitos e obstáculos, utilizamos técnicas que possibilitam uma maior conscientização do seu corpo no espaço e o estimule a pensar como irá fazer para pular um cilindro ou conseguir chegar até um balanço, assim como se equilibrar para realizar uma brincadeira. Existem casos em que a criança nunca brincou em um parquinho, nunca teve oportunidade de entrar em contato com essas experiências essenciais para o desenvolvimento, então proporcionamos esses estímulos a elas”, conta Inajara.


Pequenos pacientes realizam atividades na Casa

Psicologia

Ao longo do tempo uma abordagem diferenciada da Psicologia foi desenvolvida para os atendimentos na entidade. “Os trabalhos nessa área são realizados, em sua grande maioria, nos projetos em grupos e em parceria com outras especialida-

des”, conta a psicóloga Marcia Regina Ifanger Santos Angarten. Exemplo é o Projeto Casa Experimental, em que, a partir da abordagem da Terapia Ocupacional e da Psicologia, tornou possível identificar por intermédio da atividade de vida diária como tomar banho, por exemplo, as implicações psicológicas que podem

Selma Quinália Cerri

Psicóloga Marcia Regina: “objetivo é fortalecer e modificar as relações e a percepção da família”

ser esperadas quando se convive com uma limitação ou deficiência, ou mesmo se existe algo que inibe o deficiente de fazer outras atividades e se tornar um jovem independente, como qualquer outro. O grande diferencial é que essas questões passaram a ser trabalhadas no momento em que a prática das atividades eram realizadas sob a orientação do terapeuta ocupacional e os resultados e a motivação em querer mudar foram significativos. Outra preocupação do setor de Psicologia é atender a demanda das famílias, conhecendo de forma mais detalhada as relações familiares. A partir do levantamento do perfil da família, a profissional identifica as ferramentas corretas para auxiliar no tratamento do paciente. “Nosso objetivo é alterar a maneira como a criança vive, fortalecer e modificar as relações e percepção da família com relação à condição de deficiência da criança. É fundamental que a família valorize mais aquilo que a criança consegue fazer, ou seja, seu potencial, do que as suas dificuldades, e nesse sentido a Psicologia pode trazer uma contribuição significativa para essa construção”, ressalta Marcia. EM MOVIMENTO 15


ÁREA PEDAGÓGICA

O que antes era feito apenas nas escolas de ensino tradicional, hoje também é responsabilidade da área pedagógica da Casa, que, em parceria com as escolas, complementa o desenvolvimento global dos pacientes. “Com a trajetória do trabalho de inclusão realizado pela Casa da Criança Paralítica e também com o avanço da legislação, a Casa conseguiu mudar a forma de lidar com o desenvolvimento do paciente a partir de vários projetos, entre eles a inclusão nas escolas”, conta Nair de Santana Pi Chillida Attencia, orientadora pedagógica. O principal objetivo é o desenvolvimento, sempre respeitando as limitações, potencialidades e individualidade de cada caso. É um ambiente no qual se faz tratamento interdisciplinar para melhor atender as crianças. “Hoje temos as salas de estimulação e trabalhamos individualmente e em grupo com projetos, além de acompanhar os indivíduos fora da instituição, no seu cotidiano escolar”, explica. O trabalho das profissionais da pedagogia também envolve as orientações, que são passadas aos familiares, cuidadores e às escolas, para que assim seja possível um trabalho baseado na fase do desenvolvimento em que a criança se encontra, proporcionando a construção de suas habilidades. Conheça os projetos da área pedagógica: Inclusão nas escolas

O processo nas escolas começa na orientação com professores e 16 EM MOVIMENTO

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA Fotos: Letícia Gelain

Projetos de aprendizagem incentivam e divertem as crianças

profissionais no espaço escolar e segue com o acompanhamento para observar o desempenho do aluno e se a estrutura exige adaptações que facilitem a aprendizagem. As visitas são realizadas de acordo com as necessidades que surgem no decorrer do trabalho das profissionais da Casa. “Dependendo do caso, além dos contatos por telefone, nossa visita escolar pode ocorrer por mais de uma vez, como por exemplo, se a equipe escolar necessitar de uma maior atenção e orientação. Abrimos nossa entidade para visitas dos professores durantes os atendimentos da criança”, conta a pedagoga Ana Cecília Parisi. De acordo com a pedagoga, quando existe a troca entre a instituição e a escola, o resultado é sempre positivo. “Já é um sucesso enorme ver nossas crianças sendo atendidas nas escolas com atenção, carinho e respeito”, afirma.

Projeto Biblioteca

Com objetivo de ensinar por meio de novos métodos de trabalhos, a CCP usa uma forma lúdica e informal. “Nós transformamos o momento de aprendizagem em algo menos maçante, para que eles possam se divertir e aprender”, conta a pedagoga Juari de Mattos. Pensando nisso, o projeto Biblioteca, desenvolvido com crianças de diferentes idades, busca incentivar o gosto pela leitura e desenvolver as habilidades da escrita e interpretação textual e criatividade através de atividades e utilização de textos e livros disponibilizados pela entidade. Consciência corporal

Ao trabalhar as potencialidades e não as limitações, o projeto Dança Inclusiva torna a dança atividade acessível aos deficientes físicos com


Ensino à distância

Dança Inclusiva permite aos pacientes vivenciar emoções

exercícios que os deixam ainda mais abertos para descobrir suas capacidades ainda não exploradas. As técnicas de dança são adaptadas e criadas de acordo com cada bailarino de idade entre 18 a 31 anos. “Esse projeto foi criado para possibilitar aos jovens e adultos com deficiência um encontro com a dança, para que possam conhecer melhor a si próprios, vivenciando suas emoções e, com isso, desenvolver a cidadania”, afirma a pedagoga Lidsey Carvalho Vieira. Pequenos jornalistas

Na sala de informática da instituição, o projeto do jornal “Os eficientes”

tem ótima aceitação dos pacientes da Casa. No processo de desenvolvimento no jornal são feitas pesquisas dentro e fora da Casa, com matérias variadas e, depois de pronto, o jornal é distribuído para colaboradores, doadores, voluntários, contribuintes e em eventos. “A instituição proporciona a eles experiências práticas e não rotineiras de busca de informações para transformá-las em notícias, seguindo com a publicação de um jornal. Através desse trabalho, busca-se aperfeiçoar a leitura, escrita, interpretação de texto, elaboração e comunicação de idéias de cada integrante do grupo”, explica a monitora da área pedagógica Júlia Mariana Vasconcelos Dutra.

A Casa da Criança Paralítica conta com projeto pioneiro: uma Sala de Ensino à Distância destinada a pessoas com deficiência física e visual. Alunos de 16 a 40 anos fazem parte da primeira etapa do projeto ‘’Capacitação em Gestão da Produção’’, promovido, em parceria, pela Thinktech – Indústria e Comércio de Informática S/A. Cerca de 40 profissionais, entre pesquisadores, professores e especialistas em informática, participam do desenvolvimento do curso, realizando desde pesquisas de requisitos específicos até os testes de verificação do produto final. O projeto foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação – ITIC, do Ceará, com a coordenação de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa LCA Consulting, também cearense. Participam ainda pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Instituto Federal do Ceará (IFCE). A Casa foi escolhida para receber este curso à distância por possuir didática diferente de outras instituições da cidade e por ser capaz de habilitar o projeto para jovens com defi­ ciência. As aulas acontecem em dois dias da semana desde fevereiro deste ano. Os alunos são divididos em quatro turmas de oito integrantes monitorados pela pedagoga Cláudia Falzoni Amaral Rosa.

Na informática, projeto de jornal melhora leitura, escrita e interpretação de texto EM MOVIMENTO 17


Empreendimento social

da necessidade

nasce a IDEIA

A Casa da Criança Paralítica sempre recebeu telefonemas de pessoas interessadas em doar itens usados e dificilmente os recusava. Quando chegavam, as doações eram colocadas no pátio e, quem se interessava, comprava ali mesmo. “Era uma forma muito discreta de dizer que já existia um bazar”, explica Antonio Pedro Rodrigues, gerente administrativo da entidade. No saguão de entrada da sede e depois em uma pequena sala improvisada dentro da Casa, onde estava localizada anteriormente a área de telemarketing, nasceu então em junho de 2004 o projeto que deu origem ao Bazar Beneficente. Em grandes quantidades, a instituição passou a receber contribuições e itens muitas vezes inusitados e que não eram mais necessários à população. Uma grande empresa deu a largada para que o projeto ganhasse forma, doando aproximadamente 1500 peças de roupas e sapatos, por meio de uma campanha feita com seus empregados. Entre as mesas e computadores do telemarketing eram depositadas as 18 EM MOVIMENTO

Entidade encontra nas doações de produtos um meio de arrecadar recursos para o tratamento de pacientes doações que chegavam. “O espaço era muito precário e a diretoria da Casa decidiu que o telemarketing deveria ser transferido para outro local”, conta Antonio. Com a sala vazia, o conceito “Bazar” ganhou mais força. A precariedade exigia uma renovação do local e pequenas mudanças foram feitas pela CCP. Uma parede foi quebrada dando lugar a uma porta de acesso do público ao bazar pela rua Francisco Bueno de Lacerda. Estantes de aço, que também chegaram através de doações, abrigavam os diferentes modelos de roupas, sapatos e outros itens cedidos. A colaboração da sociedade e

o empenho dos voluntários, tanto na organização dos produtos, quanto na prospecção, somavam em mais contribuições, que aos poucos preencheram o espaço vazio da sala. Após dois anos, em 2006, o Bazar tornou-se efetivamente fonte de renda da Casa da Criança Paralítica de Campinas. Percebeu-se, então, a necessidade de uma área maior para armazenar esses itens, já que as doações cresciam rapidamente. “Quando uma grande empresa fez uma doação de mesas e armários, tivemos de colocar o equivalente a oito caminhões de produtos no pátio e cobrir com lona. Tivemos também uma doação de computadores, feita pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, que foram armazenados no pátio. Diversos produtos chegavam, algumas coisas utilizamos para equipar a entidade, mas a maioria teve que ficar do lado de fora da sala, ao relento”, lembra Antonio. Diante da necessidade, o diretor financeiro da época, Fernando Haddad, idealizou um autêntico desafio “challenger budget” para arrecadação


Selma Quinália Cerri

Equipe do Bazar: local recebe contribuições de Campinas e região

de recursos em empresas da cidade. Duas grandes empresas - Dow Corning e Guabi - participaram e canalizaram R$ 60 mil para os cofres da Casa, viabilizando assim a ampliação do Bazar, a construção de um galpão para abrigar os produtos antes de serem expostos na loja e também uma sala de reunião para os voluntários. Em abril de 2007, o Bazar foi oficialmente inaugurado. Hoje são quatro profissionais trabalhando no Bazar, dos quais três voluntários que se dividem em funções como reciclagem dos itens doados e contatos com empresas e outros púbicos que regulamente fazem doações. “Recebemos contribuições de diversos lugares de Campinas e região e muitas vezes as pessoas não conseguem

trazê-las até a instituição. Graças a uma emenda parlamentar, em 2012, a Casa da Criança Paralítica adquiriu três carros, permitindo a coleta de doações”, conta. Hoje, o Bazar comemora seus 10 anos com uma renda que varia entre R$ 75 mil e R$ 80 mil anuais e que auxilia no tratamento e no bem estar dos pacientes. Bazar solidário

O projeto deu certo, mas uma nova questão norteou o pensamento do grupo de diretores e colaboradores da Casa: “o Bazar será apenas uma fonte renda para a entidade?” Pensando nisso, a Diretoria decidiu que o local iria beneficiar diretamente as famílias dos pacientes e o público que fre-

quenta o local. “A Casa transformou o Bazar em uma assistência social. A proposta é vender os produtos com custo bem baixo, para que, além da instituição, a população se favoreça também”, explica Antonio. O novo conceito, onde um par de sapatos, uma blusa ou uma calça custam entre R$ 1 e R$ 10 cada – o valor varia de acordo com a marca e a qualidade - tem uma excelente aceitação dos colaboradores da entidade, mães e acompanhantes das crianças e da comunidade vizinha. “Colocamos preços baixos para que eles consigam adquirir os produtos. Realizamos promoções e as mães dos pacientes também ganham descontos. Assim, todos saem satisfeitos.” EM MOVIMENTO 19


Fotos: Selma Quinália Cerri

Bazar Solidário: produtos com custo bem baixo para que toda a população possa adquiri-los

Realizando sonhos

Desde março de 2013, uma empresa de locação de roupas de festa tornou-se parceira do Bazar nas doações de vestidos de noiva e de damas de honra. Em troca, o Bazar destina à empresa peças de roupas rasgadas ou deterioradas que não têm condições de ser vendidas. “A empresa reforma as peças e doa para comunidades carentes em diferentes Estados”, conta Lucilene Barbosa

de Sousa, colaboradora responsável pelo Bazar. As doações de vestidos de noiva e de damas chegam com frequência em diversos modelos e tamanhos e os valores variam entre R$ 100 e R$ 200, possibilitando que as mães dos pacientes da CCP e as noivas da comunidade do entorno possam realizar o sonho de usar seu próprio vestido de noiva no casamento. “Toda semana, pelo menos uma noiva vem até o bazar à procura de um vestido.

Elas adoram! Muitas reservam mais de dois modelos, pois ficam em dúvida ou pedem nossa sugestão”, lembra Lucilene. O desejo de Lucilene e da equipe do Bazar, apoiado pela Diretoria da Casa, é ter, no futuro, o “cantinho da noiva”, uma sala onde as moças consigam ficar mais à vontade para conseguir desfrutar melhor desse momento que é só delas, pois hoje, as peças ficam expostas junto com diferentes produtos do Bazar.

Vis

ite o Bazar da Casa da Criança Pa ralítica de Campinas Ele está lo . calizado à rua Francisco Bueno de Lacerda, 110, Parq ue Itália Campinas SP. Abert / o de segu nda à sexta feira, das 8h às 17h .

Quer d

oar? Ligue 1 2127-723 9 0 ou envie um e-mail para ccp@ ccp.org.br Mães de pacientes e noivas da comunidade realizam sonho de ter vestido de noiva 20 EM MOVIMENTO


Sustentabilidade

parceria fundamental com lojistas Créditos e prêmios do Programa da Nota Fiscal Paulista representam hoje 30% dos recursos da Casa da Criança Paralítica (CCP). “A meta é que os recursos sejam suficientes para o pagamento mensal da folha de salários. Paralelamente, a diretoria busca o equilíbrio de outras fontes de receitas para que a Casa não se torne dependente de apenas uma delas”, diz Valdir José de Oliveira Filho, diretor financeiro da entidade. O programa da Nota Fiscal Paulista foi instituído pelo Governo do Estado de São Paulo no segundo semestre

de 2009 e as entidades sem fins econômicos também tiveram sua participação autorizada. “A Casa da Criança Paralítica visualizou, naquela época, oportunidade de alavancar recursos financeiros decorrentes desse programa”, lembra o diretor financeiro. Inicialmente apenas os voluntários estavam envolvidos, mas logo surgiu a necessidade de montar uma estrutura profissional, devido ao caráter promissor da arrecadação. Atualmente são 19 colaboradores nas funções de separadores, digitadores e mensageiros recolhedores dos cupons.

Programa alavanca os recursos financeiros da entidade

Equipe do telemarketing em ação

RELACIONAMENTO mantém boa imagem da Casa A arrecadação de recursos via telemarketing é uma atividade tradicional na Casa da Criança Paralítica que contribui não só para arrecadar fundos para os gastos operacionais da entidade, mas também com campanhas específicas, como festa junina, Natal, jantares comemorativos e na compra de equipamentos, entre outros. O trabalho é responsável por 25% de arrecadação mensal da CCP, sendo que a meta é elevar o percentual para 30%. O início de suas atividades ocorreu em julho de 1997. Hoje o telemarketing conta com 17 colaboradores, sendo operadores, mensageiros, administrativo e supervisão. “A supervisão e treinamento das operadoras são atividades primordiais no telemarketing, pois é a partir do relacionamento com os doadores que é feita a manutenção da imagem da entidade”, destaca Valdir Roberto Gomes Dias, gerente financeiro da CCP. REVISTA CCP 21


Assistência Selma Quinália Cerri

Odonel Urbano: rede de ajuda alcança 94 organizações associadas no Brasil

Parceria com Fundação Liliane

gera bons frutos 22 EM MOVIMENTO


Entidade holandesa mantém escritório na Casa da Criança Paralítica que ajuda diretamente pessoas com deficiência de todo o Brasil

Mais de 1.300 crianças e jovens já foram beneficiados nos últimos 11 anos pela doação de aparelhos ortopédicos ou assistência paramédica por meio da parceria entre a Casa da Criança Paralítica e a Fundação Liliane. A Casa sedia no Brasil, desde o final de 2009, o escritório de coordenação da fundação holandesa, que ajuda diretamente crianças com deficiência, sua família e o chamado “entorno reabilitador” - a vizinhança onde a criança desenvolve atividades da vida diária, escolares, lúdicas etc. A ajuda direta implica na destinação de recursos financeiros para a melhora do entorno, como por exemplo, a construção de rampa para cadeira de rodas. A Casa também obteve benefícios importantes

“Foi fundamental instituir um escritório de coordenação no país por conta do crescimento de sua atuação no Brasil e da ampliação do número de organizações associadas – resultado do trabalho realizado pelos colaboradores da Casa. A importância da instalação desse escritório e a eleição de um dos seus colaboradores para coordenar o projeto no Brasil sinalizam a credibilidade que temos, virtude sem a qual as entidades do Terceiro Setor não sobrevivem”, diz Odonel Urbano, coordenador da Fundação

Liliane e diretor da Casa. A rede de ajuda da Fundação Liliane alcança, hoje, 94 organizações associadas espalhadas pelo Brasil. A ajuda financeira inicialmente alcançava a criança com deficiência, mas, isso não foi suficiente. “A experiência demonstrou que não bastava atender à criança com equipamento ortopédico, cirurgia, assistência para médica etc. O resultado poderia ser melhor se a família da criança estivesse envolvida no processo de reabilitação. Com isso, o conceito de “ajuda direta” estendeu-se à família, com a possibilidade da obtenção de recurso financeiro para capacitá-la na reabilitação da criança e, depois, também incluiu o chamado “entorno reabilitador”, explica Urbano.

própria sorte. Foi sob o impacto dessa realidade que ela criou uma fundação com seu nome. A Fundação Liliane atua em países em desenvolvimento, na África, Ásia e América Latina. Sua mensagem para as crianças e jovens com deficiência é: “você existe e é

importante na grande família que criamos com cada um. Tudo o que nós temos e você não, será compartilhado, assim como você também compartilhará quando encontrar o seu lugar na sociedade.”

como a reforma da rede de entrada de energia e da rede de iluminação externa, além da construção do refeitório por meio dessa parceria. Credibilidade

História No final da década 1970, na ilha de Sumatra, Indonésia, Liliane Brekelmans-Gronert, que nasceu nesse local, mas vivia na Holanda - e seu marido Ignaas encontraram crianças com deficiência abandonadas à

EM MOVIMENTO 23


Solidariedade

O que você faz bem pode

fazer bem a alguém Esse é o espírito do trabalho voluntário na Casa da Criança Paralítica, que implica em colocar o talento à disposição da entidade e dos pacientes

Fotos: Selma Quinália Cerri

Ivana S. Grama Prado com a auxiliar Rosana Bassan: “desde que comecei a trabalhar na CCP passei a dar valor para os mínimos detalhes da vida” 24 EM MOVIMENTO


Dr. Luiz Carlos Costa Morisco estava começando sua carreira como neurologista em Campinas, em 1971, quando foi convidado pelo colega Dr. Luiz de Tella, na época presidente da CCP, para prestar assistência às crianças. “Eu fui para a Casa para prestar uma colaboração e minha intuição não era ser voluntário. Mas quando percebi a beleza que é aquilo e senti a gratidão das famílias e o carinho, acabei me transformando de voluntário passivo para ativo”, recorda. Para ele, o verdadeiro significado do trabalho aflorou quase que involuntariamente. “Passei a me envolver de tal forma que queria que a entidade crescesse para conseguir atingir seus objetivos e atender aquelas crianças de maneira eficiente”, explica. Quando se deu conta, de um mero colaborador passou a ser o neurologista da entidade, atuou em diversas gestões como diretor clínico, onde colabora até hoje de forma efetiva. “Sou o voluntário frequentador assíduo mais antigo da Casa, sempre primando pelo exercício da neurologia”. “Ser voluntário não é apenas um ato de carinho ao próximo, mas também uma forma saudável e proveitosa de levar a vida. Estudos científicos comprovam que voluntariar-se faz bem para a saúde, as tarefas contribuem para a melhora da autoestima, para ganhar autoconhecimento e para ser mais feliz na rotina diária”, explica Valdir José Oliveira Filho, diretor financeiro da entidade. Pesquisa realizada em julho deste ano com 35 voluntários da Casa mostra que a maioria absoluta está na entidade há mais de dez anos; 21 participam de atividades no local uma a duas vezes por semana; 21 permanecem entre duas a cinco horas; 23 atuam como voluntários por vontade e para praticar a cidadania e 10 por indicação de um conhecido que já tinha experiência nessa área.

Dr. Marcelo Pinheiro Zarattini, médico pediatra e voluntário da Casa há quatro anos

Do total entrevistado, 21 tem mais de 50 anos de idade e os demais, de 31 a 49 anos. A satisfação pessoal e o prazer de ajudar o próximo foram apontados como motivos para se tornarem voluntários. Ivana S. Grama Prado é dentista e desde 1990 atua como voluntária. Após anos de dedicação tornou-se coordenadora do setor de Odontologia. “Desde que comecei a trabalhar na entidade passei a dar valor aos mínimos detalhes da vida. Sinto-me abençoada por contribuir com os necessitados”, conta. O voluntário Silvio Brusetti Júnior contribui desde 2008 no tratamento das crianças e jovens que frequentam

o setor odontológico. “Faço o trabalho voluntário apenas na Casa da Criança, pois o tempo é curto”, diz, humildemente. Para ele, não há desculpa para não ajudar ao próximo. Mesmo com pouco tempo livre disponível, é sempre possível fazer algo para a cidade ou a comunidade em que se vive. Brusetti diz que o trabalho lhe proporciona uma grande satisfação pessoal. “Passei a agradecer pela possibilidade de ter uma profissão, pela liberdade de ir e vir sem necessidade de ajuda, de ter saúde”. Na sua visão, a possibilidade de ajudar alguém, mesmo que a pessoa não perceba que está sendo ajudada, traz felicidade.

Como se tornar voluntário Necessário l Um pouco do tempo e dedicação Passo a passo l Entrar em contato com o RH (setor de Recursos Humanos), que fará uma ficha cadastral definindo em que área pretende atuar; l Aprovado pelo departamento, serão solicitados documentos pessoais e assinatura do termo de adesão à lei do voluntariado; l Conhecer a história, a visão e missão da entidade.

EM MOVIMENTO 25



Balanço Social 2013 casa da criança paralítica de campinas

Fotos: Letícia Gelain

Atividades desenvolvidas: A Casa da Criança Paralítica de Campinas oferece atendimento especializado multiprofissional nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, serviço social e pedagogia, diferenciando-se pelos serviços médicos (fisiatria, pediatria, neurologia e ortopedia), odontológicos, nutricional, de integração sensorial e de assistência jurídica, além de orientação à família. Público alvo: Crianças, adolescentes e jovens com deficiência física e comprometimento neurológico. Profissionais contratados: 87 Voluntários atuando: Cerca de 60 Diretrizes: 1. Missão: Proporcionar melhor qualidade de vida, aumento da autonomia e independência das pessoas com deficiências físicas, contribuindo para seu convívio social e diminuição das desigualdades. 2. Visão: Ser reconhecida pela sociedade como entidade que busca excelência no atendimento à criança, ao adolescente e ao jovem com deficiência física. 3. Princípios da Diretoria: l Compromisso com o atendimento ao público alvo; l Transparência na administração; l Legalidade; l Equilíbrio econômico financeiro. 4. Negócio: Vida

Pacientes atendidos desde a fundação, em 1954: Aproximadamente 15 mil.


Fotos: Letícia Gelain

TOTAL DE ATENDIMENTOS REALIZADOS EM 2013: 46.301

13,31%

25,66%

11,51%

3,33%

10,04%

7,29%

14,90%

5,10%

1,52%

Nutrição - 616

Terapia Ocupacional - 6.901 4,84%

Enfermagem - 703

0,55%

Informática - 2.360

0,62%

Serviço Social - 3.374

Psicologia - 4.650

0

Holística - 2.240

2.000

Ortostatismo - 255

4.000

Odontológico - 289

6.000

Médico - 1.543

8.000

Fonoaudiologia - 5.329

10.000

Fisioterapia - 11.880

12.000

Estimulação Pedagógica - 6.161

14.000

1,33%

SETORES Nº. DE CRIANÇAS ATENDIMENTOS NO SETOR REALIZADOS ESTIMULAÇÃO PEDAGÓGICA ENFERMAGEM FISIOTERAPIA FONOAUDIOLOGIA HOLÍSTICA (PROFISSIONAIS) MÉDICO NUTRIÇÃO ODONTOLÓGICO ORTOSTATISMO PSICOLOGIA SERVIÇO SOCIAL TERAPIA OCUPACIONAL INFORMÁTICA 28 EM MOVIMENTO - BALANÇO SOCIAL 2013

132 6.161 287 703 126 11.880 110 5.329 80 2.240 287 1.543 287 616 287 289 42 255 135 4.650 287 3.374 132 6.901 78 2.360


CIRURGIAS REALIZADAS 9 TOTAL DE DESLIGAMENTOS 23 ENCAMINHAMENTO PARA CONSELHO TUTELAR 2 VISITA DOMICILIAR 107 VISITA ESCOLAR 51 VISITA HOSPITALAR 17 ENCAMINHAMENTO PARA OUTRA INSTITUIÇÃO E/OU SERVIÇOS 23 FALECIMENTO 4 ABERTURA DE PRONTUÁRIO 54 REUNIÃO TÉCNICA E PEDAGÓGICA 53 DISCUSSÃO DE CASOS, AVALIAÇÃO DE PROJETOS, PLANEJAMENTO, ADEQUAÇÃO DE HORÁRIOS (PROFISSIONAIS / USUÁRIOS) 405 ATENDIMENTO A EX-PACIENTES 142 TOTAL DE PESSOAS ATENDIDAS GRATUITAMENTE EM 2013

429

ORIGEM DAS RECEITAS - 2013 RECEITAS ESPECIFICAÇÃO PERCENTUAL Diretas Donativos, associados, projetos patrocinados Captação de Recursos Telemarketing Recursos Convênio FEAC/ Campanha TV Bazar Vendas Não operacionais Eventos Aplicações Financeiras Receitas Financeiras Bens Patrimoniais Locação do trailer e de terreno da CCP Recurso estadual Programa Nota Fiscal Paulista - ICMS Outras Receitas Doações por ordem judicial; doações diversas; refeições Convênios municipais Cofinanciamento - SMCAIS / Secretaria Educação / SUS Recurso federal Destinação de Imposto de Renda TOTAL

5% 25% 3% 3% 5% 2% 1% 30% 4% 19% 3% 100%


principais eventos de 2013 l

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Baile de Carnaval das crianças e 1º concurso de fantasias.

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Chá Beneficente realizado pelo grupo de voluntárias. Festa da Páscoa das crianças com a doação de ovos de chocolate. 4º Porco à Paraguaia. Participação de 30 pacientes no 1º Delta Sky Day passeio de helicóptero e breve aula sobre aviação oferecidos pela Escola de Aviação Delta, no Aeroporto Campo do Amarais. Participação de pacientes no Dia de Sonho promovido pelo Grupo Sonhar Acordado, no Parque Municipal de Feiras e Exposição Monsenhor Bruno Nardini, em Valinhos, e encontros com o grupo de voluntários Sonhar Acordado.

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Jantar beneficente no restaurante Prime Italian. 11ª Festa Junina da CCP onde compareceram cerca de 2.500 pessoas. Jantar em Comemoração aos 59 Anos da CCP, no Tênis Clube de Campinas. Passeio de crianças da entidade ao Sítio Recanto Feliz, localizado no alto da Serra dos Cocais, em Valinhos (Projeto Lazer Eco Escola). Seminário Técnico promovido pela equipe técnica e pedagógica, realizado no auditório da ACDC, com o tema “Mielomeningocele: transpondo e construindo novos limites”. Festa de Natal das Crianças com a distribuição de presentes, cestas de Natal e a presença do Papai Noel.

PRINCIPAIS PROJETOS DESENVOLVIDOS Programas Sócio Educativos Projeto Encontro O objetivo é contribuir significativamente para o processo de inclusão escolar das crianças e adolescentes atendidos pela entidade por meio da parceria com as escolas da rede regular de ensino, a partir de trocas periódicas de informação, visitas às escolas diante das necessidades apresentadas pela criança e adolescente e/ou profissionais das instituições escolares e entrega de materiais informativos. l

Projeto Jornal – Os Eficientes Fazer um jornal na entidade - da concepção à produção final - é uma maneira de vivenciar, na prática, os conceitos de ética, cidadania e interdisciplinaridade, revelando os mecanismos que compõem o mundo da comunicação e fomentando seu desenvolvimento como leitor, com o desenvolvimento do pensamento crítico e a observação do mundo.

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PPD Digital Introduzir a informática como instrumento pedagógico no ensino-aprendizagem e usá-la como ferramenta

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30 EM MOVIMENTO - BALANÇO SOCIAL 2013

eficaz para capacitação e inserção ao mercado de trabalho. Este é o objetivo do projeto que conta com parceria do CDI – Campinas (Comitê para Democratização da Informática) e também beneficia a comunidade do entorno da instituição.

l Grupo Operativo O propósito é oferecer ações que estimulem crianças e adolescen­tes com deficiência e suas famílias a se recuperarem após adversidades, por meio da vivência de aspectos diários e práticos, proporcionando independência frente às atividades e o aprofundamento das questões emocionais e afetivas, refletindo num amadurecimento psicossocial mais adequado.

l Projeto Plantando Cidadania Em parceria com a concessionária Europamotors, teve como objetivo promover a sensibilização e a conscientização ambiental com boas práticas e assim reduzir e compensar as emissões de dióxido de carbono. Foram plantadas cerca de 120 mudas de espécies nativas no bairro Parque Itália e nas suas redondezas. Cada muda recebeu o nome de uma criança da entidade e todas elas participaram ativamente do plantio, em diversas etapas.


Programa Descobrindo a Ação do Corpo

Programa Família em Ação Projeto Ambulatório Agilizar a admissão ao tratamento com atendimento à família por assistente social, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicóloga, levantando sentimentos causados pela situação de vulnerabilidade, dúvidas sobre tratamento e rotina futura e também dados importantes para definir o melhor caminho na busca da saúde funcional. Caso a criança e/ou adolescente se enquadre na proposta da entidade, inicia-se o processo de reabilitação. Caso contrário, familiares são orientados e encaminhados ao serviço adequado com avaliação previamente agendada. l

Grupo de Chegada Acolher a família, orientando-a sobre as normas da instituição, o tipo de tratamento que será realizado; o trabalho de cada profissional; apresentar o espaço físico da instituição; discutir sobre a importância da colaboração e participação ativa e atuante dos pais na vida e tratamento rotineiro de seus filhos. l

l Grupo de Orientação Orientar os responsáveis pelos usuários sobre a rotina de cuidados necessários à manutenção da integridade da saúde, oferecendo um tratamento acessível quanto às adaptações em atividades diárias e proporcionando uma assistência apropriada e próxima de suas reais necessidades. A família, juntamente com a criança, deverá comparecer na entidade semanalmente para receber orientações dos profissionais responsáveis por meio do “Manual de Orientação” (criado pelos responsáveis pelo projeto).

Selma Quinália Cerri

Comunicação Alternativa Levantamento das formas de comunicação de todas as crianças da instituição, classificando-as em grupos adequados, utilizando diferentes propostas de abordagem terapêutica. Para a realização do projeto utiliza-se o método do P.C.S (Picture Communication Symbols). l

Integração Sensorial Aumentar o processamento das informações sensoriais no sistema nervoso central da criança com deficiência, facilitando a capacidade de interagir, descobrir e compreender o mundo. Para o tratamento são oferecidas condições ambientais que levem a criança, pela sua intencionalidade, à descoberta e transformação das relações com o ambiente, levando em conta as características de cada uma e o tipo de estímulo mais adequado às suas necessidades, que irá variar de acordo com os padrões de movimentos, distribuição de tônus e respostas ao movimento. l

l Casa Experimental Favorecer o desenvolvimento dos usuários e seus familiares por meio de experimentação de situações práticas planejadas, aulas de higiene, vestuário, alimentação e atividades domésticas, proporcionando desta forma a oportunidade de obter autonomia pessoal e social.

l Recuperação funcional virtual A reabilitação virtual através do videogame oferece, além do atrativo tecnológico, a possibilidade do usuário adaptar-se a vários tipos de demandas, desenvolvendo habilidades físicas e cognitivas requeridas para a realização de atividades do cotidiano de uma forma prazerosa. Os benefícios da utilização do Nintendo® Wii na Fisioterapia incluem as correções da postura e do equilíbrio, o aumento da capacidade de locomoção, da amplitude de movimento dos membros superiores e inferiores, além da motivação do paciente.

Dança Inclusiva – Grupo Arte e Movimento A dança é um instrumento poderoso de integração, resgate de auto estima e auto conscientização. O projeto visa possibilitar aos usuários vivenciar suas emoções por meio de movimentos criativos e/ou expressivos, trabalhando aspectos de caráter físico (força, ritmo, equilíbrio, noção espaço temporal), de caráter psíquico (prontidão, coragem, autoestima e segurança) e expressão, podendo alterar comportamentos, atitudes e estados físicos. l



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