Revista Academia Paulista de Educação - N° 6 - Ano 5 - Novembro 2016

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PERFIL

QUEM É O PROFESSOR?

toda a complexidade da atividade docente em suas várias dimensões”, pondera o coor‑ denador do curso de Pedagogia da Univer‑ sidade Presbiteriana Mackenzie, Paulo Fra‑ ga da Silva. O contato individual com cada aluno, suas dificuldades de aprendizado e a dinâmica da escola exigem do professor um constante reajuste e revisão dos seus conhecimentos e técnicas. Por isso, quando o jovem professor chega à sala de aula, boa parte da realidade ainda será desvendada. O caminho da descoberta é uma via de mão dupla. Se por um lado o professor tem na escola um universo a explorar, gestores de educação e órgãos de educação, precisam olhar para os docentes e compreender os pontos críticos do seu trabalho e traçar es‑ tratégias. Se a graduação é apenas o primei‑ ro passo na formação do professor, os cursos de educação continuada e, sobretudo, a pró‑ pria escola, ocupam espaços relevantes.

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O professor brasileiro

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Não faltam estudos que ajudem a com‑ preender quem é o professor brasileiro. A ONG Todos Pela Educação publicou, em maio de 2016, a pesquisa “Professores no Brasil – Perfil docente, políticas para o magistério e níveis de formação dos pro‑ fessores brasileiros”, tomando como base dados referentes a 2014. Segundo o estudo, desde 2007 tantos os postos de trabalho na educação básica quanto a qualificação dos professores aumentaram. Entre 2007 e 2014, o número de fun‑ ções docentes foi de 1,88 milhão para 2,19 milhões, vindo em uma evolução contínua desde 2009. A maioria desses professores está alocada em centros urbanos, em uma proporção que também aumentou nos sete anos analisados. Se, em 2007, 82,9% dos do‑ centes estavam nas cidades, em 2014 esse índice subiu para 84,5%. Os professores do

meio rural, por sua vez, que eram 17,1% do total passaram a ser 15,5%. A profissão docente sempre foi iden‑ tificada como uma ocupação feminina e os dados recentes ainda conversam com essa visão. As mulheres formam 80,1% do quadro brasileiro no ensino básico; pou‑ co menos de 1,8 milhão de professoras. Os homens têm avançado: em 2007 eles eram 18,1% da categoria, em 2014 a porcentagem foi para 19,9%, ultrapassando a linha de 400 mil postos de trabalho. Na divisão por faixa etária, 35,6% dos professores têm entre 31 e 40 anos de idade. Depois vem o grupo entre 41 e 50 anos, representando 29,4% do total. Apesar de boa parte dos professores pre‑ ferirem não declarar sua cor (51% em 2007 e 27,7% em 2014) também é possível infe‑ rir esses dados. Dos que definiram sua cor na pesquisa de 2014, 42,8% são brancos, e 24,5% pardos. Os autodeclarados negros somam 3,9%, e os indígenas e amarelos não atingem 1%. No cruzamento entre os perfis de cor e gênero, as mulheres são a maioria, e os homens ficam em torno dos 20% do to‑ tal. A exceção fica com docentes indígenas, com distribuição por gênero igualitária. A formação superior precisa, porém, evoluir. Em 2014, 86,9% dos docentes pos‑ suíam curso superior, frente a 82,7% em 2007. A situação é melhor na rede públi‑ ca, onde 88,4% dos professores cursaram faculdade – na particular esse número é 80,8%. A situação melhora de acordo com a etapa: no ensino médio, 97,7% dos pro‑ fessores têm diploma superior em escolas públicas e particulares.

Colaboração, aprendizado e oportunidades Os dados sugerem que existem múltiplos perfis de profissional – e cada um deles


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