Nova Paraisópolis em Revista

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Entrevista: Hospital de Paraisópolis vai estar no PAC, diz Lula

Bola oval: Rugby na comunidade é sucesso e já atende 200 crianças

Ano II Edição 03 Fevereiro 2011

Paraisópolis na África

Comunidade representou o Brasil no Festival Mundial da Juventude

Empreendedorismo: Curso da Associação das Mulheres promove qualificação profissional


A Nova Paraisópolis em Revista deseja a você um ótimo Carnaval com muita diversão e folia para todos!!!

Expediente Produção: Interativa Brasil - CNPJ: 05.939.252/0001-02 Diretor: Joildo Santos - joildo@paraisopolis.org Jornalista responsável: Felipe C. Santos MTb 59406 / Colaborador: André Santana Designer: Mauricio Barreira / Tratamento de imagens: Jonas Rosário Capa e fotografia: Odin Muniz Anúncios, assinatura e sugestões: contato.novaparaisopolis@ibtv.com.br A Nova Paraisópolis em Revista possui tiragem de 30.000 exemplares. É distribuída por toda Paraisópolis e Morumbi.

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Programa na comunidade

Mãos de Maria Da Redação A Associação das Mulheres de Paraisópolis realiza um curso de produção de doces e salgados na comunidade chamado “Mãos de Maria”. Tem o intuito de ajudar as mulheres a possuir renda própria e terem uma ocupação profissional. São 40 alunas, divididas em duas turmas. As aulas acontecem três vezes na semana, uma no período da tarde e outra a noite. Segundo a presidente da Associação das Mulheres, Juliana Gonçalves, o índice de desemprego na comunidade de Paraisópolis é muito grande, principalmente entre as mulheres. “A Associação vai ajudar a diminuir esse índice entre as mulheres aqui na comunidade, pois projetos como esse oferece uma nova perspectiva de futuro profissional para elas”, declara. Em dezembro foi organizada a primeira feira para as alunas mostrarem o que aprenderam. O objetivo da Associação é, até o final desse semestre, abrir uma cooperativa para a venda de salgados e doces, e propiciar uma renda fixa para as alunas. Fotos: Odin Muniz

Cerimônia de formatura do curso “Mãos de Maria” No dia 28 de janeiro houve a festa de formatura da 1ª turma do curso Mãos de Maria. O evento contou com a presença da vice-prefeita da cidade de São Paulo, Alda Marco Antônio, o subprefeito de Campo Limpo, Alexandre Margosian Conti, a presidente da Associação das Mulheres Paulistas, Lídia Correa, a assistente social de projetos comunitários do programa “Einstein na comunidade”, Eliana Pereira, o

presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, e a presidente da Associação, Juliana Gonçalves. A comunidade lotou o anfiteatro do CEU Paraisópolis. Juliana iniciou a cerimônia agradecendo a presença de todos e falou das necessidades da população de Paraisópolis, e destacou a importância do curso organizado pela Associação. O subprefeito, Alexandre Conti, parabenizou Juliana pela iniciativa. “É um trabalho importantíssimo que você está fazendo, voltado para questão da qualificação, a questão da melhoria da renda familiar, isso agrega qualidade de vida para as pessoas da comunidade”. Alda Marco Antônio enfatizou o lado familiar que a cooperativa vai proporcionar. “Essas mulheres irão produzir salgados perto de suas casas, isso é muito importante para a comunidade. Não vai precisar tomar ônibus, elas estarão perto de suas famílias, poderão conviver mais com seus filhos”, declarou a vice-prefeita. Gilson Rodrigues também deu destaque ao trabalho que a Associação vem fazendo na comunidade. “Eu quero agradecer as alunas que se empenham para fazer dessa cooperativa de salgados um grande projeto para Paraisópolis. E a nova turma que está chegando, sigam o exemplo dessa turma que se forma aqui hoje”. O próximo passo da Associação das Mulheres é seguir com o curso Mãos de Maria e investir na cooperativa de salgados e doces, produzidos pelos recém-formados e alunos do curso.

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Programa na comunidade

Esporte

ensina disciplina e

União

Sem popularidade no Brasil, prática esportiva é destaque na educação de jovens em Paraisópolis Da Redação

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ocê conhece o Rugby? Sabia que 200 crianças hoje praticam o rugby na comunidade de Paraisópolis? “Rugby para todos”, projeto que nasceu em 2004 e idealizado por Fabrício Kodaswi de Faria e Maurício Alexandre Pérez Dragui, jogadores profissionais do Pasteur Athletic Club, tem um objetivo simples e claro: educação por meio do esporte. O rugby é um esporte coletivo inglês oriundo do tradicional futebol, é muito popular na Inglaterra. O intenso contato físico é a principal característica desse esporte, que no Brasil muitas vezes é confundido com o futebol americano, que na verdade é uma variação do rugby. Foi com a ideia de formar um time em Paraisópolis que os fundadores do projeto iniciaram os trabalhos, mas perceberam que a comunidade precisava de algo a mais. “Logo percebemos

a necessidade de um projeto mais completo e voltado para a educação das crianças. Atualmente trabalhamos com uma equipe multidisciplinar que envolve os setores de educação física, rugby, psicologia, fisiologia e nutrição, a fim de dar um atendimento holístico aos beneficiários”, explica Faria. Um dos braços financeiros do Rugby para Todos é o Funcad (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente), que permite a doação de parte do imposto de renda das empresas para projetos sociais. Segundo Faria, também há empresas que doam diretamente ao Instituto Rugby para Todos. Com quase sete anos, o rugby ficou popular em Paraisópolis e o projeto ganhou força. Inicialmente 70 crianças fizeram parte das aulas, hoje o Rugby para Todos atende 200 crianças. “O sucesso do rugby foi algo inesperado. Descobrimos na primeira aula o poder de atração e integração do esporte”, diz Faria, emocionado. O rugby é um complemento da escola, pois ajuda na disciplina e socialização das crianças e coloca a disposição das

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Arte: Jonas Rosário Fotos: Rafael do Nascimento Martins

famílias de Paraisópolis uma opção de esporte e lazer. De acordo com o Instituto, os pais aprovam o projeto e dizem que a saúde e comportamento dos filhos melhoraram consideravelmente. “A questão da disciplina e do trabalho em grupo, características do rugby, são muito importantes na formação dos alunos”, declara o jogador e instrutor. Alunos que frequentam 70% das aulas tem comportamento exemplar, segundo o Departamento de Psicologia do Instituto. As aulas acontecem as terças e quintas-feiras nos seguintes horários: 10h às 11h30 e 13h30 às 15h30, no campo do Palmeirinha. As matrículas ocorrem mensalmente. Mais informações é só comparecer ao campo do Palmeirinha em dia de aula.

“Através do programa consegui bolsa de estudos na universidade Anhembi Morumbi”

Alunos durante as aulas no campo do Palmeirinha

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Capa

Paraisópolis na

África do Sul Brasil foi representado no Festival Mundial da Juventude por jovens da comunidade e líderes estudantis André Santana

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o dia 13 de dezembro foi iniciado o 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (FMJE), que ocorreu na cidade de Pretória, capital administrativa da África do Sul. O Festival, organizado pela Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), é o primeiro realizado na região subsaariana do continente, o que permitiu maior participação dos povos africanos em toda a história do congresso. O evento, que reuniu na cidade sul-africana cerca de 10 mil jovens lideranças de mais de 150 países, leva como lema a palavra de ordem: “Por um mundo de paz, solidariedade e transformações sociais, derrotemos o imperialismo”, e tem como objetivo promover a integração entre as principais organizações de juventude progressista do mundo. A comunidade de Paraisópolis estava presente, representada por 10 jovens, entre eles, Juliana Gonçalves, presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis e que representou oficialmente a Federação Democrática Internacional de Mulheres. A abertura do 17º Festival contou com a presença do presidente sul-africano, Jacob Zuma, que saudou os participantes e mostrou os avanços que o país realizou desde o fim do apartheid a eleição de Nelson Mandela. As maiores das delegações presentes eram africanas, representando cerca de 50% dos participantes. Além dos anfitriões, destaca-se a participação do Zimbabwe, Angola, Moçambique, Congo e Argélia. Dentre as principais delegações presentes no festival vindas de outros continentes, destaca-se a de Cuba, Republica Popular da Coreia, Venezuela, França, Rússia, além da representação brasileira que so-

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mou mais de 160 delegados. Entre os dias 13 e 21 de dezembro, os participantes do festival puderam acompanhar conferências e debates de diversos temas, como a luta anti-imperialista, o acesso universal à educação, saúde, cultura e informação; e a ocupação militar norte-americana em


Fotos: Odin Muniz

outras nações. As discussões do festival são subdividas a partir dos continentes, que contam, cada um, com um dia de apresentações, debates, grupos de trabalho, conferências e atividades culturais. O terceiro dia teve como tema a América, onde foram denunciadas as intervenções e ingerências realizadas pelos Estados Unidos e as perspectivas de mudanças no continente. Em seu discurso, Juliana Gonçalves denunciou os crimes cometidos contra as mulheres no

A delegação brasileira contou com 160 representantes, dentre eles, 10 jovens lideranças de Paraisópolis, que foram liderados por Juliana Gonçalves, presidente da Associação de Mulheres de Paraisópolis. Gonçalves foi também a representante oficial da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM) no evento.

mundo, a exploração dos seres humanos em detrimento ao capital e, destacou como força fundamental para a resolução do problema, a união entre homens e mulheres pelo desenvolvimento da humanidade. “Queremos um mundo de igualdade entre homens e mulheres, onde a igualdade seja real e efetiva, condenamos a guerra silenciosa que o grande capital transnacional impôs pelas forças políticas neoliberais gerando fome, desnutrição, miséria, analfabetismo e desigualdade de condições que afetam fundamentalmente e com

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particular forças as mulheres”, disse. Gonçalves, que também é coordenadora do programa de erradicação do analfabetismo em Paraisópolis, o projeto Escola do Povo, destacou a importância do combate ao analfabetismo como forma de emancipação dos povos. “Nos últimos anos, tivemos grandes avanços na realidade do povo do nosso país. Agora, o governo brasileiro apresenta um plano de erradicação da miséria. Não é possível erradicar a miséria, sem vencer este mal que ainda prejudica grande parte do povo do Brasil, que é o analfabetismo. Nós estamos empenhados para vencer essa

Durante o festival, a delegação brasileira participou de diversas conferências e debates, como o acesso universal à educação, saúde, cultura e informação, os direitos civis, além da soberania dos povos. Ao término do festival foi realizado o Tribunal Anti-imperialista, onde os povos agredidos pelos Estados Unidos denunciaram os crimes de guerra cometidos.

batalha”, afirmou. No festival os jovens de Paraisópolis tiveram a oportunidade de conhecer e praticar intercâmbio com diversas delegações, e falaram da luta que enfrentam diariamente pela erradicação do analfabetismo na comunidade. Pedro Campos, um dos coordenadores da delegação brasileira e coordenador nacional da Juventude Pátria Livre, destacou a importância do momento em que é realizado o festival. “O 17º Festival Mundial da Juventude acontece na África do Sul num momento extremamente importante para a juventude e para a humanidade. O capitalismo passa por uma das maiores crises da sua história e os grandes centros, EUA e União Europeia, tem enfraquecido a sua capacidade de controlar a economia dos países em desenvolvimento”, disse. Ao encerramento do festival, foi realizado o Tribunal Anti-imperialista,

onde foram denunciados os crimes perpetrados pelos EUA contra a humanidade. A delegação brasileira apresentou em sua explanação a ingerência norte-americana na região da Amazônia.

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Um pouco sobre a África do Sul Muitas curiosidades sobre aquele misterioso país acompanharam a delegação brasileira durante o 17º Festival. Uma delas, se não a principal, foi sobre a emblemática canção entoada pela Juventude do Congresso Nacional Africano (a ANC Youth League), partido que comandou a luta contra o regime do apartheid. A música contagiou todos os participantes do Festival, que fizeram questão de cantá-la junto à juventude sul-africana. “USolomon Iyho! Isotsha lo Mkhonto we Sizwe! Wa yo eAfrika amabhunu bulala!” O hino é cantado em idioma Zulu (uma das línguas oficiais do país) e é uma homenagem ao jovem Solomon Mahlangu, que dedicou sua vida na luta contra a política de segregação racial. Solomon foi assassinado pelo regime do apartheid em 6 de abril de 1979, ele tinha apenas 23 anos.

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Entrevista

“Se não estiver previsto a construção de um hospital agora vai estar” Lula de compromete com hospital para atender toda comunidade de Paraisópolis

Gilson Rodrigues

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o final do ano passado, no dia 23 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista exclusiva para a rádio Nova Paraisópolis FM, representada pelo presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Gilson Rodrigues. Lula falou sobre a principal reivindicação da comunidade, a construção do Hospital Geral de Paraisópolis. Leia a entrevista do presidente, que falou também sobre alfabetização e o desenvolvimento de Paraisópolis.

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“Não basta apenas um posto de atendimento médico, ou seja, que faça logo um hospital para que o povo tenha segurança”. ________________________ __________


Nova Paraisópolis FM: Presidente Lula, o programa de urbanização de Paraisópolis é o maior programa de urbanização da América Latina. Dentro do projeto, apesar de estar previsto e em fase de finalização uma AMA e uma UBS, a nossa necessidade é de um hospital geral em Paraisópolis. Somos em 100 mil habitantes, e somado com Vila Andrade chega a 300 mil habitantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada mil pessoas se deve ter um leito hospitalar. Dentro do programa de urbanização, dentro do

PAC, está previsto a construção de um hospital em Paraisópolis? Presidente Lula: Gilson, se não estiver previsto a construção de um hospital agora vai estar. Porque eu vou conversar com a companheira Belchior, que é a Ministra do Planejamento da Dilma e que vai coordenar o PAC, para que ela inclua na discussão com o Ministro da Saúde a construção de um hospital em Paraisópolis. Por-

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que precisa, não basta apenas um posto de atendimento médico, ou seja, que faça logo um hospital para que o povo tenha segurança. Pode ficar certo que eu serei portador da reivindicação do povo de Paraisópolis para o Ministro da Saúde, que vai ser o companheiro Padilha, e para a ministra Miriam Belchior que é a companheira que vai coordenar o PAC.

compromisso de alfabetizar essas pessoas, ou seja, não é possível que, encostado no Morumbi, a gente tenha 12 mil pessoas analfabetas morando lá. Essa é uma coisa que inclusive, você Gilson, poderia chamar o Fernando Haddad para uma entrevista no começo do ano que vem para que ele assuma o compromisso de criar com vocês as condições de alfabetizar todos os adultos em Paraisópolis.

Nova Paraisópolis FM: Inclusive essa semana a Rádio Nova Paraisópolis entrevistou a futura ministra Miriam Belchior e foi também solicitado que a construção de um hospital seja incluso dentro do programa de urbanização de Paraisópolis. Será uma grande conquista para o ano de 2011. Aqui em Paraisópolis nós temos uma grande demanda que são 12 mil pessoas analfabetas ou semi-

Nova Paraisópolis FM: Essa é uma grande bandeira levantada pela comunidade. Paraisópolis propõe ser a primeira comunidade a erradicar o analfabetismo e estamos com muita força e muita garra com o programa Escola do Povo para conquistar esse objetivo. Aproveito para agradecer a doação, o presente que nos foi dado (terno da posse presidencial de 2002), que foi realizado o leilão no dia

“Eu espero que a Caixa Econômica também implante uma agência para que vocês tenham, dentro de Paraisópolis, tudo que as pessoas têm em qualquer lugar civilizado do mundo”. ___________________________________________________________ ____________________

-analfabetas adultas, pessoas que vieram do nordeste, tiveram que trabalhar, construir São Paulo, e não puderam estudar. De que forma o senhor avalia que governo e comunidade possam se unir para poder erradicar o analfabetismo nas comunidades? Presidente Lula: Eu tenho conversado com o Ministro da Educação. Há duas semanas eu fui a Salvador porque nós estávamos comemorando 1 milhão de pessoas alfabetizadas pelo programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação. Acho, Gilson, que o Fernando Haddad vai dedicar essa sua gestão ao ensino fundamental e a questão da alfabetização. Primeiro é preciso pactuar com os prefeitos para que eles assumam a responsabilidade da alfabetização e, ao mesmo tempo, pegar uma comunidade como Paraisópolis, que tem 12 mil analfabetos e assumir o

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16 de agosto, no Buddha Bar, promovido pela Dona Marisa e o Wanderley Nunes, que arrecadou R$ 4 milhões e vai dar início a esse programa de erradicação do analfabetismo. Uma terceira pergunta é sobre o Banco do Brasil. O Banco do Brasil acabou de inaugurar a primeira agência dentro de uma favela, lá em Paraisópolis, ainda neste mês. Como o senhor entende que o Banco do Brasil pode contribuir com o desenvolvimento da comunidade? Presidente Lula: Olha, só o fato, Gilson, do Banco do Brasil ter aberto uma agência lá dentro demonstra que está mostrando ao povo de Paraisópolis que o bairro é pacífico, de pessoas trabalhadoras e que, portanto, o Banco do Brasil espera que as pessoas depositem seu dinheiro no lá. E a segunda coisa que eu acho importante é porque, o banco estando lá, vai


dores de Paraisópolis para que vocês se inscrevam e se alfabetizem, ou seja, vocês podem estudar a noite, vai ter outros horários de estudo que o Gilson vai oferecer a vocês, mas o que é importante é que vocês assumam o compromisso de se alfabetizarem porque será bom para vocês, será bom para Paraisópolis, será bom para o Brasil.

Nova Paraisópolis FM: Presidente mais uma coisa, estamos fazendo a campanha de alfabetização na comunidade e a gente queria que o senhor pedisse para as pessoas que são analfabetas, que pudessem se inscrever no Programa de Alfabetização.

Nova Paraisópolis FM: Obrigado Presidente, foi um prazer poder entrevistá-lo, desejamos muita sorte e muita paz na nova jornada que você vem a enfrentar e espero contar com o senhor na continuidade de transformar a comunidade de Paraisópolis, a favela de Paraisópolis, num verdadeiro bairro.

Foto: Fábio Knoll / Sehab

facilitar muito a vida das pessoas que querem pagar conta de luz, conta de água, que querem receber aposentadoria, pagar ou receber alguma coisa, é um sinal de progresso. Eu espero que a Caixa Econômica também implante uma agência para que vocês tenham, dentro de Paraisópolis, tudo que as pessoas têm em qualquer lugar civilizado do mundo.

Presidente Lula: Eu queria pedir a todos os adultos da Nova Paraisópolis, das pessoas analfabetas, que não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever, ou as que aprenderam um pouquinho e que já esqueceram, que procure a Associação de Mora-

Presidente Lula: Obrigado a você Gilson e pode ficar certo que lá para março/abril do ano que vem, eu vou lá fazer uma visita a vocês de Paraisópolis e fazer uma grande entrevista ao vivo.

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Cidadão Exemplar

Melhor do volteio é da comunidade Felipe C. Santos

Apaixonado pelo esporte, campeão mostra como é que se enfrenta a vida

C

William faz acrobacia durante apresentação

Fotos: Patricia Perego Willems/EPV

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abelos negros, sorridente, corpo atlético e um pouco tímido, ele conquista qualquer um logo na primeira investida. Trabalhando num local onde se respira amor e compaixão, ele passou por bons e maus momentos para conseguir ser uma influência inspiradora hoje. Com um futuro promissor no esporte, logo na infância recebeu convite para treinar no Esporte Clube Pinheiros (ECP), uma das maiores instituições esportivas do Brasil, mas o destino ou a casualidade queria que a vida fosse um desafio maior para ele. William Aparecido dos Santos, morador de Paraisópolis, tem uma história de luta e perseverança, mas ao mesmo tempo, esboça uma tranquilidade de quem sabe encarar a vida com extrema placidez, mesmo que isso pareça contraditório, pois os rumos que William tomou foram muitos e qualquer outra pessoa no lugar dele poderia jogar tudo para o alto, e simplesmente desistir. Mas como a maioria dos moradores de Paraisópolis, a desistência não faz parte dos planos de William. Quando criança ele praticava ginástica artística, e foi quando o ECP o chamou para fazer uma seletiva. Um inesperado acidente de trânsito nas vésperas do teste o impediu de ir ao clube e, também, de continuar naquele momento com a ginástica artística. William fora atropelado, fraturando gravemente um


dos pés, ele tinha 10 anos. Quando estava quase recuperado, outra vicissitude surge, e ele sofre um acidente com álcool e partes do rosto sofrem queimaduras. Novamente William passa por um processo de recuperação e, decide então, continuar normalmente com os estudos e praticar capoeira. Os anos passam e, de repente, a sorte sorri para William. Ele conhece Fabian

Crianças do projeto EPV em exercícios de equilíbrio

Ao falar da comunidade, William declara amor pelo lugar que nasceu e cresceu. “Paraisópolis é a minha vida. É onde tenho meus amigos, que brincavam comigo na rua, eu não me vejo fora de lá”, diz. Projeto para a vida

Guida, técnico de volteio e professor de educação física. Guida ficou entusiasmado com uma apresentação de ginástica artística de William no colégio e o levou consigo para o volteio. Volteio é um esporte em que um grupo de pessoas, ou somente um indivíduo, faz acrobacias em cima de um cavalo em movimento. Rapidamente William se identificou com o esporte e com o treinador. Guida conseguiu que William treinasse na Hípica Paulista, local onde trabalhava como técnico. Hoje, com 23 anos, o praticante de volteio diz, com um pouco da sua peculiar timidez, que não tem equipe de volteio no Brasil melhor que a dele. O técnico concorda: “sou suspeito em falar”. William foi campeão brasileiro de volteio em 2010, orgulho da comunidade e de sua mãe, que muitas vezes pediu para ele desistir do esporte e arrumar um trabalho, mas hoje o vê como um símbolo de persistência e amor pelo que faz.

William trabalha hoje no projeto Escola Preparatória de Volteio (EPV), ou como o fundador do projeto prefere, Escola para a Vida. Segundo Fabian Guida, idealizador do projeto, a EPV visa ensinar a prática do volteio para crianças e adolescentes e integrar educação e esporte. “No volteio a equipe é totalmente dependente um do outro e do animal, e isso gera uma situação de confiança mútua de uma sociedade, em que a sociedade deveria continuar cultivando. A gente esqueceu muito o que é isso nos últimos anos, e é isso que as crianças aprendem aqui”, explica Guida. O projeto, patrocinado pela prefeitura, atende 70 crianças no bairro Cidade Dutra, na zona sul. A meta esse ano é ampliar para 100 crianças. Guida quer outras comunidades envolvidas e, para isso, pretende conversar com a União dos Moradores de Paraisópolis para tentar viabilizar a EPV para as crianças da comunidade. O representante de Paraisópolis, William dos Santos, é a principal atração da garotada no projeto. É o professor que elas mais gostam, exemplo de dedicação. Hoje William não pensa muito no esporte como carreira profissional, está engajado no projeto e ficaria muito feliz de poder ajudar as crianças de Paraisópolis, da mesma forma que o volteio o ajudou.

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