MELANCIA mag #1 setembro

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Numa visita de estudo eu, Juliana, juntamente com a Mafalda e outros colegas designers fomos à Vila de Cascais acompanhadas por Paulo Arraiano, um dos artistas que integram o espaço e que vos apresento, a seguir, numa entrevista exclusiva; descobrimos a Cidadela Art District, um projeto inovador, com curadoria artística por Sandro Resende e desenvolvido pelo Grupo Pestana, o maior grupo de turismo de Portugal. Apesar da Cidadela de Cascais ter sido inagurada em 2012 e ser um dos mais recentes empreendimentos hoteleiros e de lazer do Grupo Pestana, em 2014 deixou de ser mais do que apenas um monumento cénico e unidade de referência em hotelaria de luxo e tornou-se o primeiro hotel na Europa a ter um Art District. A Pousada, desde então, para além de ganhar um novo nome: Pousada Cascais - Citadela Historic Hotel & Art District, também ganhou o objetivo de ser uma intromissão no quotidiano da população, e levar ao grande público arte contemporânea através da apropriação de espaços “não-lugares” e meios associados à comunicação de massas promovendo o desenvolvimento artístico enquanto mediador de artistas

funções museológicas, mas sim com a criação de estúdios abertos e novas galerias na Cidadela de Cascais. As inaugurações simultâneas, intervenções específicas e os vários eventos anuais tornaram a Cidadela Art District um “agente cultural provocador” por si só. O projeto ocupa um edifício específico de paredes majestosas da Cidadela, na praça principal, no lado direito, no caminho para o hotel, mas também o invade (e a toda a cidadela) subvertendo as suas funções, convidando artistas a intervir nas áreas públicas e quartos. Já imaginou hospedar-se num hotel de luxo à beira mar e ter intervenções artísticas no seu quarto? Ou caminhar pelos corredores do hotel em direção ao restaurante para tomar o seu pequeno almoço e quase nem se dar conta de ter ali uma nova exposição de quadros nas paredes? É este o ponto. Há um caráter duplamente subversivo neste Art District: de um lado traz a arte contemporânea no contexto da vida cotidiana; por outro, os artistas usam espaços de transição, o que enfatiza o caráter excecional da descontextualização. No piso térreo encontram-se as galerias e os espaços criativos

HÁ UM CARÁTER DUPLAMENTE SUBVERSIVO NA CIDADELA ART DISTRICT: DE UM LADO TRAZ A ARTE COMTEMPORÂNEA NO CONTEXTO DA VIDA COTIDIANA; POR OUTRO, OS ARTISTAS USAM ESPAÇOS DE TRANSIÇÃO, O QUE ENFATIZA O CARÁTER EXCEPCIONAL DA DESCONTEXTUALIZAÇÃO.

e galerias. Ou seja, a Cidadela Art District tornou-se um ponto de atenção no roteiro daquelas pessoas, como eu, que apreciam e valorizam a arte e também experiências únicas. O Art District também serve como propósito de criar um novo local de exposições. A Cidadela, então, complementa e reforça as atividades já desenvolvidas pelo Grupo Pestana, como um grupo privado culturalmente motivado. Neste cenário, é interessante observar os programas artísticos planeados durante todo o ano, que têm como objetivo promover o trabalho produzido pelos artistas residentes em estúdios abertos e as galerias culturais que passaram a ter ali as suas atividades. Atualmente é possível afirmar que a Cidadela Art District serve como um intermediário entre os artistas e o público em geral, através da recolha e oferta de novos espaços para encontros artísticos e, portanto, resultando em novas formas de partilha. As suas principais funções são produzir projectos artísticos, tanto nacional como internacionalmente. O objetivo principal do projeto sempre foi permitir a exposição de arte contemporânea fora do seu ambiente tradicional, bem como promover a utilização de novos espaços não relacionados com

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e no primeiro andar, os estúdios abertos, onde se pode entrar e desconstruir o “processo de trabalho” de cada um dos artistas, que compartilham experiências. Este é um passeio, se assim o podemos chamar, um percurso entre os estúdios, que de fato vale a pena. É incrível perceber que está ali um universo particular de criatividade de cada artista. São fotográfos, arquitetos, artistas plásticos, que conseguem ter os seus espaços únicos e, ainda, partilhar uns com os outros (e com os visitantes e curiosos que por ali passarem) cada uma das suas experiências. Para os interessados, durante a visita e imersão nestes universos de criatividade, é possível também adquirir uma peça. Estes Open Studios permitem desmistificar o processo de trabalho artístico e fazem com que cada um de nós, que nem sempre tem contato tão direto e próximo com a vida artística, compreenda plenamente o nascimento de uma criação artística. Atualmente os estúdios abertos são dos seguintes artistas: Paulo Arraiano, Paulo Brighenti e Pedro Matos. 2. Imagem da direita: Fotografia de Quarto do autor: Paulo Arraiano


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