MELANCIA mag #1 setembro

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MELANCIA mag

Cultura Visual & Lifestyle # 1 | Setembro 2015 | www.facebook.com/melanciamag MELANCIA

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MELANCIA cultura visual e livestyle mag #1 /agosto 2015

idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e

al ci nks tha :)

Lara Luis | ilustradora Hugo Sousa | art director Pedro Sarreira | fot贸grafo Cidadela Art District Paulo Arraiano | artista Paulo Silva | orientador

tipografia Sentinel by Hoefler Frere-Jones Dobra by Dino dos Santos Alba Super by Fontalicious

Capa e Contra Capa by Lara Luis

e-mail: melanciamag@gmail.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag


HELLO :) Inquieta e muito curiosa, a dupla luso-brasileira Mafalda Jesus e Juliana Lima conheceu-se através do interesse comum pelo Graphic Design. Durante um ano, todas às terças e quintas, as duas estiveram frente à computadores e junto a outros colegas e formadores, aperfeiçoando técnicas e desenvolvendo melhor os seus processos criativos. A ideia de criar a MELANCIA mag nasceu nas discussões em noites quentes de verão. A vontade de tirar do papel um projeto engraçado foi recíproca, assim como a sede de aprender e partihar, sempre. É com muito prazer que apresentamos a MELANCIA mag #1 , a edição de setembro que leva até vocês o nosso ar despretensioso de meninas-mulheres. Prometemos, entre nós, fazer desta prática uma diversão, por isso esperamos que vocês apreciem o nosso olhar sobre o que há de novo por aí e se divirtam connosco!



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1. 2. 3. Fotos de boas recordações de um verão na Riviera Francesa por Juliana Lima


índice CIDADELA DE CASCAIS

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LUÍS LARA

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PAULO ARAIANO

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DA AN UE Í OQ A TIL POR ES

RECEITAS COM MELANC IA

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ORIGIN AL UNVE RPACK T

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PED SAR RO REIR A

HUGO S

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Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações e Fotografias por: Lara Luís

Para a MELANCIA mag #1, que tem por tema “Cultura visual e Lifestyle”, optámos por seleccionar artistas que se enquadrassem no espirito simples, divertido e descontraído da nossa revista. Convidei a inspiradora artista e ilustradora, Lara Luís, que nos apresenta o seu trabalho natural e instintivo, onde o auto-retrato é uma constante.

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“ VEJO O MEU DIA-A-DIA QUASE COMO UMA BANDA DESENHADA, IMAGINO QUASE TODOS OS EPISÓDIOS DA MINHA VIDA NUMA TIRA CÓMICA OU NUMA ILUSTRAÇÃO... É ALGO INSTINTIVO”

1. Fotografia por Bas Berkhout 2. “ Riso Print” 3. “ I own this street” T-Shirt 4. “Hypochondriacs will understand”

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1) MELANCIA: Que idade tens e qual é a tua formação? LARA: Tenho 28 anos e tenho uma licenciatura em Design Gráfico e Publicidade e uma Pós Graduação em Ilustração e BD. 2) M: Normalmente os ilustradores como tu têm inspirações artísticas, quais as tuas? L: Hum, as minhas inspirações artísticas vêm do tempo em que eu colecionava livros das obras dos grandes pintores doutrora, assim como dos graffiters dos anos 90; e de passar o dia inteiro na internet a ver tumblrs de pessoal a trocar comics ou a ver os instragrams de artistas que eu sigo.. Entre outros tipos de formas artísticas, como a música, a fotografia... Por isso, é uma mixelanea de coisas que me passam pelos olhos todos os dias desde miúda. 3) M: Nem sempre se encontra disposição e criatividade quando precisamos ou queremos. Isto deve acontecer contigo também! Como resolves o fenómeno das áreas criativas, os famosos “bloqueios de criação”? L: Não consigo resolver geralmente... Espero que passem e rezo para quando me sentir iluminada ainda estar dentro dos deadlines para acabar os trabalhos! 4) M: Gostaria de saber; Como te organizas para conseguir alimentar regularmente o teu projeto de ilustração? L: Eu sou uma pessoa que não tem um método de trabalho regular, apesar de andar a tentar mudar isso de maneira a aproveitar melhor o meu tempo... Mas depende muito da minha disposição. Não há uma fórmula brilhante, nem um horário das 8h às 18h. Há uma agenda e há prazos que se tentam cumprir. Há alturas do ano em que tenho mais tempo para me dedicar a projectos pessoais, como as exposições, os comics, etc.. E há alturas em que tenho mais trabalho externo e tento conciliar tudo da melhor maneira. Chega a ser caótico por vezes. Estou a trabalhar constantemente para o esgotamento nervoso.


5) M: Que tipos de técnicas e materiais utilizas? L: Bastante básico. Papel, lápis, canetas. Quando são originais pinto ainda algumas coisas a acrílico... Caso contrário, digitalizo e passo para o photoshop. Não tenho nenhuma técnica especial, o meu trabalho é bastante simples.. Penso que me preocupo mais em transmitir ideias. 6) M: Imagina uma sucessão de bifurcações. Em que momentos sentiste que estavas a “traçar” o teu caminho? L: Penso que isso seja um processo e que ainda está a decorrer... Ainda sinto que estou a traçar o meu caminho. Acho que nunca vou sentir que cheguei onde quer que seja por ser uma pessoa tão insatisfeita. 7) M: A tua gata é uma personagem recorrente nas tuas ilustrações. Conta-nos de que forma o teu dia-a-dia e as relações afectivas influenciam o teu trabalho. L: O trabalho dito artístico, vá.. Mais pessoal.. É essencialmente auto-biográfico. Por isso, sim, faz sentido utilizar o meu mundo e o que me rodeia para me inspirar. Vejo o meu dia-a-dia quase como uma banda desenhada, imagino quase todos os episódios da minha vida numa tira cómica ou numa ilustração... É algo instintivo.

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8) M: Que metas sonhas alcançar num futuro próximo? L: Em termos de objectivos futuros, gostava de fazer mais algumas exposições individuais. Já tenho algumas planeadas. Gostava de em breve conseguir expôr e trabalhar mais para fora. Está nos planos começar também a fazer publicação independente, talvez com alguns comics que espero começar a fazer com mais regularidade. E.. Fazer dinheiro, para viajar, para produzir mais. Já todos estamos fartos de ser sempre a mesma t-shirt do gato preto, né? 9) M: Se pudesses eleger um “rei” da criatividade, quem seria? L: É impossível escolher falar de apenas uma pessoa como sendo o expoente máximo da criatividade na minha área... Quando há tantas pessoas neste momento a partir tudo no mundo da ilustração. Há tanta, mas tanta gente que admiro e que a cada dia que passa essa lista aumenta, por isso... Em vez de nos preocuparmos em saber quem é o melhor, acho que deviamos ficar felizes por puder apreciar as coisas boas de vários “bosses” da criatividade ao mesmo tempo. 10) M: Qual o trabalho de maior simbolismo para ti? L: Acho que não preciso de pensar muito.. Sem dúvida as ilustrações que fiz para a minha exposição em Lisboa em Janeiro desde ano ainda me dizem muito. Estava mesmo a precisar por aquilo cá para fora. Aquela exposição foi uma referência a uma fase em particular da minha vida, fiquei feliz por ter conseguido transmitir algumas ideias e ilustrações que já tinha pensadas há alguns anos. 11) M: Deixa aqui um recadinho teu para MELANCIA #1! L: Melancia, melhor cena. Espero que esta revista também o venha a ser : )

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A SEMENTINA NASCEU PARA LHE OFERECER UM LEQUE VASTO E DE EXCELÊNCIA… Rua das Bouças, 2, 4480-570 Touguinhó, Vila do conde geral@acostaesilva.pt / info.sementina@gmail.com T: + 351 252 640 840 / T: 93 887 21 75 www.facebook.com/sementinashop


Pestana Cidadela Cascais - Pousada & Art District

CIDADELA ART DISTRICT

Artigo por: Juliana Lima Fotografia por: Juliana Lima e divulgação

Cidadela Art District tornou-se um novo agente cultural. Inagurado em 2014, ainda poucos sabem da existência de um espaço assim, tão único na Vila de Cascais. Projeto sofisticado e inovador que alia Turismo com Arte, fez da Pousada de Cascais - Cidadela Historic Hotel, a primeira unidade hoteleira da Europa a ter um Art District. MELANCIA 15


Numa visita de estudo eu, Juliana, juntamente com a Mafalda e outros colegas designers fomos à Vila de Cascais acompanhadas por Paulo Arraiano, um dos artistas que integram o espaço e que vos apresento, a seguir, numa entrevista exclusiva; descobrimos a Cidadela Art District, um projeto inovador, com curadoria artística por Sandro Resende e desenvolvido pelo Grupo Pestana, o maior grupo de turismo de Portugal. Apesar da Cidadela de Cascais ter sido inagurada em 2012 e ser um dos mais recentes empreendimentos hoteleiros e de lazer do Grupo Pestana, em 2014 deixou de ser mais do que apenas um monumento cénico e unidade de referência em hotelaria de luxo e tornou-se o primeiro hotel na Europa a ter um Art District. A Pousada, desde então, para além de ganhar um novo nome: Pousada Cascais - Citadela Historic Hotel & Art District, também ganhou o objetivo de ser uma intromissão no quotidiano da população, e levar ao grande público arte contemporânea através da apropriação de espaços “não-lugares” e meios associados à comunicação de massas promovendo o desenvolvimento artístico enquanto mediador de artistas

funções museológicas, mas sim com a criação de estúdios abertos e novas galerias na Cidadela de Cascais. As inaugurações simultâneas, intervenções específicas e os vários eventos anuais tornaram a Cidadela Art District um “agente cultural provocador” por si só. O projeto ocupa um edifício específico de paredes majestosas da Cidadela, na praça principal, no lado direito, no caminho para o hotel, mas também o invade (e a toda a cidadela) subvertendo as suas funções, convidando artistas a intervir nas áreas públicas e quartos. Já imaginou hospedar-se num hotel de luxo à beira mar e ter intervenções artísticas no seu quarto? Ou caminhar pelos corredores do hotel em direção ao restaurante para tomar o seu pequeno almoço e quase nem se dar conta de ter ali uma nova exposição de quadros nas paredes? É este o ponto. Há um caráter duplamente subversivo neste Art District: de um lado traz a arte contemporânea no contexto da vida cotidiana; por outro, os artistas usam espaços de transição, o que enfatiza o caráter excecional da descontextualização. No piso térreo encontram-se as galerias e os espaços criativos

HÁ UM CARÁTER DUPLAMENTE SUBVERSIVO NA CIDADELA ART DISTRICT: DE UM LADO TRAZ A ARTE COMTEMPORÂNEA NO CONTEXTO DA VIDA COTIDIANA; POR OUTRO, OS ARTISTAS USAM ESPAÇOS DE TRANSIÇÃO, O QUE ENFATIZA O CARÁTER EXCEPCIONAL DA DESCONTEXTUALIZAÇÃO.

e galerias. Ou seja, a Cidadela Art District tornou-se um ponto de atenção no roteiro daquelas pessoas, como eu, que apreciam e valorizam a arte e também experiências únicas. O Art District também serve como propósito de criar um novo local de exposições. A Cidadela, então, complementa e reforça as atividades já desenvolvidas pelo Grupo Pestana, como um grupo privado culturalmente motivado. Neste cenário, é interessante observar os programas artísticos planeados durante todo o ano, que têm como objetivo promover o trabalho produzido pelos artistas residentes em estúdios abertos e as galerias culturais que passaram a ter ali as suas atividades. Atualmente é possível afirmar que a Cidadela Art District serve como um intermediário entre os artistas e o público em geral, através da recolha e oferta de novos espaços para encontros artísticos e, portanto, resultando em novas formas de partilha. As suas principais funções são produzir projectos artísticos, tanto nacional como internacionalmente. O objetivo principal do projeto sempre foi permitir a exposição de arte contemporânea fora do seu ambiente tradicional, bem como promover a utilização de novos espaços não relacionados com

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e no primeiro andar, os estúdios abertos, onde se pode entrar e desconstruir o “processo de trabalho” de cada um dos artistas, que compartilham experiências. Este é um passeio, se assim o podemos chamar, um percurso entre os estúdios, que de fato vale a pena. É incrível perceber que está ali um universo particular de criatividade de cada artista. São fotográfos, arquitetos, artistas plásticos, que conseguem ter os seus espaços únicos e, ainda, partilhar uns com os outros (e com os visitantes e curiosos que por ali passarem) cada uma das suas experiências. Para os interessados, durante a visita e imersão nestes universos de criatividade, é possível também adquirir uma peça. Estes Open Studios permitem desmistificar o processo de trabalho artístico e fazem com que cada um de nós, que nem sempre tem contato tão direto e próximo com a vida artística, compreenda plenamente o nascimento de uma criação artística. Atualmente os estúdios abertos são dos seguintes artistas: Paulo Arraiano, Paulo Brighenti e Pedro Matos. 2. Imagem da direita: Fotografia de Quarto do autor: Paulo Arraiano


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PROJETO SOFISTICADO E INOVADOR QUE ALIA TURISMO COM ARTE TORNANDO A POUSADA DE CASCAIS - CIDADELA HISTORIC HOTEL, NA PRIMEIRA UNIDADE HOTELEIRA DA EUROPA A TER UM ART DISTRICT, PELO QUE, A PARTIR DA SUA IMPLEMENTAÇÃO, NO INÍCIO DE 2014, SE TORNOU NA POUSADA CASCAIS, CIDADELA HISTORIC HOTEL & ART DISTRICT.

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O CIDADELA ART DISTRICT CRIA UM NOVO ESPAÇO EXPOSITIVO NA VILA DE CASCAIS QUE REFORÇA AS ATIVIDADES JÁ DESENVOLVIDAS PELO GRUPO PESTANA, ENQUANTO GRUPO EMPRESARIAL COMPROMETIDO COM A CULTURA.

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3. Quarto 245: Superior Balcony por Paulo Brighenti; 4 e 5. Quarto 250: Sea View por Bruno Pereira; 6. Edifício o Art District ocupa no pátio da Cidadela.

A Cidadela Art District serve de intermediário entre o artista e o público, reunindo e disponibilizando espaços para encontros artísticos e, consequentemente, de partilha. As suas funções distribuem-se pela produção de projectos artísticos, quer a nível nacional como internacional. Para tal, há o reaproveitamento de espaços previamente existentes, processando-os e, ao reorganizá-los, apresentando-os como um elemento tão importante para a obra como os próprios objectos artísticos. Este projecto visa extravasar a arte dos seus espaços tradicionais e ainda promover a utilização de lugares anteriormente alheios de propósitos museais. 6

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Paulo Arraiano Entrevista por: Juliana Lima Obras por: Paulo Arraiano

Já me tinha encontrado com a obra do Paulo pelas paredes e ruas de Cascais. De certa forma, já o conhecia. Mas, o acaso da vida e o meu interesse pelo assunto, levaram-me para uma sala de aula onde era ele o formador. Grande Sorte! De aulas pouco convencionais sobre cultura visual e arte urbana, o Paulo inspirou e partilhou conhecimento sobre processo criativo. Agora, fora das aulas, surgiu a vontade de saber mais sobre a sua carreira, sobre as suas inspirações artísticas e acima de tudo sobre o Paulo como pessoa. E é disso tudo que esta entrevista trata. Vamos lá!

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1. Pรกg. 20, Paulo Arraiano 2. FauldFault (180x150cm) 3.Fold_Fault(120x100) 4. Artemar-(In)Tension 5. Cold Front I Emotional Landscapes Series Site Specific Installation . Project By By Bruno Pereira and APSS

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“EU CRESCI RODEADO DE UMA CULTURA LIGADA AO SURF E SKATE E ONDE A MÚSICA ESTEVE SEMPRE PRESENTE. ”

1) MELANCIA: Como surgiu a sua decisão de seguir a carreira artística e ter um projeto autoral? PAULO: O facto de trabalhar profissionalmente como artista plástico não foi totalmente uma decisão planeada de raiz, surgiu de uma forma bastante orgânica. A minha formação foi em Comunicação e segui a vertente de Design e Direcção de Arte, passei por alguns estúdios e trabalhei algum tempo como Art Director e Designer em algumas publicações ligadas à moda, cultura e desenhei como freelancer para marcas como Nike, Carhartt, entre outras. Contudo, a vertente comercial deixou de me fazer sentido e, visto que paralelamente ao meu percurso profissional já desenhava e pintava, todo este processo acabou por tomar conta sobrepondo-se ao meu trabalho numa vertente comercial. Durante um período da minha carreira parei totalmente e estudei áreas como movimento, dança, shiatsu, medicina tradicional chinesa, assuntos que me interessavam de um ponto de vista pessoal e que mais tarde acabaram por se correlacionar com o meu corpo de trabalho. Estes acabam por se reflectir no meu processo de pintura que está muito próximo do “action painting” e de uma componente bastante ligada a aspectos da performance e do trabalho de corpo/movimento. A interacção com o espaço público, foi e tem sido uma componente importante e presente no meu percurso, pois a escala está directamente ligada ao movimento e ao corpo, embora nunca me sentisse parte da street art ou qualquer movimento especifico, o meu de trabalho, o qual desenvolvi em inúmeros países paralelamente ao trabalho dentro de espaços de galeria ou museológicos, funcionava nestes locais como um processo de “acupuntura urbana” que se correlaciona directamente com o trabalho apresentado em espaços formais para a arte contemporânea. No fundo todo o meu processo como artista plástico, como referi anteriormente, tem evoluído de uma forma extremamente orgânico, que está por sua vez ligado directamente com o trabalho apresentado nas próprias peças ou suportes que utilizo. 2) M: Como é ter o seu estúdio na Cidadela Art District? P: Eu vivo em Cascais e ter um espaço no Art District tem sido bastante interessante pois permite-me fazer praticamente tudo a pé e tirar partido do local, rodeado por mar, serra e espaço urbano que são todos os aspectos que se correlacionam directamente com o meu corpo de trabalho, toda esta dualidade espaço urbano/espaço natural tão perto e interligado é para mim um objecto de estudo constate. Para além disso, o Art District é também um espaço onde surge

um contacto directo com outros artistas, colecionadores ou agentes que se relacionam directamente com o mundo da arte contemporânea o que permite o desenvolvimento de projectos e uma partilha directa de ideias, criticas e processos criativos. 3) M: Se possível, descreva-nos como é um dia normal de trabalho lá. P: Nunca existe um dia igual ou outro, tudo depende diretamente do projecto, ou fase do processo de trabalho em que nos encontramos. Existem dias de pesquisa e investigação ou trabalho mais burocrático, como dias que são dedicados exclusivamente à produção. No meu trabalho diário como artista plástico, é bastante difícil descrever qualquer tipo de rotina, pois apesar de existirem métodos de trabalho específicos sendo a pintura, video ou escultura as âncoras de todo o processo, existem inúmeras outros elementos que ditam o desenrolar do processo. Inúmeras viagens, reuniões, pesquisa, etc. que influencia o dia a dia e qualquer tipo de rotina. 4) M: Sabemos que a prática do Skate/Surf, desde a sua adolescência, e os seus gostos musicais influenciaram muito os seus trabalhos e a sua forma de ser. Fale-nos mais sobre isso. P: Eu cresci rodeado de uma cultura ligada ao Surf e Skate e onde a música esteve sempre presente. Todos os meus amigos tocavam em bandas e toda esta cultura “lowborow” me influenciou bastante. Também rodeado de discos e capas de vinyl em casa, que foram as minhas primeiras influências de cultura visual. Logo inevitavelmente todo o inicio da minha carreira profissional se iniciou a desenhar para música, ou roupa ligada a toda esta subcultura. 5) M: Como descreveria, de forma breve, o seu processo de formação e percurso profissional? P: Iniciei os meus estudos em Letras e Filosofia, licenciei-me em comunicação e estudei na ArCo em desenho, mais tarde fui fazendo algumas formações em áreas mais técnicas como serigrafia. gravura... e inúmeras residências artísticas nacionais e internacionais dentro da área onde pesquisei sobre inúmeros processos ligados á pintura, criação de pigmento naturais, desenvolvimento de diferentes técnicas e metodologias sempre relacionadas com areas entre a pintura, corpo e movimento.

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6) M: Uma vez, numa das nossas conversas informais, o Paulo falou sobre a influência que Cascais, considerada por si a Califórnia Portuguesa, teve na sua formação. Conte-nos um pouquinho sobre isso. P: Sim, penso que existiu uma influência enorme na minha adolescência o facto de crescer ao lado do mar e serra, e toda uma cultura de praia que influenciava estilos, moda, música e as relações humanas e sociais. Existia uma Sala de Concertos bastante importante onde passaram toas as bandas influentes da minha adolescência ligadas ao Punk, Rock, Grunge e Heavy Metal (Nirvana, Pil (Ex-Sex Pistols), Pearl Jam, Iron, Maiden, Slayer, ...) contrastado com a energia da praia Surf e Reggae ou Jazz.Tudo isto associado a desportos comoo Surf ou Skate e influência norte americana da cultura DogTown criou uma influência direta em todo o conteúdo visual que consumia e me rodeava. 7) M: Há quanto tempo dá aulas e o que o motivou a passar os seus conhecimentos para pessoas que se interessam por assuntos que você domina? P: Penso que já dou aulas á cerca de 8 anos embora seja apenas um mês por ano bastante compactado pois o facto de viajar constantemente devido a exposições ou projectos “site specific” não me permite estar parado no mesmo local muito tempo. E, mais uma vez foi bastante roganico e fluida a forma como tudo surgiu. começou pro um processo de dar alguns “talks” ou conferencias e posteriormente ser convidado a dar aulas que se relacionassem com Cultura Visual Urbana ou processos relacionados directamente com o meu trabalho. 8) M: Como prepara o conteúdo das suas aulas? Conte-nos um pouco sobre a experiência de ser formador. P: As aulas são adaptadas a cada grupo / indivíduo, não funciono com conteúdos programáticos embora todo o corpo de trabalho tenha um esqueleto prévio e uma linha condutora mas que por sua vez se vai reorganizando e adaptando organicamente ao grupo e às pessoas que por sua vex tem graus de aprendizagem, interesses e objectivos diferentes, mais uma vez muito idêntico ao meu processo de trabalho. 5

9) M: e a sua atual relação com o design gráfico? P: A minha relação actual com o design gráfico é um pouco de Amor/Ódio pois actualmente não me estimula muito o processo inerente ao mesmo. Sendo uma disciplina ainda muito recente penso que ainda há pouco respeito pela mesma e muitas influências externas. Penso que devido ao universo do digital, à rapidez com que, tecnicamente, se alteram as coisas, bem como ao acesso de qualquer indivíduo a ferramentas de construção e composição gráfica, geram-se aqui processos de confusão que dificultam o processo criativo. Para além disto penso que o “boom” dos blogs e redes sociais faz com que exista uma “Cloud” de tendências que passam diariamente pela rotina do scroll dos designers criando uma “Copy/Paste Generation” em que a repetição e a necessidade de pertencer ao que está “on” cria pouca frescura na maioria dos projectos. Quase que como se existisse um “Clipart” mundial de elementos de “trend” a que todos vão beber para elaborarem peças de comunicação Visual. Contudo, o facto de ter ferramentas e “know how” na área, tem sido para mim fundamental, pois consigo controlar grande parte do processo de comunicação, identidade, desenho de projectos, propostas ou catálogos em que o meu trabalho está presente. 10) M: Consegue eleger apenas um artista (pode ser nacional ou internacional) que você admira? Quem seria? Conte-nos o porquê. P: São demasiados os nomes, correntes e áreas que me fascinam e respeito, é difícil surgir apenas um nome. 11) M: Como é ser artista em Portugal? Tem algum recado para quem está a começar ou interesse por seguir este caminho? P: Acho que hoje em dia não existe ser artista em Portugal, mas qualquer artista tem, inevitavelmente, de ter uma visão Internacional do seu percurso e trabalho. Portugal é um pais pequeno e que esteve muitos anos isolado à cultura internacional, o que dificulta ainda muito todo o mercado da arte contemporânea nacional, criando ainda um padrão muito institucional e um “gap” bastante grande ao circuito comercial internacional vs nacional no mercado de arte contemporânea. Na minha opinião existe ainda um provincianismo muito


presente e uma necessidade de educação cultural muito presente na nossa sociedade. O sistema precisa de alguma frescura e de criar novas plataformas culturais, repensar as galerias e criar interesse a novos colecionadores para que toda máquina evolua organicamente e possa existir lugar para novos artistas poderem viver do seu trabalho e estarem no mesmo “playground” que os outros artistas internacionais. 12) M: Sabemos que viaja em trabalho e participa em exposições fora do pais muitas vezes. Aliás, esteve no Brasil este ano, certo? Conte-nos um pouquinho destas experiências internacionais. P: Sim, a viagem faz inevitavelmente parte do processo. Já tive exposições ou projectos “site specific” em países como Suécia, Inglaterra, Uk, Alemanha, USA, Brasil, Japão, Tunísia, Entre outros... E, cada país é sempre uma experiência diferente, culturalmente, socialmente e no que diz respeito a processos de metodologias de trabalho. É difícil descrever algo específico, pois cada uma das experiências foi diferente e surgiram diferentes resultados e desafios. No caso do Brasil, foi através da curadoria do Artista Antonio Bokel e da Galeria Graphos que me foi feito o convite para expôr no Rio de Janeiro. O artista Antonio Bokel, com o qual fiz uma residência artística numa antiga prisão política e com o qual me relacionei bastante bem, criou um projecto chamado Atemporal,

que seria um projecto de curadoria entre artistas de diferentes nacionalidades com um corpo de trabalho que se relaciona e com objectivos comuns que já tinha tido algumas exposições em diferentes espaços e galerias. Este ano o Antonio decidiu lançar um livro e criar duas exposições colectivas, uma um “Site Specific” num armazém na Lapa no Rio de Janeiro, criando uma interacção directa entre a exposição e a comunidade local e outra na Galeria Grafos também no Rio de Janeiro, espaço este mais formal. Eu fui convidado para expôr em ambas e fazer parte do livro e juntos temos dado continuidade ao projecto Atemporal aqui em Portugal, e em colaboração com o Cidadela Art District foram já feitas as residências dos artistas Heberth Sobral e Guilherme Augusto Gafi que estiveram cá em residência e expuseram os seus trabalhos. 13) M: Se pudesse escolher qualquer outro lugar do mundo para viver, qual seria? E porquê? P: Não sei mas relaciono-me muito comm a Ásia, acho que seria sempre entre Europa-Ásia, não me consigo imaginar num local apenas com um mundo tão grande e tão interessante. 14) M: Deixe um recado para a MELANCIA mag. P: Agradeço ao projecto todo o interesse e divulgação do meu trabalho e agradeço a iniciativa de criar plataformas de divulgação e discussão de cultura e arte em Portugal.

“ACHO QUE HOJE EM DIA NÃO EXISTE SER ARTISTA EM PORTUGAL, MAS QUALQUER ARTISTA TEM, INEVITAVELMENTE, DE TER UMA VISÃO INTERNACIONAL DO SEU PERCURSO E TRABALHO.”

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11 6. (In)Tension II 2015 (330 x 270 x 80 cm) (De)Nature, Group Exhibition, Comporta 7. Tension III 2014 (52 x 41 x 24 cm) 8. Sediment I S1. Installation View “1/81”, Coa Museum, 2015. 9 e 10. (De)Nature, Group Exhibition, Comporta. 11. MOSTRA15 . Group Exhibition MELANCIA 29


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Hugo Sousa Entrevista por: Juliana Lima Ilustrações e Fotografias por: Hugo Sousa

Para a MELANCIA mag #1 escolhemos a dedo cada conteúdo e artista para conversar! É com muito gosto que apresento a entrevista super descontraída realizada com Hugo Miguel Sousa; Digital Art Director que encontra sempre motivos, no seu dia a dia, na capital portuguesa para enriquecer os seus projetos, clicks e traços únicos. Para além de ser um profissional criativo e muito talentoso, o Hugo é um amigo de verdade! Conheça um bocadinho mais deste lisboeta e inspire-se!

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1) MELANCIA: O que te motivou trabalhar com a criatividade? HUGO: A vontade de criar. Desde pequeno que adorava criar, desde misturas explosivas a desenhos nas paredes. Essa criação aos dias de hoje até podia ser na cozinha, mas o talento levou para outros imaginários.

H: É sempre bom trabalhar projectos pessoais, onde nós tempos total liberdade criativa. Por isso um dos mais recentes projectos que gostei de trabalhar foi o meu próprio portfólio. Não queria apenas mostrar trabalhos, por isso criei um conceito que o torne diferente e único.

2) M: Quando tiveste a certeza que era isso que gostavas de fazer? H: Demorou a entender e ainda arrisquei no mundo das ciências. Acho que foi aí que entendi. Com os erros é que se aprende, não é o que dizem?

5) M: De um hobbie à galeria de arte. O teu gosto pela fotografia e olhar artistico transformaram o teu Instagram. O teu perfil já foi destaque em media e tem ganho cada vez mais seguidores e likes. Como é ser um Instagramer? Já pensaste nesta atividade sobre esta perspectiva? H: Tem sido uma surpresa. Desde os comentários aos likes, da comunidade às colaborações. Trouxe muita energia criativa à forma como olho para tudo, mas também alguma pressão. Há mais exigência, mesmo quando estamos apenas a fotografar algo que nos rodeia no momento.

3) M: A tecnologia está a avançar cada vez mais rápido, e novas possibilidades e soluções aparecem todos os dias. Como é trabalhar como Art Director neste mundo digital? H: Eu, na verdade, especializei-me em direcção de arte digital, talvez por ser um pouco “geek” e ter um fascínio pelo futuro. O digital é um meio para fazemos coisas ainda mais criativas e com o qual podemos interagir, mudando e moldando emoções de forma mais activa. O amanhã pode ser ainda mais original e desafiante, até mesmo perigoso. 4) M: Já tens mais de 5 anos de experiência como Art Director, trabalhaste em diferentes agências neste período, realizaste projetos para clientes de vários segmentos. Gostaria de saber que projeto se destaca entre tantos.

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6) M: És um rapaz formado, entretanto sabe-se da tua fascinação (e coleção) por livros infantis. Existe um motivo particular? Conta lá. H: Apesar da minha falta de paciência para crianças, gosto muito do imaginário delas e a forma como alguns adultos a contam e ilustram. Uma porta para fora da realidade ou para uma realidade fantasticamente distorcida.


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7) M: Para fechar a nossa conversa com chave-de-ouro, vamos falar um bocadinho sobre as tuas ilustrações :) Onde aprendeste a desenhar? H: Acho que é daquelas coisa que quando somos pequenos acabamos por ter mais talento. Podia ter sido a matemática, o que também dava jeito, mas não foi aí que puxei os meus talentos.

1. Auto Retrato Hugo Sousa 2. Dot by dot. Work in progress; 3. Summer details. 4. I dream of falling into you Not to feel, just sleep

8) M: Apesar de não fazeres das ilustrações o teu ganha-pão, é visto que tens jeito para a coisa! O teu site pessoal apresenta os teus gatos-personagens e o teu mundo de astronauta ;) Traços únicos, personagens engraçados, técnica impecável. Gostaria de saber; o que te inspira a desenhar? H: Uma vez que não me vejo como um artista, mas como pessoa criativa, o espaço de criação varia muito. São as ideias que contam. Apesar disso, algo que me continua a inspirar é o surrealismo e o absurdo. É sempre tão bom ir para além da realidade. 9) M: Já tiveste planos ou projetos reais para aplicar as tuas ilustrações? H: O tempo é o meu maior inimigo. Até para responder a esta entrevista tive de o fazer no meu trajecto nocturno até casa. Quero começar a dominar mais o meu tempo e criar mais e mais. Mais ilustrações e novos projectos. Talvez uma exposição quando me sentir confortável para isso. 4 MELANCIA 35


10) M: O teu portifolio online é bastante artístico, para além de ter trabalhos incríveis. Foi tudo feito por ti, certo? Como foi criar este teu universo online? HUGO: Eu podia ter criado apenas um espaço minimal e neutro para mostrar os meus trabalhos, mas tentei ir mais longe para me promover. Procurei um conceito divertido e apostei nas ilustrações. Quanto à implementação do site, tive ajuda da Paula Cunha, uma grande amiga e talentosa programadora. 11) M: Ainda sobre o teu portfólio online; Quais foram as tuas inspirações de criação deste mundo e também dos personagens? H: Para o meu portfólio inspirei-me nos meus gatos e no cosmos, que é um tema que adoro abordar. O desconhecido permite-nos imaginar coisas fantásticas. 12) M: Em Agosto completaste 27 anos. Nas tuas redes sociais anunciaste uma grande mudança. Queremos saber melhor do que se tratam estas surpresas que vêm por aí. Fala-nos sobre essa mudança na tua vida, como te sentes e quais são as tuas expectativas. H: Vou viver para uma outra cidade. Uma cidade cheia de estímulos artísticos, por isso espero pôr fim a alguma procrastinação que vai aparecendo. Uma experiência que ainda não sei o que vai trazer, mas vou trabalhar para que seja fenomenal. London calling!

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5. “Today my 27 come to an end. It’s also the end of a year full of great surprises. But it’s also the beginning of new chapter in a few weeks” 6. Home. 7. Good meowrining. 8. Together until the end of times. 9. Run umbrella, run! 10. How my house should look like. MELANCIA 37


M: Deixa Cร um recadinho teu para MELANCIA #1!

H: Vivo assustado com uma chuva de melancias. Avisem-me quando o apocalipse da fruta fresca comeรงar.

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11. Don’t get inside. 12. Retrato um amigo, foto de perfil. 13. Summer details. 14. Quando ganhou indicação do Instagram.

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15, 17, 18, 19. Ilustrações por Hugo Sousa 16. Site (hugomiguelsousa.com)

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Choose Shoes your Mood, customizable sneackers 100% made in Portugal to the World!

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Artigo por: Mafalda Jesus Fotografias por: Pedro Sarreira

Pedro Sarreira, tem 21 anos e Ê licenciado em Artes Visuais e Tecnologias. É uma pessoa que adora fotografar momentos , especialmente as suas viagens para um dia mais tarde poder recordar. MELANCIA 43


Enquanto se explorava a Eslovénia, apreciava-se a vista. Vintgar Gorge, Eslovénia 2014

Uma imagem vale mais que mil palavras!

Pirineos, Espanha 2015

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Perspectiva,

Ljubljana, Eslovénia 2014

Luz ao fundo do túnel. Pirineos, Spain 2015

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O tempo nunca pára. Santa Rita, Portugal 2015

Graz,uma cidade romântica. Graz, Áustria 2014

Farol à espreita. Cabo Espichel, Portugal 2015 46 MELANCIA


Em contacto com a Natureza. Santa Rita, Portugal 2015

TelefĂŠrico abandonado? Maribor, EslovĂŠnia 2014

Um longo caminho a percorrer... Santa Rita, Portugal 2015 MELANCIA 47


Maribor, EslovĂŠnia 2014

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OU, Original Unverpackt

Original Unverpackt

Artigo por: Juliana Lima

A “Original Unverpackt” é um ponto de venda de bens de consumo sem embalagens descartáveis e foi inaugurada em meados de 2014, em Berlim, na Alemanha. 50 MELANCIA


De uns tempos pra cá estou a mudar os meus hábitos e comportamento de consumo, e com isso passei a tornarme mais sensível e a perceber que alguns dos meus novos costumes têm sido atendidos por mudanças também do mercado. Claro que, em pequena (ok, mínima!) proporção, comparando com o modelo de consumo de massa, mas ainda sim, fico feliz com as novidades que tenho descoberto e acompanhado mundo a fora! Sou vegetariana há 3 anos e tomei esta decisão por diversos motivos pessoais, como, por exemplo, bem-estar, seguir as minhas crenças e melhorar o meu estilo de vida. Com isto, também me tenho alimentado de forma mais consciente e saudável. De qualquer forma, não pensem que sou radical nem extremista. Por exemplo, como batatas fritas e adoro! Mas, em linhas gerais, sempre que possível, procuro comprar alimentos frescos, biológicos... e assim por diante. Estes dias fui a uma sessão de naturais, de um grande supermercado aqui em Lisboa, e fiquei um bom tempo a escolher as minhas flores e folhas para chá. Já que, em tempos atuais, o cultivo pessoal está cada vez mais difícil (por falta de tempo, de espaço, e tantos outros fatores); ter a experiência de comprar algo que não está pré-embalado com conservantes e misturas que não percebemos, e ter a possibilidade consumir algo mais natural faz-me sempre muito bem! E este meu comportamento, assim como de algumas tantas pessoas como eu, leva-me a perceber que de fato as formas tradicionais de consumo estão a mudar. Para além do aspecto natural dos produtos, as embalagens também têm sido alvo de várias críticas devido à grande quantidade de recursos que consomem para serem concebidas, de muitas vezes só servirem para atrair o cliente e depois de cumprirem a sua função serem descartadas.

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E então pensei: como seria, nos dias de hoje, um supermercado sem embalagens descartáveis? Pelo meu interesse de caso e causa, descobri (ainda que apenas via internet, mas com muita vontade de em breve conhecer pessoalmente) que o tal supermercado existe! Trata-se de uma nova loja que retoma antigos hábitos de venda, com um conceito tão forte que faz qualquer pessoa pelo menos refletir sobre o assunto. A “Original Unverpackt” é um ponto de venda de bens de consumo sem embalagens descartáveis e foi inaugurada em meados de 2014, em Berlim, na Alemanha. Nesta loja, o cliente pode levar os seus próprios recipientes ou sacos e em último caso pode alugar um recipiente da loja. A loja vende alimentos orgânicos, produtos de limpeza e higiene, e o valor das compras é estabelecido pelo peso; de modo a evitar o desperdício. O layout e a decoração da loja “OU” faz lembrar uma antiga vivenda, e o uniforme do lojista (avental listado e com um lápis atrás da orelha)

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ajuda a reforçar esta identidade. De qualquer forma, é possível perceber que, a missão e a visão de futuro da marca, vai além do conceito retro. Através do modelo de negócio, que faz com que o consumidor compre exatamente a medida que vai consumir, é uma forma preventiva de ambientalismo, e de incentivar costumes e hábitos sustentáveis, ao invés de motivar apenas a reciclagem de embalagens já utilizadas (que, aliás, todo mundo devia fazer!) Para quem gostou da proposta da Original Unverpackt tanto quanto eu e ficou com vontade de saber mais e não está com viagem marcada para Berlin para logo, tem mais informações no site oficial OU http://original-unverpackt.de. São iniciativas assim, para além de originais, que colaboram com o desenvolvimento sustentável, que inspiram sempre!


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delicia de melancia com lim達o

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FROZEN DE MELANCIA Tipo de receita - Sobremesa Número de doses - 4 porções Tempo de Preparação - 20 Minutos Dificuldade - Muito Fácil Ingredientes - 5 chávenas de melancia em cubos e sem sementes - 6-8 colheres de açúcar - 2 colherinhas de sumo de limão Preparação 1. Colocar todos os ingredientes no liquidificador. 2. Cubrir com a tampa do liquidificador e liquidificar até que a mistura fique bem líquida. 3. Deixar que a mistura esfrie e depois congelar até que fique o suficientemente firme para servir.

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Lumina 2015

A 4ª edição do LUMINA Festival da Luz, decorre em Cascais de 11 a 13 de setembro de 2015, e conta com obras oriundas de diversos países espalhadas ao longo do Percurso da Luz, proporcionando momentos de descoberta, magia e grande emoção junto do público. Marina de Cascais

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1º Festival Rimas e Batidas 3, 4 e 5 de Setembro o festival Rimas e Batidas surge para levar cada vez mais música ao público. Partindo dos pressupostos que estão na base do R&B, apresenta um cartaz composto por nomes portugueses da melhor música electrónica de cariz urbano Cinema S.Jorge, Lisboa

LISB-ON 2015

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O festival que marcou Lisboa está de volta, mais uma vez no coração da cidade, no fim-de-semana de 5 e 6 de Setembro, já com confirmações de peso Parque Eduardo VII, Lisboa

SETEM 24 Super Pitch

O Musicbox vai encher-se de melodias orgânicas, ousadas e únicas. MusicBox, Lisboa 58 MELANCIA

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Diana Krall Wallflower World Tour 2015 Ao vivo no MEO Arena para apresentar o seu mais recente álbum “Wallflower”. Com 2 décadas de carreira, Diana Krall é um dos maiores ícones vivos do jazz. prestígio, ao ar livre e aberto a todos. Meo Arena, Lisboa

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Inspirados nos anos 60 e na magia brilhante dos 90, a banda oriunda de Florença acaba de editar “Ghosts”, uma LP que representa o seu pop/rock moderno e expansivo. MusicBox, Lisboa


Festival Nova Música

O Festival Nova Música, primeiro festival deste cariz organizado por uma universidade portuguesa, tem por objectivo divulgar a nova música portuguesa através de um cartaz representativo dos jovens músicos do nosso país. Campus de Campolide da NOVA, Lisboa

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Happy Holi Lisboa

O Happy Holi é o maior festival de música e cor do mundo, em que milhares de pessoas vestidas de branco se juntam e criam uma paleta humana de cores num momento único de celebração de pura alegria. Estádio Universitário, Lisboa

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Steven Wilson

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Como indiscutível figura de proa e homem dos mil talentos do rock progressivo moderno, o britânico Steven Wilson já tem pouco a provar e, ainda assim, o seu quarto álbum solo afirma-se como uma aconchegante reafirmação dos valores base que têm dominado a sua carreira desde que, no final dos anos 70, começou a fazer música. Meo Arena, Lisboa

MBRO 25

Há Música na Casa da Cerca

O último concerto ao pôr-do-sol deste ano na Casa da Cerca acontece no dia 26 de setembro, a partir das 21h30, com os Terraza. Mas antes disso, pelas 19h, há música ambiente com uma playlist de uma personalidade convidada. Entrada livre. Casa da Cerca, Almada

CINM - Congresso Internacional de Negócios da Moda

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O CINM – Congresso Internacional de Negócios da Moda terá lugar em paralelo com o Porto Fashion Week, entre os dias 28|09 a 01|10. O evento contará com mais de 25 palestrantes, 4 oficinas, apresentação de trabalhos e muito networking. Alfandega do Porto MELANCIA 59


anda POR AÍ ANDREIA CALISTO IDADE: 30 anos PROFISSAO: Web Designer Encontrámos a Andreia nas ruas de Alcântara, bairro onde vive, a passear com o seu adorável cãozinho, o Alvim.

LOOK: T-shirt: Zara Saia em camurça: Stradivarius Mala: Bimba Y Lola Sandálias: Bimba Y Lola Fio: Omnia

O MEU HOBBIE É O meu blog, glimmerleblonde.com é sem dúvida o hobbie que ocupa grande parte do meu tempo livre e que acaba por englobar outros hobbies que aprecio: fotografia, viajar cá dentro e lá fora e descobrir novos locais. Acima de tudo adoro partilhar aquilo que me inspira com os leitores. O MEU ESTILO É Minimalista e descontraído, embora seguindo atentamente as principais tendências. 60 MELANCIA


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“Melarancia” by: Lara Luis

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