Jornal de Abrantes julho 2021

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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas JULHO 2021 / Edição nº 5605 Mensal / ANO 121

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ENTREVISTA Domingos Chambel, presidente da direção do Nersant “PRR deveria ter mais investimento para empresas” Págs. 3 e 4

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/ JORNAL DE ABRANTES

121 ANOS

Multiusos apresentado sem unanimidade Pág. 10

ESPECIAL 850 anos do Castelo de Almourol Págs. 15 a 18

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A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

MIIA abre portas este mês O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) de Abrantes vai ser inaugurado este mês. À hora de fecho desta edição ainda não havia a certeza do dia para a inauguração deste Museu que os autarcas de Abrantes anunciam como de importância internacional. O MIAA vai contar com cinco exposições na abertura: coleção da Fundação Estrada , coleção de arte de Maria Lucília Moita e a exposição da coleção Figueiredo Ribeiro. Junta-se ainda a exposição da coleção de arte e arqueologia do Município de Abrantes. Terá ainda a exposição de Arte Contemporânea do Estado com as obras adquiridas em 2019 pelo Governo. A fotografia que publicamos é dos Claustros do Convento de S. Domingos que sofreu uma requalificação integrada no projeto do MIAA.

//Patrícia Seixas //DIRETORA

Quem tem que passar pela A23 diariamente andou ansioso pelo dia 1 de julho para ver reduzido o valor das portagens nas ex-SCUTS. Foi um balde de água fria gigantesco quando nos apercebemos que, afinal, do tão proclamado desconto de 50%, o valor é bem menor. Chamem-lhe “chico espertismo”, manobras políticas, o que quiserem... para mim, foi uma valente aldrabice. Senti-me enganada e muito irritada com os nossos governantes. Explicaram depois que foi revogada uma portaria e que o desconto foi aplicado ao preço inicial, de 2011, e não ao que estava em vigor. Pois bem, senhores governantes. Até compreendo que o rombo seja grande nos cofres do Estado mas não era preferível que explicassem aos portugueses o que iam fazer, em vez de os utilizadores da ex-SCUTS se verem confrontados com esta situação e sentirem-se enganados? Adiante... Na edição deste mês celebramos os 850 anos de um dos ex-libris da região, o Castelo de Almourol. Em entrevista ao presidente da Câmara Municipal, confirmamos o que já vínhamos a verificar há algum tempo. Vila Nova da Barquinha está a crescer. Não há oferta para tanta procura, quer empresarial quer em habitação, e o próprio autarca disse-se surpreendido com este crescimento em época de pandemia. Em Abrantes, o antigo mercado municipal continua nas bocas do mundo. O Executivo apresentou o projeto vencedor do concurso de ideias para o Mercado mas não agradou a todos. Há quem defenda o regresso do mercado diário ao antigo edifício mas essa parece ser uma ideia já abandonada em definitivo. A construção de um multiusos está a ser desenvolvida e resta-nos esperar pelo projeto final e que seja, efetivamente, algo que faça a cidade orgulhar-se. E temos uma história que vai gostar de ler. Marta Rodrigues é uma jovem abrantina que foi distinguida com a bolsa Teixeira Lopes, da Fundação Rotária Portuguesa. Uma história de vida contada por Hália Costa Santos. Por falar em rotários, o Rotary Club de Abrantes tem novo presidente e os clubes também mudaram as direções numa cerimónia de transmissão de tarefas. Damos-lhe a conhecer as novas caras do RCA. E a Central do Pego? Não se vê fumo branco... Neste momento, Câmara Municipal e Comunidade Intermunicipal desdobram-se em reuniões no sentido de garantir uma das empresas mais importantes da região e, no setor energético, do país. A ver vamos. Não queria falar de pandemia nem de vírus mas não há como passar à frente. Os números teimam em subir e o verão está cada vez mais ameaçado. Afinal, não podemos aliviar nem um milímetro. Ainda não. Cuidemos de nós e cuidaremos de todos.

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PERFIL /

//Naturalidade / Residência: Pego - Abrantes

//Com que figura histórica mais se identifica? Salgueiro Maia, pelo homem, pelo //Qual é o seu maior medo? simbolismo e junto com tantos O medo de não conseguir viver ou outros me deu a possibilidade de por outro lado, tenho um medo abertamente estar aqui a falar sem tremendo da morte. medos, sem lápis azul... com Liberdade. //Que pessoa viva mais admira? O meu irmão, sempre foi e sempre //Quem são os seus heróis da será o meu ídolo. vida real? Ao longo da nossa vida vamos //Onde e quando foi mais feliz? tendo heróis, com capa e sem Ao longo da vida temos momentos capa. Nos dias de hoje sem dúvida que são felizes, mas sem dúvida que que são aqueles que estão na liser Pai foi o êxtase. nha da frente, que nunca voltaram as costas à luta, à minha esposa //Manel Capucho, 36 anos //Que talento mais gostaria de que infelizmente está nessa linha / Técnico Superior Municipal ter? e que perdeu os primeiros pasSer exímio no piano. sos do filho porque estava longe e afastada pelo covid. Momen//Se pudesse mudar uma tos como esse fazem-nos pensar característica em si, o que seria? quem realmente queremos como Mudaria a minha impulsividade. nossos heróis. Ainda estou numa fase da vida que por vezes a impulsão se sobrepõe //Onde gostaria mais de viver? à razão e traz problemas que não Poderia escolher as Maldivas, o deveriam existir. México, as Baleares, mas escolho o meu Pego, a minha Abrantes... se //Se soubesse que morria podia ser diferente, poder... podia, amanhã, o que faria hoje? mas não era mesma coisa. Se o tempo me permitisse, aproveitava com a minha família. Aliás, só //Se fosse presidente de Câmara, faria sentido com eles. o que faria? A pergunta mais difícil. Não é uma //O que mais valoriza nos seus resposta fácil e tão pouco uma resamigos? posta de um parágrafo. Vivemos A lealdade. hoje num mundo de exigência, o trabalho de um presidente de //Quem são os seus artistas Câmara não é fácil, por vezes pafavoritos? rece, mas não o é e tem por si só Vicent Van Gogh, Freddy Mercury e um escrutínio associado que não António Variações. é fácil conseguirmos assimilar ... deverá acima de tudo ser um tra//Quem é o seu herói da ficção? balho programado a 12 anos (pelos Macgyver mandatos que são permitidos), com

estratégia local, mas aquilo que se deve perguntar é o que é os Munícipes podiam fazer?! Muitas vezes carregamos em cima dos ombros de um presidente de Câmara aquilo que queremos que eles façam e que nós não somos capazes de fazer... criticamos, por vezes erradamente, mas não fizemos nada para mudar, muito menos para perceber qual foi a opção tomada e porque foi tomada. As câmaras devem estar na sua plenitude como suporte ou trampolim de uma comunidade, devem ser a fonte das soluções e não a fonte de problemas (em casos concretos), mas não se devem sobrepor ao desejo das populações e das suas coletividades. Se esse desejo não existir, não há presidente nenhum que consiga realizar um bom trabalho. Não podemos dizer “faça um Festival” quando na realidade estamos inseridos numa coletividade que não propôs esse festival no seu plano de atividades... não podemos dizer “promova o produto X” quando as empresas que vendem esse produto não o querem promover! É a pergunta mais difícil para mim, sem dúvida, porque nunca passei pelo cargo, mas acho que um presidente deverá ter sempre em conta a defesa territorial e patrimonial do território onde se insere, essa é sua maior responsabilidade. Depois se faz mais isto ou aquilo, se defende isto ou aquilo, já são as escolhas de cada um, mas o seu território e o seu património é aquilo que deve defender de unhas e dentes, sem medos e sem receios, com coragem e garra...

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Taras Dudnyk, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021


ENTREVISTA /

O PRR está invertido. A maior fatia devia ser para criar riqueza // Domingos Chambel é o presidente da direção do Nersant e foi eleito em julho do ano passado com 234 votos de um total de 262 votantes. O empresário de Abrantes, administrador da TRM, analisa o distrito, os tempos de pandemia e aquilo que pode ser o futuro. Defende apostas claras na formação, principalmente na formação profissional, para que as empresas possam ter quadros para trabalhar nas suas unidades. A pandemia trouxe aos empresários muitos problemas, mas também várias oportunidades e o Plano de Recuperação e Resiliência vai ser fundamental para o futuro da economia. Aliás, defende que deveria apostar ainda mais nos apoios ao meio empresarial. Entrevista por Jerónimo Belo Jorge Temos mais de um ano de pandemia. Como está a a economia, como estão as empresas do distrito?

A situação económica da região não é muito diferente da nacional. Mas temos uma particularidade na nossa região. Estamos integrados no Médio Tejo e na Lezíria do Tejo e cada uma destas regiões tem as suas particularidades económicas. Temos dentro dessas sub-regiões uma riqueza incomensurável que, normalmente, não vem em inquéritos ou consultas de valor. Esta riqueza é a diversidade dos setores que as regiões têm e que se complementam. Temos a sul a Lezíria com o agroalimentar e a produção agrícola e norte temos o setor secundário e de serviços. A pandemia foi transversal e apanha todos os setores. Mas há uma particularidade que nos diferenciou. Os portugueses, mesmo em pandemia, precisam de se alimentar. E foi esse fator que fez a diferença. Em dados de 2020 o Médio Tejo perdeu 21,54% das exportações. Em contrapartida conseguiu 8,31% das exportações. Valores positivos. Quer isto dizer que tudo quanto andou ligado ao agroalimentar e à terra teve um grande êxito. Portanto esta diversidade valeu-nos qualquer coisa que nos distingue a nível nacional. Nós nas duas regiões decrescemos 6,56% das exportações, mas neste contexto é um valor altamente positivo, porque no país houve um decréscimo de 11,12%. O nosso decréscimo foi metade do país. A economia não está bem, é certo, mas esta diversidade trás-nos um aporte muito grande para não termos efeitos tão nocivos.

O que é que mudou nos empresários, para além, claro, dos constrangimentos com as medidas de confinamento e todas as restrições de um ano e meio de vírus?

O que define um empresário é a ambição e a resiliência. A pandemia obrigou a reinventar a maneira de trabalhar. Nós estávamos no contacto pessoal, as vendas tinham esse contacto direto de olhos nos olhos. Tivemos que reinventar a comunicação online. A partir daí foram desenvolvidas plataformas que já existiam e que se afinaram. Tal como eu, muitos empresários viajavam muito para fazer negócios

de de melhores condições laborais, mas precisamos de muita massa humana dentro das empresas da qual não podemos prescindir.

O online entrou na economia e mudou muita coisa. Dentro da própria associação empresarial houve muitas mudanças?

Sim. Dentro do Nersant mudámos completamente o figurino do trabalho a que estávamos habituados. Tivemos de apanhar o comboio e este já ia em andamento. Fizemos a adaptação [temos mais de 30 colaboradores] para ações semanais. E todos os contactos que tínhamos com os empresários passaram a ser feitos remotamente. Esta foi uma grande vantagem. Com estes meios conseguimos estar em Toronto, nos Estados Unidos, em França, na Eslováquia (…) e com estes roadshow’s conseguimos reunir o AICEP, todas as câmaras de comércio desses países, todos os embaixadores desses países e todos os responsáveis de associações industriais e empresariais desses países. Foi altamente positivo porque tivemos oportunidade de mostrar aos investidores desses países as potencialidades para virem investir na nossa região.

//“É vital para a nossa região um plano de formação profissional que consiga dar resposta às empresas”

presenciais. Hoje tudo se transformou. Hoje conseguimos reunir no mesmo minuto os cinco continentes com 20, 30, 50 pessoas a falar dentro de uma plataforma como se estivéssemos ao lado uns dos outros.

A transição digital e o teletrabalho foi algo de positivo para o mercado do trabalho, dentro de todas as contingências?

A economia portuguesa tem uma carga de teletrabalho muito menor do que aquela que nos estão a fazer passar. Parece que tudo a nível nacional se resume a teletrabalho e isso não corresponde à realidade. Quem fala muito em teletrabalho parece que nunca passou de Setúbal para baixo e de Vila Franca para cima. Porque nestes territórios (Lisboa, Porto e uma parte de Leiria) há grandes concentrações de empresas de serviços e aí o teletrabalho justifica-se totalmente. Mas o país não se resume a estas áreas. A economia desenvolve-se em pequenas e médias empresas [que

representam 98% do Produto Interno Bruto] e, não tendo nada contra o teletrabalho, a esmagadora maioria das empresas tem por exemplo muita correspondência que segue pelos CTT. E se não tiverem pessoas para abrir e tratar essa correspondência nos seus sítios, não é em casa que podem fazer esse serviço….

… ou seja, ainda não estamos tão avançados nesta questão da transição digital?

“Transição digital” é um chavão muito grande que serve muita coisa. O sentido está correto, mas a nossa economia é do sul [Portugal, Espanha e Grécia] e pertencemos a um segundo pelotão da Europa. A nossa economia ainda não está tão desenvolvida como a dos países nórdicos. O caminho está certo, mas não é para amanhã. Temos de preparar o caminho e a mentalidade dos empresários para conseguir apanhar esse rumo. Neste momento fomos confrontados com a possibilida-

Mesmo que voltemos às feiras presenciais, as feiras digitais vieram para ficar?

Esta ideia de trabalhar à distância veio para ficar. E veio para ficar a nível mundial. Mas não dispensamos, logo que possível [que a pandemia permita], o regresso aos contactos pessoais. No contacto pessoal trazemos os investidores à região, podemos leva-los dentro das unidades produtivas e isso é muito mais produtivo do que as reuniões online.

Este ano a Fersant já foi dividida entre o presencial e o online. Notou-se essa “fome” de voltar aos contactos presenciais?

A Fersant acontece em simultâneo com a Feira Nacional de Agricultura e, de acordo com as normas da DGS, foi reduzida a 50%. Mas já se nota muito interesse na atividade presencial, mas ainda sem o potencial que tínhamos antes da pandemia. E das conversas com os empresários, as feiras virtuais são muito importantes, mas o contacto

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ENTREVISTA / … um aeroporto regional era ou não importante?

presidencial nos negócios, para nós latinos, tem a particularidade do contacto presencial. E se for à mesa, onde podemos mostrar a nossa gastronomia e os nossos vinhos, melhores negócios vingarão.

Ainda pandemia, quais as maiores preocupações e dúvidas em que os empresários precisaram de ajuda da sua Associação?

Passada uma semana do país ser confrontado com a pandemia criamos um gabinete de crise dentro da Nersant. E foi um gabinete criado ao mais alto nível. Não desligávamos o telefone durante as 24 horas porque sabíamos que do outro lado os empresários tinham dúvidas e grandes incertezas no cumprimento da legislação e nas ajudas que precisavam. Criámos linhas diretas com o governo. Toda a legislação que saía era encaminhada, ao minuto, para os associados.

Vamos à nossa região, como é que se pode olhar para o Médio Tejo, do ponto de vista empresarial?

Quando olhamos para os números temos de ter a capacidade de os saber interpretar. O Médio Tejo tem, em 2020, uma redução de 21,54% exportações. Mas temos de analisar o porquê. É a norte [do distrito] que estão as grandes empresas. É a norte que estão os grandes exportadores [automóveis, metalomecânica…] e tendo o benefício de as ter na região, numa situação destas [pandemia] nota-se esta quebra.

// “O nosso propósito é que a Central do Pego fique. Tem um projeto que faz todo o sentido”

Uma paragem na Mitsubishi, por exemplo, representa logo uma quebra…

… a Mitsubishi, a Renova, a Hitachi e outras ligadas ao setor da exportação. Quando começámos a ver os resultados percebemos a importância dessas empresas na balança. Não podemos ter sol na eira e água no nabal. Temos grandes empresas, mas quando há crise, como esta, há reflexo nos resultados.

Estamos em crise. Há sinais de melhoria?

A crise económica existe. Está difícil. Mas não está tão difícil como os resultados que temos em nosso poder. De acordo com um inquérito interno aos nossos associados, quando perguntámos se estavam em layoff 86% responderam que não. E só 13% [10 empresas] é que transmitiram que estavam em layoff. E na pergunta sobre a manutenção dos postos de trabalho, 75% das empresas responderam que querem manter os postos de trabalho. A situação não está famosa, mas de acordo com estes números, na nossa região não está tão negra como parece.

Deixe-me fazer-lhe uma pergunta mais “política”, qual a posição sobre Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Portugal 2030?

Quanto ao PRR, gostávamos que a filosofia que esteve na sua base fosse diferente. E temos fundamentos para basear a nossa ideia. Um empresário

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quando tem folga financeira e quando tem compromissos o que faz é agarrar na maior fatia e “investir no investimento” para que este investimento produza riqueza para pagar os compromissos. E não foi o que o Estado escolheu. Conseguimos perceber a filosofia que esteve subjacente mas não entendemos. Quando estão reservados 70% destes 16 mil milhões para o Estado e 29 a 30% para a iniciativa privada, penso que os valores deveriam ser divididos ao contrário. Para o apoio às ajudas sociais que a população necessita os 30% chegavam. E os 70% é que deveriam ser para a iniciativa privada porque iríamos criar postos de trabalho e riqueza e, logo, pagar impostos para a saúde, cultura, educação (…) porque são importantíssimos para a nossa sociedade. O PRR é oportuno, mas tem falhas mesmo nos dois setores onde vai haver mais investimento: a transição climática e a transição digital. Quem esteja fora destas duas áreas muito dificilmente vai lá buscar dinheiro. Agora há muitas coisas importantes neste plano. O Plano salvaguardou 1.359 mil milhões de euros para a qualificação das competências. A falta de mão de obra qualificada é um problema nacional. Hoje não se consegue um serralheiro, um mecânico (…) e o que temos de fazer é ir buscar esses profis-

“Quem fala muito em teletrabalho parece que nunca passou de Setúbal para baixo e de Vila Franca para cima”

sionais a 300 quilómetros. É vital para a nossa região um plano de formação profissional que consiga dar resposta às empresas para que estas tenham a competitividade suficiente para responder à sua expansão e à concorrência. A Nersant tem tido contactos com os Politécnicos de Santarém e Tomar para serem criadas vias verdes para ir ao encontro de massa cinzenta para suprir estas dificuldades…

… a formação profissional é estratégica para a Nersant...

… e faz parte do nosso Plano Estratégico. Não é uma formação profissional qualquer. É de excelência. O Nersant está empenhado em transformar esta região numa região de formação profissional de excelência. Sabemos que se tivermos pessoas capacitadas no conhecimento e no saber fazer temos uma grande vantagem na atratividade do investidor, seja português ou estrangeiro.

Falamos muito na descarbonização. É um tema muito presente na região?

Quando se começou a falar neste tema fizemos, de imediato, um inquérito aos nossos associados sobre o assunto e os resultados foram muito residuais. Tirando a Central Termoelétrica do Pego, dentro nos nossos associados não há grandes preocupações com a descarbonização. O que nos preocupa é esta grande unidade. O nosso propósito é que a Central do Pego fique. Tem um projeto que faz todo o sentido. É baseado em quatro fatores: biomassa; solar; hidrogénio e metano. Penso que tem todas as condições para ser aprovado pelo governo e permite também a limpeza de toda a mancha florestal. Pode ser um exemplo a nível nacional.

Aeroporto de Tancos? Novas travessias sobre o Tejo? Ligação à aeronáutica de Ponte de Sor? São questões políticas para os políticos ou a Nersant está atenta e pode fazer a sua defesa?

Não são projetos políticos, a Nersant está atenta…

Tenho muitas dúvidas. Já discutimos muitas vezes a questão do aérodromo de Tancos e faz sentido que se possa transformar numa plataforma de serviço comercial, não de passageiros, mas de mercadorias. Aquela estrutura tem um grande peso militar. E por os militares a trabalhar com a parte comercial tem sido, através dos anos muito difícil. Mas era importante que não deixássemos cair esta ideia. O nosso Plano Estratégico revela que a região tem todas as condições para ter ou ser uma grande plataforma logística. Temos aqui nas duas regiões a A1, a A13 e a A25, temos três linhas ferroviárias (norte, beira baixa e o ramal de Tomar), mas como isso não chega ainda temos esse aérodromo. Estas acessibilidades somadas à centralidade no país, somando ainda o terminal intermodal de Riachos, temos todas as condições para que se desenvolva uma plataforma logística de nível nacional.

Era importante todos “darem as mãos”, empresários e autarcas?

Em Portugal são proibidos os lobby’s, eu chamar-lhe-ia pontos de influência. Houve uma altura em que a região tinha dois grandes políticos que nos ajudaram nalgumas orientações. Hoje o peso da região no governo é pouco. Já dissemos isso aos dois maiores partidos. Por exemplo, temos algumas carências que não estão a ser equacionadas como deve ser. Dou-lhe um exemplo, na ponte de Chamusca passam 900 camiões por dia. Desses, 400 vão para o Parque do Relvão com matérias perigosas. Passam por dentro da Chamusca, de Almeirim, Alpiarça (…) e se a ligação do IC3 (Barquinha) à A13 é importantíssima porque permitiria ao tráfego sair a malha urbana e entrar diretamente no Relvão. É uma infraestrutura importantíssima que está no Plano Nacional de Investimento, mas não está como prioritária. Vamos desenvolver esforços para que essa obra e a nova travessia do Tejo e a ligação à Ponte de Sor passem para o PRR para serem prioritários. Na Caima e na Mitsubishi temos um estrangulamento que precisavam destas obras.

Qual o grande desafio para este mandato, enquanto presidente da Nersant?

É o nosso Plano Estratégico. Há três questões fundamentais. Escolas de Formação. Se a Nersant conseguir criar uma escola de formação em Abrantes, se conseguir dinamizar a de Torres Novas e a de Tomar, é um dos grandes objetivos. E depois queremos ainda criar seis incubadoras na região. Dessas seis, duas estão garantidas. Uma em Benavente, vai ser uma realidade, e outra vai ser em Ferreira do Zêzere. O caminho faz-se caminhando e se conseguíssemos as três escolas e as seis incubadoras era muito importante para a região.


REGIÃO / Abrantes Castelos de Abrantes e de Belver passam para gestão municipal // Depois de Idanha-a-Nova, em Setembro de 2020, coube a Abrantes receber no dia 29 de junho, a cerimónia de assinatura dos autos de transferência de competências de gestão, valorização e conservação de 16 equipamentos culturais classificados para 14 autarquias. A cerimónia de dia 29 de junho teve lugar no Castelo de Abrantes, com a presença da Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, e da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, que assinaram os autos de transferência de competências na área da Cultura com os autarcas presentes. A cerimónia contou ainda com a presença do Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho. O primeiro a falar foi o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, que como anfitrião destacou o papel central de Abrantes nos encontros com povos ao longo da história e nos tempos correntes, como coração da Estrada Nacional 2. Deu ainda nota do mês de agosto de 1385 em que a Igreja de Santa Maria do Castelo [ali ao lado] recebeu o conselho de guerra de D. João, Mestre de Avis, e de Nuno Álvares Pereira onde foi decidido dar luta aos castelhanos, na busca da nacionalidade. Terá sido de Abrantes que

// O Castelo de Abrantes, um dos transferidos, recebeu as ministras da Cultura e da Modernização saíram as tropas em direção a Aljubarrota onde aconteceu a batalha que deu a vitória a Portugal. O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, disse que, com a iniciativa desta terça-feira, se reforça “o princípio constitucional da descentralização, mas também o da desconcentração, reafirmando a democracia, a boa

utilização dos recursos públicos, a defesa do bem comum e o rigor que se exige a um poder local forte, afirmativo e legitimador", numa "construção conjunta de Abril". Já aos jornalistas Manuel Jorge Valamatos explicou que esta transferência não tem envelope financeiro, mas é importante para os municípios. Até aqui qualquer

intervenção feita no Castelo, como Monumento Nacional, teria de correr pelas instituições do poder central. Questionado sobre se já há alguma intenção nos serviços, Manuel Jorge Valamatos disse que ainda não há nenhum processo, nem sequer de exploração arqueológica. Mas ressalvou que essa é uma matéria muito técnica e que caberá aos técnicos formalizar intenções ou iniciativas. A ministra da Cultura afirmou que a transferência de competências no setor garante "maior capacidade de dinamização" patrimonial pela "gestão de proximidade" das autarquias, num processo que permite criar "âncoras de desenvolvimento" territorial. Graça Fonseca realçou a importância de "aproximar o mais possível a decisão, a gestão e a dinamização do património cultural" e destacou um princípio estratégico de âmbito cultural – “o mesmo que levou a criar a rede de teatros e cineteatros ou a rede de arte contemporânea, ambos em curso em todo o país". Graça Fonseca disse ainda que o Governo "alocou uma verba de 150 milhões de euros para recuperação de museus e monumentos em todo o país" e está "a trabalhar no âmbito do próximo quadro financeiro plurianual para também abrir uma maior componente no património cultural". Já a ministra da Modernização do

Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, realçou a importância do momento no processo de descentralização em curso. "É a descentralização a acontecer, aquilo a que hoje aqui assistimos", afirmou, sublinhando que "a maioria das competências previstas na lei-quadro da descentralização já está a ser exercida pelas autarquias locais desde janeiro de 2021". E a governante lembrou que em 2022 avançam as transferências da Educação, Saúde e Área Social. Na cerimónia foram assinados vários autos de transferência de competências de gestão, valorização e conservação de equipamentos culturais, como a Fortaleza de Abrantes, o Arco da Rua Augusta (Lisboa), o Castelo de Alandroal e o Castelo de Terena (Alandroal), o Padrão de Montes Claros (Borba), o Povoado Pré-histórico de Santa Vitória (Campo Maior), o Castelo de Évora Monte e a Villa Romana de Santa Vitória do Ameixial (Estremoz). Da lista de monumentos constam ainda o Castelo de Belver (Gavião), do Lagar de Varas de Fojo (Moura), as Muralhas do Castelo de Portalegre e Torre de Menagem (Portalegre), o Castelo da Vidigueira, o antigo Convento de Santo Agostinho, exceto a igreja (Leiria), o Castelo de Trancoso, o Castelo de Miranda do Douro e o Castelo de Montalegre Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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REGIÃO / Abrantes

Ainda não há fumo branco sobre futuro da Central do Pego

No dia 9 de junho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática considerou, numa entrevista à agência Lusa, que os acionistas da central a carvão do Pego, em Abrantes, perderam o direito ao ponto de injeção à rede elétrica, que será atribuído por concurso público. Questionado sobre o desacordo em relação à conversão da central, que será desativada em novembro, Matos Fernandes disse que “a partir do momento em que os acionistas se separam, aquele ponto de ligação à rede é perdido e, portanto, nenhum dos acionistas tem direito sobre ele”. “Os acionistas desagregaram-se e, portanto, não podemos deixar essa matéria para os acionistas”,

afirmou, adiantando que já está a trabalhar com as autarquias “na procura de uma solução”. “Já estamos em reuniões, nomeadamente com as autarquias. Sabemos o que queremos fazer, mas não queremos anunciar agora”, acrescentou. No dia 30 de junho, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes disse ao Jornal de Abrantes, que ainda não havia novidades. Embora tenha tido reuniões com o secretário de Estado Adjunto e da Energia, o autarca de Abrantes disse não ter muito para adiantar em relação ao que se sabe. Neste momento a Câmara Municipal e a Comunidade Intermunicipal desdobram-se em reuniões

Grupo

no sentido de garantir uma das empresas mais importantes da região e, no setor energético, do país. Sobre a disputa de projetos da Trust Energy (detém 56% da Tejo Energia e tem capitais franceses e japoneses) e da Endesa (detém 44% da Tejo Energia e é o gigante espanhol) o presidente da Câmara de Abrantes diz estar atento aos movimentos, mas sublinha que é com a concessionária Tejo Energia

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

que a Câmara tem falado. E a ideia de transformação para biomassa, acrescentando depois o solar, eólico e hidrogénio verde, é o que continua em cima da mesa. Manuel Jorge Valamatos garantiu que em breve vai haver mais novidades, sendo certo que um dos ativos mais importantes desta região, mesmo de acordo com o ministro do Ambiente e da Transição Energética “o grande ativo ali é o

ponto de injeção [de eletricidade] à rede”, isto é, a capacidade de ligação entre um centro produtor e a rede que permite transportar a energia até ao consumidor final. Tal como o Jornal de Abrantes noticiou no mês passado, tendo feito a manchete, a questão do entendimento entre acionistas poderia ser fundamental, até porque o Fundo de Transição Justa e o Plano de Recuperação e Resiliência tem verbas elevadas para a área energética. E é disso que se fala, uma vez que a Trust Energy apresenta 900 milhões de euros de investimento da reconversão do Pego enquanto a espanhola Endesa tem um investimento mais baixo, 600 milhões de euros, e defende, por isso, a realização de um novo concurso para o ponto de injeção. Seja como for, com mediação do governo, com presença mais ativa das autarquias e comunidade intermunicipal e com movimentações dos ambientalistas, há que esperar para breve novidades sobre um assunto de importância vital para esta região. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

// As declarações do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, caíram como uma bomba em quem lida com esta questão com pinças. Há questões ambientais. Há questões económicas. Há questões laborais. Pode haver questões sociais, dependendo daquilo que seja o futuro. Uma coisa é certa, a Tejo Energia, que tem a concessão da Central a Carvão do Pego, termina a atividade a 30 de novembro.


REGIÃO / Mação

Executivo aprova nova Carta Educativa do concelho

Antigas sedes de freguesia vão ter Áreas de Reabilitação Urbana

// Foi aprovada por unanimidade pelo Executivo Municipal de Mação a nova Carta Educativa do concelho. A anterior Carta Educativa, homologada em 2007, “já não servia as necessidades” do Município, segundo o vereador Vasco Marques.

// A Câmara Municipal de Mação aprovou, por unanimidade, as propostas de delimitação de Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) nas sete antigas sedes de freguesia.

“Pretendíamos envolver a comunidade e as entidades parceiras para todos poderem opinar sobre o tema. Houve a participação dessas entidades em dois momentos, bem como o envio de alguns dados e opiniões acerca do documento, começou por explicar o vereador que agradeceu “o envolvimento de todos”. Vasco Marques lembra que o documento “teve que ser feito em tempo recorde” e que “comparativamente com o que tínhamos de 2007, reflete de uma forma mais atualizada a realidade de Mação no que diz respeito à Educação”. Contudo, acrescentou que “há situações que não passam de meras conjeturas” pois, como explicou, “há previsões que podem falhar”, mais concretamente no números de famílias. O vereador responsável pelo pelouro da Educação na Câmara de Mação lembrou que está previsto acontecer a transferência de competências na área da Educação no primeiro trimestre de 2022 mas que “não é por isso que deixámos de fazer a Carta Educativa”. Caso “aconteça conforme está previsto, muitas das questões aqui apresentadas sofrerão grandes alterações, sendo que, à data de hoje, o documento está ajustado à nossa realidade”. “Quando houver alterações que o justifiquem ou que o exijam, é provável que o documento tenha que ser revisto.

Depois da freguesia de Mação, é agora altura das restantes freguesias do concelho terem a oportunidade, nas palavras de Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal, “de usufruir das condições e benefícios” que este instrumento permite. “ O critério adotado foi o mesmo critério que adotámos para Mação, ou seja, todos os perímetros urbanos das antigas sedes de freguesia ficarão todas com ARU”. Vasco Estrela explicou que “no âmbito da Ação Integrada do Pinhal Interior, uma das apostas fortes vai ser a reabilitação urbana. Estamos a falar em reabilitar muitas casas e (…) temos as coisas adiantadas neste processo”. No fundo, “é a Câmara a cumprir a sua palavra porque tínhamos dito há três anos que após a aprovação da ARU de Mação, iríamos avanças para as ARU das sedes de freguesia. Estamos aqui a cumprir aquilo que foi a nossa palavra com os munícipes”. Vasco Estrela considerou ainda que “no futuro, acho que faz sentido em mais sete ou oito localidades do concelho, pensar, se não em todos mas em algumas zonas fazer uma coisa deste género”. As sete propostas foram aprovadas, concretamente para Aboboreira, Amêndoa, Cardigos, Carvoeiro, Envendos, Ortiga e Penhascoso. Os documentos irão ser discutidos e aprovados em sessão de Assembleia Municipal a realizar no mês de setembro. “Por área de reabilitação urbana, designa-se a área territorialmente delimitada que, em virtude da insuficiência, degradação ou obsolescência dos edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos de utilização coletiva e dos espaços

As críticas do PS

O vereador Nuno Barreta afirmou que o documento “peca por défice” porque “se isto é uma Carta Educativa deve começar nos zero anos e não desde o Jardim de Infância”. O vereador socialista disse depois ter “pena que o dinheiro dos meus impostos tenha servido para pagar a uma empresa que me apre-

//Escola sede do Agrupamento de Escolas de Mação senta um trabalho académico e que, se calhar, não conhece Mação”. Nuno Barreta criticou a linguagem utilizada pela empresa contratada para redigir a Carta Educativa e deu como exemplo o facto de se apontar a existência de Escolas Básicas se acesso de mobilidade reduzida, coisa que já não acontece no concelho de Mação. “Pagámos a uma empresa que fez o relatório por telefone ou online, alguma pesquisa na internet”, acusou o vereador. Vasco Marques explicou depois a Nuno Barreta que “relativamente

à questão das crianças até aos três anos”, os dados foram prestados pela Santa Casa da Misericórdia que é quem tem essa valência no concelho e que teve possibilidade de dar contributos para o documento, para incluir a faixa etária das creches. A Carta Educativa do concelho de Mação foi também discutida e aprovada por maioria em sessão de Assembleia Municipal. Contou com uma abstenção de uma deputada socialista. Patrícia Seixas

urbanos e verdes de utilização coletiva, designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez, segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de uma operação de reabilitação urbana aprovada em instrumento próprio ou em plano de pormenor de reabilitação urbana”, pode ler-se no Portal da Habitação. No final da mesma reunião do Executivo, de dia, 23 de junho, Vasco Estrela disse ainda que a Câmara vai homenagear os antigos presidentes da Autarquia desde 1929, colocando as suas fotos no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Como curiosidade, Vasco Estrela contou que “Mação teve um presidente da Câmara que era padre”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Julho 2021 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Novos dirigentes do Rotary, Interact e Rotarac assumem funções // A transmissão de tarefas é um dos atos mais simbólicos do mundo rotário. Porque finaliza uma equipa a sua liderança e passa o testemunho a outros “companheiros” que assumem esse compromisso. E fazer em dose tripla [Rotary, Interact e Rotarac] ganha ainda mais importância. Não fosse a pandemia e seria um dos eventos do ano. Como ainda há muitas limitações o Rotary Clube de Abrantes promoveu a cerimónia de transmissão de tarefas dividida entre o presencial e o online. No edifício Pirâmide em Abrantes estavam, com as devidas medidas de precaução, os dirigentes dos dois clubes, sendo que online estavam os restantes elementos. Beatriz Fontes, presidente cessante do Interact Clube de Abrantes, revelou, na despedida que: “se há coisa que estes tempos mais conturbados nos ensinaram foi a reinventar e a ultrapassar obstáculos. Podemos referir-nos a este último ano como algo novo, difícil mas ao mesmo tempo enriquecedor, pois sem ele definitivamente que nunca iríamos descobrir as capacidades de trabalho em equipa e de força que foram demonstradas por cada um dos membros do interact este ano”. Já Gonçalo Simões, presidente cessante do Rotarac Club de Abrantes destacou o facto de terem tido menos atividades, por causa das restrições da pandemia. Mesmo assim revelou que “conseguimos, mais no final do ano, fazer algumas atividades com as quais ficámos satisfeitos e que, cremos, foram úteis e importantes – como uma sessão de apresentação e partilha de cursos, dinamizada pela Associação de Estudantes do Liceu e da Associação Académica de Coimbra”. Já o presidente cessante do Rotary Clube de Abrantes, Joaquim Melo dos Santos, elencou as atividades desenvolvidas no seu mandato. Entre as várias ações a comemoração dos 40 anos do Club através da produção de um vídeo evocativo e também a realização de cerimónia formal de “aniversário no exterior da sede em que homenageamos os três companheiros fundadores, no activo, entregamos um diploma de reconhecimento ao companheiro Humberto Lopes, pelos seus 25 anos de associado, foi distinguido no âmbito da nossa contribuição anual para Rotary Internacional o companheiro Júlio Miguel com um Paul Harris com uma safira, foram ainda agraciados com diplomas de apreço a Pegop e a Câmara Municipal de Abrantes, dois parceiros de longa data”. Quanto aos novos dirigentes, Maria Estrada, presidente do Interact mostro vontade de “querer

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// Interact Club de Abrantes Conselho Diretor 2021-22: Maria Estrada (presidente) Beatriz Fontes (past presidente) Beatriz Fontes (vice presidente) Carolina Pires (secretário) Sofia Margarida (tesoureiro) Leonor Pires (diretor de protocolo) // Rotaract Club de Abrantes Conselho Director 2021-22: Constança Diogo (presidente) Gonçalo Simões (past presidente) Leonor Rodrigues (vice presidente) Joana ferreira (1 secretário) Tiago Coelho (2 secretário) Tiago Queirós (tesoureiro) Maria Francisca (diretor de protocolo); // Rotary Club de Abrantes Conselho Diretor 2021-22: Leal Marques Neto (presidente) Joaquim Melo dos Santos (past presidente) José Luis Silva (presidente eleito) Júlio Ferreira Miguel (vice presidente) António Belém Coelho (secretário) Paulo Lopes de Sousa (tesoureiro) José Guilherme Moura Neves (diretor de protocolo)

// A saudação rotária é um dos momentos altos das cerimónias do Clube

A criação do site do clube é um dos objetivos do novo presidente

inovar e queremos melhorar. Para que tudo isto aconteça, existe um grande caminho a percorrer, um caminho de grande esforço, entreajuda e dedicação. Queremos marcar a diferença, inovar e melhorar porque somos uma equipa unida, uma equipa com vontade de trabalhar sem nunca deixar de aprender”. Já Constança Diogo, nova presidente do Rotaract, disse estar a entrar num “período da minha vida em que procuro novas experiências, curiosamente surgiu a oportunidade de liderar o Rotaract. A decisão foi muito ponderada e o medo de voltar a falhar era grande. Mas se há algo que aprendi com a minha passagem pelo Interact é a de que errar faz parte, e que é precisamente a errar que se aprende”. No que diz respeito ao Rotary,

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

INSCRIÇÕES PARA BOLSAS DE ESTUDO PARA ENSINO SUPERIOR ABERTAS ATÉ 31 DE JULHO Após conclusão do ensino secundário, é sonho de muitos estudantes poderem dar continuidade aos seus estudos na busca de melhores qualificações. A Câmara Municipal de Abrantes, “enquanto autarquia familiarmente responsável, tem tido um importante papel na promoção de medidas de âmbito social com o intuito de melhorar o nível de vida da sua população”, faz saber o Município em nota de imprensa. As inscrições para as Bolsas de Estudo concelhias, para o ano letivo 2021/2022 decorrem até 31 de julho e devem ser feitas no link https://bolsas. rotaryclubdeabrantes.pt. Este apoio social é dirigido aos estudantes residentes no concelho de Abrantes que estejam a frequentar o ensino superior (início ou prosseguimento de estudos) e cujas famílias se encontrem em situação de dificuldades económicas. Recordamos que a atribuição

das Bolsas de Estudo resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Abrantes, o Rotary Club de Abrantes e a Fundação Rotária Portuguesa estabelecida em 2012. No ano letivo 2020/2021, foram atribuídas 66 bolsas de estudo, sendo que 42 foram apoiadas pelo Município de Abrantes. Desde 2012, através desta parceria, foram atribuídas mais de 400 Bolsas de Estudo que permitiram que jovens do concelho pudessem prosseguir os seus estudos. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, quer reforçar este apoio do Município, principalmente tendo em conta estes tempos de pandemia, “porque acreditamos na escola para todos e que todos têm de ter as mesmas oportunidades”. Qualquer dúvida esclarecimento poderá ser esclarecido através do email: bolsas@ rotaryclubdeabrantes.pt, ou no Serviço de Educação da Câmara Municipal de Abrantes.

Joaquim Melo dos Santos passou a pasta a Leal Marques Neto, curiosamente o seu afilhado. E no discurso de tomada de posse o novo presidente desenhou aquilo que pretende desenvolver no seu mandato destacando como novidade “a criação de uma rede de Alumni para os jovens, e menos jovens, que estiveram num, ou noutro momento das suas vidas, ligados ao clube, a criação do site do clube e aproveitando o desafio do Presidente de Rotary Internacional divulgar o movimento, com acções concretas, em aldeias rurais e/ou concelhos contíguos para que mais nos possam conhecer, nos ajudar e eventualmente juntarem-se a nós”. Naturalmente que o novo presidente deixou a indicação dos outros projetos do Rotary que vão continuar dentro dos objetivos do seu mandato: bolsas de estudo, apoios sociais, apoios à luta à erradicação da Polio e outras doenças. Por outro lado mantém o objetivo de continuar a formar jovens em Curso de Liderança e Suporte Básico de vida. E Leal Marques Neto concluiu a sua intervenção quase como começou: “Podemos estar prestes a chegar a Marte, mas juntos vamos conseguir, sem dúvida, encurtar a distância até ao nosso semelhante”. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Sardoal

Câmara aprova apoio de 73 mil euros para Centro de Cycling // Depois de não ter tido sucesso com a candidatura para a criação de um Centro de BTT, que incluiria a renovação da antiga escola de Cabeça das Mós, a Câmara Municipal de Sardoal avança agora com um Centro de Cycling. Uma candidatura que espera ver aprovada no programa Renovação de Aldeias, no âmbito do DLBC Rural, do Portugal 2020, cofinanciado pelo FEADER – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural. “Desde o primeiro momento, não baixámos os braços e tentámos logo encontrar uma alternativa que fosse viável e não fosse tão onerosa porque o projeto que tínhamos submetido era na ordem dos 250 mil euros”, explicou Pedro Rosa. O vereador com o pelouro do desporto quis encontrar rapidamente “uma solução que desse resposta à questão da promoção do nosso território, quer dos produtos endógenos, quer do património edificado e natural”. Disse ainda que “era mesmo nossa intenção, paralelamente com os percursos pedestres, colocarmos as bicicletas na ordem do dia”, lembrando que “o Sardoal sempre teve tradição no BTT” chegando mesmo a ter “um dos maiores encontros a nível nacional”, onde se juntaram mais de 800 participantes Agora, com a alteração das regras da Federação Portuguesa

de Ciclismo para a edificação de centros de BTT, “foram criadas algumas aberturas que permitiam a criação de percursos cicláveis para que fosse utilizada a sinalética que já está homologada”. No entanto, “a

ideia foi continuar a insistir neste centro de BTT” que deixou cair a denominação e é agora Projeto Cycling Portugal “com a chancela do Turismo de Portugal”. “A ideia foi criar um espaço que

pudesse ser polivalente e o nosso parque desportivo reunia essas condições”, afirmou Pedro Rosa, complementado com “a renovação da piscina descoberta em que passámos a ter balneários com outras condições e que já nos permite não gastar tanto dinheiro com esta aposta”. A ideia do Executivo “é que o Centro se fixe naquele espaço, que usufrua dos recursos que já estão recuperados”, pois em termos de investimento por parte do Município, “será apenas no trabalho de campo e nos percursos”. Pedro Rosa quer que este Centro seja “a porta de entrada para os percursos mas, paralelamente, iremos ter outras portas em outros locais, nomeadamente em Cabeça das Mós, no Centro de Férias do Codes”. O vereador considerou que com a criação do Centro de Cycling “não

estamos apenas a falar de desporto” pois também “é uma porta de entrada para o turismo”. A ideia não é apenas atrair praticantes de cycling ao Sardoal, “que fazem o seu treino durante a manhã e depois vão embora”. A intenção é então criar um produto turístico “que seja integrado e que permita que os praticantes se fixem por mais tempo no concelho e, para tal, também se estão a preparar rotas de percursos pedestres, “com recursos tecnológicos”. Criar condições para desporto acessível a todos no Parque Desportivo é o desejo de Pedro Rosa. Já o Centro de Cycling “irá ter percursos de BTT na vertente enduro e percursos na vertente estrada”. O apoio do Município, no valor de 73 mil euros, para a crianção do Centro de Cycling foi aprovado por unanimidade. Patrícia Seixas

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Julho 2021 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes Já foi mostrada a ideia para o multiusos de Abrantes // A Câmara de Abrantes aprovou em reunião do executivo municipal, no dia 30 de junho, o relatório final do júri do concurso de ideias para a reconversão do antigo Mercado Diário em pavilhão multiusos. O projeto escolhido, entre 53 propostas apresentadas, foi elaborado por José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano Arquitectos Lda e, de acordo com o concurso, vai avançar agora para o projeto de execução para além de receber o prémio monetário de dez mil euros. O presidente da Câmara de Abrantes apresentou os desenhos do que será o pavilhão multiusos de Abrantes com um piso térreo em espaço aberto destinado à realização de feiras, festas e espetáculos musicais. O primeiro piso deverá dar corpo a uma outra sala, ainda a definir no projeto de execução, face aquilo que são as necessidades de Abrantes nesta matéria. Referiu o autarca à Antena Livre que a cidade vai ter o cineteatro e um auditório no Museu de Arte Contemporânea, pelo que ainda não há uma “certeza” sobre a funcionalidade deste piso. A cave, será certo, deverá dar corpo a um bloco de garagens. Depois há ainda um espaço virado ao largo do Chafariz que será um parque exterior com árvores e um acesso pedonal a partir do parque da Tapada do Fontinha. O edifício terá elevadores para facilitar a mobilidade a partir do maior parque de estacionamento da cida-

de, com capacidade para mais de 300 automóveis. Embora não tenha sido referido no concurso de ideias o projeto final deverá enquadrar também aquele troço da Avenida 25 de Abril, entre o acesso ao parque da Tapada do Fontinha e o cruzamento de acesso ao largo 1.º de Maio. Manuel Jorge Valamatos disse ao Jornal de Abrantes que este é um projeto que faz falta em Abrantes que não tem um espaço coberto para eventos, sendo que será um local de atividades para os jovens, nomeadamente para a realização de eventos musicais. O autarca não adiantou ainda quais os prazos dos procedimentos, mas indicou que espera que seja nos “próximos meses”. O primeiro lugar deste concurso foi atribuído a José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano Arquitectos Lda que tem um prémio monetário de dez mil euros. O segundo prémio, de cinco mil euros, foi atribuído ao concorrente Pablo Pita Arquitectos e na terceira posição, com prémio de três mil euros, ficou a empresa Pinhal Arquitectura Lda + Francisco Crisóstomo. Foram 53 projetos apresentados ao concurso internacional para

// A ideia vencedora recebe 10 mil euros de prémio e vai executar o projeto da obra elaboração do projeto. O júri, composto pelo presidente da Câmara Municipal, pelo arquiteto convidado pela Câmara Municipal, Victor Mestre e pelo arquiteto Luís Pedro Pinto, indicado pela secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitetos, entidade tecnicamente parceira da Câmara neste processo, congratulou a qualidade e diversidade das soluções apresentadas. De acordo com o regulamento a ideia vencedora vai agora ter um contrato por ajuste direto para elaboração do projeto final de execução da obra. Manuel Jorge Valamatos garantiu em reunião do executivo municipal de Abrantes que assim que tenha o documento técnico concluído o vai levar à As-

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Oposição e “Amigos do Mercado” defendem mercado original Os “Amigos do Mercado”, PSD, BE, ALTERNATIVAcom e CDU defendem o regresso do mercado de Abrantes ao antigo edifício, de onde saiu em 2010, depois deste ter sido encerrado pela ASAE. O PS defende o processo que está em curso com a adjudicação da elaboração do projeto de reconversão do antigo edifício do mercado em pavilhão multiusos de Abrantes. O porta-voz José Rafael Nascimento, explicou que o movimento é apartidário e quer apenas que a Câmara Municipal altere as decisões que tem tomado e que promova a requalificação do antigo edifício. Os “Amigos do Mercado” defendem: “a preservação integral do edifício do antigo Mercado e a rejeição absoluta da sua demolição (mesmo mantendo as fachadas); o regresso do mercado diário

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

sembleia Municipal, como prometido na sessão em que apresentou o concurso de ideias. O procedimento teve votos favoráveis do PS e do PSD enquanto o vereador do BE, Armindo Silveira, saudou o trabalho técnico dos concorrentes e dos serviços da autarquia, mas votou contra com os argumentos que foi apresentando ao longo do processo. Primeiro porque não está incluído no projeto o regresso dos vendedores aquele espaço e depois porque não há garantia da salvaguarda das fachadas de demolição, como está definido no Plano de Urbanização de Abrantes, mesmo “que de forma acidental”. Já sobre o mercado diário atual o presidente da Câmara de Abrantes disse que vão ser feitos alguns

ajustes e correções de problemas que foram sendo detetados para além de um conjunto de iniciativas que têm como objetivo dinamizar o espaço que precisa de vendedores e de clientes. Há, no entanto, uma outra alteração que tem a ver com o espaço Welcome Center, situado no edifício do mercado, no piso térreo no Largo 1.º de Maio. Com a abertura do Panteão dos Almeida e, daqui a umas semanas, do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, criam-se duas portas para os turistas. Pelo que o Welcome Center passará a ser uma loja de produtos regionais, numa parceria com a Tagus, que tem as ligações aos produtos típicos do concelho de Abrantes.

ao seu berço histórico, depois de requalificado com valências que gerem sinergias com o Mercado; e a dinamização do Mercado Municipal de Abrantes, como polo comercial, cultural e social da Cidade, em particular do seu centro histórico”. PS e CDU declinaram o convite para estar presentes na sessão. A CDU defende “defende que o antigo mercado seja reabilitado, volte a ter as funções para que foi criado” enquanto que o PS está ao lado das decisões e projetos já apresentados pela Câmara Municipal. Vítor Moura, candidato do PSD, é favorável ao regresso do mercado ao seu local original. O candidato criticou o despesismo do Município de Abrantes, mesmo que com dinheiros de fundos comunitários, em projetos que são “construídos em cima de uma muralha histórica”. Vítor Moura diz que não concorda com a solução apresentada pelo Município, mas deixa a nota, não basta pensar em voltar a colocar ali só vendedores, porque as realidades mudaram muito. O candidato do ALTERNATIVAcom à Câmara de Abrantes, Vasco

Damas, vincou que edifício do antigo mercado coberto não deve ser demolido, mesmo mantendo as fachadas, que o mercado diário deve regressar ao seu edifício original, depois de renovado e requalificado. E refere que o “Mercado Municipal de Abrantes deve ser competentemente dinamizado, com base numa estratégia eficaz de design, comunicação e marketing”. Vasco Damas disse ainda que lamenta a “posição autocrática, obsessiva e obstinada do executivo municipal do Partido Socialista”. Armindo Silveira, candidato do BE à Câmara de Abrantes, começou resumir a história deste processo, desde o Plano de Urbanização onde estava prevista a demolição do edifício aos passos dados em na Câmara e Assembleia Municipal. O candidato do BE referiu a posição do BE: “proceder à revisão do PUA para retirar a norma que estipula a demolição do edifício; iniciar o processo de classificação de imóvel como de interesse municipal; e preparar o regresso do mercado diário ao edifício original.

Jerónimo Belo Jorge

Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Sardoal

Piscina requalificada pronta para abrir portas // Foi uma cerimónia simples, em tempos de pandemia, mas que representa muito para a vila e o concelho de Sardoal que tem, novamente, a piscina de ar livre a funcionar. A abertura da piscina municipal acontece depois de uma intervenção para requalificação de um equipamento público com cerca de 30 anos e que, para além da requalificação do espaço público, necessitava de uma ampla intervenção nos sistemas de água. Havia muita perda de água era preciso resolver essa questão garantido uma maior sustentabilidade ambiental. E, de acordo com Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, quando se começou a mexer nas tubagens e canalizações começaram a surgir problemas que não estavam alocados à empreitada. “Só quando começamos a desenterrar o que está ‘escondido’ é que percebemos que a intervenção teria de ser mais abrangente”, explicou o presidente da Câmara que garante que o espaço cumpre agora com todas as exigências necessárias. E, acrescentou, que é um espaço que faz muita falta ao Sardoal para fruição dos tempos livres, embora tenha salientado a necessidade imperiosa de todos termos de assumir

as responsabilidades pelo cumprimento das normas de mitigação da pandemia. A inauguração das obras de requalificação da piscina municipal contou com a presença do secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, na quinta-feira, dia 1 de julho. O governante chegou ao edifício dos Paços do Concelho, onde aconteceu a receção e onde Miguel Borges destacou o investimento de 411 mil euros na obra, que contou com a comparticipação de 180 mil euros do programa de Beneficiação de Espaços Municipais. Este foi um programa que teve um prazo muito curto para apresentação de candidaturas. E a de Sardoal, cujo projeto estava feito, foi apresentada e ficou em terceiro lugar, dando luar ao financiamento. Este facto levou o secretário de Estado a referir que os bons projetos são sempre financiados. Miguel Borges aproveitou a presença do secretário de Estado que tem a pasta da descentralização

//A piscina abre portas com metade da capacidade máxima da lotação para dizer que o seu Município aceitou todas as competências, mesmo das praias e portos que não tem [com risos] porque entende que um euro gasto pelo poder local tem mais amplitude de resultados do que vindo diretamente do poder central. Sobre o facto de Sardoal ser concelho do interior, o autarca referiu o que vem dizendo que é um interior que fica a uma hora da praia ou a pouco mais de uma hora do aeroporto. E ressalvou que a distância medida em tempo é a que mais

conta nos nossos dias, frisando que este interior tem equipamentos, oferta e “tempo para podermos usufruir deles”. Jorge Botelho, que foi presidente da Câmara Municipal de Tavira, na resposta à descentralização disse que é a hora de os autarcas poderem mostrar que esse investimento tem muito mais resultados. E explicou, ao dizer que no imediato pode não ser assim, mas a médio e longo prazo é isso que vai acontecer. Porque a proximidade dos problemas permite a intervenção rápida nos

mesmos ao invés do poder central que é muito mais pesado. E referiu que não fala por falar, porque disse ter feito este exercício prático nos dez anos em que foi presidente de Câmara, em Tavira. Depois referiu-se ao interior, destacando que hoje há muito mais facilidade de captar pessoas e empresas porque o trabalho que os autarcas foram desenvolvendo foi criando essas condições. E indicou, por exemplo, a oportunidade do turismo e apontou à Rota da Estrada Nacional 2, que disse querer fazer ainda este verão. A reabilitação da Piscina Municipal decorreu no âmbito de uma candidatura ao programa BEM lançado pelo Governo em junho de 2018, destinado à valorização de infraestruturas e equipamentos dos municípios do interior, tendo tido um investimento total de 411 mil euros, com um financiamento de 180 mil euros. De referir que a Piscina Municipal de Sardoal tem todas as condições de segurança para os utilizadores incluindo um posto médico onde os dois nadadores-salvadores têm até um desfibrilhador, equipamento que esperam nunca utilizar. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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Julho 2021 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Constância

10 de junho celebra um Camões “eternamente jovem” // Sob um sol escaldante, voltou a ser celebrado o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Constância. Sem Pomonas Camonianas, foi junto ao monumento ao poeta maior que se sucederam as homenagens. A abertura da cerimónia que homenageia o poeta maior em Constância coube a Olga Antunes, diretora do Agrupamento de Escolas de Constância, que falou “da satisfação de podermos estar aqui com medidas de segurança um pouco mais suaves do que no ano anterior”. No entanto, deixou presente o sentimento de “saudade e tristeza” por mais uma vez ver interrompida uma atividade com mais de duas décadas, como seriam as XXV Pomonas Camonianas. “Porém, é com grandes imprevistos que todos nós crescemos”, adiantou Olga Antunes. O presidente da Casa-Memória de Camões, António Matias Coelho, falou das celebrações, de passado e de presente. Lembrou que neste 10 de junho, também se celebraram os 40 anos da inauguração do monumento a Camões. Na altura, em 1981, a cerimónia foi presidida pelo Presidente da República, Ramalho

// A habitual deposição de flores no monumento a Camões que celebrou 40 anos Eanes. Referindo-se ao monumento ao poeta, António Matias Coelho disse ser com “espanto que quando algumas pessoas visitam o monumento a Camões pela primeira vez, não o verem de pala no olho”. Explicou o historiador que “se Camões esteve em Constância, como povo diz que

//Novo monumento aos Combatentes do concelho, no Largo Cabral Moncada

esteve, terá sido em 1546/47, ou seja, quando tinha 22 ou 23 anos, antes de partir para o norte de África. Portanto, antes de perder o olho que o obrigou depois a usar a pala e a ter a imagem que todos conhecemos”. “O nosso Camões, o Camões de Constância, é este Camões jovem

Localização de totem desagrada mas não vai criar problema institucional // A colocação de um totem a dar conta do início do território do concelho de Vila Nova da Barquinha junto ao Centro Náutico de Constância, provocou “choque” e “desagrado” à vereadora da CDU, Júlia Amorim. Sérgio Oliveira diz que não vai criar problemas institucionais com o concelho vizinho. Em reunião do Executivo Municipal de Constância, a vereadora da CDU, Júlia Amorim, deu conta do “facto de um dos pórticos, que há muitos anos foram colocados todos iguais nos municípios do Parque Almourol – Constância, Chamusca e Vila Nova da Barquinha – para uniformizar os concelhos de intervenção do Parque, e que agora deixaram de ter utilidade, começaram a ser utilizados, e bem, por diferentes municípios”. A vereadora quis, no entanto, “manifestar algum desagrado” e disse mesmo não gostar “e acho que é uma deselegância institucional muito grande que seja colocado um «Bem-vindo à Barquinha» à entrada no nosso Centro Náutico”. Júlia Amorim reconheceu que

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o Centro Náutico de Constância “está em território da Barquinha” mas o pórtico “está no acesso ao Centro Náutico”. Para a vereadora comunista “não faz sentido”, mas ainda acrescentou que “até entendia se fosse colocado do lado direito” da estrada. Assim, onde está, “choca-me um bocado e até tenho dúvidas se aquele terreno não é do nosso Município”. Sérgio Oliveira respondeu a Júlia Amorim, confirmou que já tinha “reparado naquilo” e até já falou com o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire. “Eu percebo a questão da senhora vereadora. Está ali o Centro Náutico de Constância e tem um totem a dizer «Barquinha saúda-

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

//Totem de boas-vindas está instalado no acesso ao Centro Náutico de Constância

que aqui ficará connosco e será eternamente jovem”, concluiu o presidente da Associação Casa-Memória de Camões. Uma das ausências mais notadas neste dia foi a do presidente da Câmara Municipal de Constância. Na véspera, Sérgio Oliveira foi informado da existência de um acaso

-vos» mas, efetivamente, aquilo está em território do concelho de Vila Nova da Barquinha”, começou por dizer. O presidente explicou ainda que “Vila Nova da Barquinha vai dar início, no próximo mês, à construção dos passeios panorâmicos que vêm do Castelo de Almourol até ao Centro Náutico. Terminam, portanto, no nosso concelho”. No entanto, Sérgio Oliveira afirmou que “não estou para criar nenhum problema institucional com a Barquinha por causa de um totem” até porque, como explicou, “cada vez mais, as coisa têm que ser pensadas enquanto região e não concelhozinho a concelhozinho”. Explicou ainda o autarca que “aqueles tótemes faziam parte do Parque Almourol e quando houve a distribuição dos ativos do Parque, existe uma relação em que ficou estipulado o que é que ficava para cada um dos municípios. Muito provavelmente, e como está no concelho da Barquinha, aquele totem ficou afeto à Barquinha tal como o Centro Náutico, também afeto ao Parque Almourol, ficou para Constância”.

positivo de Covid-19 na creche que a filha frequenta e, por precaução, ficou a cumprir quarentena. No entanto, fez-se representar pelo vice-presidente da Autarquia e foi Jorge Pereira quem leu as palavras deixadas pelo autarca que revelou “profunda tristeza” por não poder estar presente. Mais uma vez com a lembrança das Pomonas Camoninas, Jorge Pereira lembrou o evento que evoca Luíz Vaz de Camões mas não esqueceu que está ainda por inaugurar a Casa-Memória. “Esta é uma matéria que nos deve mobilizar a todos pois não temos dúvidas em afirmar que no dia em que a Casa-Memória abra ao público, a nossa vila sofrerá uma transformação assinalável naquilo que será o afluxo de turistas e com isto será injetada uma nova dinâmica na nossa economia local”, afirmou Jorge Pereira. A cerimónia terminou com a atuação de alunos do Agrupamento de Escolas de Constância ao que se seguiu, no Largo Cabral Moncada, a inauguração do Monumento aos Combatentes do Concelho de Constância, uma iniciativa do Núcleo da Liga dos Combatentes de Santa Margarida e da Câmara Municipal de Constância. Esta cerimónia esteve anteriormente marcada para o dia 25 de abril mas não se concretizou devido ao mau tempo. Patrícia Seixas

Sérgio Oliveira complementou a informação ao dizer que “a Sociedade Parque Almourol ainda não está dissolvida e encerrada devido a uma questão que falta resolver na Chamusca, relativamente a um terreno”. Relembrar que o Centro Náutico de Constância começou a ser construído em 2004, no mandato da CDU em Constância, liderado na altura pelo presidente da Câmara António Mendes, sendo Júlia Amorim vereadora da maioria comunista. Apesar da aposta náutica pertencer à Câmara de Constância, o edifício e a zona envolvente encontram-se já no vizinho concelho de Vila Nova da Barquinha, município que construiu depois um segundo centro náutico no seu território, mas este na margem direita do Tejo. O Centro Náutico de Constância era um equipamento que iria funcionar em articulação com o centro náutico de Vila Nova da Barquinha e o centro de formação out-door da Chamusca. Estes e outros equipamentos faziam parte do Parque do Almourol, um projeto intermunicipal que abrangia os três concelhos. Patrícia Seixas


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REGIÃO / Vila de Rei

Estratégia Local de Habitação aprovada // A Câmara Municipal de Vila de Rei avançou com a execução do documento ‘Estratégia Local de Habitação do Município de Vila de Rei’, aprovado por unanimidade na reunião ordinária do Executivo Municipal a 18 de junho, com vista a uma futura candidatura ao Programa 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação.

// Ricardo Aires e João Coroado querem salvaguardar as conheiras de Vila de Rei

o Jornal de Abrantes teve acesso a implementação desta estratégia aponta para reabilitação de edifícios e de aquisição com reabilitação, com custo total de 4.780.758 de euros, sendo sobre este valor, que o Município vai apresentar a respetiva candidatura ao Programa 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação. Será depois realizado um trabalho conjunto entre o Município, proprietários e investidores para aplicação deste Programa. Ricardo Aires, presidente da autarquia Vilarregense, reforçou que “com a definição da ‘Estratégia Local de Habitação’, o Município de Vila de Rei procura estar um passo à frente na resolução de problemas habitacionais no Concelho, com vista ao seu desenvolvimento social, de forma a conseguirmos ter um maior número de habitações prontas a receber mais pessoas e a fixar população. Com o aumento do número de empresas e a criação de postos de trabalho no nosso Concelho, torna-se fulcral avançar com uma estratégia coordenada e estruturada para conseguirmos fornecer habitação digna aos nossos habitantes.”

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O documento aprovado faz um retrato exaustivo e atual do estado habitacional do concelho de Vila de Rei e aponta orientações para as políticas públicas de habitação nos próximos anos. Aliás, o documento vai “desenhar” a atuação de entidades públicas e privadas. A ‘Estratégia Local de Habitação de Vila de Rei’ realiza assim um diagnóstico atualizado das situações de carência habitacional, quantitativa e qualitativa, do mercado de habitação; análise dos pontos fortes, fracos e oportunidades do panorama habitacional do concelho; grau de prioridade das soluções habitacionais a implementar; estimativa financeira e enquadramento de potenciais fontes de financiamento; desenho de um plano de ação em função dos objetivos e recursos disponíveis. Tendo como ponto de partida o diagnóstico realizado em todas as localidades, as prioridades de intervenção passam pela reabilitação de fogos passíveis de recuperação por parte dos proprietários, pela aquisição e reabilitação de edifícios degradados, promovendo o mercado de arrendamento do concelho, pela construção, por parte do Município, de habitações para futuro arrendamento e/ou venda, de assegurar a oferta de habitação a preços acessíveis, considerando os rendimentos médios e de mobilizar os proprietários de fogos vagos e devolutos para negociar a reabilitação e prática de rendas reduzidas. Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, espera que o documento permita, nos próximos anos, a abertura de portas de financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência. De acordo com o estudo, a que

Jerónimo Belo Jorge

Câmara quer classificar “Conheiras” como monumento nacional // A Câmara de Vila de Rei quer a atribuição do estatuto de "Conjunto de Interesse Nacional ou Público" às conheiras existentes no concelho, tendo formalizado um protocolo com o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) para suporte técnico especializado. O município adiantou que o protocolo de cooperação, assinado a 21 de junho, com o IPT "pretende criar condições para inserir as conheiras" - minas de exploração de ouro a céu aberto - "num Plano Especial de Ordenamento do Território com vista à classificação de Conjunto de Interesse Nacional ou Público" naquele município do distrito de Castelo Branco. As conheiras são "visíveis nas margens da ribeira do Codes e do rio Zêzere, constituindo amontoados de enormes conhos" (seixos) resultantes da exploração do ouro por aluvião, presumivelmente na época romana e anteriores, tendo Vila de Rei um conjunto de 52 conheiras identificadas no seu território. Segundo o protocolo assinado, o IPT vai agora "preparar um relatório detalhado das atividades

já desenvolvidas a nível do levantamento arqueológico, ambiental e geológico das conheiras" de Vila de Rei, para que a autarquia possa elaborar um dossier de candidatura à sua classificação como "Conjunto de Interesse Nacional ou Público" junto da Direção Regional da Cultura do Centro. O protocolo prevê ainda um quadro de cooperação institucional entre as duas entidades, como a possibilidade do IPT ministrar ciclos de estudos e ações de formação no concelho de Vila de Rei, divulgação da oferta de formação de Técnicos Superiores Profissionais (de Licenciatura e Mestrado) junto da comunidade escolar ou a cedência mútua de espaços para a realização de atividades de ensino e formação a desenvolver em Vila de Rei ou nas instalações do IPT, em Tomar e Abrantes, no distrito de Santarém.

Numa segunda fase, a autarquia pretende construir um Centro de Interpretação, que promova o estudo mais aprofundado das 52 conheiras atualmente identificadas e que possibilite a valorização e promoção turística. "A introdução das conheiras num Plano Especial de Ordenamento do Território é um passo essencial para que consigamos garantir a devida preservação e conservação destas realidades arqueológicas", afirma o presidente da Câmara de Vila de Rei, Ricardo Aires, citado no comunicado. Os vestígios da exploração de ouro em Vila de Rei ocupam toda a zona centro e sul do concelho, numa área de cerca de metade de um total de 194 quilómetros quadrados que constituem aquele município do distrito de Castelo Branco.

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021


ESPECIAL / Vila Nova da Barquinha - 850 anos Castelo de Almourol

Câmara e Exército celebram protocolo com vista à construção dos Trilhos Panorâmicos

// CASTELO DE ALMOUROL

//Foto: Pérsio Basso / CMVNB

É um Castelo de Sonho. Fortaleza reconstruida por Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, em 1171, é o Ex-libris do Concelho de Vila Nova da Barquinha. À época da Reconquista integrava a chamada Linha do Tejo, constituindo um dos exemplos mais representativos da arquitetura militar da época, evocando simultaneamente os primórdios do reino de Portugal e a Ordem dos Templários, associação que lhe reforça a aura de mistério e romantismo. Cercado pelas águas do rio Tejo, destaca-se num maciço granítico de uma ilhota do Tejo, entre Vila Nova da Barquinha e a freguesia da Praia do Ribatejo. A singular localização do Castelo torna-o um dos mais bonitos monumentos do país, tendo sido considerado Monumento Nacional em 1910. Em 2007, foi um dos 21 finalistas da eleição das 7 Maravilhas de Portugal. Em novembro de 2013 foi eleito “Estrela do Médio Tejo”, na categoria de Património Histórico Edificado, iniciativa da NERSANT - Associação Empresarial da Região de Santarém, organizada com o objetivo de distinguir as maravilhas que existem na região. O monumento foi alvo de obras de beneficiação nas muralhas e interiores em 2014, obra financiada por fundos comunitários, através de candidatura do Município. No ano seguinte foi alvo de nova intervenção, desta vez para instalação do projeto de musealização. Em 2018, a autarquia volta a fazer melhoramentos, através da operação “Valorização do Castelo de Almourol”, que se traduziu na melhoria das condições de acesso do público ao castelo e na intervenção de requalificação do coberto vegetal da Ilha do Almourol, da requalificação da margem direita e na colocação de um palco para espetáculos dentro do castelo. No final desse ano foi inaugurado aquele que é o equipamento complementar ao Castelo, o Centro de Interpretação Templário de Almourol, em Vila Nova da Barquinha, com objetivo alcançar os 100.000 visitantes ano. Em 2021 está prestes a tornar-se no principal postal do novo Trilho Panorâmico do Tejo, percurso com 11,5 quilómetros junto ao Tejo, entre Constância e Vila Nova da Barquinha, que deverá abrir no final do ano.

//Foto: Pérsio Basso / CMVNB

Já falta pouco para que os Trilhos do Tejo venham a ser uma realidade. A Câmara de Vila Nova da Barquinha e o Exército Português, nomeadamente o Regimento de Engenharia n.º 1, assinaram a 14 de junho, o aditamento ao protocolo de colaboração celebrado em 2008. O Município passou a ser o administrador do Castelo de Almourol e dos respetivos acessos e agora, com esta alteração, passa a ter permissão para utilização e implementação nos terrenos da Engenharia dos Trilhos Panorâmicos.

“Ter presente a história é essencial para melhor compreendermos a vida”

Numa cerimónia que teve lugar dentro das muralhas de Almourol e que se iniciou com música medieval na guitarra do artista barquinhense Fernando Espanhol, Fernando Freire classificou esta segunda-feira como “um dia de alegria” e disse estarmos “perante um castelo ímpar em Portugal”. No seu discurso, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha fez um resumo da história do Castelo de Almourol até à

são oásis de libertação e de esquecimento. Empoleirado no terraço desta fortaleza lírica que os Templários ergueram no meio do Tejo – em Almourol - debruçado sobre o abismo a deixar o rio deslizar brandamente na retina, quero lá saber se a política vai bem ou mal, se a literatura anda ou desanda, se a nau coletiva singra ou soçobra! Extasio-me, apenas. Ou melhor: numa espécie de petrificação emotiva, acabo por fazer corpo com as muralhas, e ser o próprio baluarte erguido na pequena ilha, inexpugnável a todas as agressões do real.” atualidade e lembrou as obras de requalificação do monumento que celebra agora 850 anos e sobre o qual o Município vai publicar um livro. Quanto ao protocolo agora assinado, este “regula as intervenções no âmbito do desenvolvimento do «Projeto de Musealização do castelo de Almourol» e dos projetos de conservação do castelo e outros investimentos de valorização do mesmo e da ilha, bem como o projeto “Trilhos panorâmicos do Tejo, Rotas e percursos no Médio Tejo”

que terão uma largura até 2,5m e que permitirá o acesso a peões e a bicicletas, que o Município viu aprovado no âmbito do Programa Portugal 2020 e que ligará o Parque Ribeirinho ao Centro Náutico de Constância”. “Ter presente a história é essencial para melhor compreendermos a vida”, afirmou Fernando Freire que terminou citando Miguel Torga: “O que me vai valendo nesta penitenciária pátria é nunca perder de vista alguns recantos que nela

“Está materializada a oportunidade de desenvolver um espaço envolvente ao castelo”

O comandante do Regimento de Engenharia N.º1, Raul Gomes, disse ser “naturalmente para mim, enquanto comandante do Regimento de Engenharia N.º1, um prazer e uma honra muito grande estar a representar o Exército Português neste ato formal que, na minha opinião, materializa o conceito de proximidade do Exército”. Isto porque, segundo afirmou, “o Exér-

cito Português tem uma disposição territorial que lhe permite estar junto daqueles que serve, os portugueses”. A assinatura do Protocolo é “um desses casos”. O comandante Raul Gomes explicou ainda que “umas das missões principais do Exército Português é apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das populações onde está implantado”. Falando do castelo, Raul Gomes descreveu Almourol como “um monumento único a nível nacional” e afeto ao Ministério da Defesa e à responsabilidade do Regimento de Engenharia N.º1 “porque também constitui o símbolo da Engenharia Militar Portuguesa”. Para o desenvolvimento deste conceito e da área circundante do castelo, “o Exército aceitou aceitar este protocolo porque entendemos que aqui está materializada a oportunidade de desenvolver um espaço envolvente ao castelo, criando novas áreas que poderão ser utilizadas para bem-estar da população mas também permitir pontos de observação que não tinham sobre a beleza deste castelo”. Patrícia Seixas

Julho 2021 / JORNAL DE ABRANTES

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ESPECIAL / Vila Nova da Barquinha - 850 anos Castelo de Almourol Disse recentemente que Vila Nova da Barquinha está a colher o que semeou. Continua convicto disso?

um caso que vamos ter que pensar em termos de regeneração urbana. Tem características de uma aldeia antiga, com muitos prédios degradados e onde fará todo o sentido fazermos uma regeneração urbana. Voltando ao loteamento, de facto, ele fica fora de mão e os preços não são dos mais baratos. Mas já há um privado interessado em adquirir os lotes do chamado Loteamento das Piscinas.

Eu acho que essa é uma filosofia correta, atual e real pois é o que está a acontecer, de facto.

E que está o concelho da Barquinha a colher?

Muito investimento, nomeadamente no âmbito privado e na Zona Industrial. Quanto mais tivesse, mais vendia. Também uma grande dinâmica de regeneração urbana e de construção. De tal maneira que já há quem venha do norte a querer construir aqui. Vão ser criados muitos postos de trabalho e há muita procura e pouca resposta no nosso concelho em termos de habitação.

A ampliação da Zona Industrial é uma necessidade premente neste momento perante a elevada procura de terrenos. São só a centralidade e as acessibilidades que tornam o concelho tão atrativo ao investimento?

É evidente que isto não nasce do nada, é resultado de uma estratégia que teve início em 2018 com a aprovação do regulamento de incentivos às empresas. O Barquinha + Investimento permitiu facilitar os acessos, quer aos serviços administrativos da Câmara Municipal, quer ao departamento de Urbanismo – todos os projetos entram com prioridade verde, ou seja, tratamento privilegiado – e também com isenções significativas, quer no âmbito da Derrama, do IMI, IMT e taxas urbanísticas. Esta é a cereja no topo do bolo mas também não tenho dúvidas que a localização tem sido determinante para esta escolha. E quando questiono os empresários acerca da escolha por vila Nova da Barquinha, percebo que tem muito a ver com o Parque Industrial onde nunca deixámos que fosse implementada qualquer empresa poluente. Também há que referir a grande abertura que houve de fundos comunitários para as zonas de baixa densidade. Apesar de estarmos a dois quilómetros de uma zona de alta densidade como é o Entroncamento, Vila Nova da Barquinha é de baixa densidade e conta com vários incentivos.

Quer isto dizer que o Município não necessita de procurar investimento privado...

Sem dúvida. Todas as semanas tenho recebido pessoas à procura da Barquinha e todos começam por dar os parabéns porque, como dizem a vila está um espetáculo. Gostam da apresentação da vila, da conservação e restauro que está a ser feito e sentem-se bem aqui. E dizem mais, querem logo procurar casa por aqui. È isto que está a acontecer e tem muito a ver com a nossa qualidade de vida, com toda a envolvente do nosso território.

Há investidores estrangeiros, nomeadamente ingleses, israelitas, canadianos e franceses que

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Já foi homologada a Estratégia Local de Habitação (ELH) do concelho. Vai ser possível criar habitação condigna para todos?

“Todas as semanas tenho recebido pessoas à procura da Barquinha” // O concelho de Vila Nova da Barquinha tem assistido a uma procura que deixa até admirado quem gere os destinos do Município. O presidente da Câmara Municipal, Fernando Freire, falounos do aumento na zona industrial, da falta de habitação na vila que já se começa a sentir e também dos empresários que semanalmente procuram instalar-se no concelho. Texto: Patrícia Seixas Foto: Pérsio Basso

têm procurado a autarquia para apostar em novas unidades fabris na zona industrial. Qual o ramo de negócio destes investidores?

É muito diverso. Desde embalamento de produtos alimentares na Vivifoods, produtos de limpeza e químicos na Gonfersol, limpeza hospitalar na Oceanfolio, recuperação de material ligado aos bombeiros na Camião Antunes, sistemas de segurança na Wissi, a Vegigreen que também é de embalamento para supermercados e o Espaço Mecânico que tem a ver com material de construção. Quanto aos novos investimentos no Centro de Negócios, temos a Nuvens Vivazes na área do mobiliário, a Folium Proprium no âmbito do cannabis, a CR Nuts com capitais da Guiné, a VR1883 Group que é israelita e na área farmacêutica, a JJM Esperança e a Metric Argument na área da robótica e da metalomecânica e a Celestial Molecule e Mandara também na cannabis medicinal.

O presidente mostrou-se preocupado com a falta de mão-de-obra qualificada e não qualificada. Poderá ser um problema?

Cada vez mais temos que ter uma visão abrangente. Em torno da Zona Industrial de Vila Nova da Barquinha há várias cidades. Temos o Entroncamento, Torres Novas, Tomar ali ao lado, a sete quilómetros. Abrantes um bocadinho mais longe mas perto. Há pessoas de

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

Castelo Branco a trabalhar na zona industrial que vão e vêm todos os dias. Não tenho qualquer dúvida que boa parte da mão-de-obra terá que vir de fora. Mas, de facto, uma preocupação que tenho com tantos postos de trabalho é a questão da habitação, quer em termos de arrendamento quer de construção nova. Tenho a noção que vai haver grande deslocalização de pessoas para cá. Mas ninguém estava à espera disto, nem eu.

Mas não foi para isto que trabalhou?

É evidente que trabalhei e tenho noção do trabalho e foi tudo preparado para fazer acontecer... mas há quem também trabalhe e não aconteça. Pensei que numa fase de retração da própria economia não houvesse este boom. Sabíamos que o que fazíamos ia ter resultados, apostámos em criar condições para as pessoas gostarem de cá estar mas se me tivessem dito há dois anos que ia ser assim, eu não acreditava.

Tem noção do encaixe financeiro que representa para o Município?

Não consigo ter valores mas sei que estamos a crescer em termos de receitas municipais e a fazer devolução aos munícipes. Devolvemos 0,5% de IRS todos os anos e temos uma taxa de IMI de 0,32%. Esse é um princípio que tenho, a estabilidade dos impostos para as pessoas saberem com o que podem contar.

E número de postos de trabalho?

Atualmente, na Zona Industrial há sete empresas que garantem 267 postos de trabalho. Há a previsão de, no próximo no, serem 309 postos de trabalho. Se entrar nestas contas a Olifantes & Nature, ou seja, o projeto do BioPark, ficamos com cerca de 500 postos de trabalho. E não estamos a contabilizar com o CAIS onde há, efetivos, 20 postos de trabalho diretos e 35 indiretos. Atualmente conta com sete empresas em instalação física, quatro em coworking e duas em instalação virtual. No espaço empresarial Silex também há mais empresas em regime de coworking e instalação física.São dados muito significativos perante o cenário de pandemia que vivemos. É quase em contra-ciclo.

Foram nove os lotes de terreno que a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha ia tentar vender em hasta pública. Em 2019, a autarquia já tinha tentado vender os terrenos, mas na altura não surgiram interessados. Como correu agora? Voltou a ficar deserto.

Não é contraditório com restante a dinâmica?

Não, não é. Tem tudo a ver com a localização e com a centralidade e isso é interessante. Repare, a Atalaia, de repente, tem um crescimento exponencial. O mesmo não se passa na Moita do Norte e esse é

Não, isso é utopia. A ELH é direcionada para famílias carenciadas e famílias de baixo rendimento ao programa 1.º direito. E as Câmaras Municipais têm que fazer o seu papel e acelerar o processo porque 2026 é já ali. Tem que haver projetos feitos, materiais e, principalmente, pessoas. Não sei se Portugal vai ter capacidade para executar isto tudo. Não podemos esquecer que durante a pandemia houve muitas empresas, principalmente na construção, que se extinguiram. A crise foi muito grande.

Foi aprovada uma candidatura a fundos comunitários para requalificar o antigo Mercado Municipal da vila, transformando-o num Mercado da Cultura. O projeto tem como objetivo criar uma maior dinâmica no concelho em torno da cultura e dos artistas. O que é que a Autarquia pretende fazer daquele espaço?

Temos falta de espaço para os artistas. Eles querem implementar-se e não há onde. Esta é a realidade. O Mercado da Cultura é um acrescentar ao processo cultural que existe, muito da dinâmica do Centro de Estudos de Arte Contemporânea, onde temos os artistas na formação. Ali será mais para “mãos na massa”, com workshops e mais dedicado a artesãos. A nossa candidatura vai nesse sentido.

Não podemos fechar esta entrevista sem saber como está o ponto de situação do mega projeto anunciado para o concelho. O Bark – Biopark Barquinha...

Estando eu autarca, à administração pública cabe facilitar, dentro do princípio da legalidade todos os atos que venham a ser executados. Ao privado cabe o investimento e o risco. Da parte da Câmara Municipal temos tudo tratado, os 37 hectares estão reservados. Podíamos alocar esses terrenos à zona industrial e não o fizemos porque o projeto tem sustentabilidade e tem grandes hipóteses de se concretizar. No entanto, não nos podemos esquecer que os grandes parques temáticos do mundo só agora estão a começar a abrir portas para evitar os ajuntamentos. Eu percebo as expetativas, não só do empresário mas também de quem vai financiar. Mas o empresário está com a vontade de ir para diante.


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ESPECIAL / Vila Nova da Barquinha - 850 anos Castelo de Almourol

Trilho panorâmico do Tejo em 2021 É uma velha ambição do Município de Vila Nova da Barquinha e em breve deverá ser um dos principais produtos turísticos do concelho. Passadiços, corrimões, miradouros e áreas de lazer fazem parte de um percurso com uma extensão de cerca de 11,5 quilómetros à beira Tejo, entre a foz do rio Zêzere, em Constância, e Vila Nova da Barquinha, que permitirá aos visitantes um contacto único com a natureza e a enorme beleza da paisagem ribeirinha. Pelo meio, o prémio da passagem junto ao eterno Castelo de Almourol, que este ano celebra o seu 850.º aniversário. O concurso público para a obra da responsabilidade da Câmara Municipal foi lançado no dia 28 de junho. O “Trilho Panorâmico do Tejo” deverá abrir ao público no último trimestre de 2021, estando já agendada uma caminhada incluída nas Rotas e Percursos do Médio Tejo, para o dia 27 de novembro. Com mais de uma década de existência, o trilho original entre Constância e Vila Nova da Barquinha, ao longo da foz do rio Zêzere e a margem direita do rio Tejo, era utilizado pelo Grupo de Cicloturismo Barquinhense no âmbito da prova desportiva de BTT “Almourol à Vista”. A intervenção pública tornará o trajeto mais seguro, mantendo-se o trilho natural em terra batida na sua maior extensão, com novas valências e intervenções de melhoria em 16

Município renova sinalética turística No ano em que o Castelo de Almourol assinala 850 anos de existência, a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha terminou, no mês de junho, a renovação da sinalética turística do concelho. A intervenção consistiu no aproveitamento das estruturas já existentes, renovando a imagem, introduzindo novos conteúdos, nomeadamente informação bilingue, “dado o crescente número de turistas estrangeiros a afluir ao concelho”, assim como informação sobre

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pontos, para ser desfrutado de forma pedonal e clicável. Com um percurso a escassos metros do rio, irá dispor de simbologia oficial com vista à homologação como Percurso Pedestre de Pequena Rota. O Fluviário da Foz do Zêzere, no Centro Náutico de Constância, será o ponto de partida. Neste local, entre a Ponte sobre o Zêzere e a Ponte sobre o Tejo (a primeira em Portugal, obra de arte de Maison Eiffel), avistamos uma paisagem deslumbrante, com o desaguar do rio Zêzere no Tejo e a vila de Constância como pano de fundo. Aí serão colocados um miradouro e um passadiço com 35 metros de comprimento. Continuando até à vila de Praia do Ribatejo, podemos observar as cegonhas e a imponência de alguns edifícios, que testemunham a época áurea em que a indústria da serração de madeiras transportadas pelo rio Zêzere abaixo, constituía uma atividade económica relevante para a povoação. No Cais Pai Avô será criada uma

zona de lazer, que facilitará o acesso de embarcações ao rio e irá dispor de mobiliário para contemplação da paisagem. Um pouco adiante surge a fonte da Galiana. Depois, eis que surge, imponente, o Castelo de Almourol, a fortificação com o mais belo enquadramento paisagístico em Portugal, numa ilhota do Tejo. Após uma visita ao Castelo, aprecie um cenário ímpar. Os barqueiros e as suas embarcações típicas fazendo a travessia dos turistas que visitam o Monumento Nacional. Nas imediações de Almourol, numa colina próxima, na margem direita do Tejo, existe o Convento de N. Sr.ª do Loreto, que terá sido fundado por D. Álvaro Coutinho, neto de D. Vasco Coutinho, que foi o 1º Conde do Redondo. Após a passagem pelas piteiras já referidas por Alexandre Herculano, surge agora com toda a propriedade a vila de Tancos e o Cais d’el Rei, com a sua beleza e graça naturais. Durante a Idade Média foi um porto fluvial

muito importante, estabelecendo a ligação entre as terras do interior e Lisboa, tendo por via comercial o rio. Hoje a povoação de Tancos mantém aspetos da sua Arquitetura tradicional e alguns dos vestígios do seu passado ainda podem ser admirados. É considerada uma das vilas mais floridas da Europa, tendo conquistado em 1999 uma Medalha de Bronze no Concurso Europeu de Vilas Floridas. Nas traseiras da Igreja da Misericórdia, pode ser apreciada uma das obras de arte pública do projeto Artejo, da autoria dos artistas Violant e Carlos Vicente. Continuando com o Tejo como “pano de fundo”, merece uma visita em Tancos a Igreja Matriz, Monumento de fins do século XVI dedicado a N. Sr.ª da Conceição. As paredes estão revestidas por azulejos do século XVII, e um conjunto de talha dourada do século XVII cobre o altar na parte frontal da Capela-Mor. Entre Tancos e Vila Nova da Barquinha, para começar, aprecie a flora e faina piscatória no rio Tejo. São Foto: CIM Médio Tejo

as atrações turísticas mais recentes. Os novos suportes utilizam uma linguagem visual baseada na ilustração, em diversos formatos como mapas do concelho e do parque ribeirinho, painéis informativos, interpretativos e placas diversas. As principais portas de entrada no território, assim como os monumentos nacionais e pontos de interesse, estão identificados com totens de grandes dimensões. A nova sinalética é o primeiro passo para a ativação da marca “Visit Barquinha” uma nova imagem para utilização no Marketing turístico do Município, quer em suportes físicos, quer eletrónicos. O Plano de Comunicação prevê a criação de um novo site agregador da informação turística do concelho (em desenvolvimento), a criação de conta oficial no Instagram e a reformulação dos grandes formatos (outdoors). Pretende-se uma uniformização

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

da imagem do Município no segmento do turismo, para sinalização de atrações como o Castelo de Almourol, Igreja Matriz de Atalaia, Centro de Interpretação Templário, Parque de Escultura Contemporânea, Centro Integrado de Educação em Ciências (CIEC) e Trilho PanorâFoto: Pérsio Basso | CMVNB)

mico do Tejo, entre outros. “É necessária uma estratégia de comunicação para relançar o turismo no período pós Covid-19. Trata-se de um sector económico vital para o país e para o concelho, cujo sucesso está dependente da qualidade da sua comunicação. A pandemia provocou prejuízos avultados na indústria turística, que importa recuperar, mantendo e criando postos de trabalho”, informa o Município. O Plano Estratégico de Comunicação “Visit Barquinha”, desenvolvido pelo Gabinete de Informação e Relações Públicas da Câmara Municipal, pretende “alavancar a economia com base numa forte aposta na dinamização da indústria do turismo, através da comunicação, com vista à criação de riqueza e de emprego”. A constante valorização do território permitirá “um aumento da captação de novos visitantes, mas

muitos os que se dedicam à pesca. Fataça, sável, lampreia e enguias são algumas das espécies de peixe mais procuradas por quem exerce esta atividade económica, sobretudo nas localidades ribeirinhas de Vila Nova da Barquinha, Tancos e Praia do Ribatejo. O percurso continua em direção à sede de concelho que foi até ao século XVIII um pequeno aglomerado que se designava “Barca” pois existia no local um ponto de passagem para a margem esquerda do Tejo. O aglomerado desenvolveu-se em função do Rio Tejo, a partir dos finais do século XVIII, transformando-se num importante entreposto comercial do comércio de madeiras, sal e azeite. Devido a essa prosperidade económica em 6 de novembro de 1836, foi elevada a sede de concelho. Chegará por fim a Vila Nova da Barquinha, mais concretamente ao parque ribeirinho, onde está instalado o Parque de Escultura Contemporânea, um verdadeiro museu ao ar livre com cerca de 7 hectares, onde estão juntos os nomes mais representativos da escultura contemporânea portuguesa. Este é o local ideal para apreciar a beleza da paisagem ribeirinha e desfrutar de um espaço verde onde existem equipamentos de lazer, desportivos e espaços lúdicos com caminhos que serpenteiam o antigo leito do Tejo. Local de excelentes ligações com o rio, Vila Nova da Barquinha foi outrora um porto fluvial importante de cuja memória restam alguns belos edifícios do século XIX e a toponímia das suas ruas que evocam os tempos da navegabilidade do maior rio da península. Em Vila Nova da Barquinha merece uma visita o Posto de Turismo, o novo Centro de Interpretação Templário de Almourol, a Galeria do Parque, bem como as recentes obras de arte pública com a chancela da Fundação EDP. também moradores e investidores, reconhecendo Vila Nova da Barquinha como destino de excelência, com uma enorme diversidade de oferta turística”. Em 2016, a Câmara Municipal foi responsável pela colocação de sinalização direcional dos equipamentos turístico-culturais, intervenção que foi reforçada em 2018 com a colocação de placas indicativas dos restaurantes e unidades de alojamento. Em 2020, o Município implementou o sistema de sinalização do Caminho de Santiago no troço que atravessa o concelho de Vila Nova da Barquinha, intervenção desenvolvida no âmbito do projeto “Produtos Turísticos Integrados”, em parceria com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Em breve será também implementada a sinalética dos Caminhos de Fátima.


REGIÃO / Sardoal

“Viver ao Vivo, com Tempo no Centro” promove interior do país em locais improváveis // A Candidatura “VIVER AO VIVO, com Tempo no Centro”, da qual o Município de Sardoal foi promotor, em parceria com as autarquias de Castanheira de Pêra e Celorico de Basto e com a Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne, foi aprovada pelo Centro 2020 em janeiro deste ano, após ter sido submetida em agosto último. / Paulo Sousa

Iniciou no mês de junho e resulta de uma parceria entre os municípios de Sardoal, de Celorico da Beira e de Castanheira de Pêra. É financiada por fundos europeus e garante uma programação cultural em rede entre os três municípios, contando com a direção artística da Academia Internacional de Música “Aquiles Delle Vigne”, também parceira do projeto. Entre junho de 2021 e junho de 2022 serão organizados nove roteiros de fim de semana com cerca de 70 atividades gratuitas, que incluem atividades culturais multidisciplinares com um eixo central na música clássica e na perceção sensorial do mundo. No dia 7 de junho, os municípios juntaram-se para apresentarem, de viva voz, o projeto e também para darem a conhecer os seus territórios. Apesar de a iniciativa se ter desenrolado maioritariamente através de videoconferência, no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal, o presidente da Câmara, Miguel Borges, fez a apresentação do projeto e deu a conhecer um pouco do que se vai passar. “Um namoro que tem vindo a ser desenvolvido” pelos três municípios “já há alguns meses”. Depois de encontrarem os pontos em comum, avançaram com a candidatura do projeto “que procura valorizar aquilo que nós temos de bom no nosso património, um património que está muito no interior. Mas é a qualidade que temos que queremos mostrar neste projeto que também procura dar dinâmica à cultura e aos agentes culturais”. Miguel Borges afirmou que “vamos abrir novos espaços de cultura, alguns deles bastante improváveis, para que nesse sítio possa acontecer algo de diferente e de extraordinário”. O presidente deu o exemplo do Eucalipto Grande, no Sardoal, poder vir a palco de algumas atividades culturais, bem como os Moinhos de Entrevinhas, o Sobreiro de Dona Maria ou mesmo o adro da Igreja. “Espaços que muitas vezes nós, sardoalenses, nos habituamos a passar por eles e nem sequer paramos para contemplar a beleza, de tão comum que é esta passagem”. No caso deste projeto, “o desafio é exatamente procurar outros espaços que não o Centro Cultural Gil Vicente. Espaços de igual ou maior beleza”, concluiu Miguel Borges.

quecer enormemente este projeto que será uma mais-valia para os nossos territórios pela relação e laços criados entre si”. Um projeto que “atravessa regiões bem distintas, cuja identidade é única mas que no seu todo apresentam uma viagem que os pretende unir através da exploração dos cinco sentidos em cada um dos territórios”. Alda carvalho acrescentou ainda que esta candidatura “reveste-se de extrema importância para estes três concelhos do interior, traduzindo-se num intercâmbio social, cultural, paisagístico, de saberes e sabores únicos, estimulando a economia local destes territórios”. Quanto ao concelho de Castanheira de Pêra, “está situada na vertente da Serra da Lousã, localizada no Pinhal Interior, tem uma única freguesia e conta com 2632 habitantes”. Segundo a autarca, castanheira de Pêra afirma-se como “a porta do Sol da Serra da Lousã”.

//Apresentação do “Viver ao Vivo, com Tempo no Centro”, no Centro Cultural Gil Vicente

“Um namoro que tem vindo a ser desenvolvido” pelos três municípios “já há alguns meses”

Os outros concelhos

Carlos Ascensão, presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira, esteve presente através de videoconferência e fez uma pequena apresentação do seu concelho, “nos contrafortes da Serra da Estrela”, como apresentou. Falou das boas acessibilidades e disse que Celorico da Beira está “no centro peninsular” pois encontra-se “à mesma distância de Salamanca e Coimbra, de Madrid e de Lisboa”. Não esqueceu o facto do concelho se intitular, “com toda a legitimidade”, como a capital do Queijo da Serra pois / Paulo Sousa

//Ministra da Cultura, Graça Fonseca, numa participação online

“somos os que têm mais produtores certificados”. A grande referência turística do concelho também não foi esquecida. “Linhares da Beira, para além de ser um museu vivo, tem também condições ideais para a prática do parapente”. A morfologia de Celorico da Beira e das suas aldeias de montanha “também permite ter outros tipos de desportos mais radicais” o que faz com que “tenhamos uma qualidade de vida que não fica em nada a dever às grandes metrópoles e é o que temos de bom que temos que destacar”. Celorico da Beira está ainda integrado no Geopark Estrela. Carlos Ascensão disse partilhar do lema de Miguel Borges quando afirma que “interioridade não é sinónimo de inferioridade” porque “é no interior que está o essencial. É no centro desta interioridade que está uma qualidade de vida muito boa, que estão condições e potencialidades fantásticas”. No Centro Cultural Gil Vicente esteve Alda Carvalho, a presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pêra. A autarca também apresentou o seu concelho, inserido na paisagem da Serra da Lousã, e destacou o trabalho desta candidatura conjunta “de três concelhos diferentes, de distritos diferentes e regiões diferentes, o que vai enri-

Programação cultural em rede elogiada

“Um dos projetos mais divertidos e mais desafiantes”. Foi assim que Manuel Araújo, da Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne, encarou este desafio que fez com que tivessem que conhecer bem estes territórios. E deu início a esta viagem, sobre a qual tem a responsabilidade da direção artística. “Falamos de uma programação que vai incluir música mas também artes plásticas, vamos fazer caminhadas e trilhos pela natureza, vamos ter sessões de história e de filosofia, vamos dar valor à gastronomia...” “A perceção que as comunidades têm da programação cultural e o grau de satisfação das comunidades que as recebem é algo que tem que ser valorizado”. Quem o afirmou foi o presidente da Turismo Centro, Pedro Machado, que também participou por vidoconferência. Graça Fonseca, ministra da Cultura, fez questão de se juntar a esta apresentação e, não podendo estar online à hora do acontecimento, deixou uma mensagem aos autarcas onde destacou a programação cultural em rede como “prática essencial para promover a coesão territorial”. Patrícia Seixas

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SOCIEDADE / // JOVEM ABRANTINA DISTINGUIDA COM BOLSA TEIXEIRA LOPES, DA FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA

A “menina fascinante” que sempre gostou de ter boas notas // Marta Rodrigues é de Abrantes, mas passa muito tempo numa aldeia em Vila de Rei. Desde pequena que foi habituada “a mexer e a fazer coisas que as raparigas não costumam fazer”. Embora tenha o objetivo de vir a trabalhar na área da Gestão, estar a estudar Engenharia Mecânica faz todo o sentido. “Sempre mexi muito nas motas e nos carros.” Esta jovem bolseira do Rotary Clube de Abrantes gosta sobretudo de coisas práticas e de perceber para que servem as matérias que se estudam.

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Marta Rodrigues, bolseira do Rotary Club de Abrantes, é uma jovem descontraída, otimista e bem-disposta. Para além disso, é determinada, trabalhadora e, sobretudo, focada. Não é ela quem o diz, percebe-se quando se conversa com ela. E obviamente que também tem capacidades intelectuais que lhe permitem ter excelentes resultados académicos. Este conjunto de características acabou por determinar que concluísse o ensino secundário, na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, com média de 19 valores, e que entrasse numa das instituições de ensino superior do país com as médias mais elevadas na área das Engenharias, o Instituo Superior Técnico, em Lisboa. A jovem confessa que sempre gostou de ter boas notas, mas que foi sobretudo a partir do 9º ano que começou a preocupar-se mais com os resultados. E explica de onde vem a sua principal motivação: “Percebi que era um meio para chegar a algum lado. Se eu quiser viajar muito, tenho de ter dinheiro. Como é que arranjo dinheiro? Tenho que ir trabalhar! Quanto melhor for o sítio onde for trabalhar, se for boa naquilo que faço, também consigo ganhar bem e usufruir disso. Também foi isso que me levou sempre a trabalhar e a tirar boas notas: pensar no futuro.” Esta vontade que Marta sempre teve de viajar é testemunhada por Teresa Lopes, professora de Físico-Química que teve “o privilégio” de a ter como aluna entre o 7º e o 9º anos do ensino básico. “A Marta, sempre com o seu sorriso nos olhos, era uma aluna muito interessada e trabalhadora, mas acima de tudo uma menina fascinante. ‘Viajava’ muito e com ela também tive o gosto de fazer algumas ‘viagens’: pelos melhores hotéis do mundo, pelos melhores restaurantes provando algumas iguarias dos melhores chefes, conhecendo as características dos melhores carros, assistindo a jogos de futebol e ficando a saber as muitas características dos jogadores e treinadores. Tudo isto ela fazia através da Internet. Tinha um gosto e uma sede pelo saber.” – conta a professora. Marta não hesita em identificar “a professora Teresa” quando a conversa vai para o assunto da importância que os docentes têm na vida dos estudantes. “Quando temos professores que nos motivam e que nos acompanham ao longo dos anos, isso é muito importante.” Sobre o seu método de estudo, Marta diz que nunca foi de fazer resumos. “Se a matéria fosse em 150 páginas eu lia tudo porque tinha a noção de que num resumo há sempre coisas que se perdem e eu não queria perder essas ‘migalhas’. Agora o meu método tem sido muito fazer exercícios. Ir trabalhando sempre ao longo do semestre.” Para além do método de estudo, há características pessoais: “A capacidade de desenrascar, ou capacidade de não ‘panicar’. Eu acho que tenho um bocado isso. Eu tento sempre perceber, pensar.” Estando na área da Engenharia Mecânica, reconhece que é

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“muito prática”, mas “gostava de vir a ter cargos de Gestão” porque acha que é uma coisa que pode “fazer bem”. Apesar de ser de Abrantes, Marta sempre passou (e passa) muito tempo numa aldeia de Vila de Rei. O hábito de pensar para resolver problemas vem muito da experiência que teve ao longo da sua vida, com a família. “Se queremos fazer qualquer coisa e não temos à mão, improvisamos, e isso é muito importante.” A jovem conta que foi habituada, “desde pequena, a fazer coisas que as raparigas não costumam fazer”. Com o irmão começou a “mexer muito nas motas e nos carros”. Por isso, as disciplinas de que agora mais gosta são as práticas: “São as que têm as coisas que eu já vi.” A vida na aldeia foi marcante, para Marta. Para além da televisão, os seus tempos livres são a praticar exercício físico e na horta da família. A professora Teresa confirma: “Com ela aprendi o que são acelgas, como se transplantam couves de um ano para o outro, como se realizam vários trabalhos no campo. Ela fazia esta aprendizagem aos fins de semana e nas férias, na aldeia, junto dos pais e irmão. Tinha sempre consigo um rádio a pilhas para estar a par das notícias. À aldeia não chegava a rede da Internet. Quando lhe era proposto trocar o fim de semana na aldeia por algo mais aliciante negava logo o convite pois era sua obrigação como filha ajudar os pais. Era genuína na sua posição.” Embora Marta continue a voltar para a aldeia sempre que possível, o Mundo é agora maior. Admite vir a trabalhar no estrangeiro, mas não para sempre. “Se fosse para fora, não seria todo o tempo. Eventualmente iria regressar. Mas gostava de ir lá fora, ver o que lá há. Nem que seja só para fazer currículo.” O facto de ser bolseira do Rotary Club de Abrantes e de ter sido distinguida como a melhor entre tantos outros “é muito importante” para Marta Rodrigues. Sobretudo porque os dias são de muito trabalho. “O meu dia é levantar, vir para o computador fazer exercícios, almoçar. Uma pessoa não tem tempo para fazer mais nada. É bom saber que alguém valoriza isso.” A professora Teresa confirma que este é o resultado de um percurso que começou cedo: “Bebia todo o ensinamento com grande gosto o que lhe facilitava a ‘tarefa’, daí ter sempre uma postura muito tranquila de quem tinha sempre tudo muito controlado. E tinha.” A “menina fascinante”, que Teresa Lopes recorda, leva consigo a gratidão por esta professora de Físico-Química, que a motivou a ir sempre mais longe. O Instituto Superior Técnico foi o primeiro objetivo alcançado. Marta está feliz com o curso e esperançosa quanto ao futuro. E agradece ter consigo, na mesma instituição de ensino, um grupo de outros jovens de Abrantes, o que facilitou imenso a transição para Lisboa e o estudo, sobretudo nos trabalhos de grupo em época de pandemia. Hália Costa Santos


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ECONOMIA / Casal do Surdo abriu as portas de Mouriscas ao turismo rural // Os sonhos podem concretizar-se. E um sonho com mais de 20 anos concretizou-se em Mouriscas com o nascimento de uma unidade de turismo rural. O sonho de André Cadete foi cimentando ao longo dos anos e começou a ganhar forma em 2019, estendendose agora à companheira, Ana Pedro.

// André Cadete e Ana Pedro lideram o sonho que levou ao nascimento do ‘Casal do Surdo’ O dia de S. João, 24 de junho, ficou marcado como o ponto de partida do sonho concretizado e apresentado. O ‘Casal do Surdo’, assim se chama a unidade de turismo rural e o local onde foi implementado, é constituído por três unidades de alojamento que, no total, têm uma capacidade para 12 pessoas. Numa zona rural, longe do rebuliço do trânsito e dos ruídos do dia a dia, o ‘Casal do Surdo’ pretende oferecer a tranquilidade do campo aliado a um ambiente rural e bucólico. Quando entramos para o parque de estacionamento poderemos dar

de caras com as ovelhas que vão “limpando” a erva que vai crescendo nas bermas do largo em terra batida. Depois entramos no espaço das habitações, que se misturam com diversas árvores, nogueiras e oliveiras, e acima de tudo muitas plantas. O que outrora teriam sido hortas para cultivo, hoje são espaços de estar. Uma piscina com um pequeno campo de areia para desporto, uma zona de esplanada para desfrutar do descanso ou ainda uma zona mais lounge com espreguiçadeiras em relva. E nos exteriores há ainda os alpendres

das casas com espaços para poder estar. E este início de noite de S. João foi o melhor exemplo para se estar. Dois dedos de conversa, com o “azul” da piscina iluminada a marcar a noite a, ao longe, um nascer de uma lua cheia “gigante” e alaranjada. As casas têm a oferta normal. Quartos com wc e sala de estar ou de refeições com a possibilidade de os hóspedes poderem cozinhar. São três casas com os nomes de outrora: “Casa do lado”, “Casa do Tanque” e “Casa da Burra”.

Foi nesta última que André Cadete explicou que a pandemia acabou por criar as condições para poder avançar com o projeto. “Foi tudo feito por nós”, explica o empresário ao mesmo tempo que elucida que tanto ele como a companheira têm os seus empregos. E como são, ambos, muito ativos em termos associativos, a pandemia cancelou todas as atividades pelo que deixou algum tempo para estes trabalhos que foram sendo realizados. André Cadete explicou que manteve os nomes das casas. “Nesta

casa existia uma burra. O meu avô tinha uma burra que ficava ali [e aponta para o local onde a burra dormia] e aqui [aponta para o lava-loiça] existia um forno”. O Casal do Surdo já está disponível nas plataformas de turismo e de hotelaria, para além da presença nos meios digitais. Do Casal do Surdo os visitantes têm as setas para os locais de destaque da região, a começar pela Oliveira do Mouchão, um monumento vivo com mais de 3 350 anos e que fica ali a três ou quatro minutos. Jerónimo Belo Jorge

Mercado Seguro aposta no vestuário e fardamento técnico Há, em Abrantes, mais propriamente em Alferrarede, na Rua da Estação, em frente do bar do Clube Desportivo “Os Dragões”, um novo estabelecimento comercial vocacionado para o vestuário e calçado profissional, fardamento e equipamento de proteção individual. O Mercado Seguro representa uma “oportunidade de mercado na região”. Trata-se, segundo António Cartaxo, de uma empresa vocacionada para empresas, mas que também tem loja aberta ao público. Esta nova loja pretende “vir preencher algo que entendo que falta em Abrantes. É uma loja de especialidade”, explicou António Cartaxo, que adiantou que vai entrar por duas vertentes. A primeira é uma vertente de vestuário profissional e promocional para todo o tipo de empresas, indústria, comércio, serviços ou instituições. A segunda aborda todo o tipo de vestuário técnico, por exemplo o fardamento número três para os bombeiros ou vestuário para soldadura. E António Cartaxo explicou

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// A abertura contou com a presença dos autarcas da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia ainda que têm até à bata para as crianças ou para educares, no que diz respeito a creches ou jardins de infância. Naquilo que é o segmento mais técnico, destaque para calçado específico e para outro equipamento de proteção individual, capacetes, luvas e todo o equipamento que proteja o trabalhador. “Abrantes ganhou um ‘Mercado Seguro’ e é essa a minha aposta”, indicou An-

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tónio Cartaxo. E adiantou o responsável, acrescenta-se o facto de poder ser feita a personalização destes fardamentos com recurso à aplicação de estampas ou bordados e nas quantidades que o cliente quiser. António Cartaxo disse que a loja tem uma “pequena amostra” do tipo de vestuário para venda ao público, mas destacou que por catálogo “há um mundo de opções

para qualquer empresa”. O Mercado Seguro vai fazer uma aposta clara no mercado empresarial, sendo que independentemente da porta aberta para venda ao público em geral, a empresa tem um comercial que fará a ligação a todo o mercado das empresas. E esta será uma das grandes apostas da empresa. António Cartaxo deu um exemplo muito simples daquilo que esta

empresa pode proporcionar. Um cidadão que goste de jardinagem poderá adquirir equipamento de jardinagem, de proteção individual para poder passar as suas horas livres. Mas, ao mesmo, uma empresa de jardinagem poderá adquirir uma centena de equipamentos para proteção de toda a sua equipa de trabalho. A inauguração aconteceu no sábado de manhã e contou com a presença do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e do presidente da União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás. Ao longo da manhã passaram ainda no novo espaço comercial empresários de diversos ramos de atividade. A Mercado Seguro faz a comercialização de equipamentos de segurança e fardamentos com estampagem ou colocação de logotipos bordados. Fica na Rua da Estação, em Alferrarede, e para já vai adotar os horários normais do comércio. De semana das 09:00 às 13:00 e aos sábados das 09:00 às 13 horas. Jerónimo Belo Jorge


GALERIA / Ricardo Escada Nsceu em Dezembro de 79 e cedo revelou o seu interesse pela fotografia. Aos 14 anos já fotografava, mas foi o interesse pelas artes do espetáculo que o levou a direcionar o seu percurso académico para o Chapitô. Aí apurou a técnica e o gosto pela representação e hoje revela que “Se pudesse atuaria todos os dias”. Não gosta de se intitular como ator, prefere referir a sua busca incessante pelo estatuto do mesmo. E as suas participações em filmes, séries e telenovelas como “Fátima” de Marco Pontecorvo, “Raposa” de Leonor Noivo, “O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho, “Ministério do tempo”, “O Bairro”, “Anjo Meu, “Jardins Proibidos” ou “Rainha das flores”, são apenas alguns exemplos de um extenso e versátil percurso na representação! Todavia, nunca deixou a fotografia para trás, e em paralelo com a representação tem-se dedicado àquela arte. Atualmente, regressou às suas origens e faz fotografia de social! Homem apaixonado pela representação, procura na fotografia a sua antítese: capta a veracidade, a essência. Ricardo Escada, o “ator” que fotografa o ser e não o parecer! Daniela Gomes

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PUBLICIDADE / CARTÓRIO NOTARIAL DE MARIA DA CONCEIÇÃO RIBEIRO Rua Dr. Eduardo de Castro, n.º19, r/c, 6110-218 Vila de Rei Telf: 274.898.162 Tlm: 927.735.540 EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura outorgada em oito de junho de dois mil e vinte e um, exarada a folhas NOVENTA E DUAS do livro de notas para escrituras diversas número SETE – A, ARMINDA COELHO DA CUNHA DIAS DE CARVALHO, NIF 120.523.710, viúva, natural da freguesia e concelho de Sardoal, residente habitualmente na Rua Vasco da Gama, número 7, primeiro esquerdo, união de freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada-Dafundo, concelho de Oeiras, e FLORENTINA COELHO DA CUNHA VENTURA, NIF 136.041.230, viúva, natural da dita freguesia de Sardoal, residente habitualmente na Avenida António Farinha Pereira, número 22, lugar de Alferrarede, união de freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, concelho de Abrantes, declararam que são donas e legítimas proprietárias, com exclusão de outrem, do seguinte imóvel: Prédio rústico, composto de pinhal e eucaliptal, com a área total de oito mil novecentos e sessenta metros quadrados, sito em Vale Longo, freguesia e concelho de Sardoal, a confrontar do norte com Josué da Silva, do sul com caminho público, do nascente com Maria do Rosário Casola e do poente com Herança de José Fernandes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz em nome das justificantes, ora primeira e segunda outorgantes, sob o artigo 33 secção F, com o valor patrimonial tributário de 627,07 euros. Que desconhecem o artigo da anterior matriz, em virtude de não terem obtido qualquer informação nesse

sentido, apesar das buscas efetuadas. Que aquele imóvel acima identificado lhes pertence, na proporção de metade para cada uma, por doação meramente verbal que lhes foi feita por seus avôs António Cunha e mulher Beatriz de Jesus, casados que foram sob o regime da comunhão geral, já falecidos, residentes que foram na freguesia de Valhascos, concelho de Sardoal, à data ambas no estado de solteiras, menores, tendo ambas vindo posteriormente a casar, aquela Arminda Coelho da Cunha Dias de Carvalho com Fernando Dias Carvalho, sob o regime da comunhão de adquiridos, atualmente dele viúva, e aquela Florentina Coelho da Cunha Ventura, posteriormente veio a casar com António Ventura Júnior, sob o regime imperativo da separação de bens, atualmente dele viúva, feita em data que não sabem precisar, mas que situam no ano de mil novecentos e sessenta e portanto, há mais de vinte anos. Que desde que a mesma foi efetuada e enquanto eram menores a posse foi exercida em seus nomes por sua mãe, Rosa da Silva Coelho, e após a maioridade e até esta data, sempre as ora justificantes, usufruíram o citado imóvel, ininterruptamente, à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com a consciência de utilizarem e fruírem coisa exclusivamente sua, adquirida de anteriores proprietários, pagando as respetivas contribuições, plantando-o, limpando-lhe o mato e dele retirando os seus normais frutos, produtos e utilidades. Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública e contínua, adquiriram sobre o dito imóvel o direito de propriedade por usucapião, não tendo em face do modo de aquisição, documento que lhes permita comprovar o seu direito de propriedade perfeita. Está conforme. Cartório Notarial de Vila de Rei, a cargo da Notária Maria da Conceição Fernandes Ribeiro, oito de junho de dois mil e vinte e um.

CARTÓRIO NOTARIAL EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA ANDREIA SORAIA MARTINS SILVA Extrato Notarial de Escritura Pública de “Justificação”

Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada na presente data a folhas quinze e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número quinze, do Cartório Notarial em Abrantes, sito na Avenida 25 de Abril, número duzentos e quarenta e oito, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, da Notária, Andreia Soraia Martins Silva: JOAQUIM ANDRADE JÚNIOR, NIF 113.432.011, natural da freguesia de Abrantes (São Vicente), concelho de Abrantes, e mulher, MARIA DA CONCEIÇÃO JOAQUINA TEIMÃO, NIF149.099.746, natural da freguesia de Abrantes (São Vicente), concelho de Abrantes, casados sob o regime da comunhão geral, residentes na Rua Casal da Preta, número 13, caixa postal número 2, em Abrançalha de Baixo, 2200-021 Abrantes, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, concelho de Abrantes. Que, são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte imóvel, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes: Prédio urbano, com a área total de trezentos e trinta e três metros quadrados, composto de logradouro com a área de duzentos e quarenta e oito metros quadrados, casa de habitação de rés do chão com quatro divisões assoalhadas, dependência, e quintal, com a superfície coberta de oitenta e cinco metros quadrados, situado em Abrançalha de Baixo, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, concelho de Abrantes, a confrontar de norte com caminho público, de sul com António Eduardo Moura Neves, de nascente com estrada pública e de poente com António Eduardo Moura Neves, inscrito na matriz predial urbana da freguesia de União

CARTÓRIO NOTARIAL DE MARIA DA CONCEIÇÃO RIBEIRO Rua Dr. Eduardo de Castro, n.0 19, r/c, 61102218 Vila de Rei Telf: 274.898.162 Tim: 927.735.540

das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, sob o artigo 2822, o qual proveio do artigo 3227, da extinta freguesia de Abrantes (S. Vicente), com o valor patrimonial correspondente de 19.538,75€, a que atribuem igual valor. MAIS DECLARARAM: Que, este imóvel veio à posse deles justificantes por compra e venda meramente verbal, efetuada em dia e mês que não podem precisar, mas no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, feita a António Eduardo Moura Neves, solteiro, maior, residente em Abrantes, nunca tendo formalizado o respetivo contrato por escritura pública, de modo a proceder ao seu registo na Conservatória do Registo Predial de Abrantes. Que desde esse ano, ou seja, há mais de vinte anos, entraram na posse do mencionado bem, e de imediato o ocuparam e passaram a usufruí-lo, ligaram-no às redes públicas de eletricidade e água, tratando da sua limpeza, fazendo obras de manutenção, guardando nele os seus pertences, haveres e utensílios, suportando e pagando as respetivas contribuições e impostos, isto é, gozando de todas as suas utilidades, direitos, e benefícios por ele proporcionadas. Que sempre administraram o mencionado bem, sem qualquer interrupção, com o conhecimento de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, e com o ânimo de quem exerce direito próprio, ou seja, exercendo essa mesma posse de forma contínua, pública, pacífica, e de boa-fé. POR FIM DECLARARAM: Que dadas as características de tal posse, invocam a aquisição desse bem por usucapião, justificando o seu direito de propriedade, para efeitos de inscrição na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, dado que esta forma de aquisição não pode ser comprovada por qualquer outro título formal extrajudicial. _____Está conforme o original. _____Abrantes, 31 de maio de 2021

Emissão da Licença de Funcionamento

EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura outorgada em dois de julho de dois mil e vinte e um, exarada a folhas TRÊS do livro de notas para escrituras diversas número OITO - A, MANUEL DO CARMO FLORINDO, NIF 183.653.076, e mulher, MARIA ISABEL SANTOS PATRÍCIO FLORINDO, NIF 183.653.084, casados sob 0 regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia de Aldeia do Mato, ela da freguesia de Abrantes (São João), ambas do concelho de Abrantes, residentes habitualmente na Travessa da Escola, sem número, lugar de Carreira do Mato, união das freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, declararam que são donos e legítimos proprietários, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, ambos omissos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes: UM -Prédio rústico, composto de cultura arvense e oliveiras, sito em Canto do Sardoal, união de freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, com a área total de duzentos e oitenta metros quadrados, a confrontar do norte com Manuel do Carmo Florindo, do sul com Albino Paulino, do nascente com Estrada e do poente com António Paulino Júnior, inscrito na matriz em nome da herança de Josué Francisco, sob o artigo 180 secção AJ (proveniente do artigo 180 secção AJ da extinta freguesia de Aldeia do Mato), com o valor patrimonial tributário de 48,04 euros e igual valor atribuído; DOIS - Prédio rústico, composto de pinhal e mato, sito em Vale dos Ossos, freguesia de Carvalhal, concelho de Abrantes, com a área total de quinze mil setecentos e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com herdeiros de Justino Carpinteiro, do sul com Estrada, do nascente com Emília Liberato Salgueiro Anastácio e do poente com José Lobato Correia, inscrito na matriz em nome da herança de Isilda Maria, sob o artigo 4 secção AZ, com o valor patrimonial tributário de 1036,58 euros e igual valor atribuído. Que desconhecem a proveniência deste artigo, em virtude de não terem obtido qualquer informação nesse sentido, apesar das buscas efetuadas, junto do Serviço de Finanças. Que o imóvel acima identificados em UM lhes pertence por compra meramente verbal que deles fizeram a José Maria Pedro e mulher Maria Rosa da Conceição Francisco, casados sob o regime da comunhão geral, já falecidos, residentes que foram no lugar de Carreira do Mato, união de freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, e que o imóvel identificado em DOIS lhes pertence por compra meramente verbal que dele fizeram a Isilda da Conceição Salgueiro, divorciada, residente na Rua Maria Matos, número 14, quinto andar direito, freguesia de Algueirão — Mem Martins, concelho de Sintra e a Ezequiel Salgueiro, divorciado, residente na Rua Mira Zêzere, número 833, freguesia de Carvalhal, concelho de Abrantes, ambas as aquisições dos referidos imóveis identificados nas verbas UM e DOIS foram feitas em data que não sabem precisar, mas que situam no ano de mil novecentos e noventa e nove, e portanto há mais de vinte anos, os justificantes já no estado de casados entre si sob o indicado regime de bens. Que desde que as mesmas foram efetuadas até esta data, sempre eles justificantes usufruíram dos citados imóveis, ininterruptamente à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com a consciência de utilizarem e fruírem coisas exclusivamente suas, adquiridas de. anteriores proprietários, cultivando-os, limpando-lhes o mato e deles retirando os seus normais frutos, produtos e utilidades. Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública e contínua, adquiriram sobre os ditos imóveis o direito de propriedade por usucapião, não tendo em face do modo de aquisição, documento que lhes permita comprovar o seu direito de propriedade perfeita. Está conforme. Cartório Notarial de Vila de Rei, a cargo da Notária Maria da Conceição Fernandes Ribeiro, dois de julho de dois mil e vinte e um.

CARTÓRIO NOTARIAL DE FERREIRA DO ZÊZERE TELMA CRISTINA LUCAS DOS REIS - Notária = EXTRATO PARA PUBLICAÇÃO =

Eu, TELMA CRISTINA LUCAS DOS REIS, notária no Cartório Notarial de Ferreira do Zêzere, sito na Praça Dias Ferreira, n.º 4 e 4-A, na freguesia e concelho de Ferreira do Zêzere, CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de justificação por usucapião, outorgada hoje e iniciada a folhas quarenta e três, do Livro de Notas para Escrituras Diversas número OITO-A, deste Cartório Notarial, MIGUEL DI LELLA, solteiro, maior, natural da Itália, de nacionalidade Italiana, residente habitualmente em Via Del Carroccio, 4/B Cinisello Balsamo, 20092 Milão, Itália e ocasionalmente na Rua 25 de Abril, n.º 27, em Vila de Rei, titular da Carta de Identidade n.º CA37586BF, emitida em 02/05/2018 pela República Italiana, válida até 10/06/2028, NIF 306 238 373, declarou que é dono e legítimo possuidor dos seguintes prédios sitos na freguesia e concelho de VILA DE REI: UM: RÚSTICO, sito em Corga da Negra, composto de terra de pinhal, com a área de vinte e dois mil novecentos e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte com Maria do Pranto Mata, do sul com Henrique Lucas Francisco, do nascente com o Ribeiro e do poente com o Casal do Olho de Água, inscrito na matriz sob o artigo número 8190, com o valor patrimonial tributável de € 782,77; DOIS: RÚSTICO, sito em Lameirancha composto de terra de pinhal, mato, pastagem e oliveiras, com a área de sete mil duzentos e oitenta metros quadrados, que confronta do norte com Ribeiro, do sul e nascente com a Câmara Municipal e do poente com a Estrada, inscrito na matriz sob o artigo número 16836, com o valor patrimonial tributável de € 197,57. TRÊS: RÚSTICO, sito em Lombas, composto de terra de pastagem e uma casa de arrumos agrícolas, com a área de noventa metros quadrados, que confronta do norte e poente com o Caminho, do sul com a Câmara Municipal e do Nascente com Herdeiros de José Maria Marques, inscrito na matriz sob o artigo número 17033, com o valor patrimonial tributável de € 0,57. Que desconhece os artigos da anterior matriz, em virtude de não ter obtido qualquer informação nesse sentido, apesar das buscas efetuadas e atribuiu aos prédios valor igual ao seu valor patrimonial tributável. Que os bens vieram à sua posse no estado de solteiro, maior, cerca do ano de dois mil, por entrega material em cumprimento de doação verbal, não titulada, por sua mãe, Clotilde da Silva Marques, ao tempo casada no regime da separação de bens com Salvatore Di Lella, do qual se encontra viúva, residente na Rua 25 de Abril, n.º 27, não dispondo por isso de título formal que legitime a posse sobre os identificados prédios. E que os segundos antepossuidores dos imóveis foram José Maria Marques e mulher, Maria Emília da Silva, residentes que foram na Rua 25 de Abril, em Vila de Rei. Está conforme com o original. Ferreira do Zêzere, aos quatro de junho de dois mil e vinte e um.

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

A Associação de Assistência e Domiciliária de Alcaravela (AADA), é uma IPSS com sede na Freguesia de Alcaravela, Concelho de Sardoal, que exerce a sua atividade há 16 anos com as respostas sociais de Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário. Desde Março último, tem disponível também a resposta social ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), com capacidade para 10 residentes. Para a AADA poder desenvolver esta nova resposta social de ERPI, foi emitida pelo Centro Distrital da Segurança Social de Santarém, a Licença de Funcionamento nº 06/2021 de 05/03/2021.

Nasceu a 10 de agosto de 1929 em Abrantes e faleceu com 91 anos de idade no passado dia 25 de junho de 2021. Maria de Jesus Horta Gualter de Campos Patronilho d` Almada Burguete, viúva de Nuno Pereira D`Almada Burguete, mãe de 5 filhos, avó e bisavó. Foi sepultada no jazigo de família de João Gualter no cemitério de Abrantes, no dia 26 de junho de 2021. Uma SENHORA com caráter, fortes princípios e valores e que por amor dedicou a sua vida à família. Deixa-nos o seu sorriso, a sua amabilidade, a sua força interior e é com orgulho e SAUDADE que será sempre lembrada, sobretudo pela felicidade que nos proporcionou e que naturalmente a nossa memória se encarregará de manter viva, presente e perto de nós. Querida MÃE, estarás sempre presente nos nossos CORAÇÕES.


REGIÃO / Lezíria, Médio Tejo e Oeste unem-se para nova “região”

OPINIÃO /

// As Comunidades Intermunicipais (CIM) da Lezíria, do Médio Tejo e do Oeste querem que o Governo avance já para uma reorganização administrativa neste território, pelo menos em algumas áreas. Falando na cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento reivindicativo da criação de uma NUTS II (Nomenclatura de Unidade Territorial para Fins Estatísticos) reunindo estas três atuais NUTS III, Anabela Freitas, presidente da CIM Médio Tejo, disse no dia 17 de junho que, tendo em conta o tempo que esta pretensão demorará a concretizar, este território quer que a reorganização administrativa se inicie já, pelo menos em algumas áreas. A também presidente da Câmara Municipal de Tomar sublinhou que a questão da harmonização administrativa, num território repartido por vários distritos e sem coerência entre as diferentes áreas da administração (como justiça, saúde, educação, entre outras), tem estado “sempre presente” nas conversações com o Governo sobre a situação singular destas sub-regiões. Com a média estatística a retirar Lisboa das regiões beneficiadas com fundos comunitários, em 2002 as CIM Oeste e Médio Tejo passaram a integrar a NUTS II Centro e a Lezíria do Tejo a do Alentejo, para continuarem a receber apoios, mantendo-se, contudo, ligadas à capital do país no Programa Operacional Regional de Lisboa e Vale do Tejo (PROLVT). Pedro Folgado, presidente da CIM do Oeste explicou a necessidade de ser assinado este memorando de entendimento. O objetivo é chegar a uma meta, a NUT II, mas haverá já uma operacionalização e o financiamento de projetos para esta grande região. E depois pensar já esta região, o Oeste e Vale do Tejo.

O presidente da CIM da Lezíria, Pedro Ribeiro, lembrou que este instrumento “condiciona os PDM” (Planos Diretores Municipais) e estes “tudo o que é o desenvolvimento e políticas de cada concelho”, daí a “insistência” numa solução para este território. No memorando de entendimento, os autarcas comprometem-se a “promover todos os esforços” para que o Governo formalize a proposta de criação da nova NUTS II junto da Comissão Europeia no início de 2022, para esta nova entidade ser uma realidade no período de programação que se iniciará em 2027. As CIM do Oeste, Lezíria e Médio Tejo recordam que a formalização das propostas para alteração das NUTS tem de ser apresentada pela Representação Permanente à Comissão Europeia no início de 2022, para se concretizar no período de programação que se iniciará em 2027. Os autarcas salientaram que já passaram 20 anos desde a integração, para fins estatísticos (de forma a não serem penalizadas na atribuição de fundos pela ligação a Lisboa), destas NUTS III nas NUTS II do Centro (no caso do Médio Tejo e do Oeste) e do Alentejo (Lezíria do Tejo), mantendo-se, contudo, ligadas à região de Lisboa em matéria de ordenamento do território, fazendo deste um caso único no país. O documento lembra ainda o “recente reforço da legitimidade democrática” das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) veio acentuar a insustentabilidade da manutenção da atual situação, agravada pela

constante desconformidade da organização setorial do Estado”. Para os autarcas, esta “singularidade europeia” não respeita a identidade regional, contribuindo para aumentar as “distâncias simbólicas” entre cidadãos e políticas europeias. Os autarcas lembraram que esta é a única região do país que tem em curso a preparação de uma Intervenção Territorial Integrada (ITI) para ser incluída no Acordo de Parceria para o período de programação 2021-2027 dos fundos europeus, tendo sido criado um grupo técnico de trabalho, que além das três CIM integra representantes dos Ministérios da Coesão Territorial, da Modernização Administrativa e do Planeamento. Anabela Freitas afirmou que a presença do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública no memorando para a ITI, assinado em dezembro último entre as três CIM e o Governo, visou “acoplar” a um instrumento de gestão financeira a possibilidade de “alinhar tudo”. Pedro Ribeiro reconheceu que, até à concretização da NUTS II, este território vai “vivendo em duas realidades diferentes”: o que quer e projeta para o futuro e a realidade com que vive no dia-a-dia. Sobre a ITI, que está a ser delineada num grupo de trabalho que integra elementos das três CIM e representantes dos três Ministérios, Pedro Folgado adiantou que ela incluirá “projetos que têm de ser agregadores”, dando como exemplo a temática do agroalimentar. Jerónimo Belo Jorge c/Lusa

Tempo de frutas //Armando Fernandes

O

s alfarrábios, os cronicões, as crónicas de antanho aludem à boa qualidade das frutas na região de Abrantes e, tal como escrevi noutros textos, o sábio professor doutor Joaquim Natividade dedicou-lhe um estudo experimental, por isso publicou vários trabalhos nos quais refere, entre outros frutos, as maçãs camoesas e os pêssegos. Em face das abalizadas conclusões do eminente cientista, tudo levaria a crer que a antiga presidente da Câmara Municipal de Abrantes ora Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes já tivesse proposto medidas exequíveis no sentido das renomadas frutas serem protegidas e divulgadas de modo a passarem à condição de monumentos vegetais em campos de estudo e aperfeiçoamento a eles dedicados. Ao que sei, a Ministra prefere frequentar as feiras de frutos e comentar as possibilidades de causa e efeito no que concerne às frutas portuguesas em período de pandemia a qual persiste em continuar a meter-nos medo, receio, pavor e repulsa. Bem sei, nós, portugueses intemeratos enfrentamos a terrível praga colocando a máscara no bolso ou debaixo do queixo, tocando-nos ao mínimo pretexto, soltando baforadas de fumo na face do compincha porque sim e por que não. O Tejo agoniza no estalejar do Verão, vários defensores desta corda civilizatória insurgem-se com razão contra este estado de coisas, nas suas margens o espectro de Odemira passeia-se em noites de luar até agora ignoradas pelos caça turistas de várias tonalidades e sons cujos programas podem a todo o tempo envolver arrulhos e gorjeios como se fosse uma peça teatral shakespeariana impregnada de tempo e ambiente calmo, por exemplo Sonho de uma noite de Verão. Ora, nas noites de Verão, os figos lampos fazem jus ao provérbio: uns comem os figos, a outros rebentam-lhe os beiços, só que se-

gundo sopram as notícias a milenar cultura do figo está em profundo retrocesso. Senhora Ministra: Por toda a sorte de razões acrescidas do empenho que devemos ter no tocante às nossas culturas ancestrais, muitas delas fruto da acertada colonização dos povos vindos de outras paragens e possuidores de conhecimentos e práticas agrícolas à época constituírem elevados padrões de progresso científico e técnico, os plasmaram e as colocaram ao alcance dos aqui nascidos e residentes. A miscigenação redundou em rotundo êxito, pensemos nas oliveiras várias vezes centenárias, por tudo isso o que não é nada de somenos, na qualidade de cidadão amigo dos nossos patrimónios lhe peço o favor de levar a efeito um projecto de defesa e promoção da nossa herança cultural frutífera (leia-se Máximo Montanari) para delícia dos presentes e vindouros. Só referi três espécies, felizmente, existem muitas mais.

O Tejo agoniza no estalejar do Verão, vários defensores desta corda civilizatória insurgem-se com razão contra este estado de coisas

Julho 2021 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Finabrantes apoia associações com 260 mil euros

OPINIÃO /

// A Câmara Municipal de Abrantes assinou no dia 21 de junho os Contratos-Programa com os representantes das 52 associações que viram as suas candidaturas aprovadas ao FINAbrantes – Programa de Apoio a Coletividades do Concelho de Abrantes 2020/2021, Medidas 1, 3 e 4, Cultura, Juventude e Social, respetivamente, num total de aproximadamente 262 mil euros. A cerimónia de assinatura dos Contratos-Programa decorreu na Estação de Canoagem de Alvega e contou com as presenças, entre outros, do presidente da Junta de Freguesia de Alvega e Concavada, José Felício, e da presidente da Casa do Povo de Alvega, Fernanda Galhofa. Na ocasião, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, mencionou as “dificuldades que a pandemia nos trouxe para o desenvolvimento associativo” e encorajou os dirigentes associativos e respetivos associados “a prosseguirem com as atividades das vossas coletividades, com a prudência, a coragem, a determinação, a inovação e a confiança, no cumprimento das regras de segurança, tendo consciência do vosso papel enquanto agentes de transformação social”. Manuel Jorge Valamatos destacou ainda “a importância que o tecido associativo representa na sociedade abrantina e para o Município”, informando que, nos últimos seis anos, o investimento municipal no FINAbrantes ascendeu a quase 4 milhões de euros. Acrescentou ainda que “queremos responder cada vez melhor a todas as nossas associações e também subir os valores em função de cada vez mais dinâmicas”. No entanto, pediu o autarca, “não nos abandonem nem entendam que é muito pouco o que fazemos”. “Eu sei que nenhuma associação poderá viver sozinha, nem a Câmara poderá fazer tudo sozinha”, afirmou Manuel Jorge Valamatos. “O Município de Abrantes tem confiado e continuará a confiar no papel das suas Associações e nos atos heroicos de voluntarismo e de altruísmo dos seus dirigentes, entendendo-os como essenciais para a União do nosso território e das nossas pessoas”, concluiu Manuel Jorge Valamatos. O montante total atribuído para estas três medidas está repartido pela Medida 1 – Cultura: 108.730,85 euros; Medida 3 – Juventude: 16.547,50 euros; Medida 4 – Social: 136.383,08 euros. Recorde-se que em dezembro passado o Município já havia atribuído, no âmbito do mesmo programa, o montante de 184.207,51euros, na medida 2 - Desporto. Desta forma, para o ano 2020/2021, a Câmara Municipal de Abrantes disponibilizou para o movimento associativo do Concelho 445.868,94 euros. “É di-

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Com //José Alves Jana //FILÓSOFO

E

nheiro público em que nós acreditamos que cada cêntimo que daqui sai, vai ser empregue a favor da nossa comunidade”, disse Manuel Jorge Valamatos. No que se refere à medida 5 – Eventos, a mesma irá ser avaliada caso a caso, devido à imprevisibilidade vivida no contexto da pandemia, com o cancelamento de alguns eventos programados e ao reagendamento de outros, sendo que os apoios irão ser avaliados à medida que vão sendo confirmadas

Em 6 anos o Município já distribuiu mais de 4 milhões de euros às associações

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

as realizações dos mesmos. Esta foi a cerimónia de assinatura dos protocolos para as medidas cultura, juventude e social do Finabrantes. O apoio às associações no âmbito desportivo é feito noutra cerimónia. De referir ainda que no âmbito de uma medida de apoio à recuperação de edificado, ou viaturas, das associações a autarquia vai abrir candidaturas de 1 a 30 de setembro. Trata-se que uma medida que vai ter intercalada com o Orçamento Participativo Municipal e terá uma dotação financeira de 300 mil euros. Visa dar apoio às associações que necessitem de obras de requalificaçã ou ou reparação de sedes ou equipamentos culturais ou desportivos e que pode estender-se ao apoio às viaturas de transporte. Será uma medida a implementar de dois em dois anos. As candidaturas poderão ser efetuadas através do portal Abrantes 360. Jerónimo Belo Jorge

u estava lá. Um grupo de pessoas idosas decidiu-se por dar mais vida à sua vida e pensou em, como faziam em tempos, ir limpar e caiar a fonte pública. Não foi possível. “A Junta não deixa”, ponto final. E ficaram sentadas. Aquilo que era tradição, a responsabilidade pela sua fonte, que elas próprias ou outros por elas tinham construído, já não era possível. Antigamente, as pessoas tratavam da fonte, limpavam a sua rua, davam descaminho ao lixo, até se reuniam para apagar um incêndio. Tudo deixou de ser responsabilidade sua. O poder autárquico foi, sem dúvida, uma das conquistas do 25 de Abril e o país nunca mais foi o mesmo. Mas não teve só aspetos positivos. Esta desresponsabilização dos cidadãos não foi positiva. Teve múltiplas causas, mas o que aqui e agora nos interessa é uma certa inflação do poder autárquico. Domina no poder local uma ideologia transpartidária de que o poder local, ou melhor, o poder municipal é que é o responsável pelo desenvolvimento. Queiramos ou não, esta “verdade” oficiosa acaba por desresponsabilizar o resto da sociedade local: de atora passa a reivindicadora, de ativa, torna-se passiva. Mas esta “verdade” não é verdadeira. O desenvolvimento local precisa de pessoas, associações e empresas ativas, empreendedoras, com poder acrescido. E o poder local será tanto mais poder, e mais reconhecido, e enraizado, quanto mais contribuir para que existam pessoas, associações e empresas capazes de produzir resultados com futuro. Uma das formas de distinguir um bom líder de um líder medíocre é simples: um grande líder faz-se rodear de pessoas melhores que ele e assim conseguem todos ir longe; um líder medíocre rodeia-se de pessoas menores que ele e assim andarão todos sobretudo a rastejar à volta de si mesmos. É essa a razão por que os políticos e os seus dependentes se multiplicam nos lugares do poder. É por essa razão que as associações não têm nem poderão ter verdadeiro poder

que possa fazer sombra a quem a teme. É pela mesma razão que é tão difícil encontrar um conselho municipal do turismo, que inclua os empresários do setor, apesar de todos os municípios terem a ambição do desenvolvimento turístico. É sempre pela mesma razão que não temos um conselho municipal do desenvolvimento económico, porque para o desenvolvimento, económico ou qualquer outro, estão cá os políticos. E se pensássemos que os políticos estão cá para desenharem e desenvolverem políticas? E se esse desenvolvimento de políticas fosse feito “com” os vários atores sociais que no terreno fazem o dia a dia de cada concelho e são pedras indispensáveis da construção do futuro? Precisamos todos de repensar a filosofia ou a cultura do poder autárquico. Tem vindo, década após década, a acumular poder, o que não é bom nem mau. Bom ou mau é a forma como o poder é exercido. Mas quando é que discutimos isso pela última vez, sem ser no jogo de disputa partidária em que “nós” temos sempre razão e “eles” nunca? O exercício local da governação tem vindo a desapossar os cidadãos do poder. Depois, em certos casos, vem pedir aos mesmos cidadãos que sejam responsáveis. Mas eles já estão noutra.

Antigamente, as pessoas tratavam da fonte, limpavam a sua rua, davam descaminho ao lixo, até se reuniam para apagar um incêndio.


POLÍTICA / AUTÁRQUICAS / ABRANTES

OPINIÃO /

sembleia Municipal de Abrantes durante o mandato 2013/2017. É presidente da Direção da ADERAVIS, Associação de Desenvolvimento Rural, presidente do Concelho Fiscal da COAGRIOLIMO - Cooperativa de Olivicultores das Mouriscas e membro da Direção do Grupo Desportivo e Recreativo “Os Esparteiros” de Mouriscas. Em comunicado, a CDU afirma-se como “a grande força de esquerda no Poder Local” e com “um projeto com provas dadas, trabalho e obra realizada, norteado por critérios de interesse público”. Diz ainda que “pode a população de Abrantes continuar a contar com a CDU, com os seus eleitos e a sua intervenção no sentido da melhoria das suas condições de vida no concelho e no país”.

Chaleira Damas e Luís Lourenço são os primeiros candidatos da CDU à Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Abrantes, respetivamente. João Manuel Chaleira Damas, 70 anos, engenheiro, é natural de Rio de Moinhos. Foi Chefe de Divisão nos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Setúbal, tendo exercido funções enquanto vereador da CDU na Câmara Municipal de Setúbal e de eleito na Assembleia Municipal de Setúbal. Esteve envolvido na criação da Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de Aldeia do Mato, Rio de Moinhos e Martinchel, onde ainda participa. Luís Lourenço, 53 anos, licenciado em Engenharia Zootécnica e em Farmácia, exerce neste momento a profissão de Técnico Apícola. Foi eleito na As-

MIFT volta a concorrer em Tramagal O Movimento Independente Freguesia Tramagal (MIFT) volta a candidatar-se à Assembleia de Freguesia nas eleições autárquicas de dia 26 de setembro. O lançamento da candidatura teve lugar no dia 1 de julho, no Porto da Barca, junto ao Tejo. O cabeça de lista do MIFT, António José Carvalho, relembrou que “o MIFT é um movimento já com alguma história” e que “há quatro anos, sentimos ser preciso uma nova dinâmica nas nossas terras. Iniciámos um trabalho sempre em prol das pessoas, tentando por todos os meios ao nosso alcance contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida”. Apesar de o resultado das eleições de 2017 não ter permitido “implementar as nossas ideias, desde então, especialmente na Assembleia de Freguesia, continuámos a tentar por todos os meios ao nosso alcance honrar a confiança dos nossos eleitores, defendendo a cada momento o melhor para todos”. Em 2017 o PS venceu as eleições para a Assembleia de Freguesia em Tramagal por uma margem de 61 votos, o que deu cinco mandatos ao PS e quatro ao MIFT, as únicas forças políticas com representação. Segundo António José Carvalho, “para o próximo ciclo autárquico muitos problemas conti-

// nuam por resolver”. Assumiu que “temos soluções, focados na ideia de voltarmos a ser uma freguesia atrativa”. Para o candidato, é fundamental “voltar a pôr o Tramagal no mapa por bons motivos. É isso que merece a nossa história, mas, principalmente, a nossa população, as empresas e diversas instituições que queremos ajudar nos seus projetos”. Para que tal aconteça, o MIFT pretende “melhores serviços públicos e como Junta, com o nosso trabalho e empenho, daremos o exemplo e lutaremos por justiça e mais atenção dos poderes pú-

blicos para a vila de Tramagal”. A comunidade escolar não foi esquecida no discurso do candidato que considera que “nestes próximos quatro anos vai ter especial importância a promoção das nossas escolas como referência regional de qualidade”. “Partindo do enorme potencial económico que a freguesia revela nos mais diversos setores, especialmente na indústria, iremos também promover de forma sustentável o nosso potencial turístico: património, animação, natureza - campo de jogos-piscina”, assumiu António José Carvalho. Patrícia Seixas

//Nuno Alves //MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS //nmalves@sapo.pt

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democracia já viu melhores dias. As recentes eleições regionais em França são apenas mais uma evidência dessa tendência, não só crescente, como erosiva e desgastante. Uma vez mais, quem ganha é a abstenção. Votos em branco poderão querer dizer que o eleitor não se revê em nenhum candidato, mas a abstenção quer dizer muito mais. A crescente abstenção significa que os cidadãos já não se revêm num sistema que sentem que não os representa devidamente, que não dá resposta quer às aspirações coletivas quer aos desafios comuns e que é governado para o bem e interesse das elites económicas. Com a abstenção, quem ganha, é o descontentamento. E o descontentamento é o caminho para o poder. Nas últimas três décadas, muitos partidos e líderes políticos populistas têm sabido jogar o jogo da manipulação com uma mestria insuperável. Desde os anos noventa, já tivemos quarenta e seis líderes populistas em trinta e quatro democracias. É caso para perguntar, o que fizemos à democracia e como chegámos a este ponto. Nos últimos anos, a democracia tem vindo a perder qualidade. E isso é claramente visível em vários indicadores: diminuição da liberdade de imprensa, escassez de oportunidades, crescimento da desigualdade social, surgimento de movimentos sociais que resultam da persistência da violação de direitos civis, políticos e económicos mais básicos ou mesmo escândalos de

O que fizemos à democracia? corrupção sucessivos ao mais alto nível político. Varre agora a sociedade um sentimento de que o sistema está a ficar disfuncional, que os governos que se sucedem se esgotam rapidamente em soluções e vontade, que as elites políticas vivem fechadas em si mesmo, lutando perpetuamente pelo controlo do poder que lhes permite o acesso a privilégios e fortuna rápida. Pior que tudo, os cidadãos sentem que os líderes políticos se alienam das necessidades e prioridades do país e das pessoas e assumem o controlo do Estado em benefício das elites políticas que esperam sempre mais dos governos. Só em 2019, por exemplo, os grupos de lobbying no EUA “investiram” 3,5 mil milhões de dólares para pressionar o governo americano a legislar em favor dos seus interesses. É um valor absurdo, mas isso mostra claramente o que as grandes empresas esperam ganhar com alterações na legislação que as beneficie. Ainda assim, o democracia continua a ser a melhor forma de governo conhecida. Reconhece o direito à pluralidade e tem a capacidade de se adaptar às necessidades sociais e de dar respostas mais amplas a essas necessidades. É também um modelo, por natureza, promotor da paz e da prosperidade comum. Só nos resta reconhecer que uma parte considerável da população mundial não tem a sorte de nascer num país democrático. Por isso, mais do que nunca, é fundamental proteger e reforçar a democracia. PUBLICIDADE

Chaleira Damas é o candidato da CDU à Câmara

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DESPORTO /

Já abriu a época balnear nas praias de Cardigos, Carvoeiro e Ortiga - longe do mar também se pode mergulhar -

Longe do mar também se pode mergulhar e na região do Médio Tejo as praias fluviais são a alternativa perfeita para os dias de calor. Se o mar tem um fascínio especial, são cada vez mais os banhistas que procuram as praias do interior, sobretudo aqueles que não gostam de estar estendidos na areia, não dispensam o contacto com a natureza e apreciam banhos refrescantes. Está oficialmente aberta a ápoca balnear nas praias fluviais de Mação: Cardigos, Carvoeiro e Ortiga. São todas vigiadas.

CARVOEIRO

Galardoada com a Bandeira Azul desde sempre e distinguida com a medalha Qualidade de Ouro

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da Quercus desde há vários anos, a praia fluvial de Carvoeiro é considerada uma das mais belas praias fluviais do país. Rodeada por pinheiros altos e de copas generosas, é sem dúvida uma praia com características únicas. Tem um enquadramento natural perfeito e infraestruturas adaptadas a todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida. Além do extenso espelho de água e de uma piscina para crianças, o local dispõe ainda de parque de merendas e churrasqueira, uma pequena zona com areia e um amplo relvado. Faz parte do PR3MAC que, além da praia fluvial, inclui dois pontos de interesse que não podemos deixar de referir: o Alto do Poio (miradou-

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2021

ro com um pequeno ‘avião’ muito instagramável), a aldeia (abandona) da Laje e as impressionantes Fragas de Degolados.

CARDIGOS

É um dos ex-libris turísticos do concelho de Mação e facilmente se percebe porquê: não há outra praia como esta em lugar algum do nosso país. Além da espantosa praia fluvial, o local apresenta excelentes condições para a realização de piqueniques e churrascos e uma área para pequenos acampamentos. Na esplanada, sobranceira à zona dos banhos, tudo convida a uma pausa. Respira-se e sente-se a natureza, mesmo nos agitados dias de verão, quando o som das

brincadeiras se sobrepõe ao da passarada e as águas refletem o azul do céu formando aos pés dos visitantes o arco-íris dos dias felizes. Vá com tempo e se estiver de férias aproveite para percorrer o trilho do PR10MAC. Ali perto não deixe de conhecer também a Ponte Romana dos 3 Concelhos e de apreciar as vistas do miradouro da Serra de Santo António.

ORTIGA

Na foz da Ribeira d' Eiras, que aqui vem abraçar a albufeira da Barragem de Belver, encontramos a Praia Fluvial de Ortiga, a mais antiga e mais charmosa de todo o concelho. Tal como as outras duas, mais a norte, também esta possui

estacionamento próprio, parque de merendas com churrasqueira e cais de embarque. Para os amantes de caminhadas há ainda vários percursos pedestres, além dos nossos passadiços do PR4MAC, para que possam descobrir as margens do Tejo bem de perto. Recomendamos igualmente uma passagem pelo Núcleo Museológico dedicado à arte da pesca e ao famoso picareto, em Ortiga, bem como pela Anta da Foz do Rio Frio. Todas as coordenadas para belos e inesquecíveis mergulhos (e caminhadas) neste concelho ímpar estão disponíveis no site (www.rotasdemacao.pt) e na app Rotas de Mação.


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

Rua de S. Pedro (antiga rua dos Coelheiros) //Teresa Aparício

através da nossa redação ou por transferência bancária: NIB 0036 0059 99100093265 67

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

de São Julião, de Santo Amaro, de Santa Iria…todas elas totalmente destruídas, no que foram acompanhadas pelos conventos de Santo António e da Graça. E não foram só as paredes que desapareceram, também a maior parte do que preenchia o seu interior foi delapidado, ou por desleixo deixaram que fosse roubado. Isto deveu-se em parte às ideologias dominantes no tempo, mas também porque os que na altura detinham o poder de decisão sobre o destino a dar a esse património não teve a visão suficiente para saber distinguir o que tinha interesse do que o não tinha, nem sabedoria bastante para se aconselhar com quem podia fazer essa destrinça. Em nome de uma falsa ideia de progresso que de mistura com muita ignorância considerava (e considera ainda hoje) que velho é sinónimo de desinteressante, atrasado ou pouco rentável, muito do nosso património religioso (e não só) desapareceu sem deixar rasto. No Sardoal as capelas foram quase todas conservadas, encontram-se estimadas, mantém as suas tradições e hoje muito visitadas por altura da Semana Santa são um dos ex libris do concelho. Em Abrantes não foi assim, estavam a incomodar em função de um qualquer fim que se pretendia, destruíam-se e pronto, era mais fácil que tentar encontrar outras soluções. Dos conventos restaram alguns espaços arquitectónicos mas vazios

do convento da Esperança e o de S. Domingos teve também a sentença lida, salvando-se à última hora quase milagrosamente. Das pequenas igrejas restam Santa Ana, Santa Maria do Castelo e, já na periferia da cidade, S. Lourenço. Esta última, fechada ao culto já há uns anos por não oferecer segurança, por ali se encontra triste e degradada, constituindo um péssimo cartão-de-visita para os muitos frequentadores e visitantes do parque urbano a que o seu orago dá o nome. Se as entidades competentes não lhe acodem, dentro em breve será mais uma ruina a juntar-se a tantas outras que por aí se encontram. Voltando à rua de S. Pedro, ao cimo do lado direito, já perto do Jardim do Castelo está o Edifício Carneiro, imóvel emblemático não só desta rua mas até da cidade e que presentemente se encontra em obras, para nele ser instalado um polo museológico. Embora não seja muito antigo, data dos primeiros anos do século XX, tem já uma história longa, pois nele habitaram várias instituições da nossa cidade, pelo que dele voltaremos a falar numa próxima oportunidade.

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Esta rua situada a sul do centro histórico e que percorremos habitualmente quando nos dirigimos ao Jardim do Castelo, foi conhecida outrora por rua dos Coelheiros, sendo este um topónimo bastante antigo pois já surge num documento de 1301, associado a um outro – Quinchosos – largo ainda hoje com o mesmo nome e que se situa nas traseiras desta rua. Significa pequeno quintal ou hortinha e havendo muitos outros em Abrantes, este foi o único que, como topónimo, resistiu às várias motivações políticas e religiosas que o passar do tempo foi trazendo. É sabido que na Idade Média as profissões se agrupavam por ruas e influenciavam fortemente a toponímia, mas a designação de Coelheiros é bastante abrangente, não se sabendo se se refere a caçadores de coelhos bravos, a criadores dos domésticos ou àqueles que compravam e vendiam as suas peles, para depois de tratadas serem utilizadas na confecção de vestuário. A designação actual de rua de S. Pedro já vem referida num documento de 1722, sinal de que por essa altura já ali existia a igreja que lhe deu o nome. Era chamada de S. Pedro-o-Velho, para a distinguir da de S. Pedro - o – Novo, (esta construída onde está hoje o Teatro de S. Pedro) e teve o seu primeiro assento fora das muralhas, no Outeiro de S. Pedro, sabendo-se que já ali existia em 1301. Mais tarde, possivelmente em finais do século XVII, por se encontrar já muito degradada, foi transferida para dentro da povoação, precisamente para esta rua. No prédio nº 14, encontra-se um painel de azulejos informando que no local existiu uma igreja paroquial, que em 1834 foi fechada por falta de fregueses, ficando depois anexada à igreja de S. João. A partir daí com falta de manutenção, foi-se progressivamente degradando e passado não muito tempo foi destruída, restando dela apenas o topónimo e um azulejo a assinalar a sua existência. Havia outrora no interior da então vila de Abrantes muitas capelas, das quais hoje não encontramos vestígios, algumas nem na toponímia. Além desta de S. Pedro-o-Velho, havia como referimos já a de S. Pedro-o-Novo, a do Socorro, de S. Sebastião,

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Consultas: - Campos, Eduardo, Toponímia Abrantina, edição C.M.A.,1989 - Morato, Manuel António e Mota, João da Fonseca, Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes, edição C.M.A.,1981

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SAÚDE / Segurança alimentar e saúde pública / Lígia Alves / Técnica de Saúde Ambiental Unidade de Saúde Pública - ACES Médio Tejo têm vindo a merecer uma crescente atenção no nosso ordenamento jurídico. Nesse sentido, integra o Plano de Atividades da Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Médio Tejo, o Projeto para a “Vigilância Sanitária de Estabelecimentos de Restauração ou de Bebidas” que visa garantir a existência de condições higio-sanitárias, de modo a salvaguardar a saúde de clientes e trabalhadores, envolvendo diferentes profissionais de Saúde Pública, mas, sobretudo, Médicos de Saúde Pública e Técnicos de Saúde Ambiental. Convictos que a segurança alimentar é um princípio que deve ser assegurado, como forma de preservar a saúde do consumidor, foi também elaborado o “Manual de Apoio aos Estabelecimentos de Restauração ou de Bebidas”, destinado a proprietários e manipuladores de alimentos e disponível na Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, tendo como principal objetivo compilar as principais informações sobre segurança alimentar e procedimentos referentes às condições de instalação e funcionamento dos estabelecimentos.

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As doenças de origem alimentar, constituem no seu conjunto um importante problema de Saúde Pública. Os consumidores estão cada vez mais informados sobre as doenças de origem alimentar o que faz aumentar o seu nível de exigência. No entanto, a crescente importância atribuída à segurança alimentar não provém apenas de um fácil acesso à informação mas também, e principalmente, do aumento efetivo da ocorrência de perigos ou riscos alimentares, associados por exemplo, ao crescimento da população, novos métodos de produção industrial de alimentos, alteração dos hábitos alimentares, níveis de poluição em águas, solo e atmosfera, existência de um mercado global de transação dos produtos alimentares entre países, por vezes distantes. A vigilância e a implementação de medidas suscetíveis de promover boas práticas que minimizem os riscos existentes, associadas à implementação de condições adequadas nas estruturas dos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, organização dos espaços e do trabalho, a prática correta da manipulação e confeção dos alimentos e à rastreabilidade dos produtos alimentares,

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Profissionais do CHMT lideram Comissão Nacional de Cuidados Paliativos É uma das palavras mais duras em saúde. Mas não tem de ser. O estigma está ainda muito presente. “Ninguém gosta da designação de Paliativos. Mas não nos podemos esquecer que este sentimento também tem a ver com a morte e a aceitação da morte como um fenómeno natural. Quando nós queremos os melhores cuidados de saúde para a mulher que dá à luz ou para a criança, estamos a referir o início da vida, mas não é tão popular falarmos dos melhores cuidados de saúde para o final da vida”, afirma Rui Silva, coordenador dos Cuidados Paliativos no CHMT. Rui Silva, médico coordenador dos Cuidados Paliativos no Centro Hospitalar do Médio Tejo, foi nomeado presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos. Também a enfermeira coordenadora dos Cuidados Paliativos do CHMT, Fernanda Vital, foi nomeada para integrar esta Comissão. Desde o ano de 2008 que o Centro Hospitalar do Médio Tejo tem serviço de cuidados paliativos. E desde essa altura que Fernanda Vital está à frente de um serviço difícil, mas “muito desafiante. É uma área que me diz muito, fiz formação na área e por esse motivo e por tudo o que foi acontecendo no CHMT assumo os Cuidados Paliativos” como “sendo a mãe dos mesmos”, afirma a enfermeira coordenadora. Fernanda Vital assume que ficou “surpreendida quando o convite me foi feito e foi com muita satisfação que o aceitei. Conheço o Dr. Rui muito bem, ele sabe como eu trabalho. Pareceu-me que nesta função posso trazer algum apport aqui para o Médio Tejo. Depois ser a enfermeira que representa todos os enfermeiros nesta comissão, dá-me muito orgulho e é igualmente o reconhecimento do meu trabalho nesta área”. A Comissão que agora integra “tem muito trabalho pela frente, mas acho que vamos conseguir fazer um bom trabalho, quer no Centro Hospitalar do Médio Tejo, quer a nível nacional. Não com passos muito grandes mas com passos efetivamente firmes no sentido de não haver fosso entre o que está legislado e o que temos no terreno. Temos de constituir equipas com formação específica, a nossa população tem de saber o que são os cuidados paliativos, desmistificar o que são os cuidados paliativos”, reconhece a enfermeira coordenadora Fernanda Vital. O desafio maior será percorrer o caminho da desmistificação dos Cuidados Paliativos, não só junto da população mas também junto dos profissionais de saúde. “Verificamos ainda algum estigma. Temos de olhar para os cuidados paliativos como uma ciência, como uma outra qualquer disciplina da saúde, como a obstetrícia ou saúde infantil. Temos de conseguir que os cuidados paliativos sejam vistos assim mesmo, como são, e não apenas como um dar a mão no momento da morte”, declara Fernanda Vital. Rui Silva, coordenador médico dos Cuidados Paliativos e agora presidente da Comissão Nacional reforça o apelo de desmistificação. “Descolar a definição dos cuidados paliativos das últimas horas de vida é uma necessidade. Importa acabar com este estigma”, reitera Rui Silva. Estar presente nos últimos momentos de vida “é uma das funções dos paliativos, mas não começa nem termina aí. Começa muito mais cedo e, idealmente, o mais cedo possível, a partir do momento do diagnóstico. Ainda existem muitos estigmas para combater”, reforça Rui Silva, coordenador médico dos Cuidados Paliativos do CHMT.

O trabalho desenvolvido nos Cuidados Paliativos envolve uma equipa multidisciplinar constituída por médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo, que trabalha em conjunto tendo como foco de atenção o doente e a sua família, e não a sua doença. O objetivo é “ajudarmos desde do diagnóstico, prognóstico, até à fase do luto da família”, diz Fernanda Vital. Os cuidados prestados incluem doente e família. É preciso preparar quer o doente, quer a família para a perda, criar momentos de “esperança realista”, com um plano do que realmente pode ser ainda feito. Nos últimos dias é importante a família poder estar presente, poderem-se despedir, poder haver um plano para o futuro, incluindo aquilo que o doente queria fazer juntamente com a família. “O nosso trabalho não termina com a morte do doente. O nosso trabalho continua com o apoio à família”, assegura a enfermeira. O trabalho continua a ser realizado com a família, com intervenções psicossociais que dão apoio e previnem lutos patológicos, ajudando muitas vezes a reorganizar a família. No Serviço de Cuidados Paliativos “vive-se mesmo”. Esta expressão é da enfermeira Fernanda Vital que explica: “Nós, no dia-a-dia, não vivemos, nós andamos a correr, de casa para o trabalho, corremos atrás da família e passamos ao lado de muita coisa. O que tem de bom os cuidados paliativos é eu olhar, perceber que tenho um fim e perceber o que posso fazer e perceber que posso viver. Aqui consigo perceber o que tenho para fazer e viver esses dias. Aqui vive-se de facto.”

//Fernanda Vital e Rui Silva

E, apesar de se vivenciar a morte, há um retorno importante que motiva todos os elementos da equipa de Cuidados Paliativos. Saberem que o trabalho que desenvolvem tem impacto positivo para as pessoas que cuidam. “São sempre situações de perda, difíceis, mas termos o retorno dos doentes e das famílias perante o trabalho que desenvolvemos é o que nos motiva. No doente, o retorno chega-nos quando aceitam a sua condição. Em relação às famílias, é aceitarem e seguirem em frente”, garante Rui Silva. No Centro Hospitalar do Médio Tejo para além do Internamento de Cuidados Paliativos existe uma Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos, que presta assessoria a todos os serviços, nas três Unidades Hospitalares, bem como a Consulta de Cuidados Paliativos. A Comissão Nacional de Cuidados Paliativos resulta da Lei de Bases dos Cuidados Paliativos e integra um conjunto de profissionais que trabalham a estratégica dos Cuidados Paliativos que se preconizam para o país. É uma estrutura nacional que depois se articula com estruturas regionais para implementar as ações no terreno. Há uma política e estratégia global que depois é adequada às diferentes regiões. A esta comissão compete igualmente monitorizar a evolução dos Cuidados Paliativos nas diferentes Instituições. A Comissão é ainda auscultada para dar pareceres em circunstâncias de decisão que envolvem os Cuidados Paliativos. O Conselho de Administração do CHMT reconhece a importância destas nomeações e considera que “distinguem o mérito resultante do trabalho e da experiência destes profissionais de saúde na área dos Paliativos, sendo igualmente prova da excelência dos profissionais e dos cuidados de saúde prestados no CHMT”.


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