2023 RADIOCURSO
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Henrique Pereira faria matheus soldatelliManual de Radiologia para concursos
– Henrique Pereira Faria–
○ Graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
○ Residência em Clinica Médica no Hospital Universitário São José
○ Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica
○ Especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem na Santa Casa de Belo Horizonte
○ Título de Especialista e Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia
○ Mestre em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
○ Professor do Curso de Medicina Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
○ Doutor em Radiologia pela UFRJ
– Matheus Soldatelli–
○Médico Neurorradiologista
○Doutor (PhD) em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
○Mestre em Clinical Research pela Dresden University (Alemanha)
○Diploma Europeu de Neurorradiologia (EDiNR)
○Clinical Fellowship em andamento em Neurorradiologia Pediátrica no Hospital for Sick Children (Sickkids), Toronto, Canadá.
PREFÁCIO
O Radiocurso foi idealizado no ano de 2010. Na ocasião, observamos que havia uma carência de cursos preparatórios para provas de títulos de especialidade e, especialmente dentro da radiologia, um alto índice de reprovação na prova do Colégio Brasileiro de Radiologia - CBR. O curso iniciou-se efetivamente em 2011 com a missão de ajudar os colegas neste momento tão importante da carreira.
Atualmente, o Radiocurso já é consagrado no mercado de cursos preparatórios e milhares de alunos já conseguiram seu título de especialista com o auxílio da nossa metodologia. Atualmente, ele é composto por uma equipe de professores especialistas em diversas áreas de subespecialidades, com áreas de atuação divididas em oito temas: neurologia, tórax, musculoesquelético, pediatria, abdome, ginecologia e obstetrícia, mama, cabeça e pescoço/física/densitometria.
OS CURSOS
O Radiocurso é composto de 3 modalidades: o Extensivo, o Intensivo e o Prova Seriada
EXTENSIVO
INTENSIVO
PROVA SERIADA
Indicado para alunos que pretendem estudar toda a matéria com mais calma no decorrer do ano.
Indicado para alunos que têm um tempo menor para se dedicar aos estudos.
- 90 aulas
- 8 apostilas
- Dezembro à Abril
- 90 aulas
- 8 apostilas
- Junho à Outubro
Indicado para os residentes de primeiro, segundo ou terceiro ano que desejam aumentar sua chance de aprovação nas provas.
O MÉTODO DE ENSINO
- 90 aulas
- Bloco de Bases da Radiologia
- 8 apostilas
- Março à Outubro
O método de ensino MedAULA é utilizado há vários anos em diversos cursos. Ele foi criado para que o aluno faça uma associação de áudio, imagens, texto, questões de fixação e questões de concursos, assimilando assim, toda a matéria.
SEQUÊNCIA PARA ESTUDO
1. Assista às aulas da semana utilizando todos os recursos do sistema. Recomendamos que pare a aula e anote os temas mais importantes. Atente-se para as figuras que são cobradas nas provas com imagens.
2. Leia os capítulos das apostilas referentes àquela semana e fixe ainda mais a matéria.
3. Dentro da teoria básica, o aluno encontra as QUESTÕES DE FIXAÇÃO desenvolvidas especialmente pela equipe RADIOCURSO para memorização do conhecimento. Aqui, o comentário vem logo em seguida, pois a intenção é gravar a matéria.
4. Ao final do capítulo, temos as questões comentadas de concursos. Assim, o aluno conhece como são as provas e faz um polimento ainda maior de seus conhecimentos
Manual de Radiologia para Concursos - Volume 1/ Editor
Henrique Pereira Faria e Matheus Soldatelli - Primeira Edição - Belo Horizonte - MG. Med e_Learning Cursos Interativos, 2023. 120 p. Ilustradas.
ISBN 1. Radiologia I. Concursos II. Faria III. Soldatelli IV.
CDU: 617.7
CDD 617.7
Produção visual: Iago Vinicius Pereira Souza
Revisão ortográfica: Danielle Lagares Bicalho
Ilustradores: Rejane Silva e Michel Paixão
©Copyright 2023 - MED E_LEARNING©
Prefixo Editorial: 62824
Esta obra é protegida pela lei número 9.610 dos Direitos Autoriais de 19 de Fevereiro de 1998, sancionada e publicada no Diário Oficial da União em 20 de Fevereiro de 1998.
Em vigor a lei número 10.693, de 1 de Julho de 2003, que altera os artigos 184 e 186 do Código Penal em acrescenta Parágrafos ao artigo 525 do Código de Processo Penal.
Rua Grão Pará, 737, Conjunto 1101 - 11º andar
Santa Efigênia BH/MG
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Tel.: +55 (31) 3245-5781
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Henrique Pereira Faria & Matheus Soldatelli
Estatísticas – prova CBR 2022
No ano de 2022, foram cobradas na prova teórica do CBR 5 questões sobre o tema "Neuroimagem", prova esta que apresentou um total de 60 questões. Em 2021 foram 3 questões e em 2020 5 questões sobre o tema, portanto em relação ao ano anterior houve um aumento, mas mantendo-se dentro da média global. Em 2022, foram cobradas 2 questões relativas a lesões tumorais, 1 sobre lesão degenerativa, 1 sobre acidente vascular cerebral. Todos estes temas contemplados na nossa apostila. A novidade foi uma lesão que abordava VII par craniano, portanto uma questão não necessariamente uma neuroimagem clássica, pois também é da subespecialidade "cabeça e pescoço". Para 2023, esperamos o mesmo número de questões que serão discutidos nesta apostila.
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
As malformações congênitas do sistema nervoso central têm diversas causas, entre elas: alterações genéticas, infecções congênitas, traumas, insultos tóxicos ou metabólicos, hipertensão materna, hemorragia anteparto e insuficiência vascular/isquemia durante a gestação.
A classificação das malformações congênitas foi realizada por Scott Atlas. Segundo esse autor, as malformações são divididas em:
Classificação das malformações congênitas do SNC –Scott Atlas
TIPO DE DISTÚRBIO MALFORMAÇÃO
Distúrbios do fechamento do tubo neural
Distúrbios do desenvolvimento estrutural
Anomalias cerebrovasculares
Distúrbios na proliferação, migração e organização neuronal
- Malformação de Arnold Chiari.
- Holoprosencefalia;
- Malformação do corpo caloso;
- Malformação da fossa posterior.
- Arteriais;
- Venosas.
- Proliferação e diferenciação anormal das células tronco;
- Migração neuronal anormal;
- Organização cortical anormal.
1. DISTÚRBIOS DO FECHAMENTO DO TUBO NEURAL
Malformação de Chiari tipo I
Na malformação de Chiari tipo I ocorre a ectopia caudal das tonsilas cerebelares, causada pela desproporção entre o tamanho da fossa posterior, que é pequena, e o cerebelo. As tonsilas cerebelares se distanciam abaixo do forame magno > 5 mm em adultos e > 6 mm em crianças, na primeira década de vida.
A tendência é se apresentar na 2ª ou 3ª décadas de vida, com resolução espontânea rara.
Ressonância magnética
Há uma perda da forma arredondada das tonsilas, que se tornam pontudas, com migração da tonsila > 5 mm de distância do forame magno em adultos e > 6 mm em crianças. A fossa posterior é pequena, com consequente apagamento das cisternas. O clivus também é pequeno. Observa-se siringomielia em 30 a 60% dos casos, sendo 60 a 90% dos pacientes sintomáticos.
Malformação de Chiari tipo I. RM sagital T2, demonstrando ectopia caudal das tonsilas cerebelares (seta branca).
Malformação de Arnold-Chiari tipo II
A malformação de Arnold-Chiari tipo II é um defeito de fechamento do tubo neural, usualmente associado à mielomeningocele. Assim como na malformação de Arnold-Chiari tipo I, a fossa posterior é pequena, o que causa compressão do rombencéfalo. Pode apresentar várias alterações no sistema nervoso central, porém nem todos os achados estão presentes em todos os indivíduos com Chiari tipo II.

- Alterações no crânio e dura-máter:
• Fossa posterior pequena;
• Fenestração da foice cerebral e interdigitação dos hemisférios cerebrais;
• Craniolacunia – defeitos na convexidade craniana;

• Clivus encurtado e bordas petrosas côncavas;
• Forame magno aumentado.
- Alterações cerebrais:
• Deslocamento inferior das tonsilas cerebelares;
• Herniação superior do cerebelo, comprimindo o mesencéfalo e causando o tectum em “bico”;
• Inserção baixa da tórcula;
• Acotovelamento da junção bulbo-cervical;
• Grande massa intermédia ;
• Kink ou esporas bulbar;
• Disgenesia do Corpo Caloso - 80 a 90% dos casos;
• Estenogiria (giros cerebrais pequenos com córtex de espessura anormal).
- Alterações nas cavidades ventriculares:
• Hidrocefalia em 90% casos;
• Cornos anteriores pontudos;
• Estenose do aqueduto cerebral;
• 4º ventrículo alongado e tubular.
- Alterações na coluna e medula:
• Hidroseringomielia em 50 a 90% casos;
• Mielomeningocele, presente em virtualmente 100% dos casos;
• Diastematomielia.
Desenho esquemático da Malformação de Arnold-Chiari tipo II.
Malformação de Arnold-Chiari tipo III
Malformação de Arnold-Chiari tipo II. Corte sagital de RM em T1, demonstrando 1- IV ventrículo estreito e deslocado inferiormente, 2- Migração inferior das tonsilas cerebelares, 4- Bico mesencefálico, 5- Massa intermédia hipertrofiada, 6- Hipoplasia do corpo caloso, 7- Tórcula baixa, 8- Clivus encurtado e 9- Giros cerebrais estreitos e apertados.

Na síndrome de Arnold-Chiari tipo III, observa-se meningoencefalocele cérvico-occipital e mais alguns achados da malformação de Chiari tipo II, que podem variar em cada indivíduo.

Malformação de Arnold-Chari tipo III. Cortes sagital de RM em T2, demonstrando a encefalocele cérvico-occiptal.

Tonsilas deslocadas
1ª década > 6 mm


10 a 30 anos: 5 mm
30 a 80 anos: 4 mm
RESUMO MALFORMAÇÃO ARNOLD CHIARI – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES PARA FIXAÇÃO
Chiari tipo I
“key point”
Seringomielia em 30 a 60%
Cérebro: normal
Chiari tipo II
“key point”
Mielomeningocele em quase 100% casos
Seringomielia em 50 a 90%
Hidrocefalia em 90%
Craniolacunia
Foice fenestrada
Tecto em bico
Esporas e dobra bulbar
2. DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO ESTRUTURAL
Holoprosencefalia
A holoprosencefalia é um distúrbio por falha de clivagem e diferenciação da porção rostral do tubo neural, que nada mais é do que o prosencéfalo que, por sua vez, dará origem ao tele e diencéfalo. O telencéfalo dará origem aos hemisférios cerebrais e o diencéfalo, por sua vez, dará origem aos globos pálidos e hipotálamos. É dividida em três subcategorias: alobar (mais severa e mais comum), semilobar e lobar. Normalmente, coexistem anormalidades craniofaciais, sendo a associação mais comum com malformações oculares.
Forma alobar
A alobar é a mais severa e mais comum forma de holoprosencefalia. Está associada a deformidades faciais importantes. Há fusão completa dos hemisférios cerebrais, ausência da fissura inter-hemisférica e da foice do cérebro, assim como do corpo caloso e da comissura anterior. Existe um holoventrículo grande em formato de crescente, com ausência do septo pelúcido, fusão dos gânglios da base e do tálamo, e muito frequentemente existe um grande cisto dorsal, que ocupará mais da metade do volume calvário.
Holoprosencefalia alobar. Imagem axial de RM em T1 (esquerda), demonstrando ausência de separação dos hemisférios cerebrais, com holoventrículo em formato de crescente e um grande cisto dorsal. Imagem da direita é de um espécime de necropsia do cérebro mostrando ausência de fissura inter-hemisférica e padrão giral anormal.

Forma semilobar
A forma de holoprosencefalia semilobar é menos grave que a lobar. Os pacientes geralmente têm uma fácies normal ou com anomalias faciais discretas.
Há ausência parcial da fissura inter-hemisférica e da foice cerebral, sendo que há a separação posterior dos hemisférios cerebrais, com lobos frontais fundidos, os hipocampos são rudimentares e os cornos temporais dos ventrículos laterais são grandes e incompletamente formados. O corpo caloso está parcialmente formado e o septo pelúcido está ausente. Os tálamos parcialmente separados resultam em um terceiro ventrículo pequeno.
Holoprosencefalia semilobar. Imagens de RM mostrando que os hemisférios cerebrais estão separados apenas no plano posterior e apenas o esplênio do corpo caloso está presente.

Forma lobar
A forma lobar é a forma mais desenvolvida e menos grave de holoprosencefalia. A fissura inter-hemisférica e a foice cerebral separam quase todo o cérebro, com exceção dos lobos frontais mais rostrais e ventrais, com certo grau de hipoplasia dos lobos frontais. Há ligeira displasia do corpo caloso. O septo pelúcido quase sempre está ausente.
Chiari e holoprosencefalia
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QUESTÃO EXEMPLO
1. CBR - Fusão da porção anterior e basal dos lobos frontais, artéria cerebral ázigos e displasia do corpo caloso são achados de imagem característicos de qual malformação cerebral?

a) Holoprosencefalia lobar.
b) Síndrome de Joubert.
c) Síndrome de Kallmann.
d) Displasia septo-óptica.
e) Malformação de Chiari II.
Estas características citadas na questão - fusão anterior e basal dos lobos frontais e displasia do corpo caloso - são bastante sugestivas de holoprosencefalia lobar, o tipo menos grave de holoprosencefalia. Portanto, a resposta correta é a letra “A”.
IMPORTANTE PARA FIXAÇÃO! HOLOPROSENCEFALIAS
A: NORMAL;
B: HOLOPROSENCEFALIA LOBAR: corno frontal dos ventrículos laterais fundidos, mas identificados;
C: HOLOPROSENCEFALIA SEMILOBAR: corno frontal dos ventrículos laterais fundidos e NÃO identificados;
D: HOLOPROSENCEFALIA ALOBAR: ventrículo único e cornos não identificados.
Displasia septo-óptica
A displasia septo-óptica é considerada por alguns autores a forma mais branda da holoprosencefalia. Observa-se hipoplasia do nervo/quiasma óptico e do hipotálamo e deficiência do septo pelúcido, com disfunção hipotálamo-hipofisária em dois terços dos pacientes. Há esquizencefalia em 50% dos casos.
Displasia septo-óptica. Imagens de RM sagital e axial com disgenesia do corpo caloso e cisto aracnoide inter-hemisférico na região occiptal esquerda em uma criança com cegueira e epilepsia. A cavidade cística é observada na região occiptal esquerda, o septo pelúcido é ausente, corpo caloso displásico e nervos/quiasma ópticos estão afilados.


Malformações do corpo caloso
O corpo caloso é formado normalmente no sentido anteroposterior, com exceção do rostro que é formado por último, na sequência: joelho – corpo – esplênio – rostro. As malformações do corpo caloso são comuns em associação com outras malformações e podem estar associadas com lipoma pericalosal, pois a presença do lipoma interrompe o crescimento do corpo caloso. Disgenesia é um termo amplo que inclui a hipogenesia, hipoplasia e agenesia. Agenesia é a ausência total, por não formação da massa comissural. Hipogenesia é quando alguma porção não se desenvolveu (usualmente as porções posteriores), e hipoplasia é quando o corpo caloso possui todas as suas partes, porém é pequeno.
Ressonância magnética
- Ventrículos laterais apresentam-se em paralelo no corte axial. Já no coronal apresenta forma de “capacete viking” ou “cabeça alce”;
- Feixes de Probst – tratos de substância branca orientadas longitudinalmente, que são axônios que não cruzaram a linha média por falta do corpo caloso;
- Ausência do giro do cíngulo;
- 3º ventrículo de teto alto;
- Colpocefalia - dilatação dos cornos occiptais.
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QUESTÃO EXEMPLO
7
realiza
magnética do encéfalo para investigar crises convulsivas de difícil controle. Com base nas imagens abaixo, qual o diagnóstico mais provável?




a) Polimicrogiria.
b) Displasia cortical focal (tipo células em balão).
c) Hemimegaloencefalia.
d) Esquizencefalia.
e) Lisencefalia clássica.
Vamos analisar cada opção: A esquizencefalia é uma rara malformação congênita que se caracteriza por fenda unilateral ou bilateral nos hemisférios cerebrais. Essa fenda normalmente se estende do córtex à região periventricular.
Hemimegaloencefalia É uma rara desordem da formação cortical, caracterizada por crescimento hamartomatoso de parte ou de todo o hemisfério cerebral. Clinicamente, manifesta-se por espasmos infantis generalizados, bem como retardo do desenvolvimento e hemiparesia. Sugerem o diagnóstico: ventrículo lateral afetado aumentado; giros alargados; deslocamento contralateral da foice posterior; calcificações da substância branca.

Lisencefalia significa cérebro liso, sem convoluções ou convoluções amplas e rasas, configurando a paquigiria. A RM demonstra superfície cerebral lisa com áreas de agiria e paquigiria. O córtex é espesso, havendo comumente outras malformações associadas como má rotação hipocampal, alargamento das porções posteriores dos ventrículos laterais, hipoplasia cerebelar, entre outras.
Polimicrogiria é uma malformação do desenvolvimento cortical bastante frequente, estando relacionada a alterações do processo tardio de migração neuronal, em que os neurônios alcançam o córtex durante o desenvolvimento, mas se distribuem de maneira errônea, resultando em giros pequenos. A esquizencefalia geralmente está associada com polimicrogiria. Nos métodos por imagem, a polimicrogiria pode se apresentar como focal, multifocal ou difusa, podendo ser unilateral ou bilateral, simétrica ou assimétrica. O local mais comum são as porções posteriores das fissuras silvianas, podendo haver extensão ou não para os lobos frontal e occipital. A superfície cortical demonstra inúmeros pequenos giros ou, ainda, se apresenta de forma lisa, devido à fusão da camada molecular acima dos microssulcos. Displasia cortical focal - tipo células em balão são malformações do desenvolvimento que mais comumente causam epilepsia refratária. São predominantemente intracorticais, podendo ser focais ou extensas Portanto, a melhor opção é a letra e, lisencefalia, em função do aspecto de córtex espesso e com sulcos amplos e rasos.
Malformações da fossa posterior
Malformação de Dandy-Walker
A malformação de Dandy-Walker representa um amplo espectro de malformações císticas da fossa posterior. Na malformação “clássica” observa-se ausência ou hipoplasia do vermis cerebelar, hemisférios cerebelares hipoplásicos e rodados superiormente (seta aberta), dilatação cística do IV ventrículo com paredes finas (seta curva) e tenda do cerebelo e tórcula estão elevadas (seta).
Tomografia computadorizada
No exame tomográfico, observa-se uma fossa posterior alargada, além de imagem cística, comunicando-se com o 4º ventrículo.
Malformação de Dandy-Walker. Exame tomográfico axial (1ª figura) e com reconstrução sagital (2ª figura), mostrando imagem cística na fossa posterior com comunicação com 4º ventrículo.
Ressonância magnética
- Assoalho do 4º ventrículo aberto dorsalmente a um cisto liquórico de tamanho variável;
- Remanescente vermiano em posição cefálica, cobrindo o cisto;
- Elevação torcular com tentório alto.
Malformação de Dandy-Walker. Corte sagital de RM ponderada em T2 com grande cisto na fossa posterior com parede fina (seta reta) e hemisférios cerebelares hipoplásicos (seta curva).



Malformações císticas da fossa posterior
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QUESTÃO EXEMPLO
3. CBR - Considere que criança do sexo feminino, um ano de idade, macrocefalia e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, é submetida à ressonância magnética do encéfalo. O exame de RM demonstrou fossa posterior com dimensões aumentadas, havendo deslocamento cranial do tentório e da torcula, associada à dilatação cística do quarto ventrículo, a hipoplasia e rotação cranial do dermis cerebelar e à hidrocefalia supratentorial, com tronco cerebral apresentando morfologia preservada. O conjunto desses achados refere-se a:
a) Cisto da bolsa de Blake.
b) Megacisterna magna.t
c) Síndrome de Joubert.
d) Cisto aracnoide.
e) Malformação de Dandy-Walker clássica.
Na síndrome de Dandy Walker, as principais são a presença de formação cística na fossa posterior em direta comunicação com o quarto ventrículo e a rotação cranial e anti-horário do vermis cerebelar. Portanto, nossa resposta é letra "E".
3. DISTÚRBIO NA PROLIFERAÇÃO, MIGRAÇÃO E ORGANIZAÇÃO NEURONAL
Distúrbios da migração neuronal
A migração neuronal inicia-se na zona germinativa subependimária ventricular até o córtex, sendo geneticamente guiada. As desordens de migração ocorrem quando este trajeto é parado/interrompido durante a embriogênese.
Heterotopia da substância cinzenta
A presença de substância cinzenta heterotópica pode ser unilateral ou bilateral, focal ou generalizada. Há associação com disgenesia do corpo caloso e pode ser dividida em heterotopia subependimária, subcortical, em faixa e lisencefalia.
a. Heterotopia subependimária: É a mais comum, apresentando-se como focos de substância cinzenta com endentação dos ventrículos.
Heterotopia subependimária. Imagens em axial T2 (esquerda) e DP (direita) apresentando focos de substância cinzenta subependimária.
b. Heterotopia subcortical: Focos de substância cinzenta em continuidade com o córtex ou com a cortical sobreposta afilada.
Heterotopia subcortical. RM axial T2 com afilamento do córtex (a seta aberta).


c. Heterotopia em faixa – “córtex duplo”: Apresenta focos de substância cinzenta em faixa, configurando “duplo córtex”.

d. Lisencefalia: É a mais severa das anomalias da migração neuronal, consiste em cérebro liso, sem sulcos ou giros e com córtex espesso, assumindo um aspecto de “8”. Não se observa interdigitação entre a substância branca e cinzenta.
Lisencefalia. RM axial com escassez de sulcos/giros (direita) comparado com o padrão normal (esquerda).
Distúrbios da organização neuronal
Esquizencefalia
A esquizencefalia é caraceterizada pela presença de uma fenda que se estende por toda a espessura de um hemisfério cerebral da superfície pial até a superfície ventricular. As margens da fenda são revestidas por substância cinzenta. As localizações mais comuns são parietal, temporal e perissilviana. Há forte associação com ausência do septo pelúcido (70 a 90%).



4. ANORMALIDADES DA FUSÃO DO CRÂNIO
Craniossinostose
Craniossinostose indica fechamento prematuro das suturas cranianas. É chamada de primária quando não tem causa aparente e secundária quando existe algum fator causal. Comparado com a maioria das estruturas embriônicas, como o cérebro e o sistema cardiovascular, as suturas cranianas formam-se relativamente tarde (com, aproximadamente, 16 semanas de gestação). As suturas normais permitem o crescimento do crânio perpendicular ao seu eixo. Uma vez que o cérebro cresce rapidamente, a calota craniana se expande. Se o crescimento cerebral é lento, a sutura fecha.
A ordem normal de fechamento das suturas é primeiro a metópica, seguida pela coronal e depois pela lambdoide. A sutura sagital costuma fechar por último. A distorção da calota craniana ocorre da combinação de (1) crescimento insuficiente perpendicular à sutura prematuramente fusionada e (2) supercrescimento compensatório das suturas não fusionadas .

Aproximadamente 60% de todos os casos de craniossinostoses de sutura única envolvem fusão prematura da sutura sagital, seguido em frequência por aquelas que envolvem as suturas coronal (22%) e metópica (15%). A craniossinostose da lambdoide é muito rara, sendo responsável por apenas 2% de todos os casos.

A classificação depende de qual fissura fechou precocemente:
- Escafocefalia ou Dolicocefalia – sinostose sagital (mais comum). O crânio apresenta-se alongado com a crista óssea na linha média;
- Braquicefalia – sinostose coronal bilateral ou bilambdoide. Há aumento do diâmetro transverso, dando um aspecto de órbita em “arlequim”;
- Plagiocefalia – geralmente sinostose de múltiplas suturas ou coronal unilateral. O crânio encontra-se muito assimétrico;
- Trígonocefalia – sinostose metópica. A fronte apresenta-se acunhada ou em forma de triângulo;
- Oxicefalia ou Turricefalia (crânio em “trevo”) – sinostose bilateral da sutura coronal e lambdoide. A fossa temporal encontra-se abaulada


- crânio em “torre”.
Escafo ou dolicocefalia. TC com reconstrução, com fechamento precoce da sutura sagital configurando um formato alongado do crânio.
QUESTÃO EXEMPLO
4. CBR - Com relação às cranioestenoses, CORRETO afirmar:
a) A braquicefalia é decorrente de fusão precoce da sutura lambdoide bilateral.
b) A plagiocefalia é decorrente de fusão precoce da sutura coronal bilateral.
c) A turricefalia é decorrente de fusão precoce da sutura metopica.
d) A escafocefalia é decorrente de fusão precoce da sutura sagital.
e) A trigonocefalia é decorrente de fusão precoce da sutura lambdoide unilateral.
Vamos relembrar as classificações das craniosinostoses:
- Escafocefalia / dolicocefalia: fechamento precoce da sutura sagital;
- Plagiocefalia anterior: fechamento precoce da sutura coronal unilateral;
- Braquicefalia: fechamento bilateral da sutura coronal;
- Plagiocefalia posterior: fechamento precoce da sutura lambdoide;
- Trigonocefalia: fechamento precoce da sutura metópica;
- Oxicefalia: fechamento precoce de várias suturas simultaneamente (forma cônica);
- Crânio em trevo – cloverleaf skull (Kleeblattschädel): fechamento das suturas sagital, coronais e lambdóides
Portanto, a resposta correta é a letra D.
Craniosinostoses
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