TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO RELACIONADOS AO TRABALHO
1. INTRODUÇÃO
A contribuição do trabalho para as alterações da saúde mental das pessoas dá-se a partir de ampla gama de aspectos: desde fatores pontuais, como a exposição a determinado agente tóxico, até a complexa articulação de fatores relativos à organização do trabalho, como a divisão e parcelamento das tarefas, as políticas de gerenciamento das pessoas e a estrutura hierárquica organizacional. Os transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho resultam, assim, não de fatores isolados, mas de contextos de trabalho em interação com o corpo e aparato psíquico dos trabalhadores. As ações implicadas no ato de trabalhar podem atingir não só o corpo dos trabalhadores, produzindo disfunções e lesões biológicas, mas também reações psíquicas às situações de trabalho patogênicas, além de poderem desencadear processos psicopatológicos especificamente relacionados às condições do trabalho desempenhado pelo trabalhador.
Os transtornos mentais, de modo geral, caracterizam-se por gênese multifatorial, ou seja, genotípica que pode sofrer influência fenotípica. Por isso, o contexto do trabalho é um importante determinante da saúde mental do trabalhador, com influências benéficas ou nocivas. É impossível, portanto, determinar um quadro sintomático, estabelecer um diagnóstico e fazer correlação com atividade laborativa sem que se tenha realizado o estudo do contexto do trabalho.
2. FATORES ASSOCIADOS
- Tempo e ritmo de trabalho;
- Jornadas de trabalho longas, com poucas pausas destinadas ao descanso e/ou refeições de curta duração, em lugares desconfortáveis;
- Turnos de trabalho noturnos, turnos alternados ou turnos iniciando muito cedo pela manhã;
- Ritmos intensos ou monótonos com submissão do trabalhador ao ritmo das máquinas, sob as quais não tem controle;
- Pressão de supervisores ou chefias por mais velocidade e produtividade causam, com frequência, quadros ansiosos, fadiga crônica e distúrbios do sono.
3. QUADRO CLÍNICO
Os sintomas psíquicos de estresse excessivo são cansaço mental, dificuldade de concentração, perda de memória imediata, apatia e indiferença emocional, queda de produtividade, prejuízo da criatividade, percepção do desempenho insatisfatório, crises de ansiedade e humor depressivo, redução da libido e danos na qualidade de vida, entre outros.
4. CONDUTA
A vigilância em saúde do trabalhador deve considerar a multiplicidade de fatores envolvidos na determinação das doenças mentais e comportamentais relacionadas ao trabalho. Em alguns casos, são de natureza química; em outros, intrinsecamente relacionados às formas de organização e à gestão do trabalho ou mesmo da ausência de trabalho e em muitos casos decorrem de uma ação sinérgica desses fatores.
Patologia do trabalho 3
1. Introdução ....................................................... 33 2. Fatores associados ......................................... 33 3. Quadro clínico ................................................. 33 4. Conduta ............................................................ 33 5. Prevenção ........................................................ 34 6. Demência ......................................................... 34 7. Delirium ............................................................ 34 8. Transtorno cognitivo leve ............................. 34 9. Alcoolismo crônico relacionado ao trabalho ............................................................ 35 10. Transtorno depressivo ................................... 36 11. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Transtorno de Estresse Agudo (TEA) 36 12. Síndrome de fadiga crônica − Neurastenia ..................................................... 38 13. Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos .................................... 38 14. Síndrome de burn-out ou síndrome do esgotamento profissional .............................. 39 15. Resumo ............................................................. 41 02
- Avaliação da necessidade de afastamento (temporário ou permanente) do trabalhador da exposição, do setor de trabalho ou do trabalho como um todo;
- Solicitar a emissão da CAT à empresa, se estiver no regime da previdência social;
- Notificação do agravo ao SINAN.
A caracterização da disfunção e incapacidade causada pelos transtornos mentais e do comportamento é difícil. Assim, para balizar, devemos avaliar os aspectos:
1. LIMITAÇÕES EM ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA: autocuidado, higiene pessoal, comunicação, deambulação, viagens, repouso e sono, atividades sexuais e exercício de atividades sociais.
2. EXERCÍCIO DE FUNÇÕES SOCIAIS: refere-se à capacidade do indivíduo de interagir apropriadamente e comunicar-se eficientemente com outras pessoas.
3. CONCENTRAÇÃO, PERSISTÊNCIA E RITMO: também denominados capacidade de completar ou levar a cabo tarefas.
4. DETERIORAÇÃO OU DESCOMPENSAÇÃO NO TRABALHO: frente a situações ou circunstâncias mais estressantes ou de demanda mais elevada, os indivíduos saem, desaparecem ou manifestam exacerbações dos sinais e sintomas de seu transtorno mental ou comportamental.
5. PREVENÇÃO
A prevenção deve focar nas condições de trabalho, principalmente nas questões organizacionais, quando excluídas as questões relacionadas aos agentes químicos, que são tratadas através da higiene ocupacional.
- Conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos de trabalho;
- Ritmo e intensidade do trabalho;
- Fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das normas de produção;
- Sistemas de turnos;
- Sistemas de premiação e incentivos;
- Fatores psicossociais e individuais;
- Relações de trabalho entre colegas e chefias;
- Medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
- As estratégias individuais e coletivas adotadas pelos trabalhadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, entre a população trabalhadora ativa, haja 30% de portadores de transtornos mentais leves, e 5 a 10% de pessoas com transtornos mentais graves. Os transtornos mentais relacionados com o trabalho são as doenças que afastam por mais tempo os trabalhadores e ocupam o segundo lugar de causas de auxílio-doença e a mesma posição para incapacidade permanente ou invalidez.
QUESTÃO EXEMPLO
1. ANAMT 2010 - Em relação ao estresse no trabalho, assinale Falso (F) ou Verdadeiro (V) e marque a alternativa correspondente:
I. O conceito de estresse no trabalho da Organização Mundial de Saúde corresponde à presença de respostas físicas e emocionais prejudiciais que ocorrem quando as exigências do trabalho não estão em equilíbrio com as capacidades, recursos ou necessidades do trabalhador.
II. Entre os fatores de estresse no trabalho está o ruído excessivo no ambiente de trabalho.
III. A sua prevenção faz parte das atividades da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
IV. O estresse não é, necessariamente, um fenômeno prejudicial à saúde.
a) Apenas I e II são corretos
b) Apenas II e III são corretas
c) I, II e III são corretas
d) I, II, III e IV são corretas
e) I e III são corretas
Resposta: C
I. Verdadeiro.
II. Verdadeiro. O ruído é um dos itens mais importantes da saúde ocupacional, estando, quando inadequado, relacionado às lesões do aparelho auditivo, à fadiga auditiva e, provavelmente, aos efeitos psicofisiológicos negativos associados ao estresse psíquico. O ruído (sendo este alto ou não) pode ser a causa de estresse no trabalho, uma das consequências dos acidentes de trabalho.
III. Verdadeiro. A CIPA tem como principal missão promover mais segurança no ambiente de trabalho. Evitando, assim, acidentes e prejuízos à saúde dos profissionais. Assim, cursos sobre gerenciamento do estresse são essenciais, pois, além de manterem a qualidade de vida, promovem o engajamento dos funcionários. IV. Falso. O estresse e a estafa mental também são doenças laborais e consequentemente prejudiciais à saúde.
6. DEMÊNCIA
Ocorre a deficiência das funções corticais superiores, incluindo: memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprender, linguagem e julgamento.
7. DELIRIUM
Delirium é uma síndrome caracterizada por rebaixamento do nível de consciência, com distúrbio da orientação (no tempo e no espaço) e da atenção (hipovigilância e hipotenacidade), associada ao comprometimento global das funções cognitivas.
Os fatores de risco para ambas as patologias são os mesmos. A exposição ocupacional apresenta as seguintes substâncias químicas tóxicas
Substâncias asfixiantes: monóxido de carbono (CO), sulfeto de hidrogênio(H²S);
Sulfeto de carbono;
Metais pesados (manganês, mercúrio, chumbo e arsênio);
Derivados organometálicos (chumbo tetraetila e organoestanhosos).
8. TRANSTORNO COGNITIVO LEVE
O transtorno cognitivo leve caracteriza-se por alterações da memória, da orientação, da capacidade de aprendizado e redução da capacidade de concentração em tarefas prolongadas. (Intensa sensação de fadiga mental)
Fatores de risco − substâncias químicas tóxicas e agentes físicos
Brometo de metila Chumbo
Manganês Mercúrio
Sulfeto de carbono
Tricloroetileno, tetracloroetileno, tricloroetano
Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
Níveis elevados de ruído
www.opuscurso.com.br 4 OPUSCURSO | 2023
Obs.: O diagnóstico de demência, delirium e transtornos cognitivos relacionados ao trabalho, excluídas outras causas não ocupacionais, deve ser enquadrado no Grupo I da classificação de Schilling.
9. ALCOOLISMO CRÔNICO RELACIONADO AO TRABALHO
Alcoolismo refere-se a um modo crônico e continuado de usar bebidas alcoólicas, caracterizado pelo descontrole periódico da ingestão ou por um padrão de consumo de álcool com episódios frequentes de intoxicação e preocupação com o álcool e o seu uso, apesar das consequências adversas desse comportamento para a vida e a saúde do usuário.
O trabalho pode ser considerado como fator de risco de acordo com o conjunto de fatores de risco associados à etiologia multicausal do alcoolismo crônico, correspondendo ao Grupo II da classificação de Schilling. Em trabalhadores previamente alcoolistas, o trabalho poderia desencadear, agravar ou contribuir para a recidiva da doença. (Grupo III da classificação de Schilling).
Os indivíduos com dependência e abuso de álcool demonstram prejuízo no funcionamento social ou ocupacional devido ao uso da substância (p. ex., violência durante intoxicação, ausência no trabalho, perda do emprego), dificuldades legais (p. ex., prisão por embriaguez e acidentes de trânsito causados por embriaguez) e discussões ou dificuldades com familiares ou amigos sobre o consumo excessivo de álcool.
Diagnóstico
Os critérios diagnósticos podem ser adaptados daqueles previstos para a caracterização das demais síndromes de dependência, ou seja, por pelo menos um mês:
- Um forte desejo ou compulsão de consumir álcool em situações de forte tensão presente ou gerada pelo trabalho;
- Comprometimento da capacidade de controlar o comportamento de uso da substância;
- Uso persistente da substância, a despeito das evidências das suas consequências nocivas e da consciência do indivíduo a respeito do problema.
Tratamento
O tratamento do alcoolismo crônico envolve múltiplas estratégias terapêuticas que implicam, muitas vezes, em mudanças na situação de trabalho. A abstinência completa de álcool é fator chave do tratamento. As estratégias de tratamento do alcoolismo crônico incluem:
- Psicoterapia;
- Tratamento farmacológico;
- Grupos de mútua ajuda;
- Recursos de centros de atenção diária.
Existem três medidas gerais envolvidas no tratamento do indivíduo alcoolista depois do diagnóstico do transtorno: intervenção, desintoxicação e reabilitação. Para a maioria dos pacientes, a reabilitação inclui três componentes principais: (1) esforços contínuos para aumentar e manter níveis elevados de motivação para abstinência; (2) ajudar o paciente a se readaptar a um estilo de vida sem álcool; e (3) prevenção de recaída.
Prevenção
Atividades Exemplo
Socialmente desprestigiadas e determinadas de certa rejeição
Atividades em que a tensão é constante e elevada
Atividades de grande densidade de atividade mental
Atividades isoladas, que geram tédio, trabalhos em que a pessoa trabalha em isolamento do convívio humano de trabalho monótono
Atividades com afastamento prolongado do lar
Quadro clínico
Contato com cadáveres, lixo ou dejetos em geral, apreensão e sacrifício de cães
Transportes coletivos, estabelecimentos bancários, construção civil
Repartições públicas, estabelecimentos bancários e comerciais
Vigias e porteiros
Caminhoneiro, ou outras profissões com viagens frequentes, plataformas marítimas, zonas de mineração
Ações de prevenção do alcoolismo que se limitam a realizar cursos e palestras com a finalidade de procurar transmitir conhecimentos científicos e aconselhamento sobre as ações prejudiciais do álcool no organismo são frequentemente inócuos. Tem-se resultados positivos com os programas que identificam, nas situações de trabalho e do cotidiano da vida, os aspectos organizacionais e ambientais relacionados ao risco alcoólico, procurando implementar ações para transformá-los.
Transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho Patologia do trabalho 5
Em algumas ocupações, nota-se uma frequência maior de casos (individuais) de alcoolismo
Sinais de intoxicação por álcool 1. Fala arrastada 2. Nistagmo 3. Tontura 4. Prejuízo na atenção ou memória 5. Incoordenação 6. Estupor ou coma 7. Instabilidade na marcha 8. Visão dupla
PROVA ANAMT 2021 - Rastreamento precoce - Alcoolismo
Assista ao video do QRcode e anote, neste quadro, os pontos mais importantes!
10. TRANSTORNO DEPRESSIVO
Os episódios depressivos caracterizam-se por humor triste, perda do interesse e prazer nas atividades cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada.
Fatores de risco ocupacionais
- Decepções sucessivas em situações de trabalho frustrantes;
- Perdas acumuladas ao longo dos anos de trabalho;
- Exigências excessivas de desempenho cada vez maior (excesso de competição);
- Situação de desemprego prolongado.
Obs.: Os agentes químicos são os mesmos citados no quadro.
Quadro clínico e diagnóstico
O diagnóstico de episódio depressivo requer a presença de pelo menos cinco (ou mais) dos seguintes sintomas, sendo que a condição é de que estes estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é humor deprimido* ou perda de interesse ou prazer. A seguir, vejo os outros sintomas.
*Humor deprimido na maior parte do dia: “sente-se triste, vazio, sem esperança”.
- Diminuição ou aumento do apetite com perda ou ganho de peso (5% ou mais do peso corporal, no último mês);
- Insônia ou hipersonia;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Fadiga ou perda da energia;
- Sentimentos de desesperança, de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada;
- Diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar ou indecisão;
- Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico ou uma tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio.
Alguns transtornos mentais que comumente têm manifestações depressivas:
- Transtorno da adaptação com humor deprimido;
- Transtornos por uso de álcool;
- Transtornos de ansiedade:
a) Transtorno de ansiedade generalizada;
b) Transtorno misto de ansiedade e depressão;
c) Transtorno de pânico;
d) Transtorno de estresse pós-traumático;
e) Transtorno obsessivo-compulsivo.
Obs.: A DISTIMIA (significado: “mal-humorado”) é definida como transtorno depressivo persistente, ou seja, é a presença de um humor deprimido que dura a maior parte do dia e está presente quase continuamente. Além disso, há sentimentos associados à inadequação, à culpa, à irritabilidade e à raiva; afastamento da sociedade; perda de interesse; inatividade e falta de produtividade.
Tratamento
- Psicoterapia;
- Tratamento farmacológico;
- Intervenções psicossociais.
11. TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT) E TRANSTORNO DE ESTRESSE AGUDO (TEA)
O TEPT define-se como uma resposta tardia e/ou protraída a um evento ou situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica. São exemplos: os desastres naturais ou produzidos pelo homem, acidentes graves, testemunho de morte violenta ou ser vítima de tortura, estupro, terrorismo ou qualquer outro crime.
Epidemiologia
Após um evento traumático, até 50% dos indivíduos podem ser diagnosticados com Transtorno de Estresse Agudo (TEA). Entretanto, a maioria das pessoas se recupera dentro do período de 1 mês.
Uma parcela das pessoas, a depender da vulnerabilidade, do tipo de evento e da gravidade da situação traumática, desenvolve o TEPT, ou seja, o TEA é um quadro inicial, mas, no entanto, não significa que o indivíduo desenvolverá TEPT obrigatoriamente, pois dependerá do indivíduo e da gravidade do evento.
A incidência do TEPT aumenta ao longo de 1 ano após um evento intencional, atingindo até 23% daqueles indivíduos que passaram por tal situação, ao passo que, para eventos naturais, como enchentes ou desabamentos, por exemplo, os níveis tendem a diminuir ao longo do tempo para 11%. Isso indica que o risco de desenvolver sintomas de TEPT ao longo de 1 ano após um evento traumático intencional cresce à medida que diminui para catástrofes naturais.
Fatores predisponentes, tais como traços de personalidade ou história prévia de doença neurótica, podem baixar o limiar para o desenvolvimento da síndrome ou agravar seu curso, mas não são necessários nem suficientes para explicar sua ocorrência. Os fatores genéticos respondem por 30 a 40% da herdabilidade do TEPT.
O TEPT geralmente aparece mais em adultos jovens e em solteiros, além de vulneráveis socialmente e economicamente. As mulheres são mais propensas a desenvolver sintomas do que os homens, bem como indivíduos com história de estresse precoce (situações de maus-tratos e negligência, em que os abusos físico, emocional e sexual são os mais significativos).
Um fator de proteção ao desenvolvimento do TEPT é um bom suporte social, que proporciona uma rede de proteção em torno do indivíduo no momento de fragilidade.
Algumas atividades são predisponentes para desencadear o transtorno, como trabalhos perigosos que envolvem responsabilidade com vidas humanas, com risco de grandes acidentes, como o trabalho nos sistemas de transporte ferroviário, metroviário e aéreo, o trabalho dos bombeiros etc. Nestes casos, se comprovado, enquadram-se no Grupo I da classificação de Schilling.
Quadro clínico
A presença do quadro agudo após um evento traumático é o Transtorno de Estresse Agudo (TEA).
O diagnóstico de TEA preconiza os três sintomas que devem persistir 3 a 30 dias após o evento traumático: amnésia, despersonalização e desrealização. Sendo este um fator de risco para o TEPT.
O TEPT é marcado por aumento de estresse e da ansiedade após exposição a um evento traumático ou estressante.
Esses eventos podem incluir ser testemunha ou estar envolvido em um acidente ou crime violento, combate militar ou agressão, ser sequestrado, estar envolvido em desastre natural, vivenciar abuso físico ou sexual sistemáticos. A pessoa reage à experiência com medo e impotência, revive persistentemente o acontecido e tenta não se lembrar dele. O evento pode ser revivido em sonhos e em pensamentos quando acordado, isto é, em flashbacks
www.opuscurso.com.br 6 OPUSCURSO | 2023
O início do quadro segue-se ao trauma, com um período de latência que pode variar de poucas semanas a meses (geralmente antes dos 6 meses). O curso é flutuante, mas a recuperação pode ser esperada na maioria dos casos. Em uma pequena proporção dos pacientes, a condição pode evoluir cronicamente por muitos anos, transformando-se em uma alteração permanente da personalidade.
Sintomas comuns do transtorno de estresse pós-traumático
Angústia Falta de concentração Respostas de sobressalto Ansiedade Hipervigilância Revivências
Embotamento emocional Insônia Pesadelos
Esquiva (evitar pessoas e lugares) Lembranças involuntárias
Sonhos de repetição do evento Excitabilidade Medo de sair à rua
Falta de apetite Medos fóbicos
PROVA ANAMT 2021 - Transtorno de estresse pós traumático
Assista ao video do QRcode e anote, neste quadro, os pontos mais importantes!
Diagnóstico
Em geral, o TEPT desenvolve-se algum tempo depois do trauma, em semanas ou meses. Os sintomas podem flutuar ao longo do tempo e ser mais intensos durante períodos de estresse. Fatores imprescindíveis:
1º - Exposição ao episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violação sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
2. Testemunhar pessoalmente o evento ocorrido a outras pessoas.
3. Saber que o evento ocorreu com familiar ou amigo próximo.
2º - Atitude persistente de evitar circunstâncias semelhantes ou associadas ao evento estressor e sintomas de intrusão, humor negativo, dissociação, evitação e excitação, começando ou piorando depois da ocorrência do evento traumático, expostos no quadro acima.
No aspecto laboral, temos algumas atividades com maior risco de adoecer, devido a fatores psicossociais negativos, alta demanda, como baixo controle sobre o trabalho, além de vivenciarem frequentemente eventos traumáticos.
Atividades Ocupações
Profissionais de emergências
Socorristas em ambulâncias que prestam atendimento pré-hospitalar e bombeiros que realizam atividades de busca e resgate
Profissionais segurança pública Policiais militares ou civis
Profissionais que lidam com segurança patrimonial e transporte de valores Motoristas e seguranças
Contato com público externo (grande fluxo de dinheiro e pessoas)
Cobrador de ônibus, caixas em bancos, lotéricas e supermercados
QUESTÃO EXEMPLO
2. ANAMT 2012 - AM de 53 anos procura o serviço médico com queixas de tonturas, zumbidos e insônia há cinco anos. Relaciona os sintomas com a função de motorista de ônibus urbano há 15 anos. O médico analisa a audiometria e, diante do resultado de “perda auditiva neurossensorial bilateral de grau leve”, pede ao paciente que informe como e quando tiveram início os sintomas. O motorista, após momento de silêncio, relata que foi vítima de um assalto e quando sentiu a arma em sua cabeça desmaiou. Desde então não consegue trabalhar devido aos zumbidos e tampouco dormir, pois acorda com lembranças daquele episódio. Assinale a alternativa correta do diagnóstico mais provável para o caso:
a) Síndrome vestíbulo coclear relacionada ao trabalho
b) Síndrome de ansiedade
c) Transtorno de estresse pós-traumático relacionado ao trabalho
d) Depressão
e) Síndrome de pânico
Resposta: C.
O TEPT define-se como uma resposta tardia e/ou protraída a um evento ou situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, como, no caso em questão, o assalto com arma de fogo, evoluindo com sintomas de revivências, insônia e lembranças involuntárias.
Os sintomas de TEPT podem ser difíceis de distinguir daqueles dos transtornos de pânico e de ansiedade generalizada porque as três síndromes estão associadas à ansiedade proeminente e à excitação autonômica. O segredo para diagnosticar corretamente TEPT envolve um exame cuidadoso do tempo decorrido entre o evento traumático e o surgimento dos sintomas, isto é, a relação de nexo causal. O TEPT está associado à revivência e à evitação de um trauma, características que, em geral, não estão presentes nos transtornos de pânico ou de ansiedade generalizada.
Transtornos
comportamento relacionados ao trabalho Patologia do trabalho 7
mentais e do
Curso e prognóstico
Se não forem tratados, cerca de 30% dos pacientes se recuperam completamente, 40% continuam com sintomas leves, 20% continuam a tê-los em grau moderado e 10% permanecem inalterados ou pioram.
O início rápido dos sintomas, sua curta duração (menos de 6 meses), o bom funcionamento pré-mórbido, o forte suporte social, a ausência de outros transtornos psiquiátricos, clínicos ou relacionados com substâncias psicoativas e também ausência de outros fatores de risco configuram um bom prognóstico.
Tratamento e outras condutas
- Psicoterapia;
- Tratamento farmacológico;
- Intervenções psicossociais.
Prevenção
A prevenção do estado de estresse pós-traumático relacionado ao trabalho envolve uma complexa rede de medidas de prevenção de acidentes, segurança e promoção de condições no trabalho, incluindo condições organizacionais do trabalho que respeitem a subjetividade dos trabalhadores.
Requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e da vigilância, sendo desejável que o atendimento seja feito por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, capacitada a lidar e a dar suporte ao sofrimento psíquico do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho.
QUESTÃO EXEMPLO
3. ANAMT 2015 - Na prevenção de estresse no trabalho, assinale Falso (F) ou Verdadeiro (V) e marque a alternativa correspondente:
I. O programa de prevenção deve incluir ações nas situações de trabalho e orientações para a vida pessoal dos trabalhadores.
II. As orientações para a vida pessoal incluem o aumento da capacidade de gerenciar situações estressantes.
III. Devem ser identificados os fatores que causam estresse no trabalho e não os fatores de satisfação no trabalho.
a) V – V – V
b) V – V – F
c) V – V – V
d) F – V – F
Resposta: B
I. Verdadeiro.
II. Verdadeiro.
III. Falso. A insatisfação com o trabalho gera redução da eficácia profissional e do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de diminuição de competência e reação negativa das realizações no trabalho), sendo uma das dimensões da síndrome de Burnout.
12. SÍNDROME DE FADIGA CRÔNICA − NEURASTENIA
A Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) é caracterizada por seis meses ou mais de fadiga grave e debilitante. A característica mais marcante da síndrome de fadiga relacionada ao trabalho é a presença de fadiga constante, acumulada ao longo de meses ou anos em situações de trabalho em que não há oportunidade de se obter descanso necessário e suficiente.
Fatores de risco
- Ritmos de trabalho acelerados, sem pausas ou com pausas sem as devidas condições para repousar e relaxar;
- Jornadas de trabalho prolongadas (excesso de horas extras, tempo de transporte de casa para o trabalho e do trabalho para casa muito longo, dupla jornada de trabalho para complementar a renda familiar);
- Jornada de trabalho em turnos alternados.
Etiologia
A causa do transtorno é desconhecida. O diagnóstico é de exclusão. A fadiga patológica parece ser decorrente da interação de diversos desses fatores entre si, ao longo de meses ou anos.
Diagnóstico e características clínicas
Em razão de a SFC não ter características patognomônicas, o reconhecimento é difícil. O diagnóstico baseia-se nos seguintes critérios:
- Queixas persistentes e angustiantes de fadiga aumentada após esforço mental ou queixas persistentes e angustiantes de fraqueza e exaustão corporal após esforço físico mínimo;
- Pelo menos dois dos seguintes: sensação de dores musculares, tonturas, cefaleias tensionais, perturbações do sono, incapacidade de relaxar, irritabilidade, dispepsia;
- Paciente é incapaz de se recuperar por meio do descanso, relaxamento ou entretenimento.
O exame físico também é uma fonte inconfiável de certeza diagnóstica.
QUESTÃO EXEMPLO
4. ANAMT 2010 - Com relação à fadiga psíquica, é INCORRETO afirmar:
a) Seus sintomas se confundem com quadros de depressão
b) As somatizações mais frequentes se dão ao nível do trato digestivo
c) A exemplo da fadiga física, melhora com o repouso e o sono
d) Está muitas vezes relacionada com a monotonia do trabalho
e) É frequentemente acompanhada de sensação de cansaço extremo, problemas sexuais e alterações do humor
Resposta: C.
As principais somatizações se dão ao nível muscular e psíquico.
13. TRANSTORNO DO CICLO VIGÍLIASONO DEVIDO A FATORES NÃO ORGÂNICOS
O transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos é definido como uma perda de sincronia entre o ciclo vigília-sono do indivíduo e o ciclo vigília-sono socialmente estabelecido como normal, resultando em queixas de insônia, interrupção precoce do sono ou de sonolência excessiva.
Quando relacionado ao trabalho é determinado pela jornada de trabalho à noite em regime fixo ou pela alternância de horários diurnos, vespertinos e/ou noturnos, em regime de revezamento de turnos.
www.opuscurso.com.br 8 OPUSCURSO | 2023
Em um mundo de indústrias e comunicações que costuma funcionar 24 horas por dia, as interações estão se tornando cada vez mais significativas. Mesmo em pessoas que trabalham à noite, interferências com os diversos ritmos podem produzir problemas. A sonolência é uma condição grave e potencialmente letal que afeta não apenas o indivíduo, mas sua família, seus colegas e a sociedade em geral.
O padrão de sono-vigília do indivíduo fica fora de sincronia com os horários desejados de sono-vigília, conforme impostos pelas demandas sociais e compartilhados pela maioria das pessoas no ambiente do indivíduo. Em função dos horários de trabalho em turnos e noturno podem ocorrer tanto adiantamento quanto atraso de fases do ciclo vigília-sono.
Quadro clínico
Como resultado da perturbação dos horários de sono-vigília, o indivíduo sofre de insônia durante a maior parte do período de sono ou de hipersonia durante o período acordado, diariamente. A quantidade, a qualidade e o período de sono insatisfatórios causam sofrimento pessoal ou interferência nítida no funcionamento pessoal na vida cotidiana. Os trabalhadores que apresentam uma ou mais das seguintes queixas: dificuldades para adormecer, interrupções frequentes no sono, sonolência excessiva durante a vigília e percepção de sono de má qualidade,
Obs.: Trabalhadores em turnos e trabalhadores noturnos estão sujeitos a sofrerem maiores riscos de doenças cardiovasculares, gastrintestinais e transtornos mentais.
São contraindicações para atividades em turnos: depressão, portadores de parassonias (distúrbios do sono) especialmente aqueles com insônia crônica, epilépticos, diabéticos, portadores de doenças coronarianas e patologias gastrintestinais.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, desde que se exclua as causas orgânicas e confirme a ausência de distúrbios de sono não relacionados com a organização do trabalho. Para isso, os trabalhadores devem ser submetidos à polissonografia.
Obs.: A presença de sintomas psiquiátricos, tais como ansiedade, depressão ou hipomania, não invalida o diagnóstico de um transtorno não orgânico do ciclo vigília-sono, desde que este transtorno seja predominante no quadro clínico do paciente.
Tratamento e outras condutas
São indicados ambientes de repouso intrajornadas que permitam aos trabalhadores em turnos a prática de cochilos durante as pausas. Em casos graves, recomenda-se a mudança dos horários de trabalho.
O sistema de turnos deve prever um maior número de horas de descanso para os trabalhadores se recuperarem do cansaço. Além disso, é necessário propor mudanças organizacionais para reduzir o número de turnos noturnos e/ou o número de dias de trabalho em horários irregulares e o número de pessoas expostas aos conflitos dos sincronizadores biológicos e sociais.
QUESTÃO EXEMPLO
5. ANAMT 2012 - Em relação ao trabalho em turnos, pode-se afirmar:
a) É preferível manter turnos fixos noturnos, para possibilitar a definitiva adaptação ao ritmo circadiano
b) É preferível sistema de turnos com muitas noites sucessivas de trabalho, para diminuir o débito de sono
c) Não se devem prover folgas intercalares maiores após os dias de trabalho noturno, por ser prejudicial ao sono
d) É preferível o rodízio de poucas noites (no máximo três) sucessivas de trabalho
e) Não devem ser permitidos cochilos noturnos, pois aumentam a sensação de fadiga
Resposta: D
Em relação aos trabalhos de turno, recomenda-se organizar escalas de trabalho regulares, em que haja menor exposição ao período noturno, ou seja, com menor número de noites consecutivas de trabalho, maior número de folgas após as noites de trabalho, rodízio direto dos horários de trabalho (manhã-tarde-noite), permissão de descanso intrajornada (cochilos diurnos e noturnos), acesso à alimentação saudável durante a pausa para a refeição, limitação de horas extras, exames periódicos. O trabalho noturno fixo não é o mais adequado para manter uma rotina estável ao longo dos dias de trabalho, uma vez que a rotina é novamente alterada nos dias de folga. Quanto maiores forem os números de noites consecutivas de trabalho, piores serão as consequências à saúde. A sonolência tem sérias repercussões na segurança do trabalho, assim os cochilos podem facilitar a transição do turno diurno para o noturno, especialmente nos primeiros dias de trabalho, mantendo o alerta em níveis aceitáveis e diminuindo a fadiga durante o trabalho. Assim, os cochilos na recuperação dos trabalhadores em turnos produzem efeitos benéficos.
14. SÍNDROME DE BURN-OUT OU SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL
“Sensação de estar acabado”
Com as recentes mudanças na economia global, como a maior insegurança no emprego e o aumento das demandas por conta de crises financeiras, a síndrome de Burnout é uma consequência de uma exposição crônica a estressores emocionais e interpessoais no trabalho, em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo as questões inter e intrapessoais, além das questões organizacionais. O trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com os seus clientes, com os seus pacientes ou com o trabalho em si, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se, e qualquer esforço lhe parece inútil. Deve ser feita uma diferenciação entre o Burnout, que seria uma resposta ao estresse laboral crônico, e outras formas de resposta ao estresse. O quadro tradicional de estresse não envolve tais atitudes e condutas, sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não de modo direto na sua relação com o trabalho.
Transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho Patologia do trabalho 9
Fatores de risco
Os níveis de atenção e concentração exigidos para a realização das tarefas, combinados com o nível de pressão exercido pela organização do trabalho, podem gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional ou Burnout (síndrome do esgotamento profissional ou estafa ).
A síndrome afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, os policiais, os assistentes sociais, os agentes penitenciários, os professores, entre outros. Os fatores predisponentes mais importantes são o papel conflitante, a perda de controle ou autonomia e a ausência de suporte social. Resumidamente, relacionam-se ao ritmo de trabalho penoso e a outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho
Quadro clínico
Ocorre em três estágios:
- Reação de alarme: caracterizada por manifestações agudas devido a questões hormonais e homeostáticas com objetivos de fornecer energia ao organismo.
- Resistência: se a ação do estressor persistir, exige-se do organismo uma adaptação.
- Esgotamento: quando a ação do estressor, ao qual o organismo se adaptou, permanece por um período longo, a energia gerada é esgotada, há a volta das reações da primeira fase e pode ocorrer o colapso do organismo.
Descreveram a síndrome de Burnout em três dimensões: exaustão emocional (sentimento de vazio), despersonalização (atitude negativa, cínica com relação ao trabalho) e redução da realização pessoal/eficácia profissional (avaliação negativa das realizações no trabalho) como componentes adicionais.
DIMENSÕES
Exaustão emocional (sentimentos de esgotamento ou esgotamento de energia);
Aumento da distância mental do emprego ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados com o trabalho de alguém (= despersonalização: atitude negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público/paciente);
Redução da eficácia profissional e do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de diminuição de competência e reação negativa das realizações no trabalho).
Os sintomas muitas vezes são inespecíficos, como insônia, fadiga, irritabilidade, cefaleia, exaustão, tensão, frustração, tristeza, desinteresse, perda de apetite, apatia, angústia, tremores e inquietação. Podem ocorrer também alterações no comportamento, por exemplo: irritação, labilidade emocional e choro fácil.
Então, como diferenciar Burnout de uma síndrome depressiva e/ou ansiosa?
Há que se verificar as dimensões citadas acima, além de avaliar a cronologia dos sintomas, já que o esgotamento profissional não aparece de forma abrupta como resposta a um estressor determinado, mas sim ao longo do tempo como um estressor crônico, de forma sequencial, composto por diversos períodos estressores.
Podem ocorrer alterações no exame físico e complementares, como alteração da pressão arterial, colesterol aumentado e descontrole glicêmico.
Características dos sintomas da síndrome em relação ao trabalho
- Dificuldade em tomar decisões
- Má eficiência no trabalho
- Diminuição da qualidade do trabalho
- Esquecimento
- Dificuldade de concentração
- Insatisfação
- Diminuição da motivação para o trabalho
Sequenciamento dos sintomas:
1) Múltiplos sintomas físicos: dores de cabeça, dores nas costas, hipertensão etc.
2) Sintomas cognitivos: deficit de atenção e concentração, diminuição da capacidade de decisão e de assertividade.
3) Sintomas emocionais: irritabilidade, tristeza, depressão e ansiedade.
4) Piora dos sintomas até chegar a uma sensação de esvaziamento e de “não ligar mais”.
Consequências físicas e emocionais da síndrome de Burnout
Consequências físicas
Dores musculares, dores de cabeça, cansaço, infecções, diabetes, tireoidite de Hashimoto, labirintite ou outras alterações físicas, dependendo da fragilidade individual. Isso ocorre devido às alterações metabólicas e imunológicas.
Consequências emocionais
Insônia, perda de apetite, choro excessivo, alterações de humor, angústia, rigidez, negativismo, ceticismo, irritabilidade, depressão.
A síndrome do esgotamento profissional (Burnout) é um sério problema de saúde pública, que aumenta a morbimortalidade por diversas causas, entre elas infarto, diabetes, depressão, acidente de trabalho e suicídio, além de estar diretamente relacionado com o absenteísmo. Em função dos índices crescentes de absenteísmo, incapacidade temporária, aposentadoria precoce e riscos à saúde relacionados com o trabalho.
www.opuscurso.com.br 10 OPUSCURSO | 2023
ATENÇÃO
Obs.: A síndrome do Burnout refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.
Tratamento
O tratamento da síndrome de esgotamento profissional envolve psicoterapia, tratamento farmacológico e intervenções psicossociais.
Prevenção
A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na cultura da organização do trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do desempenho individual, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição da competitividade, além da busca de metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um. A prevenção desses agravos requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e os de vigilância.
QUESTÃO EXEMPLO
6. ANAMT 2012 - Em relação ao stress no trabalho, pode-se afirmar:
a) Os desafios não devem ser impostos aos trabalhadores, pois sempre levam ao desencadeamento de stress
b) Desafio e stress são conceitos iguais
c) O stress pode derivar de exigências do trabalho não satisfeitas
d) O desafio é importante e motivador
e) Devemos sempre trabalhar como médicos do trabalho em todas as situações de stress
15. RESUMO
Doenças
Demência Manganês
Delirium
- Transtorno cognitivo leve
- Transtornos de personalidade e de comportamento
- Transtorno mental orgânico ou sintomático
- Episódios depressivos
- Neurastenia (inclui a síndrome de fadiga)
Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool: alcoolismo crônico
Resposta: C
a) Errada. Os desafios devem ser colocados aos trabalhadores, como objetivo motivador e com possibilidade de execução e realização, sendo algo atingível e possível. Dessa forma, é improvável o surgimento de estresse.
b) Errada. O estresse é qualquer situação em que uma demanda inespecífica exige que um indivíduo responda ou empreenda uma ação. Envolve respostas fisiológicas e psicológicas, indicando tanto condições externas, ou uma força imposta ao organismo, quanto as respostas do organismo a essas forças e condições. Já o desafio é são estímulos que ajudam as pessoas a crescer e avançar através de uma meta. O desafio é o objetivo a ser cumprido através de um plano de ação.
c) Correta. A insatisfação no trabalho acarreta uma série de comportamentos indesejáveis e geradores de impactos negativos sobre as pessoas, inclusive o estresse.
d) Errada. Nem sempre o desafio é o motivador do estresse, pois se for definido com foco positivo e acessível, ele não gera o estresse ao trabalhador.
e) Errada. Nem sempre a reação ao estresse envolve apenas aspectos médicos e sim organizacionais. Assim, em algumas situações de estresse há de se atuar em outras frentes e atuar junto aos gestores, psicólogos e ergonomistas.
- Reações ao estresse grave e transtornos de adaptação
- Estado de estresse pós-traumático
Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos
Sensação de estar acabado (síndrome de Burnout, síndrome do esgotamento profissional)
Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional
- Brometo de metila
- Sulfeto de carbono
- Tolueno
- Chumbo
- Tricloroetileno, tetracloroetileno, tricloroetano (solventes orgânicos)
- Brometo de metila
- Manganês
- Mercúrio
- Sulfeto de carbono
- Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: condições difíceis de trabalho
- Circunstância relativa às condições de trabalho
- Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho: reação após acidente do trabalho grave ou catastrófico ou após assalto no trabalho
- Circunstância relativa às condições de trabalho
- Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: má adaptação à organização do horário de trabalho (trabalho em turnos ou trabalho noturno)
- Circunstância relativa às condições de trabalho
- Ritmo de trabalho penoso
- Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho
Transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho Patologia do trabalho 11