Revista Táxi - Edição 21

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Perfil Taxista Por Gabriel S. de Servi

Forrozeiro do leva e traz Para realizar seu sonho de criança, taxista divide seu tempo entre o trabalho com o carro e a carreira musical

Taxi-música

Capa do Cd “Vou te conquistar”

N

os momentos de folga, Nelson Rezendi desliga o taxímetro, deixa o carro na garagem, veste seu chapéu de boiadeiro, pega o violão e faz aquilo que mais lhe dá prazer na vida: “sempre gostei de cantar”, afirma.

História O taxista, de 39 anos, é um exemplo dos milhares de nordestinos que migraram para a região sudeste, especialmente para a cidade de São Paulo, em busca de uma vida melhor. Oriundo da cidade de Paramirim, no interior da Bahia, o menino que trabalhava na roça não era nem um pouco acostumado com a cidade grande. Começou a trabalhar como camelô para ajudar os pais no sustento da família, formada por mais 12 irmãos.

Atualmente, Nelsinho Rezendi é chefe de família, pai de três meninas e bem estruturado na vida. Presente no mundo do táxi e também da música há quinze anos, ele divide o seu tempo entre as duas atividades. “Hoje em dia trabalho tanto como taxista quanto músico; mas gosto mais da música”, confessa. “O táxi é o ganha-pão, e a música é um hobbie que me dá prazer” declara. Depois de muitos anos trilhando o mundo

da música, Rezendi desabafa sobre as dificuldades para conseguir alavancar uma carreira musical. O violeiro ressalta que, além de força de vontade, talento e determinação, o sucesso depende de uma boa rede de contatos. E foi através de bons contatos, que Nelsinho conseguiu recentes avanços em sua carreira musical. A fama de cantor também ajuda no trabalho com o táxi. “Algumas pessoas vem somente para conhecer o Nelsinho Rezendi. Certa vez, um homem até comprou uns quatro CDs para levar para os Estados Unidos” exclama, vaidoso. Além disso, a música e a cultura também fazem parte do dia a dia do táxi. “Você gosta de música? Gosta da Bahia?”, é o que geralmente pergunta aos passageiros para iniciar conversa. Caso as respostas sejam positivas, Rezendi aproveita para apresentar seu trabalho como músico, tornando a viagem mais alegre e divertida.

“O táxi é o ganha-pão, e a música é um hobbie que me dá prazer”

Desde pequeno, Nelsinho Rezendi – seu nome artístico – descobriu a paixão pela música. Acredita que talvez tenha sido a forte influência do pai e de irmãos mais velhos: “Meu pai é sanfoneiro e um dos irmãos é tecladista; sempre os acompanhava nas cantorias”, conta. Ao chegar a São Paulo, iniciou sua carreira musical realizando pequenos shows de forró, com mais dois amigos. Durante o dia, trabalhava como camelô e à noite, investia na carreira de cantor. 64

tÁxi! EDIÇÃO 21

Nelsinho Resendi consegue conciliar o trabalho na praça com o prazer da música

Gabriel S. de Servi

Divulgação

Apesar de gostar do fazia, o vendedor ambulante e aspirante a artista, precisava de dinheiro. Foi então que descobriu no trabalho como taxista uma alternativa para conciliar um trabalho remunerado e sua vocação artística. “O pessoal, com quem trabalhava como ambulante, me deu a dica para ser taxista, pelo fácil envolvimento que tenho com as pessoas”, explica Rezendi.


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