Otto Stupakoff

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s e q uĂŞ n c i a s

ot to

stu pako f f apres entação | bob wolfen son


Na obra de fotógrafos como Otto Stupakoff, esta ou aquela imagem consagrada é, na verdade, apenas uma entre várias preciosidades contidas no mesmo ensaio, ou na mesma série. Os motivos que faziam determinada foto ser escolhida para publicação, em detrimento do “resto”, muitas vezes eram ditados por circunstâncias editoriais que nada tinham a ver com a quali­ dade do material recusado. Apesar disso, na carreira de profis­ sionais desse porte, as imagens eleitas formam aos poucos uma espécie de “seleção oficial” de seu trabalho. O objetivo primeiro deste livro, não por acaso intitulado Sequên­cias, é justamente recuperar as imagens descartadas dos ensaios feitos por Otto Stupakoff, arejando a “seleção oficial” e, assim, evitando que ela, justamente por estar consagrada, iniba a difusão de um conjunto mais amplo de sua obra. Esse partido editorial, contudo, ilumina outros aspectos da técnica e do talento do fotógrafo. De saída, as sequências nos mostram como, em cada ensaio, o olhar de Otto Stupakoff constrói a imagem ideal. Em algumas, o vemos fazendo sutis variações na altura da câmera; em outras, alterando a pose da modelo; em outras ainda, deixando os modelos improvisarem e flagrando a continuidade de seus movimentos. Um passo adiante, esse exercício de compreender a lógica das sequências traz à mente as colagens articuladas do artista inglês David Hockney, nas quais, dentro de uma mesma imagem, vários pontos de vista são combinados. Como diz o renomado fotógrafo Bob Wolfenson, autor da apresentação deste livro, Hockney es­ tava justamente enfatizando o fato de que “uma fotografia não dá conta de um todo, de uma situação, de uma cena, de uma ideia e, principalmente, de um ‘ver’”. Mas é ao combinar imagens que originalmente não perten­ ciam à mesma sequência, associando-as ora por algum elemento visual, ora por relações de conteúdo, que Sequências inova a forma de se enxergar a obra de Otto Stupakoff. Graças a essa liberdade “curatorial”, os temas preferenciais do fotógrafo – moda, mulheres e retratos de celebridades – ganham subdivisões e, sobretudo, ganham a companhia de novos tópicos.


sequĂŞncias



ot to s tupa k o f f

sequências apresentação | bob wolfenson


Sequências © Instituto Moreira Salles, 2009 Fotografias de Otto Stupakoff © Instituto Moreira Salles Apresentação © Bob Wolfenson, 2009 Textos “Ci”, “Uma mulher de Praga” e “Kolkata” © Espólio de Otto Stupakoff, 2009 Imagens de capa: Hotel St. Regis, Nova York, eua, 1972; Autorretrato, Paris, França, s/d Coordenação editorial Rodrigo Lacerda Projeto gráfico Mayumi Okuyama Tradução dos textos de Otto Stupakoff Bernardo Ajzenberg Preparação e revisão Flávio Cintra do Amaral e Sandra Brazil Equipe editorial Acássia Correia, Priscila Oliveira e Flávio Cintra do Amaral Coordenação da área fotográfica Sergio Burgi Digitalização de imagens Cristina Zappa, Joanna Americano Castilho, Daniel Magalhães de Arruda e Tatiana Novas de Souza Carvalho Pesquisa de imagens Virgínia Albertini, Cídio Martins Neto, Tatiana Ishihara e Gabriella Viera Moyle Legendas Bruna Roberta Machado Stamato dos Santos O ims agradece à família de Otto Stupakoff pelo apoio dado a esta publicação. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Stupakoff, Otto, 1935 – 2009. Sequências / Otto Stupakoff ; apresentação de Bob Wolfenson. -- São Paulo : Instituto Moreira Salles, 2009

isbn 978-85-86707-39-1

1. Fotografias i. Wolfenson, Bob. ii. Título. 09-07232 cdd-779 Índice para catálogo sistemático: 1. Fotografia : Artes 779

tiragem 2.000 exemplares fonte Walbaum, Futura capa Supremo Duo Design 250 g/m2 miolo Couché fosco Novatech 170 g/m2


s u m á r i o

7 Apresentação | Bob Wolfenson

fotografias | Otto Stupakoff

16 Moda 46 Viagens 80 Crianças 100 Retratos 124 Nus 148 Variações 160 Mulheres textos | Otto Stupakoff

181 Ci 189 Kolkata 195 A mulher de Praga 200 A última sequência | Juan Esteves 206 Legendas


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R o d a nd o a c en a

Quando ainda na adolescência descobri a fotografia, no princípio dos anos 1970, fiquei encantado com as imagens glamourosas e precisas dos lendários fotógrafos norte-americanos Richard Avedon e Irving Penn. Egresso do militante Colégio de Aplicação, em São Paulo, e, mais tarde, estudante da faculdade de Ciências Sociais, rondavam-me também o imenso humanismo e os aspectos mais ideológicos das obras de Henri Cartier-Bresson e Robert Capa, para ficar nos mais conhecidos. No decorrer dos anos, à medida que fui me tornando um fotógrafo formado sobretudo nas premissas de Avedon e Penn ­– ou seja, com um trabalho caracterizado por imagens construídas e encenadas, nas quais o instante fotográfico quase não era contemplado e a ideia de controle quase que absoluto sobre a cena era a norma –, abandonei a câmera do dia a dia e, junto com ela, os rígidos pressupostos do “momento decisivo” de Cartier-Bresson, e “o quanto mais perto melhor” de Capa. Infelizmente, não me sentia vocacionado para tal empreitada. Nesses anos de formação, faltava-me ainda o modelo próximo, o atingível, aquele no qual eu talvez pudesse me espelhar; um exemplo mais reconhecível, enfim, muito embora eu convivesse com alguns mestres


fotógrafos, entre eles o rigoroso Francisco (Chico) Albuquerque e o elegante José Antônio. Mas a verdadeira experiência de identificação mitológica se deu em 1978, quando vi uma grande exposição de Otto Stupakoff nos salões do Masp, ainda na época de Pietro Maria Bardi. Otto era o então primeiro fotógrafo de moda brasileiro a ter “vencido no estrangeiro”, como se dizia na época. Tratava-se de uma retrospectiva no salão principal do museu. Havia projeções de editoriais de moda, um retrato antológico do compositor e pintor Heitor dos Prazeres (p. 111) e várias outras imagens, muitas delas incluídas neste livro, que a partir de então haviam se tornado difusas para minha tão exigida memória. No entanto, o impacto daquela exposição sobre mim foi imenso, e ela ficou indelevelmente marcada na minha mente de garoto fotógrafo, ainda em busca de uma identidade própria. Otto, como poucos, personificou a figura do fotógrafo charmoso, sedutor e aventureiro, prefigurado, mais de uma década antes, por Michelangelo Antonioni em seu seminal filme Blow-up. Estava lá exposto o homem que metaforicamente eu queria ser. Uma pretensão imensa, ainda mais naqueles tempos pioneiros para a fotografia de moda e de retratos no Brasil. Nos anos seguintes, Otto continuou em atividade constante no circuito Paris, Londres e Nova York. Pouco vinha aqui, alimentando involuntariamente seu mito. Ao longo dessa permanência fora do país, os fatos e as fotos comprovavam sua importância na cena internacional. Ele, por exemplo, casou-se com Margareta, a sueca que havia sido miss universo, aqui retratada junto a uma filha do casal, em sequência singela feita durante um fim de semana no campo, nos arredores de Paris (pp. 88-89 e 164).

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Mas isso ainda era pouco. Otto viajava mundo afora e muitas celebridades da época posaram para suas lentes. Entre elas, a princesa Grace Kelly e sua filha Stéphanie, as atrizes Sophia Loren, Katharine Ross (pp. 122-123) e Sharon Tate (pp. 30-31), os atores Omar Sharif e Jack Nicholson, o músico Leonard Cohen, o escritor Truman Capote e o então presidente norte-americano Richard Nixon. Com esse currículo, Otto foi alçado ao panteão mundial dos mais importantes fotógrafos de moda e de retratos, dispondo de imensa visibilidade nos principais veículos dos grandes centros e em compilações que eram feitas a respeito dessas duas especialidades. Ele esteve no Brasil no final dos anos 1970, radicado no Rio de Janeiro, onde ficou por um período de 4 anos. Só em 2002, contudo, vim a co­nhecê-lo pessoalmente. Em 2005, quando de sua volta para cá, debru­ cei-me, junto com o fotógrafo Fernando Laszlo, sobre o arquivo de Otto, para realizar uma retrospectiva de sua obra no âmbito da São Paulo Fashion Week. Foi aí, sobretudo, vendo provas, negativos e contatos, que me aproximei de seu processo de trabalho, pois quando temos acesso às provas e aos contatos é que temos indícios do método de alguém. No trabalho de garimpo que fizemos naqueles arquivos, muitas vezes nos deparávamos com a questão de escolher entre uma ou outra fotografia de uma mesma sequência. Aliás, essa é uma dúvida que, em geral, assalta a todos os fotógrafos. Vejo-me muitas vezes esgotando as possibilidades de escolha de uma mesma série, ampliando as fotos para compará-las, ou, agora na era digital, colocando-as lado a lado na tela do computador, para entender o que uma tem de diferente da outra, e por que eu deveria escolher uma e não outra.

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Poderíamos nos perguntar: uma sequência de fotografias anula o valor intrínseco da síntese que uma única fotografia pode e deve conter? Sim e não. O artista plástico inglês David Hockney, quando fez suas famosas colagens articuladas de snapshots dos anos 1970-80, nas quais mudava o ponto de vista do observador, criando uma nova forma de ver, estava justamente negando a obrigatoriedade inerente de síntese, tão preconizada pela fotografia tradicional de Cartier-Bresson e seus seguidores. Ele enfatizava exatamente a questão de que uma fotografia não dá conta de um todo, de uma situação, de uma cena, de uma ideia e, principalmente, de um “ver”. Nós, fotógrafos, vivemos eternamente esse dilema. Quando estamos editando nosso trabalho, nos perguntamos por que não ficar com boa parte de uma série, e nos poupar o transtorno de escolher uma imagem em detrimento de outra igualmente boa. Ou ainda ficamos tentados a publicar uma série por acharmos que uma única foto não transmitirá a totalidade da ideia; que não conseguimos sintetizar, em uma única imagem, tudo que vimos e pensamos enquanto fotografávamos. Contudo, quase sempre temos de escolher uma. … O fato de este livro se estruturar a partir de sequências de imagens, isto é, colocando lado a lado vários instantes de uma mesma cena, está ligado a certa “tradição alternativa” nas obras de grandes fotógrafos, como David Bailey, Helmut Newton e Richard Avedon. Todos, algumas vezes na vida,

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tornaram públicas suas sequências. Houve ainda o caso de Irving Penn, que, na capa de seu livro A Career in Photography, publicou uma folha de contato de uma sessão de moda. Ao recuperar essa tradição, que não se baseia na fórmula mais tradicional de edição de livros de fotografias, segundo a qual as imagens devem estar sempre ampliadas em páginas inteiras ou em duplas, este livro vem inovar a lógica de exposição da obra de Otto Stupakoff. Em primeiro lugar, o partido tomado mostra, com especial nitidez, o processo pelo qual Otto encontrava a fotografia “eleita”. Não obstante seu estilo profundamente particular, Otto trabalhava como grande parte dos fotógrafos de moda: fazendo sequências exaustivas de uma mesma cena, na tentativa de capturar aquela que seria a foto publicada. É interessante como fotógrafos, em geral, fazem a mesma foto três, quatro, cinco, seis vezes, para assegurarem-se de que pelo menos uma delas dará certo. Na maioria dos casos, esse método de trabalho é muito mais um jeito de o fotógrafo garantir que a imagem procurada estará à dispo­ sição, uma entre aquelas muitas que tirou compulsivamente, às vezes sem olhar, ou melhor, sem se dar conta do que podia estar em andamento naquele instante. Como se fosse um mantra, que lhe garante a calma de ter chegado ao resultado pretendido. Nada como terminar uma sessão de fotos com a impressão de que temos o que buscávamos; ou nos depararmos ainda com a surpresa do que não esperávamos; ou mesmo, quando não queremos nada específico, gozar a sensação de segurança que nos dá o fato de termos diante de nós muitos filmes a serem revelados ou, nos dias de hoje, uma profusa série de fotos digitais.

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Em sua sequência no zoológico de Stuttgart (pp. 22-23), na qual a modelo interage com um casal de gorilas através de uma jaula de vidro, vê-se claramente que Otto tenta extrair do insólito encontro as alterna­ tivas típicas dos editoriais de moda, visando à publicação de uma única imagem. Note-se que a modelo está com a mesma roupa e, até onde conheço os meandros dessa atividade, salvo raríssimas exceções, nenhuma revista de moda publicaria a sequência com a mesma roupa em várias páginas, pois a norma dos editoriais de moda é de uma roupa por página ou, no máximo, uma por página dupla. Na função de fotógrafos de moda, estamos acostumados, e isso faz parte do métier. No entanto, essa ideia de publicar a sequência é sedutora. Afinal, quando certa imagem é pinçada para publicação numa revista ou num livro, acontece frequentemente de ela se tornar consagrada, relegando ao esquecimento as demais que compunham a sequência original. Os greatest hits de um fotógrafo, o best of de sua obra, começam então a jogar contra a preservação e a difusão de um conjunto menos restrito de seu trabalho. Afinal, é importante lembrar que, muitas vezes, a eleição de uma foto como a melhor de determinada sequência se explica por fatores circunstanciais, que não diminuem em absoluto a qualidade das outras não eleitas. A minha experiência pessoal tem sido a de me ater às fotografias escolhidas no momento em que elas foram produzidas; me afeiçoo a elas. Todavia, quando alguém se dedica à obra de outro, fatalmente encontra novos nexos que não aqueles engendrados pelo autor. Recordo-me de algumas discordâncias com Otto sobre a edição que fizemos para sua

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mostra de 2005, e lembro-me também de sua alegria ao constatar a recuperação que fizemos de imagens outrora desprezadas por ele. O magistral fotógrafo suíço-americano Robert Frank tem seu acervo sob a guarda de um museu norte-americano e, frequentemente, declara que em hipótese alguma autorizaria a publicação de fotografias que revelem seu processo de trabalho. Frank talvez considere a primeira edição como algo sagrado, colado ao próprio ato de fotografar, e portanto, para ele, atualizar essas escolhas seria dessacralizar o momento único, cometer a heresia máxima para um suíço de princípios tão rígidos. Nos últimos anos, Otto, com todo seu savoir faire, aliou-se a alguns fotógrafos, editores, críticos, curadores, e permitiu, sobre sua obra, interpretações outras que não as suas. Seguindo essa linha, este livro não se limita a contemplar as sequên­ cias propriamente ditas. Ele cria novas sequências, relê e reassocia imagens feitas em contextos e épocas diferentes. Nesse processo, acaba por trazer à tona alguns eixos do trabalho de Otto, alguns mais óbvios, outros menos. As novas sequências se constituem ora pela afinidade temática entre as imagens, ora por elementos visuais presentes em mais de uma das fotografias relacionadas. Um exemplo é a sequência que vai da página 40 até a 43. Nela, conforme relato que me foi feito pelo próprio Otto, os membros de um grupo de teatro aparecem ora nus na montanha, ora vestidos. Ao final dessa sequência, contudo, há uma foto feita em outro contexto, na qual uma menina e uma mulher correm de costas para a câmera. Tanto na sequência propriamente dita quanto na foto encaixada, por óbvio “parentesco”

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no tema e no resultado, vemos uma sucessão de movimentos coreografados pelo fotógrafo, denotando, desde sempre, seu gosto pelos imprevisíveis acontecimentos criados por modelos e/ou atores a partir de uma direção sua. Apesar de, muitas vezes, trabalhar sob encomenda, Otto cortejava obstinadamente o instante fotográfico, o descontrole e o que poderia resultar quando dava asas aos sujeitos de suas fotos. Dizia que não foto­grafava com a câmera, e sim com o coração e a mente. Entendo-o perfeitamente; acredito mesmo que o excesso de equipamento e as máquinas muito sofisticadas, às vezes, tornam-se um complicador diante da celebração que são os “encontros” das sessões fotográficas. Pode-se observar claramente, ao longo deste livro, que havia uma interação muito grande entre Otto e seus modelos, ainda que não os conhecesse previamente e, em alguns casos, tivesse tido pouco tempo para fotografá-los. A meu ver, Otto não tinha as sequências como um fim em si. Mas, além das associações aqui feitas, no sentido de sublinhar seu estilo, seu incan­sável e trepidante método, fossem qual fossem os temas, ele buscava o tempo todo dar opções aos retratados de serem melhores e múltiplos. Sharon Tate em sua caminhada na praia, Tom Jobim e seu filho agachados nas areias de Ipanema (p. 102), Jorge Amado e Zélia Gattai documentados num encontro fortuito numa oficina mecânica (pp. 104105) e em seguida com Dorival Caymmi (p. 107), atendem ao chamado de seu estilo envolvente e sedutor. Com seus movimentos circulares, Otto encantou os retratados numa espiral de poses, gestos e recortes de paisagens em fundos, que tanto instiga como reconforta quem está diante da câmera.

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Otto, de certa forma, ao fotografar sem a câmera, foi muito mais que um mero fotógrafo. Ele extrapolou a função. Escrevia, pensava e era um grande prosador, como aliás mostram seus textos incluídos nesta edição. Sua tentativa de pôr fogo no set superava as questões técnicas; seu ímpeto para o encontro e para a aventura fez com que passasse por cima da necessidade da produção de imagens segundo os limites da fotografia, como fica evidente aqui, ao tentar dar conta de tudo que via quando sacava sua câmera e “rodava a cena”. A escolha de se fazer um recorte das sequências em seu trabalho não foi um acaso. Com certeza, os editores deste livro foram tocados inconscientemente pelo furacão Otto e constataram que sua obra não cabia em fotos emolduradinhas de páginas inteiras, ou simplesmente uma atrás da outra, numa sequência lógica. Era preciso dar conta desta personalidade em constante erupção. Eternizar temas aparentemente tão díspares como moda, retratos de esquimós, indianos, tailandesas, cenas de rua, experiências abstracio­ nistas e nus, tudo alinhavado por um olhar único e sensual; exaurir todas as possibilidades de encontro; estes eram motivos essenciais na vida de Otto Stupakoff, com a câmera ou sem ela. Como atestam suas fotos, ele esteve nos muitos cantos do mundo e viveu na acepção dionisíaca do termo. A câmera talvez tenha sido mera formalidade…

Bob Wolfenson

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moda



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viagens



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mulheres



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a última sequência por Juan Esteves


203



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legendas


m o da

[pp. 30-31]

[pp. 2-3]

Lauren Hutton, Vogue Brasil, s/d

Sharon Tate, Santa Mônica, eua, 1969

[pp. 22-23]

No zoológico, Stuttgart, Alemanha,

[pp. 40-41]

Ensaio de moda, Pirineus, Elle, s/d

1976 [p. 39]

[pp. 18-19]

Homenagem a Balthus, Harper’s Bazaar, Nova York, eua, 1991

Otto durante ensaio de moda para a Rhodia, fotografado por um assistente, São Paulo, c. 1958

[pp. 26-27]

Grand Hotel, Cabourg, França, Vogue Paris, s/d

[pp. 32-35] [p. 17]

Fazenda Empyreo, Vogue Brasil, s/d

[p. 24]

Faixa de procissão fúnebre, Bali, Indonésia,

Editorial de moda para a Rhodia, São Paulo, c. 1960

1968

[p. 21]

Mulher-pássaro, Nova York, eua, 1983

[pp. 28-29]

Margareta, Puerto Vallarta, México, 1974

[pp. 44-45]

Garota caindo, s/d

[pp. 36-37]

Editorial de moda para a Rhodia. Tomando-se as colunas verticais formadas pelas imagens, Otto aparece, fotografado por um assistente, na segunda imagem da primeira coluna, na primeira imagem da segunda e na terceira imagem da terceira coluna. Praça Roosevelt, São Paulo, 1960

[pp. 42-43]

Editorial de moda, s/d


v i ag ens

[p. 57]

[p. 47]

Golfinhos, Fernando de Noronha, s/d

[p. 52]

[p. 50]

Nuvens, Mérida, México, s/d

[p. 55]

Bonecos, Paris, França, s/d

Dança, Amsterdã, Holanda,

Piscina, Chappaqua, Nova York, eua, 1986

[p. 59]

Rua de Saigon, Saigon, Vietnã, 1968

[p. 55]

1968 [p. 53]

Paisagem urbana, Mérida, México, s/d

[p. 59]

Café parisiense, Paris, França, s/d

Bicicletas, Saigon, Vietnã, c. 1968

[pp. 48-49]

Árabes, Amsterdã, Holanda, 1968

[p. 58]

[p. 51]

Bombay Women, local desconhecido,

Bicicletas, Amsterdã, Holanda, s/d

[p. 54]

Buda, Polonnaruwa, Sri Lanka, s/d

1968 [p. 53]

Crucifixos, Mérida, México, s/d

[p. 56]

Paisagem, Pangnirtung, Ártico, Canadá, 1989

[p. 56]

Autorretrato, ilha de Hooper, mar de Beaufort, Ártico, 1970

[p. 61]

Rua Cong Li, Saigon, Vietnã, 1967


[pp. 64-67]

Teatro, Saigon, Vietnã, 1967

Mulher com guarda-chuva, São João del Rei, s/d

[p. 62]

Ao dai [traje típico], Saigon, Vietnã, 1968

[p. 76]

[pp. 72-73]

[p. 70]

[p. 71]

Vestidos para cerimônia, Nassau, Bahamas, 1988

Homem de costas, México, s/d

Mulher com guarda-chuva e acompanhantes, Saigon, Vietnã, c. 1967

[p. 71]

[p. 63]

Duas mulheres de ao dai, Saigon, Vietnã, 1968

[p. 78]

Mulher, Bali, Indonésia, s/d

Velho e cachorro, Copenhague, Dinamarca, s/d

[p. 69]

Hospital, Batamban, Camboja, 1994

[pp. 74-75]

Tourada, México, s/d [p. 77]

[p. 65]

Rosto de vendedora, Mérida, México, s/d

Homem levando quadro de Cristo carregando a cruz, Ouro Preto, 1956


cr i a nças | re trat os [p. 95]

[p. 81]

Garota na praia do Arpoador, Rio de Janeiro, s/d

Meninos, Délhi, Índia,

[pp. 86-87]

1967

Neta de Jorge Amado, Salvador, [pp. 82-83]

Ian, São Paulo,

[p. 93]

Entrada de hospital, Batamban, Camboja,

1978 [p. 90]

1963

Criança, Saigon, Vietnã, c. 1967

[p. 99]

Sef e Simone, praia da Joatinga, Rio de Janeiro, c. 1978

1994

[pp. 84-85]

[pp. 102-103]

Tom Jobim e, na foto da p. 102, Tom e seu filho Paulo, Rio de Janeiro, c. 1964

[p. 97]

Bico, São Paulo,

Duas garotas, Calcutá, Índia, s/d

[p. 91]

1963

[pp. 88-89]

A esposa e a filha de Otto, Margareta e Gabriella, BerchèresSur-Vesgres, França, 1976

Meninas correndo, Saigon, Vietnã, c. 1967 [p. 94]

Menino com chapéu, Salvador, s/d

[p. 101]

Otto fotografado por assistente no estúdio da rua Frei Caneca, São Paulo, 1963

[pp. 105-106]

Jorge Amado, Salvador, 1976


[p. 120]

Velha sentada, Pangnirtung, Ártico, Canadá,

[pp. 112-113]

Pelé, Santos, 1979

[p. 107]

[p. 104]

Jorge Amado e Zélia Gattai, Salvador,

Jorge Amado e Dorival Caymmi, Salvador,

1989 [p. 110]

Casa de Heitor dos Prazeres, Rio de Janeiro, c. 1957

1976

[p. 121]

[pp. 114-117]

Lauren Hutton, Nova York, eua, 1985

1976

Caçador, Pangnirtung, Ártico, Canadá, 1989

[pp. 122-123]

[pp. 118-119] [p. 108] [p. 111]

Carybé posando para Otto Stupakoff, fotografados por assistente, Salvador,

Heitor dos Prazeres, Rio de Janeiro, c. 1957

1978

[p. 112]

1978 [pp. 109]

Pierre Verger e Otto Stupakoff, fotografados por assistente, Salvador, 1978

Katharine Ross, Los Angeles, eua, 1967

Pietro Maria Bardi, São Paulo,

Otto e Pelé fotografados por assistente, Santos, 1979

[p. 120]

Homem, Pangnirtung, Ártico, Canadá, 1989


n u s | variações

[p. 125]

Renata, Nova York, eua, 1991

[p. 131]

Renata, Nova York, eua, 1991

[pp. 138-139]

Amor oriental, s/d

[p. 132]

[pp. 142-143]

Nus, s/d

Margareta, Rio de Janeiro, 1978

[pp. 136-137]

[pp. 126-127]

Trem Vera Cruz, entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte, s/d

Águas termais, Baden-Baden, Alemanha, 1976 [pp. 128-129]

Renata, Nova York, eua, 1991

[pp. 140-141]

Nus, Salvador, 1979

[p. 144] [pp. 133-135]

Nus, praia da Joatinga, Rio de Janeiro, 1978

Renata, Nova York, eua, 1991


[pp. 150-151]

[pp. 146-147]

Margareta, Rio de Janeiro, [p. 145]

Destroços do avião em que faleceu Will Rogers, em Barrow, Alasca, eua, s/d

1978

[pp. 156-157]

Nus, Rio de Janeiro, 1978 [p. 155]

Fundação Armando Álvares Penteado (faap), São Paulo, 1961

Renata, Nova York, eua, 1991

[p. 145]

[pp. 152-153]

Margareta, Rio de Janeiro,

Autorretrato, Paris, França, s/d

1978

[p. 149]

Art Center College of Design, Los Angeles, eua, c. 1953

[pp. 158-159]

Mãos, Bali, Indonésia, s/d


m u l he re s

[p. 165]

[p. 161]

Maria Tallchief, primeira bailarina do New York City Ballet, c. 1954

[p. 162]

Gabriella, Chappaqua, Nova York, eua, 1986

[p. 164]

Ensaio de moda, palazzo Gangi, Palermo, Sicília, Itália, s/d

A esposa e a filha de Otto, Margareta e Gabriella, Berchèressur-Vesgres, França, 1976

[p. 166]

Mulher e cachorro, Belém, s/d

[p. 163] [p. 162]

Anne Neil, México, 1974

[p. 168]

Margareta, Roma, 1969

Glamour, Nova York, eua, 1968 [p. 164]

Jennifer Connelly, interior da Sicília, Itália, s/d


[p. 169]

Mulher com véu, Teerã, Irã, s/d [pp. 176-177]

[p. 171]

Hotel St. Regis, Nova York, eua, 1972

Xuxa, Copacabana Palace, Rio de Janeiro, 1989

[p. 170]

[pp. 174-175]

Leslie Bogart, Harper’s Bazaar, 1967

Leslie Bogart, Harper’s Bazaar, 1967 [pp. 172-173]

Ansiedade, Nova York, eua, 1990


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Essa redescoberta de Otto Stupakoff, que marca a entrada de seu acervo na coleção do Instituto Moreira Salles, é com­ pletada com a publicação de três textos de sua autoria até hoje desconhecidos. Ao relembrar uma viagem pelo rio Amazonas, uma visita a Calcutá e o reencontro com uma amiga em Praga, o artista das imagens revela surpreendente força expressiva também com as palavras. Por fim, como um apêndice visual, Sequências traz as últimas fotos tiradas de Otto Stupakoff em vida, pelo fotógrafo Juan Esteves. É a homenagem devida a esse talento ímpar na história da fotografia brasileira.

nasceu em São Paulo, em 28 de junho de 1935. Aos 17 anos, embarcou para Los Angeles, indo estudar fotografia no atual Art Center College of Design, onde ficou até 1955. Nes­ se período, foi correspondente da revista Manchete. De volta ao Brasil, em 1956, montou estúdio em Porto Alegre. Logo depois, mudou-se para o Rio de Janeiro. Na virada entre 1957 e 1958, voltou a residir em São Paulo, agora trabalhando regularmente em campanhas publicitárias. Tornou-se pioneiro na fotografia de otto stupakoff

moda no Brasil. Em 1965, iniciou carreira internacional; mudou­ -se para Nova York e colaborou com diversas publicações, como Harper’s Bazaar, Life e Look Magazine. Além dos editoriais de moda, destacou-se pelos retratos que fazia de celebridades. A partir de 1973, instalou-se em Paris, onde fotografou para Vogue, Elle e Stern, entre outras publicações. Morou no Brasil entre 1976 e 1980, quando voltou para os eua. De volta ao Brasil em 2005, foi homenageado pela São Paulo Fashion Week, com a mostra Moda sem fronteiras, organizada pelos fotógrafos Bob Wolfenson, que assina a apresentação deste volume, e Fernando Laszlo. Em 2008, sua obra fotográfica foi incorporada ao acervo do Instituto Moreira Salles. Otto Stupakoff morreu em São Paulo, em 22 de abril de 2009.


Eternizar temas aparentemente tão díspares como moda, retratos de esquimós, indianos, tailandesas, cenas de rua, experiências abstracionistas e nus, tudo alinhavado por um olhar único e sensual; exaurir todas as possibilidades de encontro; estes eram motivos essenciais na vida de Otto Stupakoff, com a câmera ou sem ela. Como ates­ tam suas fotos, ele esteve nos muitos cantos do mundo e viveu na acepção dionisíaca do termo. A câmera talvez tenha sido mera formalidade…

Bob Wolfenson


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