Livro 01 Clowns

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GORDO Fernando, é meia verdade, eu vou explicar por que. Não há muita relação de troca entre grupos teatrais em Salvador. Expressões como continuidade, são coisas que têm dois, três anos que começam a aparecer na voz das pessoas e em um ou outro texto, artigo, ou nos editais. A gente tem em Salvador a Cooperativa Baiana com muitos grupos afiliados e tem alguns grupos fortes. Mais uma vez o Dimenti é um deles. De uma maneira geral, os grupos do Vila Velha são reconhecidos como grupos, ainda que talvez também não o sejamos exatamente. Mais uma vez a manutenção proporcionou que a gente começasse a pensar em fazer um intercâmbio, a dar os primeiros passos. Um retorno que a gente teve das pessoas que participaram das oficinas, é da importância de se fazer isso. De trazer Ernani Maletta, Maria Thaís, o próprio Fabinho Vidal, que é daqui. De uma maneira geral a gente teve uma participação grande da classe, os artistas, a cidade se movimentou pra participar, teve gente que fez todas ou quase todas, e a gente teve muito esse retorno. Mas por que isso? Porque não tem, não tem absolutamente, como também não tem praticamente nada de circulação na cidade. Tem o Palco Giratório, a gente passou a ter festival na cidade de Salvador, isso movimenta um pouco, mas não há a prática da troca estética, não é de nenhuma relevância as trocas no âmbito político, de estruturação da classe, seja dos grupos, seja dos artistas autônomos, na tentativa de pelo menos encontrar uma coisa em comum pra que a gente possa brigar juntos. Então você tem razão quando você diz isso, porque a gente fez algumas coisas.

FERNANDO Desde quando você fala em convidar CTN pra fazer um espetáculo junto com vocês. Uma coisa que eu tenho observado, e não só agora dessa vinda, é que os próprios grupos do Vila trocam muito pouco, mesmo estando no mesmo espaço, e eu vejo em vocês esse traço de buscar em algumas ações. GORDO É isso que eu digo, a gente tenta sim, mas eu acho que é muito incipiente, é muito pouco, isso frustra pra caramba. Eu acho que precisa ter uma revolução no teatro baiano. No ano retrasado trouxeram Os Sertões pra cá, eu ouvi de mais de mil pessoas que é um absurdo gastar dinheiro com esse maluco. E eu fui desesperado

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