Anais encontro fortaleza

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Como se escreve o sintoma na psicanálise? Estamos a debater que, com Lacan, há duas grandes vertentes que permitem dizer como se escreve o sintoma, as mesmas enlaçam todos os meandros do seu ensino: Escrever o sintoma como mensagem do Outro A mensagem é o significado do Outro s(A). Mas sabemos que essa mensagem nada mais é do que a interpretação do sujeito sobre sua existência inefável. Nela se articulam: a - O traumático, entendido como não termos a disposição uma resposta última vinda do Outro, um último significante que nos dei a resposta definitiva sobre o que somos S( ), nem mesmo sobre o que queremos, uma vez que a Bedeutung do falo se suporta no significante da falta de significante (Ф); b - A construção do fantasma como resposta cristalizada que enoda imaginário e simbólico, como fixação dessa ficção que é a interpretação do sujeito sobre o desejo do Outro promove.

Escrever o sintoma como letra A escrita de uma letra se suporta na questão sobre qual é a função dessa letra. São as articulações dos anos ´70. Em primeiro lugar temos a letra como detrito, isolada de qualquer qualidade, tendo a mesma um estatuto secundário à linguagem. A letra indica: o furo no saber, a ruptura do semblante (significante), artefato a não habitar mais que a linguagem, sem poder confundi-la com o significante. Por outro lado, a escrita da letra testemunha sobre o furo no saber. A letra tanto limita o gozo quanto o evoca. Isso que evoca não refere ao furo no saber, mas ao puro exercício de uma fala não-sense que leva ao encontro desse furo no saber, até seu limite. Entendo ser essa a tese que nos propõe Colette Soler no seu livro Lacan, l´inconscient réinventé4 quando,

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SOLER, C. Lacan, l ´inconscient réinventé. Paris: Presses Universitaires de France, 2009.

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