Celtas

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Celtas

Copyright by Anna G.Khalil e Gebara Khalil Capa: Triskele, símbolo Celta Revisão: N.Godunov Produção: Anna G.Khalil e Gebara Khalil Todos os direitos reservados aos autores

M476ir Khalil, Anna G. e Gebara Celtas 1.História; 2.Cultura; 3.Sociedade Editora A Nova Sociedade Porto Alegre (RS), Brasil, 2012

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Celtas

Dedicado ao Universo Feminino...

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Celtas Reconhecemos como Celtas o conjunto de povos (etnônimo,*1) organizados em múltiplas tribos pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela Europa a partir do segundo milênio a.C. Grande parte da população da Europa Ocidental pertencia às etnias celtas até a chegada dos conquistadores romanos. Organizadas em tribos, ocupavam um território que ia da península Ibérica até a Anatólia. A maioria dos povos celtas foi conquistada e integrada pelos romanos. O modo de vida celta foi se adaptando ao invasor, e com o tempo, sofrendo alterações, por força da aculturação gerada pela influência dos invasores e posterior cristianização. Os grupos celtas eram formados por várias tribos, destacando bretões, gauleses, escotos, eburões, batavos, belgas, gálatas, trinovantes e caledônios. Muitos deles deram origem ao nome das províncias romanas na Europa, e mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa. Considerados os introdutores da metalurgia ferro na Europa origem da Idade do Ferro continente - culturas de Hellstatt e La Tène, Celtas contribuíram para o surgimento das calças indumentária masculina, conceito adaptado vestimenta originária das estepes asiáticas.

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Celtas Do ponto de vista da independência política, grupos celtas mantiveram-se independentes - pelo menos, até ao século XVII na Irlanda, país que - por seu isolamento, melhor preservou as tradições de origem celta. Outras regiões europeias que também se identificam com a cultura celta são o país de Gales, uma entidade subnacional do Reino Unido, Cornualha (Reino Unido), Gália (França e norte da Itália), norte de Portugal e a Galícia (noroeste da Espanha). Nestas regiões os traços linguísticos celtas sobrevivem nos topônimos (*2), em algumas formas lingüísticas e no folclore e tradições. Encontramos a primeira referência literária aos celtas (Κελτοί) em meados do século VI a.C. pelo historiador grego Hecateu de Mileto. Atualmente, a influência cultural celta experimenta um novo ciclo de expansão com o aparecimento de música de inspiração nos valores celtas e na revalorização de usos e costumes, conhecidos atualmente como ‘neo-celtismo’. *1) substantivo masculino que designa nome de povos, tribos, castas, e, p. ext., de comunidades políticas ou religiosas quando entendidas num sentido étnico. *2) substantivo próprio que designa um lugar, país, cidade, continente, etc. *3) substantivo feminino, ciência que estuda as inscrições antigas

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Celtas Terminologia Na Antiguidade os celtas foram conhecidos por três designações diferentes, pelos autores grecoromanos: celtas (em latim Celtae, em grego Κελτοί, transl. Keltoí); gálatas (em latim galatae, em grego Γαλάται, transl. Galátai); e galos ou gauleses (latim gallai, galli; grego Γάλλοί, transl. Galloí). Os romanos se referiam apenas aos celtas continentais como celtae; os povos da Irlanda e das ilhas Britânicas, nunca foram designados por celtas, nem pelos romanos nem por si próprios, eram chamados de Hiberni (hibérnios) e Britanni (bretões), respectivamente, e só começaram a ser chamados de celtas no século XVI d.c. No De Bello Gallico, Júlio César comentou que o nome "celta" era a maneira pela qual os gauleses se chamavam a si próprios na "língua celta" (lingua Celtae). Pausânias comentou ainda que os gauleses não só se chamavam a si mesmos de celtas como era também por este nome que os outros povos os conheciam. A atestar este fato temos evidência na epigrafia (*3) funerária onde se confirma que havia povos chamados de celtas que se identificavam como tal, nomeadamente os Supertamarici. Plínio o velho registou que os habitantes de Miróbriga usavam o sobrenome de Celtici: "Mirobrigenses qui Celtici cognominantur".

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Celtas

No santuário de Miróbriga um habitante deixa gravado a sua origem celta:

A raiz do termo "celta" aparece como elemento dos nomes próprios nativos da Gália, Celtillos, e da península ibérica, Celtio, Celtus, Celticus; nos nomes tribais, célticos e celtiberos, além dos topônimos célti, céltica, céltigos e celtibéria. Existem duas principais definições do termo celta, uma dada pelos autores da Antiguidade e uma definição moderna, criada por autores contemporâneos. A definição moderna do termo celta tem significados diferentes em contextos diferentes - linguistas, antropólogos, arqueólogos, historiadores e folcloristas, todos o usam de uma forma diferente, revelando discrepâncias entre os diferentes conceitos. A validade de empregar o termo celta, para além da definição dada pelos autores greco-romanos da Antiguidade, é polemica e já era contestada por autores do século XIX. Segundo os linguístas são considerados celtas os povos que falaram ou falam uma língua celta e

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Celtas assim - por associação, são celtas as terras onde eles vivem. Segundo esta teoria, os povos celtas que deixaram de falar uma língua celta também deixaram de ser designados de celtas. Em arqueologia determinou-se chamar celtas os povos que partilham uma cultura material e um estilo de arte específico. Associam-se as culturas de Hallstatt e La Tène às culturas celtas e proto-celtas. Definem-se como celtas os povos das áreas da Europa continental, da Irlanda e das Ilhas Britânicas que partilharam estas culturas. Localização espacial dos Celtas No século VI a.C, os Celtas são referidos pela primeira vez na literatura grega por Hecateu de Mileto. Da sua obra sobrevivem fragmentos muito curtos sobre os celtas: escreve que o país celta fica perto de Massalia, uma colônia de comerciantes gregos e refere-se a Narbona como cidade de comércio celta e a Nirax como cidade celta. “Massalia: cidade da Ligúria perto do país celta, uma colônia dos foceus. Narbona: centro de comércio e cidade dos celtas. Nírax: cidade celta.” Segundo Heródo, no século V a.C., a localização dos celtas era para além dos Pilares de Hércules e vizinha dos Conii. “Os Keltoi vivem para além dos Pilares de Hércules, sendo vizinhos dos Cynesii e são a mais ocidental de todas as nações que habitam a Europa". O rio Ister nasce na terra dos Keltoi na cidade de Pyrene e percorre o centro da Europa. Os Keltoi vivem além das colunas de Hérculas, sendo vizinhos dos Kynesioi e são a mais

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Celtas ocidental de todas as nações que habitam a Europa. E assim, se estendem por toda a Europa até as fronteiras da Cítia. Já no século III a.C. Erastótenes situava os celtas na parte ocidental da Europa, segundo o comentário de Estradão. Eratóstenes diz que até Gades, o exterior (Ibéria) é habitado pelos gálatas; e se a parte ocidental da Europa é ocupada por eles, esqueceu-se deles na sua descrição da Ibéria, nunca faz menção aos gálatas. Para Diodoro, no século I a.C., a diferença das denominações dada aos celtas por romanos e gregos. A terra dos Celtas A primeira referência à terra dos celtas, Céltica, é provavelmente do geógrafo Timageto. “[...] o Fasis [e o Istro] procedem dos montes Ripeos, que são da terra keltica, e logo vão desaguar numa lagoa dos celtas.” Estrabão indica a informação que Ephorus possuía sobre a terra dos celtas. “Ephorus, em seus relatos, faz Céltica tão excessiva em seu tamanho, que ele atribui às regiões da Céltica a maioria das regiões, tão longe quanto Gades, no que hoje chamamos península Ibérica.”

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Celtas Demografia As origens dos povos celtas são motivo de controvérsia, especulando-se que entre 1900 e 1500 a.C. tenham surgido da fusão de descendentes dos agricultores danubianos neolíticos e de povos de pastores oriundos das estepes. Esta incerteza deriva da complexidade e diversidade dos povos celtas, que além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias. Na península Ibérica, por exemplo, parte da população celta se misturou aos íberos, o que resultou no surgimento dos celtiberos. Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 por Daniel Bradley, do Trinity College de Dublin, demonstraram que os laços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornuália são muito fortes e afirma que - dentre os povos da Europa, os traços genéticos mais próximos destes eram encontrados na península Ibérica. Daniel Bradley explicou que sua equipe propunha uma origem muito mais antiga para as comunidades da costa do Atlântico: há pelo menos 6000 anos ou até antes disso. Os grupos migratórios que deram origem aos povos celtas do noroeste europeu teriam saído da costa atlântica da península Ibérica nos finais da última Idade do Gelo e ocupado as terras recém libertadas da cobertura glacial no noroeste europeu, expandindo-se depois para as áreas continentais mais distantes do mar.

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Celtas O geneticista Bryan Sykes confirma esta teoria no seu livro Blood of the Isles (2006), a partir de um estudo realizado em 2006 pela equipe de geneticistas da Universidade de Oxford. O estudo analisou amostras de DNA recolhidas de dez mil voluntários do Reino Unido e Irlanda, permitindo concluir que os celtas que habitaram estas terras, — escoceses, galeses e irlandeses —, eram descendentes dos celtas da península Ibérica que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4000 e 5000 a. C. Outro geneticista da Universidade de Oxford, Stephen Oppenheimer, corrobora esta teoria no seu livro "The Origins of the British" (2006). Estes estudos levaram também à conclusão de que os primitivos celtas tiveram a sua origem não na Europa Central, mas entre os povos que se refugiaram na península Ibérica durante a última Idade do Gelo. Estudos da Universidade do País de Gales defendem que as inscrições encontradas em estelas (*4) no sudoeste da península Ibérica demonstram que os celtas do País de Gales vieram do sul de Portugal e do sudoeste da Espanha.

*4) monumentos líticos - feitos de pedra, normalmente feitas em um só bloco, contendo representações pictóricas e inscrições.

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Celtas História

Os Celtas na Europa

Teoria centro-européia A área verde na imagem sugere a possível extensão da área (proto) céltica por volta de 1000 a.C. A área laranja indica a região de nascimento da cultura de La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C. Vestígios associados à cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central há centenas ou milhares de anos antes desse período. Durante a primeira fase da Idade do Ferro céltica (do século VIII a.C. ao século V a.C.), as sepulturas encontradas pelos arqueólogos indicam o surgimento de uma nova aristocracia e de uma crescente estratificação social. Essa estratificação aprofundou-

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Celtas se a partir do século VI a.C., quando grupos do norte da Europa e da região oeste dos Alpes entraram em contato comercial com as colônias gregas fundadas no Mediterrâneo Ocidental. O intercâmbio com os gregos, que chamavam aos celtas indistintamente de keltoi, é evidenciado pelas finas peças de cerâmica grega encontradas nos túmulos. É igualmente provável que os gregos tenham adotado o costume de armazenar o vinho em vasos de cerâmica após os contactos com os celtas, que já os utilizavam como forma de armazenamento de provisões.

Gália Cisalpina 391-192 a.C.

Os objetos inumados das sepulturas comprovam que o comércio dos celtas se estendia a regiões ainda mais afastadas, tendo sido encontradas peças de bronze de origem etrusca e tecidos de seda seguramente oriundos da China.

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Celtas A partir do século V a.C., verifica-se um deslocamento dos centros urbanos celtas, até então localizados ao longo dos rios Ródano, Saona e Danúbio, evento associado a segunda fase da Idade do Ferro europeia e ao desenvolvimento artístico da cultura La Tène. As sepulturas deste período apresentam armas e carros de combate, embora sejam menos ricas do que as do período pacífico anterior, provavelmente, reflexo da sua fase de maior expansão, quando invadiram o sul da Europa após 400 a.C. Em 390 a.C. os celtas invadiram o norte da península Itálica (Gália Cisalpina) e saquearam Roma. Por volta de 272 a.C., pilharam Delfos na Grécia. As hostes celtas conquistaram territórios na Ásia Menor, nos Balcãs e no norte da Itália, onde o contingente mais numeroso era o dos gauleses. A partir do século II a.C., os celtas começam a perder território para os povos de língua germânica, e os romanos, pouco a pouco, conseguem dominálos, o que consolidam a partir de 192 a.C., quando anexam a Gália Cisalpina ao Império Romano. Os golpes finais na dominância celta ocorrem no século I a.C., quando Júlio César conquista a Gália, e no século I d.C., quando o imperador Cláudio domina a Bretanha. Somente a Irlanda e o norte da Escócia, onde viviam os escotos, permaneceram fora da zona de influência direta do Império Romano. Críticos afirmam que não há qualquer evidência linguística, arqueológica ou genética, que comprove

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Celtas que as regiões onde se originaram as culturas Hallstatt ou La Tène sejam o local de origem dos povos celtas. Indicam que este conceito deriva de um erro feito pelo historiador Heródoto - há 2500 anos, num comentário sobre os "Keltoi," onde os localizava na nascente do rio Danúbio, a qual ele julgava ser perto dos Pirineus. Este erro foi depois mais tarde, em fins do século XIX, aproveitado pelo historiador francês Marie Henri d'Arbois de Jubainville para basear a sua teoria de que Heródoto queria dizer que a terra original dos celtas era no sul da Alemanha. Teoria da idade do bronze atlântica Segundo esta teoria os celtas teriam origem no sul da península Ibérica. Baseia-se na evidência histórica, de que Heródoto, localizava os Keltoi na Ibéria e dizia que eram vizinhos dos Kunetes localizados na atual região do Algarve; na hipótese da língua tartéssica ser uma língua celta, o que indicaria que as línguas celtas ter-se-iam originadas na zona atlântica durante a Idade do Bronze, e em evidências genéticas.

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Celtas Civilização Tartéssica

Tartessos e a sua área de influência

A Civilização Tartéssica, com as suas origens no período final da Idade do Bronze, é uma cultura orientalizante autóctone com inícios no século VIII a.C., modificada pela influência crescente de elementos fenícios. A sua área central foi o oeste da Andaluzia, mas cedo expandiu a sua área de influência até à costa leste da península e, no que a Portugal diz respeito, até ao estuário do Tejo, com particular incidência na zona do Algarve. A influência tartéssica será duradoura no sul de Portugal até ser substituída pela forte presença celta, resultado de processos migratórios dos celtici, que assim “celtizaram” esta zona, bem como as populações, ligadas a Tartessos, dos turdetanos e dos cônios. Estes últimos legaram-nos o mais amplo patrimônio de escrita tartéssica (na variante chamada escrita do Sudoeste) e, mesmo depois de celtizados, permaneceriam como população autônoma até à chegada dos romanos, com quem se aliaram contra -

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Celtas nomeadamente, os lusitanos - que acabaram por destruir a sua principal cidade, Conistorgis.

Mapa das rotas de expansão Fenícias

De notar que o florescimento tartéssico se dá no âmbito da expansão fenícia, quando esta está em confronto com a expansão e colonização grega do ocidente mediterrâneo. Se a influência fenícia foi central no desenvolvimento de Tartessos, a influência grega parece ter sido igualmente central no desenvolvimento um pouco posterior da civilização íber (igualmente uma língua isolada não indo-europeia e não aparentada com o tartéssico), no leste e sul peninsular (Catalunha, Valência, Múrcia e leste de Andaluzia). Repare-se, portanto, que nunca existiram, contrariamente ao que muitas vezes se afirma, populações iberas em parte alguma do território português. Da mesma maneira, é de notar que não há indício algum de colonização

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Celtas fenícia em Portugal (com a exceção do entreposto comercial de Balsa - hoje Tavira, no Algarve), assim caindo por terra os mitos da fundação fenícia de Lisboa, para não falar da ainda mais inverossímil fundação grega. É claro que excursões comerciais fenícias devem ter percorrido as costas portuguesas (de fato, pensa-se que até as Ilhas Britânicas), e que a sua influência direta ou, mais provavelmente, indireta via Tartessos, tenha tido forte impacto cultural. Daí encontrarem-se povoações organizadas na região de Lisboa com claras influências orientalizantes. É de notar, no entanto, que apesar da língua tartéssica ser em regra tratado como não classificada, dada a escassez de textos e falta de óbvias conexões com outras línguas - o que permanece como a visão dominante, vários autores apresentam-na como céltica ou pelo menos fortemente celtizada. Correa, Untermann e particularmente Koch propõem etimologias celtas para nomes tartéssicos, ou mesmo que o tartéssico era uma língua celta. Koch defende mesmo que as línguas celtas nascem no contexto cultural da idade do bronze atlântica

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Celtas Ornamento celta da Idade do Ferro (Museu Nacional da Antiguidade, Saint-Germain-en-Laye, França)

Língua As línguas célticas derivam de dois ramos indoeuropeus do grupo denominado centum: o celta-Q (goidélico), mais antigo, do qual derivam o irlandês, o gaélico da Escócia e a língua manx da Ilha de Man, e o celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e pelos habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galês (do País de Gales) e o bretão (na Bretanha). Os registos mais antigos escritos numa língua celta datam do século VI a.C. As informações atualmente disponíveis sobre os celtas foram obtidas principalmente através do testemunho dos autores greco-romanos. Isto não permite traçar um quadro completo e imparcial do que foi a realidade quotidiana desses povos. O chamado "alfabeto das árvores" ou Ogham surgiu apenas por volta de 400 d.C. Edward Lhuyd identificou em 1707 uma família de línguas ao notar a semelhança entre o irlandês, o bretão, o córnico e o galês e a extinta língua gaulesa, as quais classificou como línguas celtas. Lhuyd justificou o uso da expressão pelo fato de estas pertencerem à mesma família linguística do gaulês e a língua gaulesa e a maioria das tribos gaulesas terem sido chamadas de celtas.

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Celtas Fontes clássicas e arqueológicas atestam que os celtas faziam uso limitado da escrita. Júlio César, no De Bello Gallico, comentou que os helvécios usavam o alfabeto grego para registar o censo da população e que os druidas recusavam-se a registar por escrito os versos, mas que faziam uso do alfabeto grego para as transações públicas e pessoais.[58] Diodoro disse que nos funerais os gauleses escreviam cartas aos amigos, e jogavam-nas na pira funerária, como se elas pudessem ser lidas pelos defuntos. Já Ulpiano determina que os fidei comunis podiam ser escritos em gaulês, entre outras línguas, o que gerou especulações de que no século III esta língua ainda seria escrita e falada. O alfabeto ibérico foi usado para registar o celtibéro, uma língua celta da península Ibérica. O alfabeto de Lugano e Sondrio foi usado na Gália Cisalpina e o alfabeto grego na Gália Transalpina. Variações do alfabeto latino foram usadas na península Ibérica e na Gália Transalpina. Estudos colocam a hipótese de haver uma relação entre as inscrições de Glozel e um dialeto celta. Cultura As manifestações artísticas celtas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e

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Celtas motivos entalhados. A influência da arte celta está ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do noroeste europeu, na música e arquitectura de boa parte da Europa ocidental. Também muitos dos contos e mitos populares do ocidente europeu têm origem na cultura dos celtas. Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres e ou asas laterais (vide Astérix), comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos, entre outros. Essas imagens são devidas em parte ao conhecimento divulgado sobre os celtas durante o século XIX. Diógenes Laércio, na sua obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, comenta que a origem do estudo da filosofia era atribuída aos celtas, (entre outros povos considerados bárbaros). O conhecimento da filosofia era atribuído aos druidas e aos semnothei. Massalia era um conhecido centro de aprendizagem onde os celtas iam aprender a cultura grega, a ler e a escrever. Entre os eruditos da antiguidade de origem celta ou oriundos das regiões celtas são conhecidos Gneu Pompeu Trogo, Marcelo Empírico, Públio Valério Catão, Marco Antônio Gnífon, Cornélio Galo, Rutílio Cláudio Namaciano, Virgílio, Vibius Gallus, Tito Lívio, Cornélio Nepos e Sidônio Apolinário.

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Celtas

Organização social

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Celtas

Rainha Maeve e um Druida (ilustração de Stephen Reid para The Boys' Cuchulainn de Eleanor Hull, 1904)

A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam um núcleo de terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado que apascentavam. Com base em estudos efectuados na Irlanda, determinou-se que a sua organização política era dividida em três classes: o rei e os nobres, os homens livres e os servos, artesãos, refugiados e escravos. Este último grupo não possuía direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os

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Celtas sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade. Mais recentemente foram apresentadas novas perspectivas sobre a celtização do Noroeste de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari. No país, os povoados castrejos do tipo citaniense apresentavam características similares às dos povoados celtas. A citânia de Briteiros é exemplo de um povoado com características celtas, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato: isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici). Tongóbriga é um sítio arqueológico situado na freguesia de Freixo, também antigo povoado dos Callaeci Bracari. Religião Os celtas exaltavam as forças telúricas expressas nos ritos propiciatórios. A natureza era a expressão máxima da Deusa Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era a própria natureza e por isso a sociedade celta embora não fosse matriarcal mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza. A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre realizados ao ar livre. Suspeita-se que algumas das suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como celebrações dos equinócios e solstícios.

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Celtas

Embora se saiba que os celtas adoravam um grande número de divindades, do seu culto hoje pouco se conhece para além de alguns dos nomes. Tendo um fundo animista, a religião celta venerava múltiplas divindades associadas a atividades, fenômenos da natureza e coisas. Entre as divindades contavam-se Tailtiu e Macha, as deusas da natureza, e Epona, a deusa dos cavalos. Entre as divindades masculinas incluíam-se deuses como Goibiniu, o fabricante de cerveja, e Tan Hill, a divindade do fogo. O escritor romano Lucano faz menções a vários deuses celtas, como Taranis, Teutates e Esus, que, curiosamente, não parecem ter sido amplamente adorados ou relevantes.

Cernunnos (Museu da Idade Média, Paris)

Algumas divindades eram variantes de outras, refletindo a estrutura tribal e clânica dos povos

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Celtas celtas. A esta complexidade veio juntar-se a plêiade de divindades romanas, criando novas formas e designações. É nesse contexto que a deusa galoromana dos cavalos, Epona, parece ser uma variante da deusa Rhiannon, adorada em Gales, ou ainda Macha, que era adorada na região do Ulster. As crenças religiosa dos celtas também originaram muitos dos mitos europeus. Entre os mais conhecidos está o mito de Cernunnos, também chamado de Slough Feg ou Cornífero na forma latinizada, comprovadamente um dos mitos mais antigos da Europa ocidental, mas do qual pouco se conhece. Com a assimilação no Roma, os deuses celtas perderam as suas características originais e passaram a ser identificados com as correspondentes divindades romanas. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta, estando ainda hoje presente em muitos dos cultos de santos e nas crenças populares assimilados no cristianismo. Com a crescente secularização da sociedade europeia, surgiram movimentos neo-pagãos pouco expressivos, que buscam a adaptação aos novos tempos das crenças do paganismo antigo, sendo alguns dos principais representantes a wicca e os neo-druidas, que embora contenham alguns elementos celtas, não são célticos, nem representam a cultura do povo celta.

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Celtas A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Aleister Crowley. Já o neo-druidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antiguidade, tendo sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da GrãBretanha a partir do século XVIII. Mitologia Consideram-se três as fontes principais sobre a mitologia celta, os autores greco-romanos, a arqueologia, e os documentos britânicos e irlandeses. São riquíssimas as narrativas mitológicas celtas, principalmente as transmitidas oralmente em forma de poema, como "O Roubo de Gado em Cooley". Nesta, o herói irlandês Cú Chulainn enfrenta as forças da rainha Maeve para defender o seu condado. Outra narrativa, do Livro das Invasões (Lebor Gabala Erren), conta a lenda dos filhos de Míle Espáine e o seu trajecto até chegarem à Irlanda. Outros legados dos celtas são as histórias do Ciclo do Rei Artur da Inglaterra e relatos míticos dos quais se originaram os contos de fadas, como, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho (onde a menina representa o Sol devorado pela noite do inverno, ou seja, o lobo). Tribos e povos celtas

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Celtas             

Brácaros Bretões Batavos Brigantinos Calaicos Caledônios Celtiberos Célticos Gauleses Eburões Escotos Pictos Trinovantes Figuras históricas

         

Ambiorix Ambrósio Boadicéia Breogam Carataco Cartimandua Cassivellaunus Catelo Cunobelin Vercingétorix

Cidades históricas

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Celtas        

Armagh Caerphilly Cardiff Carmarthen Numantia Tara Tintagel Porto

Mitologia céltica

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Celtas Sendo civilizações da Idade do Ferro, indivíduos vindos de pequenas aldeias lideradas por chefes guerreiros, os celtas da Europa continental não deixaram registro escrito, mas conhecemos seus deuses através dos conquistadores romanos, que estabeleceram elos entre muitas dessas divindades e seus próprios deuses. Por exemplo, o deus do trovão Taranis era o equivalente do Júpiter romano, e várias outras divindades locais eram equiparadas a Marte, Mercúrio e Apolo. Os povos do país de Gales e da Irlanda também deixaram uma mitologia muito rica e muitas de suas lendas foram escritas durante a Idade Média. Para estudo, divide-se a mitologia céltica em três subgrupos principais de crenças relacionadas.   

Goidélica - irlandesa e escocesa Britânica Insular - galesa e da Cornuália Britânica continental - Europa continental.

É importante manter em mente que a cultura celta (e suas religiões) não é tão contíguas ou homogêneas quanto foram a cultura romana ou grega, por exemplo. Nossos conhecimentos atuais determinam que cada tribo ao longo da vasta área de influência céltica tinha suas próprias divindades. Dos mais de trezentos deuses celtas, poucos efetivamente eram adorados em comum.

Principais deuses celtas

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Celtas     

Dagda Danu Belenus Lug Sucellus Outros deuses

Os celtas adoravam um grande número de deuses dos quais sabemos pouco mais que os nomes. Entre eles deusas da natureza como Tailtiu e Macha, e Epona, deusa dos cavalos. Figuras masculinas incluíam deuses associados a uma enorme variedade de coisas, como Goibiniu, o fabricante de cerveja. Havia também Tan Hill, a divindade do Fogo. Cernunnos (também chamado de Slough Feg, ou na forma latinizada Cornífero) é comprovadamente um dos mitos mais antigos, mas do qual pouquíssimo se sabe. O escritor romano Lucano fez várias menções a deuses celtas como Taranis, Teutates e Esus que, curiosamente, não parecem ter sido amplamente adorados ou relevantes. Vários deuses eram formas variantes de outros. A deusa galo-romana Epona parece ser uma variante da deusa Rhiannon, adorada em Gales, ou ainda Macha, adorada na região do Ulster. Povos politeístas raramente se importam em manter seus panteões da forma organizada em que os pesquisadores gostariam de encontrar. Também a cultura celta sofreu influências das antigas

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Celtas civilizações, como por exemplo, os babilônicos, a deusa Ianellus é o resultado desta miscigenação. Templos Frequentemente se diz que os povos celtas não construíam templos, adorando seus deuses apenas em altares em bosques. A arqueologia já provou que isto está incorreto, e várias estruturas de templos já foram encontradas em regiões célticas. Depois das conquistas de Roma sobre partes das regiões celtas, um tipo distinto de templo celto-romano se desenvolveu.

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Celtas Ritos celtas

cruz celta

Os primeiros celtas não construíam templos para a adoração de seus deuses, mas mantinham altares em bosques de (Nemeton) dedicados a serem locais de adoração. Algumas árvores eram consideradas elas próprias sagradas. A importância das árvores na religião celta pode ser mostrada pelo fato que o nome da tribo dos Eburônios contém uma referência a yew tree, e nomes como Mac Cuillin (filho de acebo), e Mac Ibar (filho de yew) aparecem nos mitos irlandeses. Apenas durante o período de influência romana os celtas começaram a construir templos, um hábito que foi passado às tribos germânicas que os suplantaram. Escritores romanos insistiam que o sacrifício humano era praticado pelos celtas em larga escala e há indícios dessa possibilidade vindos de achados na Irlanda, no entanto a maior parte da informação sobre isso veio de rumores de "segunda mão" que chegavam a Roma. São muito poucas as

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Celtas descobertas arqueológicas que substanciam o processo de sacrifício e assim os historiadores modernos consideram que os sacrifícios humanos eram um acontecimento extremamente raro nas culturas celtas. Mas havia também, no entanto, um culto guerreiro centrado nas cabeças cortadas de seus inimigos. Os celtas muniam seus mortos de armas e outros pertences, o que indica que acreditavam na vida após a morte. Depois do funeral, eles também cortavam a cabeça do morto e esmagavam seu crânio para evitar que seu espírito permanecesse preso. Nenhuma menção aos cultos celtas pode deixar de descrever os druidas. Esses sacerdotes representam simplesmente a classe mais ou menos hereditária de xamãs, característica de todas as sociedades indo-europeias antigas. Em outras palavras, eles são o equivalente a casta brâmane indiana ou aos magi persas, e como estes um especialista nas práticas de magia, sacrifício e augúrio. Eles eram conhecidos por serem particularmente associados a carvalhos e trufas; essas últimas talvez usadas na confecção de medicamentos ou alucinógenos. Outra figura importante na manutenção das lendas célticas era o bardo; aquele que, através de suas músicas, difundia os feitos de bravura dos heróis do passado. Desse ponto de vista a cultura celta não foi uma cultura histórica - do ponto de vista que não teve história escrita (ainda que os celtas

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Celtas possuíssem formas rudimentares de escrita, baseadas em traços verticais e horizontais). Suas histórias eram transmitidas oralmente, e os bardos eram particularmente bons nisso já que, uma vez que suas histórias eram musicadas, tornava-se fácil lembrar as palavras exatas que as compunham. Além disso, eles podem ter sido considerados uma espécie de profetas. O historiador Estrabo descreveu-os como "vates", palavra que significa inspirado, extasiado. É bem possível que a sociedade céltica tivesse, além da religião taumatúrgica e ritualística dos druidas, um elemento de comunicação estásica com o Além. A conversão dos Druidas O cristianismo se espalhou com muita facilidade pelas regiões célticas como a Gália, Bretanha, GrãBretanha e Irlanda. A presença se faz notar desde o século II, mas mais intensamente a partir do século IV. Vários mosteiros são abertos. São Colombano fundou mosteiros em Annegray no Vosges, em Luxeit na Borgonha, e até em Bobbio na Lombardia. São Patrick (ou São Patrício) é o santo padroeiro da Irlanda. Vários manuscritos da Idade Média contam a sua lenda. Nascido possivelmente em 390 ou 415 (não há certeza sobre as datas), ele não tem origem irlandesa, mas grã-bretã. Quando jovem, foi raptado por piratas e tornado escravo na Irlanda. Liberto seis anos depois, se torna sacerdote e depois bispo, quando decide responder a um chamado divino para converter os seus sequestradores. Desembarca em Ulster, querendo implantar uma rede de discípulos, e inicia a conversão dos druidas, ritualísticos da

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Celtas sociedade local. E, desde então, oficialmente, em cada último domingo do mês de julho, multidões de irlandeses galgam o monte Croagh Patrick para render homenagem ao santo fundador. Resquícios modernos Os modos e as crenças celtas tiveram um grande impacto na atualidade das regiões em que se encontravam. Conhecimentos sobre a religião précristã ainda são comuns nas regiões que foram habitadas pelos celtas, apesar de agora estarem diminuindo. Adicionalmente, muitos santos não oficiais são adorados na Escócia, como Saint Brid na Escócia (Brigid, na Irlanda), uma adaptação cristã da deusa de mesmo nome. Vários ritos envolvendo peregrinações a vales e poços considerados sagrados aos quais creditam propriedades curativas têm origem celta. As festas dos celtas eram baseadas nos solstícios e equinócios.O Imbolc era celebrado no dia 1º de fevereiro e marcava o começo da vida da natureza depois da hibernação do inverno. O Samhain, a festa dos mortos, ocorria em 1º de novembro. A festa cristã de todos os santos no dia 1º de novembro é derivada dessa data comemorativa celta.

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Celtas Mitologia irlandesa

O sonho de Ossian, de Jean Auguste Dominique Ingres. Ossian é um personagem de James Macpherson, baseado no Oisín do Ciclo Feniano.

A mitologia da Irlanda pré-cristã não sobreviveu inteiramente à conversão ao cristianismo, mas boa parte dela foi preservada, sendo removido o seu significado religioso, na literatura medieval irlandesa, a qual representa o mais abrangente e o mais bem preservado de todos os ramos da mitologia celta. Embora muitos dos manuscritos não tenham sobrevivido e ainda mais material provavelmente jamais tenha sido registrado pela escrita, há ainda o bastante para possibilitar a identificação de quatro ciclos distintos, embora sobrepostos: o Ciclo Mitológico Irlandês, o Ciclo do Ulster, o Ciclo Feniano e o Ciclo Histórico Irlandês. Há também certa quantidade de textos mitológicos sobreviventes que não se encaixam em quaisquer dos ciclos. Em

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Celtas acréscimo, há um grande número de contos de fadas registrados que, embora não sejam estritamente mitológicos, apresentam personagens de um ou mais destes quatro ciclos. As fontes As três principais fontes manuscritas da mitologia irlandesa são o Lebor na Huidre (fins do século XI/início do século XII), que está na biblioteca da Real Academia Irlandesa, o Livro de Leinster (início do século XII), na biblioteca do Trinity College, em Dublin, e o manuscrito Rawlinson B 502 ("Rawl."), abrigado na Biblioteca Bodleiana na Universidade Oxford. Apesar das datas destas fontes, a maior parte do material que eles contêm antecede sua composição. A prosa datável mais antiga, com base em fundamentos linguísticos, remonta ao século VIII, e alguns dos versos podem ser até do século VI. Outras fontes importantes incluem um grupo de quatro manuscritos originados no oeste da Irlanda em fins do século XIV ou início do século XV: O Livro Amarelo de Lecan, O Grande Livro de Lecan, O Livro de Many e O Livro de Ballymote. O primeiro deles contém parte da mais antiga versão conhecida do Táin Bó Cúailnge, abrigada no Trinity College. Os outros três estão na Academia Real. Outros manuscritos do século XV, tais como O Livro de Fermoy, também contém material interessante, bem como obras sincréticas posteriores tais como Foras Feasa ar Éirinn ("A História da Irlanda", cerca de 1640) de Geoffrey Keating, particularmente porque estes compiladores e escritores tardios podem ter

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Celtas tido acesso a fontes manuscritas desde então desaparecidas. Ao utilizar estas fontes, é sempre importante questionar o impacto das circunstâncias nas quais foram produzidas. A maioria dos manuscritos foi criada por monges cristãos, que podem ter se sentido dividido entre o desejo de recordar sua cultura nativa e sua hostilidade religiosa às crenças pagãs, resultando na evemerização de alguns deuses. Muitas das fontes tardias podem também ter sido parte de um esforço de propaganda planejado para criar uma história para o povo da Irlanda que pudesse gerar uma equivalência da descendência mitológica dos fundadores de Roma, promulgada por Geoffrey de Monmouth e outros para os invasores britânicos. Havia também uma tendência para reescrever genealogias irlandesas, de modo a que se encaixassem no esquema conhecido da genealogia grega ou bíblica. Outrora, não se questionava que a literatura medieval irlandesa preservasse tradições verdadeiramente antigas sob uma forma de tradição oral virtualmente inalterada através dos séculos até os antigos celtas. Tornou-se famosa a descrição do Ciclo do Ulster por Kenneth H. Jackson como uma "janela para a Idade do Ferro", e Garret Olmsted tentou traçar paralelos entre Táin Bó Cúailnge, o épico do Ciclo do Ulster e a iconografia do Caldeirão Gundestrup. Todavia, esta posição "nativista" tem desafiada por estudiosos "revisionistas"

sido que

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Celtas acreditam que muito do material remanescente foi criado em épocas cristãs numa imitação deliberada da poesia épica da literatura clássica que veio com o aprendizado do latim. Os revisionistas apontam passagens aparentemente influenciadas pela Ilíada no "Táin Bó Cúailnge" e a existência do Togail Troi, uma antiga adaptação da Eneida encontrada no Livro de Leinster e observam que a cultura material das histórias é geralmente mais próxima da época da composição das histórias do que do passado distante. Um consenso tem surgido, o qual encoraja uma leitura crítica do material. Ciclo mitológico O Ciclo Mitológico Irlandês, contendo histórias dos antigos deuses e das origens dos irlandeses, é o menos preservado dos quatro ciclos. As fontes mais importantes são o Metrical Dindshenchas ou Lore of Places ("Folclore dos Lugares") e o Lebor Gabála Érenn ou Book of Invasions ("Livro das Invasões"). Outros manuscritos preservam estes contos mitológicos, tais como O Sonho de Angus, A Corte de Étain e Cath Maige Tuireadh, A (segunda) Batalha de Magh Tuireadh. Uma das mais bem conhecidas de todas as histórias irlandesas, Oidheadh Clainne Lir ou "A Tragédia dos Filhos de Lir", é também parte deste ciclo. Lebor Gabála Érenn é uma pseudo-história da Irlanda, remontando a linhagem dos irlandeses até Noé. Conta uma série de invasões ou "tomadas" da

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Celtas Irlanda por uma sucessão de povos, um dos quais era o povo conhecido como os Tuatha Dé Danann, que se acreditava terem habitado a ilha antes da chegada dos Gaels ou milesianos. Eles encararam a oposição de seus inimigos, os Fomorianos, liderados por Balor do Olho Gordo. Balor foi eventualmente assassinado por Lug Lámfada (Lug do Braço Longo) na segunda batalha de Magh Tuireadh. Com a chegada dos Gaels, os Tuatha Dé Danann se retiram para os subterrâneos e se tornam o povo das fadas do mito e lenda posteriores. A Metrical Dindshenchas é a grande obra onomástica da antiga Irlanda, dando os nomes lendários de lugares significativos numa seqüência de poemas. Inclui significativa informação sobre figuras e histórias do Ciclo Mitológico Irlandês, incluindo a Batalha de Tailtiu, na qual os Tuatha Dé Danann foram derrotados pelos milesianos. É importante observar que lá pela Idade Média, os Tuatha Dé Danann não eram vistos propriamente como deuses, mas como um povo mágico capaz de mudar de forma, numa antiga Era de Ouro irlandesa. Textos tais como Lebor Gabála Érenn e Cath Maige Tuireadh os apresentam como reis e heróis do passado distante, incluindo histórias sobre suas mortes. Todavia, existe considerável evidência, tanto em textos quanto no mundo céltico mais amplo, de que outrora eles eram considerados divindades. Mesmo depois de terem sido removidos do posto de governantes da Irlanda, personagens tais como Lug, as Mórrígan, Angus e Manannan aparecem em

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Celtas histórias que se passam séculos mais tarde, denunciando sua imortalidade. Um poema no Livro de Leinster lista muitos dos Tuatha Dé, mas conclui dizendo "embora [o autor] os enumere, ele não os venera". Goibniu, Creidhne e Luchtaine são denominados Trí Dée Dána ("três deuses de habilidade"), e o nome Dagda é interpretado em textos medievais como "o deus bom". Nuada é afim do deus pré-histórico britânico Nodens; Lug é um reflexo da divindade pan-celta Lugus; Tuireann pode ser relacionado ao Taranis gaulês; Ogma à Ogmios; e Badb à Catubodua. Importantes personagens Tuatha Dé Danann              

Boann Banba Brigid Creidhne Danu Dian Cecht Donn Ériu Étain Fódla Macha Nechtan Sídhe Banshee Ciclo do Ulster

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Celtas O Ciclo do Ulster se passa no início da era cristã e a maior parte da ação se desenrola nas províncias do Ulster e Connacht. Consiste num grupo de histórias heróicas que tratam das vidas de Conchobar mac Nessa, rei do Ulster, o grande herói Cúchulainn, filho de Lug, e de seus amigos, amantes e inimigos. Estes são representados pelos Ulaid, ou povo do canto nordeste da Irlanda, e a ação das histórias é centrada em torno da corte real em Emain Macha, próxima a moderna cidade de Armagh. Os Ulaid têm vínculos próximos com a colônia irlandesa na Escócia, e parte do treinamento de Cúchulainn se passa naquela colônia. O ciclo consiste de histórias de nascimentos, fases iniciais de vida e treinamento, namoros, batalhas, banquetes e morte de heróis, e refletem uma sociedade guerreira na qual a guerra consiste principalmente de combates individuais e a riqueza é medida principalmente em gado. Estas histórias são escritas principalmente em prosa. O ponto central do Ciclo do Ulster é o Táin Bó Cúailnge. Outros contos importantes deste ciclo incluem A Trágica Morte do Filho Único de Aife, O Banquete de Bricriu e A Destruição da Hospedaria de Da Derga. O Exílio dos Filhos de Usnach, mais conhecido como a tragédia de Deirdre e fonte das peças de John Millington Synge, William Butler Yeats e Vincent Woods, também faz parte deste ciclo. O ciclo, em alguns aspectos, está próximo ao Ciclo Mitológico. Alguns dos personagens deste último reaparecem, e o mesmo tipo de magia de mudança de forma está muito em evidência. Lado a

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Celtas lado com um realismo cruel, quase insensível. Embora possamos suspeitar que uns poucos personagens, tais como Medb ou Cú Roí, tenham sido outrora divindades, e Cúchulainn em particular realize proezas super-humanas, os personagens são firmemente mortais e enraizados num tempo e lugar específicos. Se o Ciclo Mitológico representa a Idade de Ouro, o Ciclo do Ulster é a Idade Heróica da Irlanda. Ciclo Feniano Como o Ciclo do Ulster, o Ciclo Feniano ocupase dos feitos dos heróis irlandeses. As histórias do Ciclo Feniano parecem se situar em torno do século III e principalmente nas províncias de Leinster e Munster. Eles se diferenciam dos outros ciclos na força de suas ligações com a comunidade de língua irlandesa na Escócia e existem muitos textos fenianos oriundos daquele país. Também diferem do Ciclo do Ulster no sentido de que as histórias são contadas principalmente em verso e num tom que as colocam mais próximas da tradição do romance do que da tradição do épico. As histórias giram em torno dos feitos de Fionn mac Cumhaill e seu grupo de soldados, os Fianna. A fonte individual mais importante do Ciclo Feniano é o Acallam na Senórach (Colóquio do Velho), encontrado em dois manuscritos do século XV, o "Livro de Lismore" e o Laud610, bem como num manuscrito do século XVII de Killiney, Condado de Dublin. Por evidência lingüística, o texto, que tem cerca de 8000 linhas, foi datado como sendo do

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Celtas século XII, e relembra as conversas entre Caílte mac Rónáin e Oisín, o último dos sobreviventes dos Fianna, e São Patrício. As datas tardias dos manuscritos podem refletir uma longa tradição oral para as histórias dos fenianos. Os Fianna das histórias estão divididos pelo Clann Baiscne, liderados por Fionn, e o Clann Morna, liderado pelo inimigo, Goll mac Morna. Goll matou o pai de Fionn, Cumbal, em batalha e o garoto Fionn foi criado em segredo. Quando jovem, enquanto era treinado na arte da poesia, ele acidentalmente queimou seu polegar enquanto cozinhava o Salmão do Conhecimento, o que lhe permitia sugar ou morder seu polegar e receber rompantes de estupenda sabedoria. Ele tomou seu lugar como líder de seu grupo e numerosos contos são contados sobre suas aventuras. Dois dos maiores contos irlandeses, Tóraigheacht Dhiarmada agus Ghráinne (A Perseguição de Diarmuid e Gráinne) e Oisín em Tír na nÓg formam parte do ciclo. A história de Diarmuid e Grainne, que é um dos poucos contos fenianos em prosa, é a provável fonte de "Tristão e Isolda". O mundo do Ciclo Feniano é aquele no qual guerreiros profissionais passam seu tempo caçando, pescando, lutando e vivendo aventuras no mundo espiritual. Os recém-admitidos ao grupo devem ter conhecimentos de poesia e se submeter a certo número de testes físicos e provações. Novamente, não há elemento religioso nestes contos, a menos que se considere a veneração dos heróis.

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Celtas Ciclo Histórico Era parte do dever dos bardos medievais, irlandeses ou poetas da corte, registrar a história da família e a genealogia do rei o qual serviam. Eles o fizeram em poemas que fundiam o mitológico e o histórico em maior ou menor grau. As histórias resultantes formam o que se tornou conhecido como o Ciclo Histórico, ou mais corretamente, Ciclos, visto que existem vários grupos independentes. Os reis ali cobertos vão desde o quase inteiramente mitológico Labraid Loingsech, que tornou-se Grande Rei da Irlanda por volta de 431 a.C., ao inteiramente histórico Brian Boru. Todavia, a maior glória do Ciclo Histórico é o "Buile Shuibhne" (A Loucura de Suibhne), uma história do século XII contada em verso e prosa. Suibhne, rei de Dál nAraidi, foi amaldiçoado por São Ronan e tornou-se uma espécie de meio homem, meio pássaro, condenado a viver oculto nos bosques, fugindo da companhia humana. A história cativou a imaginação de poetas irlandeses contemporâneos e foi traduzida por Trevor Joyce e Seamus Heaney.

Contos de Aventuras

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Celtas As aventuras, ou "echtrae", são um grupo de histórias de visitas ao Outro Mundo irlandês. O mais famoso, Oisin in Tir na nOg, pertence ao Ciclo Feniano, mas várias histórias separadas sobreviveram, incluindo "A Aventura de Conle", "A Viagem de Bran mac Ferbail" e a "A Aventura de Lóegaire". Contos de Viagens As viagens, ou immrama, são contos de jornadas pelo mar e as maravilhas vistas nele. Estas, provavelmente nasceram das experiências de pescadores combinadas com elementos do Outro Mundo que comunicam as aventuras. Das sete "immrama" mencionadas nos manuscritos, somente três sobreviveram: a Viagem de Mael Dúin, a Viagem de Uí Chorra e a Viagem de Snedgus e Mac Riagla. A Viagem de Mael Duin é a precursora da "Viagem de São Brandão". Contos folclóricos No início do século XIX, Herminie T.Kavanagh registrou muitos contos e publicou-os em revistas e em dois livros. Vinte e seis anos após sua morte, os contos de seus dois livros, Darby O'Gill and the Good People e Ashes of Old Wishes serviram de base para o filme Darby O'Gill and the Little People. A afamada dramaturga irlandesa Lady Gregory também reuniu histórias folclóricas para preservar a história de sua terra natal.

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Celtas

ReferĂŞncias

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Celtas Índice

Introdução, 07 Terminologia, 09 Localização espacial dos Celtas, 11 A Terra dos Celtas, 12 Demografia, 12 História, 15 Teoria centro-europeia, 15 Teoria da idade do bronze atlântica, 18 Civilização tartéssica, 19 Língua, 22 Cultura, 24 Organização social, 26 Religião, 27 Mitologia, 30 Mitologia céltica, 33 Mitologia irlandesa, 40 Referências, 51 Bibliografia, 55

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