Dicionário BDSM Ilustrado

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Dicionário BDSM Ilustrado

Copyright by Anna G.Khalil e Gebara Khalil Capa: Reprodução, pintura ‘Il Libro Idolatrico’ - Bruno Schulz (1922) Revisão: N.Godunov Produção e organização: Anna G.Khalil e Gebara Khalil Tradução: Mark Van Bloemm Todos os direitos reservados aos autores. D659th - Khalil, Anna G. e Gebara BDSM - Dicionário Ilustrado, 74P 1.Sexo; 2.Sexualidade; 3.Significado de palavras e termos para os adeptos e praticantes do BDSM. Editora A Nova Sociedade Porto Alegre (RS), Brasil, 2019

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Dicionário BDSM Ilustrado

Trabalho inteiramente voltado para a comunidade BDSM (Bondage and Discipline + Domination and Submission + SadoMasochism), e suas manifestações de vivências, arte e cultura. Especialmente dedicado às pessoas que vivem e praticam o BDSM como estilo de vida. Pelas características apresentadas, este trabalho está dedicado às pessoas que vivem o BDSM sob o foco da Superioridade, Supremacia & Sacralidade Feminina, objeto da crença, devoção e modo de vida dos autores.

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A Abrasão: Estimulação da superfície da pele por materiais abrasivos, tais como: couro cru, lixa fina, escovas com cerdas metálicas ou não, com a intenção de provocar sensações intensas no submisso. Pode ou não deixar marcas temporárias. Afogamento: Forma de asfixia com utilização de água, geralmente por imersão.

Adestramento: Treinar o escravo para deixa-lo familiarizado com desejos e necessidades da Dona. Vide Disciplina.

Agulhas: Utilizada em jogos e cenas, tem forte efeito psicológico, superior 4


Dicionário BDSM Ilustrado ao da dor. Não recomendado para praticantes ativos com pouca experiência, sem um prévio e minucioso estudo e conhecimento. Outra prática potencialmente perigosa em função de doenças sexualmente transmissíveis. Registramos que o adepto desta modalidade tem seus conjuntos de agulhas individuais. Não são equipamentos que possam ser emprestados. As agulhas descartáveis são quebradas e jogadas no lixo depois de uma sessão. A regra adotada pelos participantes é a mesma de outras práticas: cabeça e pescoço são regiões proibidas para inserção de agulhas. As regiões corpóreas

mais frequentemente utilizadas são: seios, coxas, nádegas, pernas, pés e, em alguns casos, a região genital. As agulhas são de um calibre muito pequeno, e são comumente usadas para acupuntura.

Ajoelhar: Ato belo e comum aos escravos no BDSM. Pode ter várias finalidades: demonstrar a submissão ou denotar adoração à Dona e expor disciplina, paciência e resignação ao manter-se aos pés dela. Impõe-se fartamente o ajoelhamento em rituais, para 5


Dicionário BDSM Ilustrado podolatria ou mesmo (como pensam os baunilhas ser só para isso) para o sexo oral.

O ajoelhamento pode ser também utilizado como castigo e forma de tortura, caso o escravo seja obrigado a ajoelharse sobre milho ou outros objetos e superfícies incômodas ou dolorosas.

Alimentação Controlada: Consiste em privar, forçar ou especificar a alimentação do escravo, com diversos objetivos: 1) Disciplina: Fazer o escravo alimentarse daquilo que a Mestra determina, nos horários e na quantidade que ela determina. Seja com objetivo de obediência ou mesmo de regime alimentar;

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Dicionário BDSM Ilustrado 2)Tortura: Forçar a escrava a se alimentar somente (primordialmente) de alimentos que se desagrade (vide também “ingestão forçada”); 3)Restrição: Restringir os alimentos de agrado do escravo; 4)Punição: Forçar o Jejum ou ingestão de alimentos repulsivos; 5)Humilhação: Ao restringir certos alimentos, ou até mesmo a forma como o escravo se alimenta (vide “food rituals”), pode-se obter bons jogos de humilhação e disciplinamento.

Algemas: Podem ser de metal, idênticas a de utilização policial, ou de couro, estas com clips para prender e soltar facilmente. Anal Play: Qualquer fetiche ou prática sexual concernente ao ânus e/ou reto. Normalmente inclui sexo anal, rimming, enema e fisting.

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Dicionário BDSM Ilustrado Anal Training: Atividades de treinamento e preparação para Anal Play. Por requerer habilidade e diversos cuidados, inclusive na escolha do material, do tipo apropriado, da forma de inserção e dos locais de penetração, não é uma prática recomendada para atividade que vise a preparação do ânus para o “Anal Play”. Pode durar dias ou semanas, como, por exemplo, um exercício de dilatação do ânus, preparandoo para ser usado, o que demora pelo menos duas semanas. Anallingus: Palavra de origem latina para exprimir o sexo oral anal. É o mesmo que “rimming” para os americanos.

Arnica: Substância utilizada para aliviar a dor e as marcas resultantes dos castigos e das torturas. Arreios: Vide “Gag, Gag Balls” ou “Poney Play” Asfixia: Prática de restrição de ar ou do fluxo sanguíneo amplificando a sensação do orgasmo. Praticada não só por sufocamento e estrangulamento, mas também através da utilização de sacos plásticos, submersão, máscaras de gás, visando o prazer que pode ser proporcionado pela mesma àqueles que se agradam, mas sempre com o máximo cuidado de não ir além dos limites de segurança,

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Dicionário BDSM Ilustrado podendo causar a morte. Auto-Flagelo: Prática que consiste em impor e efetuar castigos e torturas em si mesmo. Na Dominação Virtual acaba sendo amplamente utilizado o autoflagelo, sob ordens, expressas da Dona à distância. Avaliação: É usual o escravo passar por uma avaliação visual e tátil de seu corpo, seja para sua aprovação inicial como escravo, seja para revisão prévia a cada sessão.

B Barra Extensora (Barra de Imobilização): Barras longas, usualmente de metal ou madeira, com argolas e/ou furos em

cada ponta, de diversos comprimentos, usadas em situações de imobilização para manter os braços ou pernas do submisso afastadas. Podem ser com tornozeleiras e/ou pulseiras nas extremidades, ou não. Dificultam ou impedem o submisso de andar e dão acesso à área genital. São utilizadas de diferentes maneiras quanto a sua fixação. Baunilha (Vanilla): Termo usado para indicar o sexo convencional. Pessoas que não estão envolvidas em BDSM. São daqueles que não tem ou não usam fetiches em sua relação. Seriam aquelas pessoas que se intitulariam “normais”. O termo foi criado exatamente para se evitar a 9


Dicionário BDSM Ilustrado utilização de tal definição e também porque “baunilha” é o sabor mais básico de sorvetes (e também o mais insosso). Também é utilizado para definir coisas: relação baunilha, atitude baunilha, pensamento baunilha, sexo baunilha, etc. Bastinado: De “bastão” (do latim: “bastonis”,” bastum”). Ato de bater nas solas dos pés. Acredita-se que o bastinado teve sua origem no mundo árabe, onde até hoje é usado. Foi “importado” pelos europeus na época das primeiras cruzadas. Também é referido a algumas regiões da Ásia, como forma de castigo.

A ideia do castigo do bastinado no mundo árabe, além da dor física como forma de punição, é deixar o castigado sem poder andar, temporariamente, devido aos ferimentos da punição, em uma clara posição de humilhação. O Castigo consiste em imobilizar o submisso, normalmente com as solas dos pés para cima, e aplicar golpes com uma varinha de “canning” somente nas solas dos pés. Deve-se observar que os pés possuem 10


Dicionário BDSM Ilustrado um grande número de terminações nervosas e ossos delicados e a possibilidade de um acidente é real. Não se aplica o bastinado com objetos duros como pedaços de madeira ou chibatas.

BDSM: Sigla que significa: BD = Bondage e Disciplina DS = Dominação e submissão SM = Sadomasoquismo

O símbolo oficial da comunidade BDSM é uma derivação do Triskelion, ou Triskele, símbolo Celta, presente em várias culturas desde a baixa Idade Média. O Triskelion é a forma básica do emblema, com três "braços" curvados para fora do centro e fundindo-se com um círculo abrangente. O Triskelion é uma forma antiga, que teve muitos usos e muitos significados em muitas culturas.O símbolo BDSM verdadeira deve atender aos seguintes três critérios: 1) Os aros e os raios são de um 11


Dicionário BDSM Ilustrado metal de cores, indicando neste caso ouro, ferro e prata; 2) Os aros e os raios são de largura uniforme com os braços girando em sentido horário; 3) Os campos internos são pretos; 4) Os buracos nos campos são verdadeiramente buracos e não pontos.

modernos continuam a utilizar este símbolo como balanço entre os três meios de vida.

Bofetada/Tapa: Ato de se bater no rosto com a mão espalmada. Tem forte e imediato efeito psicológico e moral.

O Triskelion Celta originou-se há centenas de anos atrás e é representado por três faces dos deuses pré-cristãos na cultura Celta. Com a chegada dos cristãos nas ilhas Celtas, ele passou a simbolizar a Trindade. Pagãos

Bola: Esfera de metal pesado presa, geralmente, no tornozelo do escravo, 12


Dicionário BDSM Ilustrado para limitar/dificultar sua locomoção. Bolinhas Tailandesas: Objeto de prazer que consiste numa sequência de bolas presas a uma corda utilizadas para inserção anal (ou vaginal). Bondage (Imobilização): O “B” do BDSM. Bondage na verdade conforma as práticas de escravização. Popularmente usado para referir-se à atividades de imobilização com cordas, lenços, algemas de couro ou metal, tornozeleiras, “spread bars” (barras de alargamento que servem para manter pernas e braços abertos visando à imobilização do parceiro).

Todas as “cenas” de Bondage remetem ao tema básico: o cativeiro.

Dentro dos grupos e comunidades de BDSM existe uma regra básica de segurança, definindo que imobilizações ou “amarrações” só são 13


Dicionário BDSM Ilustrado feitas do tórax para baixo. Cabeça e pescoço são áreas proibidas devido à possibilidade de asfixia. Dentro do S.S.C. há um limite de tempo para se deixar alguém imobilizado, em decorrência da possibilidade de isquemia tecidual, ou seja, da falta de irrigação sanguínea em uma área. Algumas pessoas acham extremamente sensual a situação de estarem imobilizadas, à mercê de outrem.

Estar fisicamente imobilizado dentro de um contexto de consensualidade dá a possibilidade para os aficionados de experimentar sua sexualidade livremente, o que, talvez, de outro modo, estas pessoas poderiam não ser capazes de se permitir em virtude de questões morais ou de educação. Bondage pode ser também visto como a transferência da 14


Dicionário BDSM Ilustrado responsabilidade para quem coordena a ação. Bottom: (do inglês, “bottom”: fundo, inferior, nádegas) Termo em inglês para se referir ao praticante na posição de submissão, entrega, masoquismo, obediência, etc. Escravo.

Branding: Queimadura na pele. Normalmente com ferros aquecidos ao rubro, para produzir escarificação.

O Branding pode ser parte de uma cena, de um ritual ou modificação do corpo. Os desenhos geralmente consistem em linhas e curvas não conectadas, feitas individualmente e uma separada da outra por uma porção de pele não alterada. A razão para as linhas não conectadas é garantir que os elementos que formam o “design” da figura não cicatrizem em uma figura disforme.

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A pele humana cicatriza de maneira diferente da pele do gado. É o uso de um ferro em brasa, com uma letra ou símbolo para marcar definitivamente alguém. Deve ser sempre são, seguro e consensual.

Marcas eram colocadas em criminosos na Idade Média, e em escravos. Encontrado na comunidade BDSM em relacionamentos estáveis e duradouros, onde o submisso consente em levar uma pequena marca de “propriedade”.

Historicamente, o branding é relacionado como símbolo de criminalidade ou escravidão. 16


Dicionário BDSM Ilustrado permanente. E os relacionamentos humanos no mundo de hoje são mutáveis. Como dizia o poeta Vinícius de Morais, “Que seja eterno enquanto dure…”. Os locais mais comuns para o branding são os seios/mamilos, a parte interna dos braços, a região lombar, nádegas e parte interna da coxa. Como, ao cicatrizar, o branding aumenta de tamanho, atingindo de 2 a 3 vezes o diâmetro original, especialistas em branding usam pequenos “moldes” para esta prática. É uma atividade bastante controversa dentro da comunidade BDSM. Mesmo feito com todos os cuidados é extremamente doloroso, traumático, agressivo ao corpo e

Breast Bondage: Ato de amarrar os mamilos com corda, cadarço, bandagens, etc. Como parte de um jogo erótico BDSM. Pode incluir “nipple bondage”, onde se amarram os mamilos. Deve-se tomar cuidado com a amarração dos mamilos para não se provocar uma isquemia tecidual. Brincos Genitais: Brincos presos ao sexo do escravo, geralmente mediante piercing, simbolizando marca de propriedade. Body Modification: Qualquer atividade 17


Dicionário BDSM Ilustrado de modificação ou ornamentação do corpo como ritual erótico, decorativo ou de fetiche. Comumente incluem tatuagem, piercing, branding e cortes superficiais.

Deve ser manejado por pessoas acostumadas a tal. Recomenda-se treino e busca de informações sobre seu manejo, antes do uso direto.

Bukkake: Prática que consiste em um ou mais homens ejacularem fartamente sobre o rosto do escravo. Bull Whip: Chicote trançado fino e bem longo. Necessita de habilidade para seu uso, geralmente a uma boa distância do escravo.

Butt Plug: Objeto em forma de pênis, mas com um estreitamento na base, próprio para ser inserido no ânus. Normalmente de látex ou borracha. Alguns podem vibrar ou expelir líquidos. Podem ser usados para treinamento anal.

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C Cage: (do inglês, gaiola). Podem ser de metal ou madeira, mas devem ser grandes o suficiente para acomodar uma pessoa. Calabouço (Dungeon): Aposento projetado e especificamente decorado e equipado para sessões BDSM. Também conhecido como masmorra.

Camisa de Força: Camisa de forte material, geralmente lona, utilizada por centros psiquiátricos para imobilizações e

também no BDSM com o mesmo fim. Camurça: Material usado na confecção de chicotes que provoquem dor bem moderada. Cane: Vara de bambu ou rattan, que geralmente tem entre 30 e 60 centímetros de comprimento. Muito utilizada pelos ingleses durante sua permanência na Índia, como instrumento de disciplina. A mais usual (e hard) é a vara de rattan (produzida com este material). Canga: (do chinês, “Kang-kia”) Instrumento de tortura que consiste em duas tábuas articuladas que se abrem no sentido longitudinal. Possui três ou cinco recortes simétricos por onde 19


Dicionário BDSM Ilustrado se encaixa e se prende a cabeça e os punhos ou, a cabeça, os punhos e os tornozelos do escravo. As tábuas são fechadas e o escravo é impedido de sair. Pode ter várias alturas diferentes aumentando o suplício do escravo. Existe também a canga com quatro furos, para os pulsos e tornozelos. Canning: Espancamento por Cane. Cateter: (do grego, “katheter”). Sonda cirúrgica. Instrumento tubular feito de materiais diversos, o qual é introduzido no corpo com o objetivo de retirar ou inserir líquidos e efetuar exames. No BDSM é utilizado para controle das necessidades

fisiológicas do submisso. Cateter de Foley: Tipo de cateter onde um balão pode ser inflado com uma solução estéril em uma das extremidades. Cat ‘o Nine Tails: (do inglês, gato de nove caudas). Termo originalmente usado para se referir a um chicote usado pela marinha britânica em punições a bordo de seus navios de guerra. Atualmente usado para referir-se a chicotes com muitas pontas. Cavalete: Peça com quatro pés, revestida de espuma ou não na parte superior, podendo conter argolas para fixação dos punhos e tornozelos. Dentro do BDSM o cavalete é amplamente utilizado 20


Dicionário BDSM Ilustrado para a prática do spanking ou canning. O escravo debruçase no cavalete e é atado nas argolas do mesmo. O cavalete deixa o escravo exposto ao dominador, pela posição assumida. Pode se colocar o escravo montado. Com o tempo e o peso do corpo sobre os genitais, o incômodo se transforma em dor de intensidade crescente. CBT – Cock and Ball Torture: (do inglês, ”Tortura de Bola e Pau”) Prática de tortura específica do submisso masculino. Consiste em se aplicar jogos de tortura na região genital masculina. Basicamente se usam “clamps”, cintos de castidade para pênis, pesos, etc..

Cena: Cena é uma atividade/jogo, específico dentro de uma sessão ou relacionamento. Por exemplo: cena de spanking, cena de chuvas, de sexo, de disciplinamento, etc. Não confundir sessão com cena. Sessão é composta de diversas cenas. Cera Depiladora: Usada no BDSM como tortura. Chibata: Peça composta de um cabo e uma haste semi-flexível, normalmente utilizada para montaria. Conseguese bastante precisão no spanking. Chicote: Composto de um cabo, uma única longa tira de couro, podendo ter na ponta um pedaço triangular de couro. É o instrumento usado 21


Dicionário BDSM Ilustrado pelos domadores de feras nos circos.

porte o cinzeiro ou limpe as cinzas).

Chicote de Cavalaria: Chicote usado por Jóqueis para montaria.

Cinto: Utilizado para surras, o cinto pode ser bastante doloroso. Além de, por causa de suas costuras e de sua própria constituição, poder chegar a doer e marcar mais que um chicote bem escolhido.

Chicote de Couro Cru Trançado: Chicote de uma única tira de couro cru trançado (se tiver varias tiras torna-se um rabo de gato). Cigarros: Utilizados no BDSM para branding, como adereço de charme, para humilhação (baforando no rosto do escravo ou usando-o como cinzeiro) ou disciplinamento (ao ordenar que o escravo o acenda,

Cinto de Castidade: Aparelho fechado por cadeado ou outro dispositivo que outrora as mulheres usavam, principalmente na idade média, com a finalidade de impedir as relações sexuais.

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Dicionário BDSM Ilustrado Dentro do BDSM, os cintos de castidade tem aplicações temporárias, por horas ou dias, e normalmente são de couro, um metal não oxidante ou outro tipo de material plástico ou similar resistente. Visam impedir o contato sexual. Para os submissos homens existe um aparelho que envolve o pênis e torna a ereção extremamente dolorosa.

Chuva Marrom: Ato de defecar no submisso. Deve-se observar que as fezes contem bactérias e germes nocivos à saúde. Chuva de Prata: Jogos e fantasias envolvendo suor, saliva, gozo e/ou esperma.

Chuva Dourada: Ato de urinar no submisso, observando, sempre, o princípio SSC.

Clamp: Prendedores usados em mamilos, lábios vaginais, escroto, etc. Acessório comum em uma cena de SM. Pode ter mola para aumentar ou diminuir a pressão, pode ter 23


Dicionário BDSM Ilustrado ganchos para se pendurar pesos ou correntes.

Normalmente fabricados de plástico ou metal. São de quatro tipos básicos: Prendedores (de roupa ou semelhantes aos mesmos), jacarés (vide), pinça (vide) e clamp japonês (vide). Clamp Japonês: Um engenhoso tipo de clamp que aumenta a pressão na medida em que se puxa a corrente ligada ao mesmo. Clips: Vide Clamps.

Código de Parada / Código de Segurança: Vide Safeword. Coleira: Um símbolo de entrega usada por um submisso. Uma coleira é posta ou dada em um relacionamento como um profundo símbolo de entrega.

Um submisso encoleirado é considerado como propriedade ou parceiro de uma dominadora. Pode ser usado também como equipamento em uma imobilização.

Clister: Vide Enema.

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Dicionário BDSM Ilustrado Consensual: Atividades ou comportamentos acordados e de conhecimento de todos os que estão envolvidos. A consensualidade verdadeira exige que todos os participantes envolvidos em uma prática BDSM, sejam dominadoras ou submissos, tenham um mínimo de conhecimento do que vai ser feito e como vai ser feito, e tenham conhecimento dos possíveis riscos. No Brasil, a consensualidade ainda é algo pouco difundida e menos ainda praticada em seu sentido mais profundo. Não basta dizer, por exemplo, “vou te amarrar”. Tem de existir tanto por parte do submisso como por parte da dominadora o conhecimento de

como fazê-lo, controlando os possíveis riscos e controlando todos os aspectos envolvidos. Sejam técnicos, teóricos, práticos ou psicológicos. Contrato: Acordo escrito e formal entre as partes (dome e sub) definindo direitos e obrigações de cada um. Estes contratos não têm qualquer valor jurídico, mas algumas vezes são utilizados para definir critérios de relacionamentos. O pioneiro dos contratos foi celebrado entre Sacher Masoch e Wanda Dunajew Ver modelo de contrato ao final. Coprofagia: Vide “Chuva Marrom”. Couro Preto: Material muito utilizado para vestimentas, 25


Dicionário BDSM Ilustrado equipamentos, móveis e utensílios no mundo BDSM. Crossdressing: Ato de se vestir um homem de mulher ou mulher de homem. Mais comum entre homens submissos, do que em mulheres submissas, talvez por causas sociológicas. Em alguns grupos o homem submisso assume verdadeiramente o papel de mulher, inclusive servindo sexualmente. Uma espécie de travestismo. Cruz em “X” ou Cruz de Santo André: Cruz em forma de X, com argolas em todas as extremidades. Utilizada dentro do BDSM para imobilizar o escravo.

Cócegas: Vide Tickling. Crucificação: Prática de se prender o escravo a uma cruz e ali deixá-lo. Mais que uma forma de imobilização, a crucificação torna-se uma tortura a partir do momento em que o escravo é ali deixado por longas horas até que perca sua sustentação nas pernas. Cunnilinguis: Sexo oral no escravo.

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D Depilação: Prática comum no BDSM, não só da Mestra depilar seu escravo como também deste manter a depilação ao gosto de sua Dona. Inexiste uma forma específica de depilação do escravo, que deve obedecer gosto e ordem da sua Dona, podendo até ser total. Disciplina: O “D” do BDSM. Pode ser: punição, disciplina estruturada visando treinar o submisso, componentes de jogos de castigo e recompensa. A definição de Disciplina dentro do BDSM é muito ampla.

Doação: Menos comum que o empréstimo e o leilão, a Dome também pode ter o direito de doar o seu escravo. Assim, a doação se processaria como no leilão: a obrigação do escravo para com sua ex-Dona que o doou se restringe apenas a uma sessão com a nova Dona, uma vez que uma doação não pode definir nem impor a entrega permanente da submissão do escravo, que é algo pessoal e subjetivo. Dogplay / Dogman: (do inglês, “dogwoman” – 27


Dicionário BDSM Ilustrado homem cachorro). Ato do submisso atuar e comportar-se como um cachorro ou cadela. Dentro do BDSM, deve comer em uma terrina, dormir aos pés da cama da dona, assumir posições previamente treinadas, etc… A prática de dogman requer adestramento como um cachorro/cadela. Domar: O mesmo que adestrar. Dominação: Base do BDSM, mais especificamente da D/s, que consiste na imposição, disciplinamento, adestramento e condução das atitudes do escravo, neste caso, o submisso. Dominação Psicológica: Prática de dominação que

consiste em jogos de humilhação e subjugo verbal e psicológico, muitas vezes mediante disciplinamento rígido, humilhação, inferiorização ou jogos/palavras de forte impacto emocional. Também define a tentativa de coordenação, disciplinamento, adestramento e condução dos sentimentos e pensamentos do escravo. Dominação Pública: Prática de dominação que consiste em jogos e cenas em locais públicos. Dominação Virtual: Dominação feita através da Internet, que consiste em narrar interativamente cenas BDSM ou mesmo impor castigos, regras, 28


Dicionário BDSM Ilustrado ordens e tarefas à distância. Dorei: (do japonês, “dorei”, tradução aproximada escravo). Nome dado ao homem submetido ao Shibari (Ver: Shibari). D/s: Dominação/submissã o. DST: Doença Sexualmente Transmissível. Doenças que são transmitidas devido ao contato com fluídos corporais de outra pessoa. Dupla Penetração: Penetração simultânea da vagina e do ânus.

E Eletrodo: Condutor metálico de vários formatos, por onde

uma corrente elétrica entra no sistema ou sai dele. O eletrodo dentro do BDSM é usado para aplicação de impulsos elétricos no corpo humano. (Ver: “eletroestimulação”) Pode ter várias formas e tamanhos. Eletrochoque: Como o próprio nome diz, Eletrochoque consiste em se aplicar choques elétricos de forte voltagem sobre o corpo do escravo. Bastante utilizado como tortura coercitiva e confessional, não é prática comum no BDSM por conta de seus riscos. Eletroestimulação: Práticas de eletroestimulação não são frequentes dentro da comunidade BDSM. Talvez pelo perigo 29


Dicionário BDSM Ilustrado que potencialmente representam para a vida das pessoas envolvidas. Um ponto bastante reforçado por pessoas da comunidade é que eletroestimulação não é aplicação de choques elétricos e sim a possibilidade de dar ao parceiro/a estímulos externos completamente diferentes e atuando profundamente no corpo. Esta prática requer conhecimentos de anatomia e eletricidade para se alcançar todo o potencial existente. Pode-se, segundo depoimentos de aficionados, conseguir a estimulação involuntária de nervos e músculos no corpo, gerando desde uma simples sensação de “formigamento” até seguidos orgasmos.

Existem aparelhos específicos para esta prática que limitam a corrente utilizada e advertem claramente em seu manual de instruções que toda e qualquer atividade com eletroestimulação deve ser feita da cintura para baixo. Esta prática é proibida aos portadores de marcapasso, cardiopatas e pessoas que sofrem de epilepsia. Também é desaconselhada para pessoas que têm “piercings” no corpo.

Empregadinha: Cena BDSM que 30


Dicionário BDSM Ilustrado consiste na transformação visual e de atitudes do escravo em empregada doméstica (Vide também “serviçal pessoal”).

naturalmente pelo organismo humano que está envolvido na percepção cerebral da dor. O nome é derivado de “endo” que significa interno e de “morfina”. As endorfinas são quimicamente semelhantes aos opiáceos. A grande euforia descrita por alguns submissos após sessões de BDSM onde a dor atinge níveis altos, em parte pode ser associada à liberação de endorfinas pelo corpo humano.

Empréstimo: Prática que consiste no empréstimo do escravo a outra Dominadora, com ou sem a presença da Dona ou reciprocidade (troca).

Enema: Ato de se inserir no ânus e reto determinada quantidade de líquido, visando humilhação, quebra de resistência psicológica ou preparo para o sexo anal. Também existe a palavra pouco utilizada “clister”, em português, ou

Endorfinas: (BetaEndorfinas) – Componente químico produzido

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Dicionário BDSM Ilustrado “klistier”, em alemão, para designar enemas. Enforcamento: Forma de asfixia, de incômodo ou mesmo de restrição de movimentos do escravo. Escarificação: A escarificação é o ato de provocar pequenas cicatrizes na pele com instrumentos cortantes, lixas, ou materiais abrasivos. Prática pouco frequente na comunidade BDSM. Usada em situações de SM, e quase nunca encontrada em situações de BD e DS. Os cortes são superficiais e podem ter formas geométricas, letras, etc. Como há sangramento, o risco de transmissão de doenças é grande. É mais comum a auto-

escarificação e existem sites na Internet dedicados a esta modalidade, que está pouco associada ao BDSM e vem ganhando espaço entre culturas alternativas. Socialmente encontrada em tribos africanas, algumas culturas da Polinésia e Oceania, são símbolos ritualísticos de passagem ou, na África, denotam o status marital da mulher. Escárnio: Cena BDSM que consiste em se escrever nomes injuriosos, humilhantes e agressivos no corpo do escravo, com uso de tinta, bem como palavras de ordem como “coma-me”, “chupe-me”, etc, geralmente antes de sua exposição ou empréstimo.

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Dicionário BDSM Ilustrado Escravo: A diferença e definição do escravo e submisso é um assunto há tempos controverso no BDSM que chega até mesmo a gerar preconceitos e pejoratividade à um dos termos.

Existem diversos pensamentos sobre o assunto, dentre os quais: a) O escravo seria o praticante libertino e livre, já o submisso seria o escravo com Dona; b) O escravo seria o praticante ligado ao

S&M e o submisso ao D/; c) O escravo seria o submisso arredio, rebelde, desobediente e desafiador a ser domado/vergado; d) O submisso seria uma evolução do escravo, ou seja, um escravo já treinado;

e) De outra forma, outra corrente define o escravo como sendo um submisso que não tenha mais vontade ou limites com sua Dona, logo, seria por este ponto de vista mais evoluído que a submisso.

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Dicionário BDSM Ilustrado Espancamento: A palavra, como muitas outras em BDSM, assusta iniciantes e curiosos.

Espéculo Vaginal / Anal: Instrumento médico originalmente utilizado para se examinar a vagina, dilatando-a mecanicamente. Usado em práticas de exposição e jogos médicos. São feitos de material plástico e descartáveis. Requer técnica a introdução de um espéculo na vagina ou ânus.

Mas não confundi-la com o crime agressivo e não consensual. Tudo em BDSM é feito de forma consensual, responsável e visando o prazer e realização mútuos. Vide “spanking”.

Espéculo Oral: Instrumento médico usado para manter o escravo com a boca aberta.

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Em partes sensíveis do corpo, como mamilos e sexo, a espora é bastante dolorosa.

Espora (Circular): Espora de pontas finas e circulares, presa a um cabo e giratória, utilizada para tortura do escravo. As pontas não chegam a penetrar a pele, porém, o efeito psicológico e a sensação no momento são extremamente torturantes, ainda mais vendando o escravo.

Espremedor de Seios: Artefato de tortura que consiste em duas barras de madeira que vão sendo juntadas por meio de uma borboleta e servem para espremer os seios entre elas. Estupro: Prática criminosa que consiste em obrigar outra pessoa ao ato sexual, seja sob coação, violência, força ou mesmo impedindo sua recusa. O estupro só se correlaciona ao BDSM através de sua prática como teatralização (a Dona “fingiria” ser uma bandida estupradora e o escravo sua vítima), pois, uma vez 35


Dicionário BDSM Ilustrado que a base do BDSM é a consensualidade e o estupro é uma prática totalmente coercitiva e não consensual, o mesmo em nada se correlaciona ao BDSM. Estrangulamento (Agonofilia): Prática que consiste em fantasiar o estrangulamento, visando “hipoxifilia”.

F Face-Sitting: Prática muito ligada à dominação feminina, que consiste em sentar-se sobre o rosto do escravo. Fang Chung Chu: (Artes da Câmara Interior) É o coletivo para as práticas sexuais chinesas taoistas, praticadas para se conseguir a unidade com o Tao

ou a imortalidade. São relatados casos de estados alterados de consciência ao se fazer uso desta prática. A muito grosso modo é o equivalente chinês ao Kama Sutra Indiano. Algumas práticas BDSM utilizam-se da técnica do Fang Chung Chu. Feminização: Jogo erótico de dominação feminina onde o escravo é vestido e tratado como menina ou mulher. Ferro Quente: Vide Branding. Fetichismo: Erotização de objetos, comportamentos, vestimentas ou partes do corpo. Fist Fucking (Fisting): Do inglês: Fist: punho + Fucking (meter, na gíria). 36


Dicionário BDSM Ilustrado Uma das mais intensas práticas dentro do BDSM. Consiste na introdução da mão (punho) na vagina ou ânus. Tem mais adeptos dentro da comunidade gay, mas não está associada à práticas homossexuais dentro da comunidade BDSM. Inicialmente, a dominadora introduz vagarosamente os dedos, até conseguir um relaxamento muscular do parceiro. Deve existir uma grande cumplicidade entre a dominadora e o submisso para esta atividade. Fisting requer tempo, atenção, cuidado e carinho. Com a lubrificação adequada, fisting não é necessariamente uma experiência dolorosa. De qualquer maneira, é consenso dentro da

comunidade BDSM que a prática do fisting não é utilizada para causar dor e sim prazer no parceiro como uma forma intensa de penetração. Praticantes de Fist Fucking dizem que esta é uma atividade sensorialmente profunda, tanto para quem está recebendo como para quem está conduzindo. O fisting tem inúmeros componentes psicológicos e pode remeter à uma sensação de violação, humilhação ou abandono. O punho é um símbolo de poder, literalmente. A introdução do punho dentro do corpo de um ser humano tem um enorme impacto tanto emocional quanto sexual, pois diferente de objetos artificiais (vibradores, butt plugs, etc) a 37


Dicionário BDSM Ilustrado destreza e o movimento da mão provoca uma sensação única. Lembramos que a introdução de qualquer coisa no ânus/reto é uma atividade de alto risco, que pode resultar em hemorragia. Flog: Vide Chicote trançado. Food Rituals: Rituais, humilhações, torturas e/ou estimulações envolvendo alimentos.

G Gaiola: Vide Cage. Gag / Gagball: Instrumentos que são inseridos na boca para evitar que um submisso possa falar. Podem ter a forma de bola, freio e podem

ser rígidas ou moles. Não se deve usar as gag balls que possuem balão de inflar, pois podem induzir a um sufocamento. Devese também, ao se usar gag balls, convencionar uma “safe word” que possa ser entendida pela dominadora, como, por exemplo: batidas com as mãos ou pés, movimento de cabeça, ou algo similar, visando preservar a segurança da situação. Gatilhos Emocionais: Associações de palavras, gestos, ações, comportamentos ou situações que provocam e desencadeiam reações emocionais. Uma boa dominadora deve possuir tato para perceber quais 38


Dicionário BDSM Ilustrado são os gatilhos que desencadeiam reações positivas e negativas em seus submissos. E deve ter responsabilidade para usá-los ou evitálos também.

indicar pelo som onde o escravo se encontra ou restringir e tornar explicito seus movimentos.

Gelo: Tanto o gelo como qualquer outro material gélido são amplamente utilizados no BDSM para tortura e sensibilização.

Gor, Goreano: Estilo de BDSM baseado nos livros de John Norman. Pouco adotado em virtude da visão machista e desprovida do SCC. Seus maiores seguidores estão nos USA.

Guia: Tira de corrente ou outro material destinada a prender-se na argola da coleira de sessão para com ela a Dona puxar e guiar o escravo. Guizos: Utilizado no Pony Boy / Man (vide) preso aos seios/mamilos por piercing ou clamps ou no cinto de castidade. Pode ser utilizado também em outras práticas BDSM para

Golden Shower: Vide Chuva Dourada.

H Hashi: Os palitos utilizados como talher na culinária oriental e que, juntamente com elásticos, pode ser utilizado no BDSM como clamps.

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Dicionário BDSM Ilustrado

Hentai: Desenhos e quadrinhos eróticos japoneses. Higienização: Vide Wash. Hipoxifilia: Atração por teor reduzido de oxigênio, mediante utilização de mascaras de gás, panos molhados, estrangulamento e sufocamento.

tortura usada no Japão feudal pelos samurais e pela polícia, com quatro leis fundamentais: 1. Impedir o prisioneiro de escapar; 2. Não causar nenhum dano físico ou mental ao prisioneiro; 3. Não divulgar a técnica de hojojutsu a ninguém que não pertença ao clã; 4. Ter uma concepção artística ao executar o hojojutsu. Do Hojojutsu originou-se o Shibari. O Hojojutsu foi aplicado até meados de 1900 pela polícia local japonesa.

Hojojutsu: (do japonês, “hojoju-tsu”). Também referido como Kinbaku. Técnica tradicional de encarceramento e 40


Dicionário BDSM Ilustrado Humilhação: Ato de provocar a “dor moral”. Redução deliberada do ego para propósitos eróticos, variando de embaraço moderado a degradação.

I Infantilismo: Jogo erótico em que o escravo é tratado como bebê ou criança. Infibulação: Vide Piercing.

disciplinamento ou humilhação que consiste na imposição de ingestão pelo escravo de determinado tipo de alimento, objeto ou substância. A ingestão forçada torna-se tortura quando o objetivo é o excesso de ingestão ou a ingestão de objetos repugnantes. Inversão de Papéis: Define duas práticas: 1. O ato de se inverter as posições dentro de uma sessão ou relacionamento, ou seja, o escravo dominar a Dona por um período de tempo determinado; 2. Cena em que a mulher assume a posição masculina, penetrando o parceiro com uso de straps (pênis de borracha).

Ingestão Forçada: Tortura, 41


Dicionário BDSM Ilustrado

L Latex: Material utilizado para roupas no BDSM.

J Jacarés: Um tipo de “Clamps”, ligado ou não por correntes.

K Kaviar: Gíria Alemã para Coprofagia. Kimbaku: (do japonês, “kimbaku”).

Palavra usada no Japão para designar o Shibari. (Ver: Shibari) Klister: Vide Enema.

Leilão: Prática grupal pública que objetiva leiloar escravos, seja apenas para pequenas cenas, seja com a completa transferência de posse. Neste último caso, a obrigação do escravo para com sua ex-Dona que a leiloou e(ou) para com o resultado do leilão se restringe apenas a uma sessão, uma vez que um leilão não pode definir nem impor a entrega permanente da submissão do escravo a uma Dona, que é algo pessoal e subjetivo. Limites: As fronteiras das atividades no BDSM acordadas e conversadas, entre 42


Dicionário BDSM Ilustrado dominadora e submisso, definindo o que e até onde uma prática, uma cena ou um relacionamento podem ir. Limites devem ser obrigatoriamente respeitados. O limite se aplica às regras, cenas, práticas, níveis de dominação e submissão, duração das cenas, etc.

existe a convenção de nicks de escravos iniciarem em minúsculas e de Donas em maiúsculas. Porém, como toda convenção, a falta de rígida observação e generalização acaba por torná-la ineficiente.

M Maiúscula / Minúscula: Referese à grafia de letras em BDSM virtual. É comum alguns Mestres teclarem sempre em maiúsculas, denotando sua condição de Top (porém, como maiúsculas também significam “gritos”, muitas vezes esta confusão inviabiliza tal liturgia). Também

Máscara: Utilizada não só para preservar a identidade, tanto das Mestras quanto dos escravos, mas também como utensílio de humilhação ou até tortura (esta com o uso de máscaras de 43


Dicionário BDSM Ilustrado ferro, incômodo ou total privação de sentidos e/ou movimentos).

profissional que contraria a segurança da relação (SSC).

Masmorra: Vide Calabouço.

Marcas: Resultantes de torturas. A grande arte da sádica está em saber adequar as marcas (sua intensidade e tempo de permanência) às possibilidades de exposição do escravo, não causando, assim, qualquer infortúnio pessoal ou

Marcas de Propriedade: Adereço que denote e demonstra que o escravo é propriedade/posse de uma Dona.

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Dicionário BDSM Ilustrado que este sim denota a propriedade.

Pode ser de diversos tipos, desde um pingente ou brasão na coleira, um piercing, brinco genital, anel, tatuagem ou mesmo um tipo específico de nick “escravo da Mestra” ou um adendo ao nick do escravo “escravo{M}”. A “marca de propriedade” não é o objeto em si (a coleira, a tatuagem, o anel, o piercing ou o nick), mas o desenho, o símbolo ou o brasão constante no mesmo,

Masoquismo: O gosto erótico por sentir dor, humilhação em ser dominado. Algumas vezes o termo é usado para designar a pessoa que gosta de dor mais intensa, ou que tem prazer em atividades que causem maior nível de dor.

Leopold Ritter von Sacher-Masoch (27/1/1836 a 9/3/1895) foi um escritor e jornalista austríaco, cujo nome esteve na base da criação, pelo 45


Dicionário BDSM Ilustrado psiquiatra alemão Richard von KrafftEbing, do termo masoquismo, em razão de defender a condição de atingir o prazer sexual através da dor. SacherMasoch escreveu sua maior obra, A Vênus das Peles, onde tornou-se escravo de sua amante, inclusive com os termos da servidão expressos em contrato. Mentora: Uma conselheira, alguém em quem se possa confiar plenamente, e que tenha um certo conhecimento de técnicas BDSM. É uma amiga e instrutora, tanto para a parte técnica como para a parte conceitual do BDSM. Mesa Esticadora: Móvel muito utilizado para torturas medievais, que consiste numa mesa

onde o escravo é presa numa ponta pelos pés e na outra pelas mãos e, por uma das pontas a corda ou corrente que o prendo é enrolada numa roldana, puxando o escravo até o máximo de esticamento de seu corpo. Medical Play: Consiste nas práticas com alguns objetos de uso médico. Os mais difundidos são: espéculos vaginais, espéculos retais, e ânsucópios. Enemas, cateteres, agulhas e fist fucking podem entrar em sessões de Medical Play. Luvas cirúrgicas descartáveis são comumente utilizadas. Existe aqui uma boa dose de exposição da região genital e, em função disso, pode-se pensar em estímulos 46


Dicionário BDSM Ilustrado sensuais subsequentes decorrentes de exibicionismo e do prazer advindo da sensação de estar envergonhado, que se somam aos estímulos principais, provenientes da relação de “dominação/submissã o”. Milho: Utilizado para tortura de se colocar o escravo ajoelhado sobre ele. O milho mais usual é o de pipoca. Mas pode-se também utilizar feijão (para uma tortura mais light) ou milho de canjica (para uma dor mais intensa). Para torturas ainda mais hard pode ser utilizada também tampas de garrafa, limalhas de ferro ou outros materiais, bem como fazer o escravo ajoelhar sobre superfícies incomodas e/ou

dolorosas, seja por sua textura ou até temperatura. Misofilia: Prática envolvendo sujeira. Mordaça: Tipo de gag utilizado para impedir a fala do escravo (diferente dos “Gag, GagBalls”, “arreios” e “mordedores” que tem a função maior e humilhante de fazer o escravo salivar).

Mumificação: Prática de se imobilizar o submisso, enrolando o corpo deste com ataduras, plástico, filme de PVC 47


Dicionário BDSM Ilustrado transparente (Magipack), ou congênere, impossibilitando qualquer movimento. Cuidado especial deve ser tomado para se evitar asfixia. Algumas vezes a prática de mumificação induz o submisso a um estado eroticamente alterado de consciência, provocando um mergulho no interior de si mesmo. Munch: Reunião BDSM em local público, sem cenas, organizada com o fim de possibilitar que as pessoas se conheçam e/ou discutam sobre a filosofia BDSM. Além dos adeptos, também podem participar simpatizantes e “não praticantes”.

N Nick: Apelido ou pseudônimo usado nas salas de bate papo e no meio virtual BDSM, que geralmente se estende ao meio real, onde Mestra e escravos se tratam pelo nick e não pelo nome de batismo. Os nicks podem indicar a condição de seu usuário. Seja pelo seu escrito (Mestra fulana, escravo cicrano), seja pela forma como se escreve (existe a convenção de Domes usarem nicks com iniciais maiúsculas e escravos com iniciais minúsculas). Os nicks também podem ter marcas de propriedade, indicando assim que o escravo tem Dona.

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Dicionário BDSM Ilustrado

O Olhar: Vide “Vistas baixas”. Orgulho: Não confundir com o orgulho no sentido de prepotência, vaidade ou indisciplina. O orgulho do escravo está em “ser escravo”, pois um escravo deve ter orgulho de sua posição, opção, entrega e dom. Isso o faz um escravo orgulhoso.

P Palavra de Segurança: Vide “safeword”. Palmada: Ato de se bater com a palma das mãos. Palmatória: Pedaço de madeira ou

borracha, pesada, as vezes furada, similar á uma raquete de ping-pong, mas ligeiramente afilada, utilizada para spanking. Pau de Arara: Forma e posição de se prender o escravo suspenso, de forma incômoda. Pelourinho: Coluna de pedra ou madeira com argolas na parte superior para fixação de cordas ou algemas. Existem alguns modelos com argolas para fixação de tornozeleiras. Inicialmente usado para castigar escravos, dentro do BDSM é utilizado para imobilização de escravos. Piercing: Embora o piercing não esteja envolvido diretamente em práticas dentro do 49


Dicionário BDSM Ilustrado BDSM, hoje é amplamente usado dentro de um conceito estético. Reportamos casos de submissos que usam piercings como forma de exteriorizar simbolicamente a entrega ao sua dominadora. Registramos duas modalidades diferentes de piercings dentro do BDSM: as práticas temporárias, e o piercing como símbolo. Nas práticas temporárias são utilizadas agulhas ou piercings de calibres pequenos, e são mais comumente inseridos nos pequenos lábios vaginais na mulher, no escroto no homem, ou nos mamilos em ambos os sexos. Os piercings no escroto que reportamos foram feitos subcutâneos, não

penetrando profundamente. Nos mamilos, ao invés do piercing em forma de argola, reportamos para os casos temporários, o uso de agulhas que transfixavam os mamilos onde eram pendurados pequenos pesos. Ao término da sessão eram retirados. Piercings definitivos são usados dentro do BDSM nos mamilos e região genital. Podem ser dispostos em formas simétricas na vagina ou escroto e ligados por pequenas correntes, dentro de jogos de imobilização. Piercings precisam ser feitos sob condições específicas que certamente não são as de uma sessão BDSM: Os instrumentos usados devem ser estéreis. O diâmetro do cateter 50


Dicionário BDSM Ilustrado guia (usado para fazer o furo) depende da densidade do tecido a ser perfurado. A pele é presa com uma pinça e aplicam-se agentes bactericidas no local. O cateter é inserido e o furo é feito. Retirase o cateter e colocase o piercing, que deve ser de material hipoalergêncio (ouro, platina, nióbio ou aço inoxidável cirúrgico). Piercings requerem de seis a oito semanas para cicatrização. Se for aplicado na região genital, a abstinência sexual durante este período é obrigatória. Lembramos que piercings podem causar hemorragia, necrose de tecido e danos a nervos. Técnicas diferentes aplicam-se a áreas diferentes do corpo. A escolha do calibre apropriado do cateter

e do piercing é crucial. Pinça: Um tipo de “clamps”, no formato de uma pinça, geralmente ligados a correntes. Play Party: Reuniões sociais onde ocorrem se desenrolam cenas BDSM. Plug: Objeto em formato cônico ou cilíndrico com um estreitamento na base, próprio para ser inserido no ânus ou mesmo na vagina. Alguns podem vibrar ou expelir líquidos. São usados para dilatação, treinamento/disciplina mento anal ou mesmo para humilhação do escravo, ao impor-se seu uso secreto em momentos cotidianos. Podofilia: É a fantasia 51


Dicionário BDSM Ilustrado sexual/atração por pés. Não confundir, como muitos, com pedofilia. A pedofilia é uma prática criminosa que consiste em relações sexuais com crianças e menores de idade. Também admitido o termo Podolatra, referindo-se Àquele que idolatra pés.

Assim, considerandose que legalmente os mesmos não tem capacidade para a consensualidade, sua ligação com o BDSM estaria de imediato comprometida, por impossibilitar e ferir a tríade do SSC.

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Dicionário BDSM Ilustrado Pony Girl / Pony Boy: Submisso treinado para agir e se comportar como um pony, ou cavalo.

Existem roupas e acessórios para esta prática.

Posições Incômodas: É comum o escravo ser preso em posições incômodas como forma de disciplinamento ou tortura. Privação de Sentidos: Um dos meios de provocação de DOR PSICOLÓGICA. Técnica de dominação que reduz as informações sensoriais, utilizandose mordaças, capuzes, vendas, tampões, e/ou outros instrumentos. Privação Sexual: Ato de impedir física ou mentalmente que o submisso tenha prazer. Pode ser aplicado tanto por voz de comando, caso haja um condicionamento para tal, como por meio de aparelhos e/ou equipamentos 53


Dicionário BDSM Ilustrado para impedir ou restringir as sensações físicas.

goze, a não ser que ordenado pela dominadora. Requer uma grande dose de concentração e autocontrole..

R Raquete: Utilizada para espancamento, como palmatória. Proibição de Orgasmo: Ato de proibir, apenas pela ordem verbal a obtenção de orgasmo por parte do submisso.

Regras: Normas de conduta preliminares e básicas impostas ao escravo. Régua: Utilizada para espancamento, pode ser uma eficiente palmatória. Relho: Chicote Hard, de couro seco trançado que provoca hematomas internos.

É comum a dominadora ordenar ao submisso que não 54


Dicionário BDSM Ilustrado

Restrições: Uma variante da imobilização, onde se priva o submisso de alguns dos sentidos: a visão, a audição, a fala, etc. Na comunidade BDSM é comum o uso de vendas, mordaças ou gag-balls, tampões de ouvido, etc. visando gerar no submisso uma expectativa, uma tensão do que está por acontecer. Em formas mais pesadas de práticas BDSM se tem conhecimento do uso de sondas uretrais para controle das necessidades fisiológicas do submisso e uso de

cinto de castidade por tempo determinado, tanto em homens quanto em mulheres, impedindo o ato sexual tanto anal quanto vaginal. Outra atividade bastante popular é a “proibição” do gozo por parte do submisso, onde este deve aguardar a permissão de sua mestra ou dominadora para tal. Nota-se aqui o componente erótico que sempre está presente. O que se busca é prazer mútuo dentro do São, do Seguro e do Consensual. Rimming: É o sexo oral no ânus. Ato de lamber ou beijar o ânus. Ritual: Pequena/média encenação durante uma sessão, com 55


Dicionário BDSM Ilustrado movimentos, comportamentos e falas préestabelecidos.

circular. Uma cruz de Santo André pode perfeitamente servir de roda, se girar. Roda de Pinos: Vide Esporas.

S Roda: Móvel de tortura muito usado na Idade Média e pela inquisição que consiste numa roda onde a vítima é presa em X. Nas torturas medievais a vítima tinha seus braços e pernas quebrados para impedir sua sustentação na roda que era girada na maior velocidade possível. Nas práticas BDSM a roda e utilizada para colocar com facilidade o escravo em diversas posições, inclusive de cabeça para baixo. A “roda” não precisa ser obrigatoriamente

Safeword: Palavra ou gesto préestabelecido entre as partes que, uma vez utilizado pelo escravo, demonstra que a mesma atingiu seu limite de resistência com a cena. Saliromania: Praticas e prazer associados ao suor. Servo: Vide Escravo. Sessão: Período de tempo (geralmente num local específico, motel/hotel/masmorra ) onde se desenvolve com maior intensidade e 56


Dicionário BDSM Ilustrado ininterruptamente o jogo BDSM. Sessão pode ser definida como um conjunto de cenas ou a “encenação” do BDSM (pelos adeptos da teoria de que BDSM seja teatro). Sexo: Constante, usual e prazeroso no BDSM, mas não obrigatório, podendo este se resumir a cenas e jogos de dominação e sadomasoquismo. Sexo Anal: Embora largamente praticado fora do contexto BDSM, é utilizado como forma simbólica de posse e dominação ou de entrega e submissão. Alguns cuidados básicos devem ser tomados para o sexo anal: As doenças sexualmente transmissíveis, em especial a AIDS; a penetração vaginal

logo após a penetração anal é outro descuido frequente e serve de porta de entrada na vagina para bactérias que estão no ânus e reto, propiciando uma série de problemas para a mulher. Exploram-se também as várias possibilidades do uso do ânus dentro do BDSM: Enemas, Fisting, butt-plugs para relaxamento dos esfíncteres, etc. Basicamente, todos têm a mesma função: servir como veículo de prazer e simbolizar a entrega para outro(a) de algo que não é comum e, portanto, especial. Sexo em Público (Agorofilia): Pratica que no BDSM se expande também para a dominação, tortura, humilhações e cenas em geral.

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Dicionário BDSM Ilustrado

Sexo Oral: Prazerosa prática baunilha amplamente utilizada no BDSM como imposição do ato ao escravo que como concessão da Mestra a ele.

SM ou S&M: Prática BDSM centrada na dor. Sadomasoquismo.

Shibari: (do Japonês, “Shibari”- amarrar) Termo genérico utilizado atualmente para designar o bondage japonês. Técnica de bondage extremamente estética, derivada do “Hojojutsu” (ver:hojojutsu) e originária no Japão feudal, com profundas raízes na cultura Japonesa. Cada clã medieval japonês possuía sua própria técnica que era zelosamente guardada. Inicialmente era utilizada como forma de imobilização, castigo e punição aos prisioneiros.

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Dicionário BDSM Ilustrado são muito respeitados. Tradicionalmente a mulher japonesa que é submetida ao shibari recebe o nome de “Dorei” – (Ver Dorei), mas também homens são submetidos. O Shibari ou hojojutsu era aplicado pela polícia local e pelos samurais com dois objetivos principais: imobilizar a vítima e colocá-la em uma postura de submissão e humilhação. O Shibari teve uma revalorização erótica á partir de 1960. No japão é formalmente conhecida como “Kinbaku-bi” e existem teatros especializados onde se pode, mediante pagamento de ingresso, assistir a um espetáculo de shibari. Os mestres de Shibari japonês

Silver Tape: Fita prateada e larga com forte poder adesivo, utilizada como eficiente mordaça, ou mesmo para “wraps”. Socratismo: Estimulação anal por Introdução do(s) dedo(s). Sodomia: Ato de se penetrar o ânus. Em sentido restrito, o sodomita é o praticante ativo. Spanking: Nome utilizado dentro da comunidade BDSM para o ato de bater, notadamente na região das nádegas. 59


Dicionário BDSM Ilustrado Não se pode confundir o spanking dentro do BDSM e do SSC com o ato da violência física. São situações diametralmente opostas. Nenhuma dominadora ou submisso corrobora ou aceita a ideia de que para entregar-se deve apanhar ou tomar uma surra. O spanking visa o prazer mútuo e é uma forma de se potencializar o desejo.

Necessário fazer uma ressalva aqui, que em algumas culturas orientais, o ato de bater para estimular sensualmente é amplamente aceito e

difundido, basta consultar o Kama Sutra. No Brasil spanking engloba o ato de bater com as mãos, chicote, vara, chinelo ou palmatória. Nos Estados unidos e Europa, há uma distinção entre o Spanking, Whipping e “Canning”. “Whipping” é qualquer atividade que envolva chicotes e Canning, que envolva varas (bambu, rattan, etc). No BDSM pratica-se o spanking de várias formas. Com a mão, aplicando-se palmadas, onde não é a força que importa, mas sim o ritmo e a constância e com chicotes dos mais variados tipos, chibatas, chinelos, etc. Mas não com varas. Canning não é spanking. A prática de se bater com uma vara é extremamente 60


Dicionário BDSM Ilustrado perigosa e pode provocar sérias lesões internas. Raramente utilizada dentro do BDSM como forma de castigo severo.

É consenso que o rosto e pescoço são áreas proibidas para spanking em virtude da quantidade de tecidos e órgãos que podem ser facilmente lesados (olhos, nariz, boca, cabeça). A maior parte das pessoas “SM” que gostam de punições corporais incluem o spanking em suas atividades. Uma cena de spanking começa com um “jogo” real ou imaginário de punição por alguma

falta ou ato cometido pelo submisso. No contexto BDSM spanking é associado para aumentar a sensação de vulnerabilidade física do parceiro.

Muitos fatores, entretanto, são comuns na figura da dominadora: autoridade, coerção erótica, humilhação e representação da figura 61


Dicionário BDSM Ilustrado paterna/materna, que podem despertar mecanismos de prazer no submisso. Havelock Ellis e, posteriormente, Wilhelm Stekel abordaram aspectos psicológicos das atividades de.

Spread Bar: Barras longas, usualmente de metal madeira com argolas e/ou furos em cada ponta, usadas em situações de imobilização para manter os braços ou pernas do submisso afastadas.

SSC ou São, Seguro e Consensual: A importante tríade que separa o aceitável e o condenável no BDSM. Tudo que possa ser classificado como SSC é aceitável no BDSM, por mais que para alguns (ou nós mesmos) pareça um exagero ou absurdo. Da mesma forma, qualquer coisa que venha a ferir um dos elementos da tríade deve ser execrado e condenado, por mais que possa, a princípio, parecer um insignificante detalhe.

Submisso: Vide Escravo. Sucção: Sucção da pele ou de órgãos genitais, realizado com o auxílio de bomba de vácuo manual ou eletromecânica. Pequenos copos de vidro ou plástico, conectados por tubos plásticos e aplicados aos seios, mamilos e genitais femininos ou masculinos. Pela diferença de pressão, provoca-se o “inchaço” da região onde é aplicado. Se utilizado com muita pressão, deixa marcas circulares 62


Dicionário BDSM Ilustrado roxas. A medicina chinesa utiliza uma técnica similar. Stop Code: Vide Safeword. Subspace: Um estado físico e mental ocasionado pela liberação de endorfinas. As endorfinas podem ser liberadas devido ao “stress” ou à uma prática intensa de uma sessão BDSM. Não é um acontecimento comum. Submissão: Segundo o dicionário Aurélio: obediência, sujeição, subordinação, docilidade, servilidade, humildade e subserviência.

Suspensão: Técnica de imobilização onde o peso do submisso é totalmente ou parcialmente suspenso por algemas e tornozeleiras especiais. Não se faz suspensão só com cordas ou algemas ou tornozeleiras comuns. Esta prática requer cuidados especiais com o equipamento, fixação, tempo de permanência em suspensão e posição. Switcher: Do inglês “switch” (trocar) – Aquele que se agrada do BDSM tanto como dominador/sádico, 63


Dicionário BDSM Ilustrado quanto como escravo/masoquista, praticando-o em ambas as posições, seja com um mesmo parceiro, seja com parceiros diferentes. Strap-On: Vide “Inversão de papéis (2)” Swing: Pratica entre casais que consiste em se permutar os parceiros.

T Tickling: Pratica aparentemente inocente, mas utilizada milenarmente pelos chineses como tortura menor. O tickling é o ato de se aplicar cócegas e beliscões em alguém. Psicologicamente perturbador, depois de um tempo transforma-se em uma poderosa forma

de estímulo sensual. Existe um componente psicológico muito forte nas cócegas, talvez por remeter às “couraças musculares” tão bem tratadas por Reich. Normalmente o tickling é feito com o submisso imobilizado para evitar fugas ou movimentos involuntários bruscos. A dominadora pode usar as mãos, penas, pequenos “rastelos”, ou qualquer coisa que provoque cócegas. Se aplicado por muito tempo pode ocasionar incontinência urinária, o popular “urinar nas calças de tanto rir”. Excluindo-se o nervosismo inicial, uma sessão de tickling libera uma quantidade considerável de endorfinas no cérebro. É comum o submisso sentir uma 64


Dicionário BDSM Ilustrado mistura de sensações de bem estar e esgotamento físico depois de uma sessão de tickling. A dominadora deve observar que uma sessão prolongada de cócegas pode ser extremamente perigosa. Títulos Honoríficos: É comum a Top se auto-intitular honorificamente, em especial nos nicks utilizados pelo mesmo. Assim, utilizam termos como Ama, Mestra, Senhora, Rainha, Imperatriz, etc. Porém, tais títulos não tem uma definição específica ligada a uma pratica ou comportamento sendo apenas uma auto intitulação. Toalha Molhada: Utilizada para espancamento, sendo bastante

dolorosa, mas segura por não deixar marcas. Top: Homem ou mulher que está na posição de dominação (do inglês: “top” em cima, acima).

Tornozeleiras: Algemas utilizadas nas pernas, mais especificamente nos tornozelos. Tortura Genital: O princípio básico da tortura genital é provocar sensações profundas e intensas diretamente nas zonas erógenas do corpo. A intensidade e as atividades variam de pessoa para pessoa e de 65


Dicionário BDSM Ilustrado prática para prática. Reportamos um grande cuidado dos praticantes para que não se ultrapasse o ponto onde a dor deixa de estar associada ao prazer. A área genital e os mamilos estão sujeitos a danos irreversíveis mesmo sob “castigos” moderados e os praticantes são muito cautelosos neste tipo de atividade.

vezes inserida em um contexto mais amplo. É muito raro uma sessão só de tortura genital, entretanto muitos homens e mulheres são particularmente sensíveis a castigos genitais, estimulando a Dominadora a gastar mais tempo nesta modalidade. A tortura genital no homem submisso é conhecida como CBT (Cock and Ball Torture) e compreende toda e qualquer prática visando a impossibilidade de ereção, dor e/ou castigo físico no pênis, bolsa escrotal e púbis.

Pode-se usar gelo, velas (parafina), “imobilização”, prendedores, pesos e uma infinidade de equipamentos para se praticar tortura genital. Esta prática está na maioria das

Trampling: É o ato de ser pisadoa pela dominadora estando esta descalça ou com calçados.

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Dicionário BDSM Ilustrado Novamente, cabeça, pescoço, plexo solar, e região genital são proibidos segundo relatos dos praticantes do BDSM.

Mais comumente observado no fetiche por pés. O risco do trampling é a pressão exercida por saltos altos muito finos, concentrando o peso do corpo da dominadora em uma área muito pequena.

Admite-se o trampling na região genital, desde que feito sem sapatos, e dentro da tríade do SSC, o conceito de segurança é duplamente observado. Um trampling na região genital masculina pode causar sérias lesões e, até mesmo, a perda das gônadas. Trampling no pescoço invariavelmente conduz a morte.

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Dicionário BDSM Ilustrado Trave:Vide Cavalete. Tronco: Vide Pelourinho. Travestimento: Vide Crossdressing. TT (Tit Torture): do inglês, tortura nos seios.

sua ingestão. Encenações de vampiros. Velas – Cera: Prática dentro do BDSM onde a parafina de uma vela é gotejada no corpo do submisso. Deve-se evitar derramar parafina muito de perto, bem como não se utilizar velas coloridas, porque o corante da parafina aumenta o ponto de liquefação da mesma.

U Urofagia: Ingestão de Urina.

V Vampirismo: Cenas que envolvam sangue, com ou sem

Velas coloridas, aromatizadas e 68


Dicionário BDSM Ilustrado similares, podem ocasionar queimaduras sérias.

Vela de Sete Dias: Vela mais grossa cuja cera se acumula fartamente. A quantidade de cera que pinga sobre o corpo do escravo é maior, porém, com temperatura mais baixa. Vendas: Usadas para restringir a visão do escravo.

Vergar: Ato e subjugar e dominar o escravo e assim conseguir sua entrega e/ou obediência.

Vergas: Vide ButtPlug. Vibrador / Vibro: Utensílio de prazer, utilizado para estimulação sexual do escravo. Vinte e Quatro por Sete (24/7): (24 horas por dia, sete dias por semana), filosofia dentro do BDSM onde, analisando de um modo simplista, as pessoas envolvidas se propõem a viver um relacionamento de Dominação/submissã 69


Dicionário BDSM Ilustrado o 24 horas por dia, diariamente.

W Wash: Cena que consiste em se lavar e/ou higienizar o escravo. Wax: Vide Vela.

Vistas Baixas: Usualmente imposta ao escravo no BDSM como forma de demonstrar submissão.

Wraps: Prática semelhante à “mumificação”, porém, sem a cobertura total do corpo do escravo. Water Sports: Na sexualidade humana, os mais profundos tabus são contrabalanceados pelo desejo de transgredir a fronteira tênue entre o permitido e o proibido. Neste tópico, abordaremos as atividades mais comuns associadas a Water Sports: enemas e golden shower (urina). Talvez, o desconforto que este assunto provoca explique a 70


Dicionário BDSM Ilustrado escassez de trabalhos e estudos sérios a respeito de Water sports como manifestação erótica. O Water Sports é o interesse erótico na eliminação, tanto natural como induzida (enemas) de fezes e urina. Clinicamente, os atos e práticas a ela associados são classificados como parafilias. Assim, Clismafilia é a erotização com enemas, urofilia é o estímulo erótico por ver, entrar em contato, receber no corpo urina, ou urinar em alguém. Coprofilia é similar a urofilia, mas envolve fezes, cateterofilia é o estímulo erótico em usar ou aplicar em alguém um cateter, para controlar ou expelir urina. De todas estas práticas, os golden showers (ato de urinar ou

receber urina no corpo do parceiro(a) e os enemas (introdução de água no ânus, através de um irrigador) são as mais comuns. Toda e qualquer atividade de Water Sports tem um grau de risco. Um enema feito de uma maneira inadequada, por exemplo, pode ter consequências fatais. Urina, mesmo sendo um ambiente hostil para vírus e bactérias não está acima de infecções. Um cuidado muito grande durante as atividades foi observado em todas as descrições e relatos dos praticantes de Water Sports. Dentro do BDSM enemas e golden showers são formas utilizadas para simbolizar submissão e posse e também são utilizados como instrumentos em dominação mental, 71


Dicionário BDSM Ilustrado pois associam a sensação de uma profunda “entrega” (o cólon e reto dilatados por uma certa quantidade de água) à atividade de evacuar que o ser humano faz em absoluto isolamento. É uma experiência psicológica profunda receber um enema de uma dominadora, ter de reter este enema por uns 15 minutos, e depois ir ao banheiro sem poder fechar a porta para expelir o enema.

Z Zelofilia: Prazer derivado do ciúme. Jogos e cenas que envolvam ou provoquem ciúme. Zoofilia: Prática sexual envolvendo animais. XXX

X X: Posição muito prática e eficiente de se prender o escravo, por deixar seu corpo totalmente indefeso e acessível. A origem é a Cruz de Santo André.

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Dicionário BDSM Ilustrado Modelo de Contrato MODELO DE Contrato de Dominação e Servidão Absoluta por Tempo Indeterminado. Dominadora/Ama/Proprietária: (Nome Dominadora, em letras maiúsculas)

da

Escravo/Submisso/Propriedade: escravo, em letras minúsculas)

do

(nome

O presente Contrato de Relação Estável, com base no conceito de Dominação e Servidão absoluta por Tempo Indeterminado, que entre si fazem as partes acima qualificadas, será regido pelas seguintes cláusulas e condições: I. Obrigações e Deveres da Dominadora: 1.1.Tomar posse em ato solene, através de ritual próprio, do corpo, alma, mente e vontade do escravo e, a partir daquele momento único, declarar-se solenemente proprietária na condição de Dona Absoluta, Soberana, Ama e Senhora Dominadora do animal; 1.2.Deverá a Dominadora, proteger, amparar, zelar pela segurança e identidade do escravo, não permitindo que o mesmo seja alvo de injúrias ou exposto publicamente ao ridículo de forma à prejudicá-lo em sua vida privada, como homem comum; 1.3.Utilizar-se de meios, castigos ou suplícios, no limite máximo da capacidade que possa suportar o 73


Dicionário BDSM Ilustrado escravo, bem como compromete-se à não prejudicá-lo física e/ou moralmente. 1.4.Compromete-se a respeitar os limites, sinais e palavras de segurança. II. Direitos da Dominadora: 2.1.Dispor do escravo as vinte e quatro horas do dia em que ele está à sua disposição, da forma que desejar transformando-o em escravo completo, seja nos serviços de casa e tarefas particulares da Dominadora, bem como na condição de escravo sexual, exigindo o cumprimento das tarefas quando e como devam ser realizadas; 2.2.Obrigar o escravo a executar tudo o que for da sua vontade de Dona e Soberana, bem como obrigá-lo comportar-se de maneira servil, submissa e obediente mesmo que seja necessário recorrer à castigos físicos; 2.3.Humilhar, submeter, subjugar, pisar e pisotear, judiar, castigar, maltratar, bater, dar tapas e bofetões, bater com vara, chicotear, açoitar, amarrar com cordas ou correntes, encoleirar, adestrar e treinar e utilizar-se sexualmente do escravo, do seu pênis mãos, ou língua para gozo e prazer. Será permitido utilizarse também do ânus do escravo, para penetração com dedos ou consolos, desde que não seja obrigado o escravo à relações homossexuais ou situações exageradas que lhe coloquem a saúde em risco; 2.4.Receber carinhos, cafunés, massagens, depilações e trabalhos de manicure e pedicuro;

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Dicionário BDSM Ilustrado 2.5.Além de gozar com o corpo do escravo, é direito da Dona utilizá-lo como recurso para busca de outros escravos, quando a Dona desejar aumentar o harém; 2.6.É Direito Sagrado e inegociável que a Dona sacie a sua vontade de possuir outros homens na condição de escravos ou simplesmente amantes, sem dar explicações ao escravo e mais, podendo exigir a participação do escravo em relações à três ou mais pessoas ou simplesmente assistindo à tudo e ainda ajudando na condição de empregada doméstica e auxiliar sexual; 2.7.Exigir relatórios e inquirir sempre que desejar, sobre as atividades do escravo na sua vida cotidiana; 2.8.Privar o escravo de liberdade, de ler, ouvir rádio ou ver televisão, além da internet, utilizar-se do escravo para urinar ou defecar sobre seu corpo e exigir limpeza completa, vendar e privar de fazer suas necessidades, inclusive proibição de gozar e ejacular (o que deve ocorrer somente no momento permitido e em condições exigidas), sempre respeitando as condições de higiene, segurança e que não coloquem em risco a saúde física e psíquica do escravo. Parágrafo Único - As privações de liberdade não poderão atrapalhar a vida profissional do escravo ou sua vida social, caso seja esta uma exigência da sua sobrevivência civil. 2.9.O escravo deve estar sempre atualizado quanto ao o que ocorre no mundo e, principalmente, ao o que ocorre em nosso país. 2.10.Sair, passear e ter vida social ativa, e fazer o que bem entender ser dar explicações ao escravo e exigir ainda trabalhos em casa enquanto estiver 75


Dicionário BDSM Ilustrado fora; 2.11.Exigir o uso permanente dos símbolos do Reino e dos símbolos de poder e de propriedade da Dominadora através de adornos, aplicação de tatuagens em lugares estratégicos, bem como aplicação de branding - marca a ferro em brasa. 2.12. ... III. Obrigações e Deveres do Escravo: 3.1.Agradar e satisfazer a Dominadora durante 24 horas por dia enquanto estiver à sua disposição; 3.2.Quando estiver à distância não permanecer mais do que 72 horas sem manifestar-se por telefonemas, cartas, internet ou outro meio disponível, dando conta do quanto ama, adora e não pode viver sem a Dominadora, além do quanto ela é superior e maravilhosa; 3.3.Agradecer diariamente de joelhos e em veneração, pela manhã e à noite, no mínimo, a grande oportunidade que recebeu da vida em poder servir e pertencer à tão superior e maravilhosa criatura divina; 3.4.Andar sempre nú quando na intimidade; 3.5.Andar, permanecer e comportar-se sempre em posição submissa e servil, com a cabeça baixa diante da Dominadora, bem como sempre inclinarse de forma submissa ao dirigir-se à ela, nuca olhando acima da linha dos olhos da Dominadora, neste último caso, mesmo em público, quando deverá adotar, sempre, postura gentil, submissa e cordata; 3.6.Estar sempre disponível para a satisfação sexual da Dominadora e não esquecer de 76


Dicionário BDSM Ilustrado agradecer a oportunidade de poder satisfazê-la e agradecer por ter a oportunidade de tornar-se um homem através da Dominação dela; 3.7.Submeter-se à período de adestramento e treinamento, reprogramação e atualização, bem como estar sempre disponível para ser judiado, maltratado e castigado, supliciado com cera quente, chicotes e açoites, tapas e esbofeteamentos, cascudos, pisões e chutes, cusparadas, amarrados ou acorrentado, aprisionado com coleiras, humilhado e subjugado, mesmo sem motivos, não esquecendo de agradecer esta graça superior; 3.8.Cozinhar, lavar louças, casa e roupas, passar, preparar banhos, massagear, atuar como pedicuro e manicure, comportar-se como empregada doméstica se for exigido, dançar, desfilar, humilhar-se, chorar e implorar para sofrer castigos e maus tratos, amar, venerar, submeterse, aceitar, adorar e executar rituais; 3.9.Executar as tarefas exigidas e agradecer sempre pela oportunidade; 3.10.Não reclamar nunca; 3.11.Quando em publico deve tratar a Rainha como um cavalheiro trata uma dama. IV. Direitos do Escravo: 4.1.Direito de ser escravo; 4.2.Direito de servir; 4.3.Direito de chorar; 4.4.Direito de ter sua integridade física, moral e psíquica protegidas. 4.5.Direito de utilizar os símbolos de propriedade da Dona. 77


Dicionário BDSM Ilustrado 4.6.... V. São cláusulas inalteráveis, as seguintes: 5.1. Quando em situação desconfortável, constrangedora ou em iminente risco ou prejuízo à saúde, o escravo manifestar-se-á com a palavra AMARELO ou com o gesto (para casos de imobilização da fala) ESTALAR DE DEDOS, e qualquer ação que estiver sendo desenvolvida será imediatamente cancelada. Parágrafo Único - É a palavra de segurança. A mesma palavra ou gesto poderão ser utilizadas pela Dominadora para a mesma finalidade. 5.2. Os limites estabelecidos são: 5.2.1. O escravo não será submetido à exposição ou vexame público, nem à situações que coloquem em prejuízo profissional ou vida pública, nem praticar sexo com animais. 5.2.2. Não será permitida qualquer situação que coloque em risco a saúde física e/ou moral do escravo quer com castigos e maus tratos ou ainda frequência de lugares; 5.2.3. Não será submetido o escravo à ferimentos provocados com instrumentos cortantes ou ponteagudos, estrangulamento e afogamento, choques elétricos. 5.2.4. Não serão utilizadas drogas, nem bebedeiras em excesso ou alcoolismo, bem como as relações sexuais que possam ocorrer serão garantidas pelo uso de preservativos; 5.3. Este contrato inicia no dia ..../..../20...., quando será assinado por ambas as partes durante o ritual de entrega e servidão e terá validade por um ano,

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Dicionário BDSM Ilustrado podendo ser prorrogado por igual período, se assim desejarem as partes 5.3.1. O escravo será submetido à um período de três meses de treinamento e adestramento e, não sendo considerado apto para a função, a Dominadora poderá solicitar a ruptura do contrato. 5.3.2.O escravo não tem direito à solicitar ruptura do contrato, a não ser por descumprimento de uma das cláusulas relativas à segurança por parte da Dominadora 5.3.3. As partes poderão aditar outras cláusulas e condições. 5.3.4. A cláusula de segurança não poderá ser alterada. VI. Da Gestão da Vida Estável 6.1.Ciente de que – pela sua natureza escrava, o submisso não pode ser proprietário de nada, a gestão do patrimônio, bens e direitos desta relação será exercida pela Rainha, nas seguintes condições: 6.1.1. O escravo outorgará procuração por instrumento público concedendo à Rainha amplos poderes para gerenciamento do seu patrimônio, contas bancárias, bens e direitos. 6.1.2. O escravo declara-se incompetente e incapaz e renuncia – desde já, quaisquer reivindicações ou direitos sobre o seu patrimônio, contas bancárias, bens e direitos, transferindo estes exclusivamente à Rainha, incluindo pagamento de salários, remuneração laboral de qualquer tipo, honorários, jetons, participações societárias e rendimentos de qualquer natureza,

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Dicionário BDSM Ilustrado reconhecendo a capacidade da Rainha como gestora titular. 6.1.3. A Rainha será responsável pelo planejamento, administração e gerenciamento deste conjunto de patrimônio, contas bancárias, bens e direitos do escravo. 6.1.4. O escravo terá direito à receber como pagamento e/ou indenização pela sua vida dedicada o seguinte: a) o direito a – pelo menos, 7 a 8 horas de sono diárias; b) plano de saúde compatível com suas necessidades, pagos pela Rainha e descontado dos seus rendimentos; c) medicamentos e exames regulares de saúde, estes, no mínimo, uma vez ao ano; d) exercícios físicos diários; e) três refeições diárias equilibradas que lhe garantam o sustento; f) água em quantidades necessárias à saúde; g) ao menos um banho diário; h) visitas regulares ao médico e dentista; i) visitar e receber visita dos filhos, parentes próximos e de amizades, ao menos uma vez no mês, em horários e dias pré-estabelecidos; ii) a lista de parentes próximos e amizades, anexo III, é parte integrante deste contrato e deverá ser revisada uma vez ao ano; j) recolhimento de previdência social pública e/ou privada, a ser descontada dos seus rendimentos de modo a garantir aposentadoria e/ou benefícios; k) Estes direitos só prescrevem com o falecimento natural. 6.1.4. Ressalvando estas condições acima descritas, a Rainha utilizará o patrimônio, bens e 80


Dicionário BDSM Ilustrado recursos, assim o como o resultado econômicofinanceiro, para o uso e destino que achar mais conveniente. 6.1.5. Por este contrato, a Rainha receberá, a título de tributos, o seguinte: a) Imediatamente, na assinatura e início do contrato, tomará posse de um veículo automotor; b) Anualmente, encerrado o ano fiscal e apurado o balanço do Reino, não havendo denuncia ou rompimento deste contrato, em todo ou na totalidade, a Rainha poderá antecipar a transferência de até 5% do patrimônio, bens e direitos do escravo para seu próprio nome. c) A chegar nos 50% do total patrimonial, a Rainha cessará o regime de transferências e será considerada única herdeira do escravo. 6.1.6. Este Contrato possui idêntico valor a um Contrato de União Estável ou Acordo Pré-Nupcial, podendo ser registrado em cartório a escolha e critério das partes, e a identidade dos contratantes está protegida por acordo de confidencialidade e não poderá ser revelada em nenhuma hipótese sem a anuência e autorização prévia expressa pelas partes e comum concordância, sendo passível de nulidade a tudo o que aqui foi contratado e invalidando os atos, no caso de quebra desta cláusula de forma unilateral. a) O modelo de procuração por instrumento público está contido no anexo I; b) A relação patrimonial está contida no anexo II. *** Este contrato será assinado em três vias durante o ritual, obedecendo a seguinte forma: - O escravo assina uma rubrica e ao lado pingará

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Dicionário BDSM Ilustrado uma gota de seu sêmen, uma de sua urina, uma de suor e uma de seu sangue. - A Dominadora apenas rubrica e, se desejar, poderá lambuzar líquido vaginal. - Uma via será de cada parte e a terceira será queimada no ato, durante o ritual de entrega e posse. *** O escravo adotará o nome ............ que o identificará como propriedade da dominadora, que poderá exigir que o escravo use os seus símbolos de propriedade. Cidade Tal, xx horas do dia ... de ... de .... XXX Carta de Wanda Dunajew a Sacher-Masoch Por: Wanda Dunajew Trad.: Rodrigo Lucheta Léopold Sacher-Masoch, autor de “A Vênus das Peles”, adaptada para o cinema por Roman Polanski, é mais que o pai espiritual do masoquismo, pois ele viveu em si mesmo os gozos cruéis e infinitos. A seu pedido, sua mulher Aurora Rûmelin, que ele chamava Wanda de Dunajew, lhe enviou por carta um contrato de escravidão que ele assinará nestes termos: “Empenho minha palavra de honra em manter-me escravo de Madame Wanda de Dunajew sob suas condições e em submeter-me sem resistência a tudo o que ela me irá impor”. Eis aqui uma das cartas originais do sadomasoquismo, que fará empalidecer todas as 82


Dicionário BDSM Ilustrado cópias ulteriores (como os 50 Tons de Cinza): almas sensíveis, abstenham-se! Caro Mestre, Se o senhor me ama como afirma, deve assinar o texto anexado acrescentando a ele algumas palavras confirmando que aceitará todas as minhas condições, dando vossa palavra de honra de que ficará meu escravo até seu último suspiro. Prove que terá coragem de tornar-se meu marido, meu amante e meu cão. Meu escravo, As condições sob as quais lhe aceito como escravo e o suporto ao meu lado são as seguintes: Renúncia total e absoluta de seu eu. Fora da minha, você não tem vontade. Você é entre minhas mãos um instrumento cego, que cumpre todas as minhas ordens sem discutilas. No caso de você esquecer que é meu escravo e no de não me obedecer em absolutamente todas as coisas, eu terei o direito de puni-lo e de corrigilo conforme meu bel prazer, sem que você possa ousar queixar-se. Tudo o que eu lhe conceder de agradável e de feliz será uma graça de minha parte, e, assim, você não deverá recebê-la senão me agradecendo. Aos seus olhos eu agirei sempre sem falta e não terei qualquer dever. Você não será nem um filho, nem um irmão, nem um amigo; você assim não será nada mais que meu escravo deitado na poeira. Do mesmo modo que seu corpo, sua alma me pertence e, mesmo quando estiver sofrendo muito,

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Dicionário BDSM Ilustrado você deverá submeter à minha autoridade suas sensações e seus sentimentos. A maior crueldade me é permitida e, se eu lhe mutilar, será necessário que suporte sem queixumes. Você deverá trabalhar para mim como um escravo e, seu eu nadar no supérfluo lhe deixando em privações e lhe pisoteando, você deverá beijar sem murmurar o pé que lhe terá pisado. Eu poderei lhe despachar a qualquer hora, mas você não terá o direito de me deixar contra a minha vontade, e se você vier a fugir, você me reconhecerá o poder e o direito de lhe torturar até a morte através de todos os tormentos imagináveis. Fora eu, você não tem nada; para você eu sou tudo: sua vida, seu futuro, sua desgraça, seu tormento e sua alegria. Você deverá cumprir tudo o que eu lhe mandar, quer seja bem ou mal, e se eu lhe exigir um crime, será necessário que você se torne criminoso para obedecer à minha vontade. Sua honra me pertence, como seu sangue, seu espírito, sua força de trabalho. Eu sou sua soberana, mestra da sua vida e da sua morte. Se você chegar a não poder suportar minha dominação, e suas cadeias se tornarem muito pesadas, será preciso que você se mate: eu jamais lhe darei a liberdade. Wanda Dunajew Fonte: http://www.deslettres.fr/lettre-de-wanda-dunajew-leopold-vonsacher-masoch-prouvez-que-vous-aurez-le-courage-de-devenir-monmari-mon-amant-et-mon-chien/

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Dicionรกrio BDSM Ilustrado

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