Jornal PAPEL DO GUIA - nº 45 - abril 2007

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Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

Etnoturismo

CEMITÉRIO DOS PRETOS NOVOS Rua Pedro Ernesto, 36, Gamboa

Em 1996, Merced e Petruccio compraram uma casa do século XVII com o intuito de reformá-la. Ao escavarem o quintal da casa, perceberam que se tratava de um lugar muito especial, de dolorosa memória. Foram encontrados restos mortais de escravos africanos, fragmentos de esqueletos, artefatos de barro e metal e vidro. Um cemitério de cuja existência os historiadores suspeitavam, mas do qual desconheciam a exata localização. Examinados, os fragmentos revelaram o triste destino de jovens vítimas da escravidão – na maioria crianças – que não resistiram à viagem através do Atlântico e morreram na chegada, antes mesmo de serem vendidos. O achado mudou os planos e a vida do casal: com recursos próprios Merced e Petruccio resolveram transformar a casa em um sítio arqueológico e, em seguida, criaram um centro cultural aberto à visitação pública gratuita. O antigo cemitério é hoje um memorial ao sofrimento de um povo.

América Latina. Foi batizado em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos pais da independência do Brasil, grande intelectual brasileiro, reformista e pioneiro nos estudos do meioambiente. José Bonifácio defendia, ainda em 1820, que a escravidão era a fonte de todos os males por destruir os princípios básicos para o progresso social: a dignidade humana, a iniciativa e a riqueza dos recursos naturais. Mais tarde nomeado tutor do jovem imperador Pedro II, seus inimigos acabaram forçando-o ao exílio. Em 1983 foi transformado no Centro de Memória e Documentação Brasileira, voltado à preservação da herança afro-brasileira. Possui uma biblioteca com cinco mil volumes, sala de vídeo e espaço para concertos. Em suas instalações funcionam a Galeria de Arte Heitor dos Prazeres, o Teatro Ruth de Souza, com capacidade para 150 espectadores, o espaço Cine Vídeo Grande Othelo, com 60 lugares, e Biblioteca Popular. O Centro oferece cursos, feira de livros, exibição de filmes e vídeos, oficinas de arte, seminários, exposições e espetáculos teatrais e musicais, além de estabelecer intercâmbio com várias instituições similares do país e do exterior.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO DOS HOMENS PRETOS E MUSEU DO NEGRO Rua Uruguaiana, 77 - Centro

CENTRO CULTURAL JOSÉ BONIFÁCIO Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa

Inaugurado por D. Pedro II em 1877, o casarão em estilo neoclássico com magníficos interiores foi a primeira escola pública da

O culto a Nossa Senhora do Rosário tem origem em 1639. A construção da igreja foi iniciada em 1700, em terreno doado à irmandade na rua da Vala (atual Uruguaiana). Abrigou a Sé de 1737 a 1808, até a mudança para a igreja do Convento das Carmelitas, mais perto da residência da família real. Abrigou o Senado de 1809 a 1824, tendo sido palco de importantes acontecimentos históricos,

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Museóloga Juracy Caetano da Silva, curadora do Museu do Negro

como a preparação do Dia do Fico e o movimento pela abolição da escravatura. As festas organizadas pela confraria, em que se encenava a Corte do Rei Congo, são consideradas precursoras do carnaval de rua. Seu interior, quase desprovido de ornamentos, foi o resultado de um violento incêndio que destruiu a igreja em 1967. Em anexo funciona o Museu do Negro, centro de religiosidade popular, com exibição de peças

para o suplício de escravos, relíquias e material iconográfico. Uma imagem da escrava Anastácia é objeto de intensa devoção popular. Festas importantes: Quatro de abril, dia de N. Sra. do Rosário; e 8 de outubro, dia de São Benedito. Missas: de segunda a sábado, às 8h, 12h e 16h; e no primeiro domingo de cada mês, às 11h, missa solene com o coro da irmandade.


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