Jornal PAPEL DO GUIA - nº 45 - abril 2007

Page 1

IMPRESSO

SINDEGTUR / RJ • Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

O Rio também é afro

Foto: Mauro Rubinstein

Págs. 8 e 9

Cruzeiros marítimos movimentaram o verão

Amsterdam Sauer: há 66 anos inovando

Pág. 2

Págs. 3 a 6

Novo centro de convenções na Cidade Nova. Pág.

Turismo social com Wagner Medeiros 7

Pág. 11


Editorial

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

2

Cruzeiros marítimos na temporada 2006-2007

F

oi uma temporada de recordes na costa brasileira. De novembro de 2006 até abril de 2007, os cruzeiros marítimos terão transportado cerca de 300 mil passageiros, um crescimento de 30% sobre o mesmo período da temporada passada. Há cinco anos, não alcançavam 60 mil passageiros. Em 21 de janeiro de 2007, o terminal de passageiros do Pier Mauá, no Rio de Janeiro, bateu o recorde sul-americano da temporada: foram atendidos nesse dia seis navios e mais de 17 mil passageiros. Com relevante impacto na economia local, a operação requisitou mais de duzentos guias de turismo e um número ainda não calculado de veículos. Vários portos do país são beneficiados por este boom turístico, notadamente Búzios (RJ), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Portobello (SC), Rio de Janeiro (RJ), Santarém (PA) e Santos (SP) que, no entanto, sofrem com terminais inadequados, infra-estrutura turística defi-

Fotos: Luiz Augusto

A calorosa recepção à brasileira compensa a falta de infra-estrutura

Equipe de guias e staff da Megatur em Ilhéus, na Bahia

ciente e equipamentos obsoletos. Apesar dos números tão favoráveis, as companhias marítimas internacionais se queixam da morosidade burocrática e dos altos custos operacionais. Por causa deles, tivemos a lamentável desistência do Sea Dream – o antigo Sea Goddess, transformado em iate de alto luxo – no final de sua primeira temporada em portos brasileiros. Não voltarão para a próxima, ainda que sob protesto da própria tripulação e dos passageiros. Para o passageiro de cruzeiros internacionais, com idade média de 65 anos e com dificuldades de locomoção, a acessibiEquipe de guias e staff da Nascere Turismo lidade é crítica. Em portos em Portobello (SC)

Guias da Nettour de Fortaleza, CE

como no Rio de Janeiro, só com muito empenho por parte das equipes de receptivo é que o passageiro idoso consegue vencer um verdadeiro labirinto de degraus, pisos irregulares, trilhos e falta de sinalização adequada. O velho

terminal simplesmente não dá conta e o projeto de renovação da região portuária do Rio ainda não saiu do papel. Cabe uma menção honrosa para o renovado terminal do porto de Santos, onde o acesso é bastante satisfatório. Restrições de calado obrigam alguns transatlânticos a usarem tenders (navios pequenos para embarcar e desembarcar pessoas e cargas de navios grandes) levando os visitantes ao cais em Búzios (RJ) e Portobello (SC). Em Ilhéus (BA), Fortaleza (CE) e Santarém (PA), a falta de um terminal de passageiros é atenuada pelo embarque efetuado bem próximo aos navios. Entretanto, pisos irregulares e trilhos causam freqüentes acidentes. No que se refere ao atendimento, os passageiros têm elogiado o desempenho dos guias de turismo e consideram um grande diferencial o tratamento personalizado e até carinhoso dos guias brasileiros. A simpatia e a amabilidade no trato têm sido a característica desse relacionamento. E, como resultado, comentários como este, ouvido no porto do Rio de Janeiro: “Estive em várias partes do mundo e posso dizer que os guias brasileiros são únicos”. Espera-se que em breve os turistas possam estender o elogio aos serviços portuários, de segurança e de infra-estrutura turística. Luiz Augusto N. dos Santos Presidente do SINDEGTUR / RJ

PUBLICAÇÃO DO SINDICATO ESTADUAL DOS GUIAS DE TURISMO DO RIO DE JANEIRO Rua Santa Clara, 75 • 13º andar • Cob. 01 • CEP 22041-010 • telefone (0xx21) 3208-1801 • Fo n e / Fa x ( 0 x x 2 1 ) 3 2 0 8 - 1 8 2 7 • e - m a i l s i n d e g t u r @ s i n d e g t u r. o r g. c o m . b r • Site: www.sindegtur.org.br • Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e 14h às 18h PRESIDENTE: Luiz Augusto Nascimento dos Santos • VICE-PRESIDENTE: Mauro Rubinstein • JORNALISTA: Lídia Freire (Mtb 18.260) • SECRETÁRIA: Marcia Rabello • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Gerardo Millione, Luiz Augusto N. dos Santos, Márcia Silveira, Mauro Rubinstein • DESIGN GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Kátia Regina Fonseca • TIRAGEM: 3.000 exemplares • IMPRESSÃO: Jornal do Commercio • PERIODICIDADE: Trimestral • DISTRIBUIÇÃO: Gratuita.

Equipe de guias locais em Santarem, no Pará


Especial

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

3

Amsterdam Sauer: 66 anos de sucesso e muitos projetos para o futuro

C

Fotos: Divulgação

reio que vale a pena trazer para os guias de turismo – nossos parceiros de toda a trajetória – um pouco da história da Amsterdam Sauer. A empresa, fundada em 1941 por meu pai, Jules Sauer, nasceu do sonho de transformar as pedras preciosas – riquezas que a natureza nos oferece – em jóias capazes de fazer brilhar os olhos de clientes de todo o mundo. A alta joalheria utilizando pedras preciosas é, desde o início, um forte diferencial de nossa empresa, com destaque para os diamantes e esmeraldas. Não é por acaso a forte ligação com as esmeraldas – Jules Sauer foi o responsável pela descoberta e reconhecimento internacional das primeiras esmeraldas e opalas brasileiras de uso comercial, abrindo as portas para que o Brasil se firmasse como um dos principais produtores de gemas no mundo. Para nossa alegria, a Amsterdam Sauer foi a primeira da América Latina a receber o cobiçado De Beers – Diamond International Awards (o prêmio máximo da joalheria mundial) numa época em que pouco se falava em design. Foi o início de uma série de premiações de relevância internacional, que conta com mais dois De Beers (em 1992 e 2000). Hoje, estamos presentes nas mais importantes cidades brasileiras e oferecemos nossos produtos também no exterior, a bordo de navios de cruzeiros de luxo. Especialmente no Rio, a clientela inter-

Acima, o anel Constellation, grande vencedor do prêmio De Beers, em 1966. À direita, a pulseira de brilhantes, premiada em 1992 e a magnífica gargantilha, vencedora do prêmio De Beers no ano 2000

nacional é de grande relevância, graças, em grande parte, à parceria de vocês, guias, que participam de nosso sucesso. Um de nossos orgulhos é o Museu Amsterdam Sauer de Pedras Preciosas e Minerais Raros. No Museu, a pedra preciosa é a estrela absoluta, desde o estado bruto, forma como é encontrada na natureza, até as diversas lapidações e algumas montagens em jóias poderosas. O visitante tem também a oportunidade de conhecer réplicas de minas de pedras preciosas, como as encontradas no interior do país e, ainda, jóias premiadas. No Museu encontra-se a mais completa coleção particular de pedras preciosas de toda a América do Sul, com cerca de três mil espécimes. Algumas das gemas figuram do Guiness Book of Records, tal a sua raridade e importância. Inaugurando uma nova fase, com a reforma total da Amsterdam Sauer Ipanema, que traz um novo conceito de atendimento ao cliente e também ao guia, contamos com a tradicional parceria de vocês e esperamos que se sintam cada vez mais “em casa”. Daniel Sauer


Especial

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

4

Qual o novo diferencial no relacionamento da empresa com os guias de turismo? Tivemos uma mudança de postura e procedimentos. Não se trata de uma mudança radical, pois sempre entendemos que os guias de turismo são fundamentais para o setor turístico e os grandes responsáveis pelo sucesso de nosso relacionamento com o nosso cliente, o turista. Mas queremos os guias mais próximos de nós. No novo complexo comercial que estamos inaugurando, criamos uma área especial para o guia, que tem agora seu próprio espaço, no qual se sinta em casa, com elementos para seu conforto e praticidade – acesso à Internet banda larga, telefonia celular e fixa. Tudo pensado para que, durante sua visita à Amsterdam Sauer, com clientes ou sozinho, possa se comunicar com

o mundo lá fora. Além disso, para que não tenha pressa em sair, sempre haverá comes e bebes, banheiros à disposição, um lounge para descanso, o que for necessário para sua comodidade. Desse jeito, ninguém vai querer ir embora! Queremos estreitar nosso relacionamento com os guias. Contamos, para esta nova fase, com o apoio do SINDEGTUR/RJ que, na minha opinião, é o órgão que se preocupa não só com a imagem, mas também com os interesses da categoria profissional como um todo. Queremos que os guias nos vejam como grandes parceiros e importantes fornecedores de serviços a seus clientes. Mais do que reformada, a sede da Amsterdam Sauer, em

Ipanema, foi praticamente reconstruída. Quais foram as principais melhorias? Cada detalhe foi pensado com cuidado de forma a tornar o espaço bonito, funcional, confortável e acolhedor. Mantivemos as duas entradas – pela rua Visconde de Pirajá e pela rua Garcia D’Ávila, esta última passando pelo museu gemológico. Clientes com necessidades especiais contam com banheiros adaptados no andar térreo. Rampa e elevador foram projetados pensando no cadeirante e no idoso. No primeiro andar, um grande salão de vendas, também com atendimento privativo e, no segundo andar, um confortável lounge de vendas. A oficina de fabricação ficará exposta ao público, assim como as já famosas reproduções de minas. Em breve, toda a estrutura de atendimento estará em pleno funcionamento e convidaremos nossos importantes parceiros – os guias de turismo – para a inauguração na primeira quinzena de maio, em data a ser confirmada. A área dos guias será inaugurada ainda no mês de abril. Quais são as novidades no novo salão de vendas? No último Carnaval, já recebemos diversos passageiros de navios, em alguns dos quais atuamos como joalheiros oficiais. Chegamos a atender com qualidade cerca de 300 pessoas de uma vez. Hoje, a empresa pode receber grupos de incentivos sem prejuízo ao atendimento simultâneo de outros grupos ou indivíduos. Prevemos até uma área isolada de alta exaustão para tabagistas, destinada, sobretudo, ao público asiático. Outra novidade surgiu de uma importante observação. Percebemos que os clientes muitas vezes

Mauro Rubinstein

Entrevista com Daniel Sauer, diretor da Amsterdam Sauer

Daniel Sauer: uma nova geração à frente da tradicional empresa. Abaixo, o belíssimo anel Millennium

preferem circular livremente pela loja sem o auxílio de um consultor. Pensando neles e nos que apreciam visualizar as pedras preciosas ainda fora da estrutura da jóia, instalamos nichos onde as gemas podem ser apreciadas já lapidadas, mas ainda soltas. Nesses nichos, que ficam dentro do próprio salão de vendas, há também informações importantes para o cliente, como a gradação de cores das gemas em função de seu valor, o que facilita a decisão. Nossos consultores de venda terão o apoio de um sistema informatizado de apoio a sua atuação, que imprimirá automática e remotamente os certificados de garantia e de qualidade tornando a venda descomplicada e extremamente rápida. Este recurso permite que nossos consultores foquem completamente em dar aos clientes a melhor experiência de compra possível, razão do nosso continuado sucesso e elevado valor médio de nossas vendas. Falando das novas coleções, temos investido bastante na divulgação de elementos de nossa cultura. Desenvolvemos a Coleção Portinari, inspirada na obra de um de nossos maiores pintores de todos os tempos, a Coleção Imperial, que traz


Especial

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

5

Fotos: Divulgação

para nossos dias elementos estéticos da época, e estamos orgulhosos pelo recente lançamento da Coleção Vinicius de Moraes, jóias criadas a partir dos versos do nosso grande poeta, que tão bem retratou a beleza feminina. Os guias têm notado um recente interesse do turista estrangeiro pela turmalina Paraíba. Como você vê esta nova demanda? O interesse na turmalina Paraíba tem crescido em função de sua belíssima cor azul com um efeito néon, ou seja, uma luminosidade única! A turmalina é uma pedra preciosa privilegiada que cobre todo o espectro do arco-íris, de negra à incolor, passando pelas mais conhecidas; verdes, vermelhas, azuis, bicolores... Existe, porém, uma certa euforia no mercado mundial pela Turmalina Paraíba, cuja cor e classifica-

Na foto acima, vista geral do novo salão de vendas, mais amplo e confortável. Ao lado, o fascínio e o prazer de se adquirir uma jóia

À direita, a famosa réplica da mina, que continua em exposição no museu gemológico

ção como tal é devida pela presença do elemento cobre e que causou uma explosão em seus preços nos últimos anos. Os artigos de arte em pedras preciosas sempre atraem o interesse do visitante, mas será que vendem bem? Esculturas feitas em pedras preciosas e rochas ornamentais especiais representando a fauna brasileira são um dos grandes diferenciais da Amsterdam Sauer, pela qualidade e exclusividade que representam e parte substancial das nossas exportações. Nossos objets d’art são desenvolvidos por artesãos que encaram seu trabalho como verdadeira arte. Assim, o resultado é maravilhoso e desce aos detalhes, o que faz a grande

diferença no mercado. Algumas esculturas incluem reproduções fiéis de elementos da fauna retratados por Portinari, que são também muito apreciadas. Já chegamos a exportar esculturas de dois metros de altura! É impossível não notar que, no Rio de Janeiro, as duas maiores joalherias do país costumam ter suas lojas lado a lado, em diversos pontos da cidade. Como isso ocorreu e como se dá esta convivência tão próxima entre dois históricos concorrentes? A primeira loja da Amsterdam Sauer foi fundada no ano de 1952 no edifício Chopin, quando não havia nenhuma outra joalheria nos arredores. O fato de joalherias


Especial Fotos: Divulgação

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

6

Conheça melhor a estrutura de atendimento da Amsterdam Sauer

Foto da inauguração da primeira loja da Amsterdam Sauer, em 1952, na Avenida Atlântica, onde continua funcionando até os dias de hoje

concorrentes estarem próximas só beneficia os clientes e também o trabalho dos guias. Além de indicar uma boa joalheria, o que mais um guia de turismo pode fazer para ajudar a vender uma jóia? Todo bom profissional, seja guia de turismo ou de área correlata, deve estar preparado para melhor atender seus clientes, por-

tanto deve conhecer as vantagens competitivas e diferenças de seus fornecedores, incluindo aí o mercado joalheiro. Apesar da grande valorização do real, que deverá se manter assim por um bom tempo, as jóias continuarão como um grande atrativo para o turista, pois contribuem muito para a experiência de sua visita e pelo prazer que elas transmitem ao coração!

Eduardo Amorim

Jean Dupont

Uri Aronson

OPERAÇÕES Sob a coordenação de Eduardo Amorim, responsável também pelo atendimento para a língua inglesa, a equipe de operações se divide assim, de acordo com o idioma dos grupos: EDUARDO AMORIM inglês TÂNIA NOVARRO russo LI BIXIA LIA chinês STEPHANE ROUX francês ALESSANDRO RAGOZZINO italiano UWE WANECK alemão GUILHERME KUNIGAMI japonês RICARDO MARTINEZ espanhol URI ARONSON atendimento a FITs (individuais)

ATENDIMENTO AO TRADE JEAN DUPONT Coordenador de Atendimento ao Trade MARA VELIHOVETCHI Atendimento ao Trade


Trade

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

7

Rio Cidade Nova Convention Center

A

região central do Rio de Janeiro, repleta de comércio variado e escritórios, ganha no próximo mês de julho seu mais novo espaço para a realização de eventos de médio e pequeno porte. Trata-se do Rio Cidade Nova Convention Center, localizado na Cidade Nova. O complexo ocupará uma área de 16 mil metros quadrados, sendo que a área construída é de quase 42 mil metros quadrados. Dessa forma, congressos, convenções e feiras, antes montados no Riocentro, poderão, agora, mudar de endereço. O centro de exposições e convenções terá capacidade total para seis mil pessoas e será dividido em dois pavimentos, além de dois mezaninos e garagem subterrânea. Um outro fator positivo é sua localização: por ali passam centenas de linhas de ônibus e próximo há duas estações do metrô – Estácio e Praça 11. No primeiro pavimento ficarão o Salão Nobre, que será a entrada principal, acessível pela Avenida Paulo de Frontin; e o Salão de Exposições. Os espaços contam com acessos independentes, permitindo a realização simultânea de duas feiras ou eventos distintos. Na área externa (Praça de Eventos), com tratamento paisagístico, haverá a possibilidade de montagens provisórias ao ar livre. O segundo andar abrigará o Centro de Congressos e Convenções. Um dos espaços multifuncionais, o Salão de Congressos terá área total de 2.500 metros quadrados, que poderá ser subdividido em oito grandes salas, com 300 metros quadrados, através de painéis acústicos retráteis.

Já o Hall de Congressos, com 2.600 metros quadrados, poderá ser integrado ao Salão de Congressos, criando mais um grande espaço para eventos e feiras. O andar acomoda ainda nove salas para reuniões, seminários, conferências, workshops e escritórios, com áreas de aproximadamente 120 metros quadrados. O Rio Cidade Nova Convention Center é sinônimo de conforto e modernidade. Além de escadas rolantes, haverá quatro elevadores, sendo um panorâmico, um de automóveis/carga e dois de serviços/cargas. Para que essa obra saísse do papel, foi necessário um investimento de 56 milhões, dinheiro que logo retornará aos cofres públicos. Na visão de especialistas, o empreendimento vai possibilitar a realização de diversos eventos, favorecendo o turismo na Cidade Maravilhosa.

As imagens das maquetes foram gentilmente cedidas pelo Instituto Pereira Passos, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Construção do século XIX faz contraste com a modernidade do Rio Cidade Nova Convention Center

O

Rio Cidade Nova Convention Center, que tem como vizinhos prédios como o da Prefeitura do Rio, Teleporto e dos Correios, terá em suas imediações uma construção de estilo bem diferente. Tratase de um prédio tombado, cuja utilização ainda será definida. A edificação de três andares teve sua construção iniciada em 1869, mas em 1907 foi totalmente reconstruído e adaptado para abrigar o Hospital das Crianças, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia. A intervenção deu ao prédio os principais traços de sua atual feição, fortemente influenciada pela arquitetura palaciana italiana do século XVI. O projeto foi de autoria do escritório de arquitetura de Antonio Januzzi, um dos maiores do Rio de Janeiro à época, ao lado de Heitor de Mello. O casarão resistiu às radicais intervenções urbanísticas impostas aos bairros da Cidade Nova e Estácio, ao longo das décadas de 70 e 80. No início da década de 90, foi adaptado, servindo de sede e estúdios da TV Rio, descaracterizando estrutura original, espaços internos e fachadas. Mas, em 31 de janeiro de 1997 foi tombada através do Decreto Municipal 15.502, tornando obrigatórios todos os elementos originais externos remanescentes, como telhas do estilo francês, clarabóias, alpendres, escadas e esquadrias. O Brasil ficou em sétimo lugar no ranking dos captadores de eventos internacionais em 2006, segundo dados da Associação Internacional de Convenções e Congressos. Na nossa frente, apenas os países do primeiro escalão: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha e Itália.


Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

Etnoturismo

8

Preservando a Cultura Afro-Brasileira seu melhor estilo. Eis algumas das inúmeras atrações e instituições afro-brasileiras, parte integrante e essencial da história política e social da cidade, que já fazem parte do circuito turístico carioca:

“A verdade consiste em evitar o esquecimento. Existe um dever de memória, principalmente em relação ao que dói e incomoda” – Jacques Le Goff, historiador.

A

MONUMENTO A ZUMBI DOS PALMARES Av. Presidente Vargas, na altura do Sambódromo – Centro Fotos: Mauro Rubinstein

partir de meados do século XVI até a abolição da escravatura em 1888, mais de 3,5 milhões de africanos foram escravizados no Brasil. Aqui, um escravo sobrevivia em média a dez anos de sofrimento. Mesmo assim, temos hoje a segunda maior população afro-descendente no mundo, algo em torno de 77 milhões de pessoas ou 45% da população do país. A intensa miscigenação com o colonizador europeu durante e depois do período da escravidão não resultou, no entanto, em uma efetiva integração social. Hoje somos mais conscientes de que medidas urgentes devem ser tomadas para reverter a marginalização dos descendentes dos escravos, em grande parte, os habitan-

Igreja N. Sra. do Rosário, sede do movimento anti-escravagista que precedeu a Lei Áurea

tes das favelas que engrossam as estatísticas da exclusão social. A valorização da cultura afrobrasileira é fundamental para o reconhecimento da contribuição dessa comunidade, que vai muito além do futebol, da música e da dança. A cidade de Salvador da Bahia soube promover-se nacional e mundialmente como a capital da cultura afro-brasileira, enquanto o Rio de Janeiro, não menos importante como centro de referência negra, contentou-se com o Carnaval. Quem pesquisar na Internet se surpreenderá, por exemplo, com a falta de programas turísticos voltados à cultura negra carioca. Só se fala em Salvador da Bahia! No entanto, o Rio de Janeiro tem a oferecer uma belíssima história de quase quinhentos anos de resistência do negro e um dia há de orgulhar-se dela. Para os visitantes afro-americanos que têm vindo ao Rio em número cada vez maior, a experiência surpreende e emociona. Essas visitas às instituições afrobrasileiras ajudam no seu fortalecimento e preservação, pois elevam a auto-estima de membros de comunidades, geralmente vulneráveis e carentes. É o Turismo em

A Confederação dos Palmares composta por escravos rebelados das plantações de cana de açúcar resistiu a 66 ataques e contraatacou 33 vezes, de 1590 até sua total destruição, em 1695. Não houve sobreviventes. Por mais de 100 anos existiu como uma região autônoma no estado de Alagoas, mantendo um bom relacionamento com comunidades vizinhas e até com os holandeses, ao norte. Tornou-se o mais importante desafio ao domínio português no período colonial. Zumbi, chefe militar do Quilombo de Palmares, foi morto e decapitado em 20 de novembro de 1695, aos 40 anos. Desde 1986, com a inauguração do monumento ao herói da resistência africana nas Américas, o dia 20 de novembro tornou-se o Dia Nacional da Consciência Negra. À falta de qualquer referência física de Zumbi, optou-se por representálo com uma réplica de uma cabeça de um guerreiro nigeriano, esculpida entre 1200 e 1300. A peça original encontra-se no Museu Britânico, em Londres.


Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

Etnoturismo

CEMITÉRIO DOS PRETOS NOVOS Rua Pedro Ernesto, 36, Gamboa

Em 1996, Merced e Petruccio compraram uma casa do século XVII com o intuito de reformá-la. Ao escavarem o quintal da casa, perceberam que se tratava de um lugar muito especial, de dolorosa memória. Foram encontrados restos mortais de escravos africanos, fragmentos de esqueletos, artefatos de barro e metal e vidro. Um cemitério de cuja existência os historiadores suspeitavam, mas do qual desconheciam a exata localização. Examinados, os fragmentos revelaram o triste destino de jovens vítimas da escravidão – na maioria crianças – que não resistiram à viagem através do Atlântico e morreram na chegada, antes mesmo de serem vendidos. O achado mudou os planos e a vida do casal: com recursos próprios Merced e Petruccio resolveram transformar a casa em um sítio arqueológico e, em seguida, criaram um centro cultural aberto à visitação pública gratuita. O antigo cemitério é hoje um memorial ao sofrimento de um povo.

América Latina. Foi batizado em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos pais da independência do Brasil, grande intelectual brasileiro, reformista e pioneiro nos estudos do meioambiente. José Bonifácio defendia, ainda em 1820, que a escravidão era a fonte de todos os males por destruir os princípios básicos para o progresso social: a dignidade humana, a iniciativa e a riqueza dos recursos naturais. Mais tarde nomeado tutor do jovem imperador Pedro II, seus inimigos acabaram forçando-o ao exílio. Em 1983 foi transformado no Centro de Memória e Documentação Brasileira, voltado à preservação da herança afro-brasileira. Possui uma biblioteca com cinco mil volumes, sala de vídeo e espaço para concertos. Em suas instalações funcionam a Galeria de Arte Heitor dos Prazeres, o Teatro Ruth de Souza, com capacidade para 150 espectadores, o espaço Cine Vídeo Grande Othelo, com 60 lugares, e Biblioteca Popular. O Centro oferece cursos, feira de livros, exibição de filmes e vídeos, oficinas de arte, seminários, exposições e espetáculos teatrais e musicais, além de estabelecer intercâmbio com várias instituições similares do país e do exterior.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO DOS HOMENS PRETOS E MUSEU DO NEGRO Rua Uruguaiana, 77 - Centro

CENTRO CULTURAL JOSÉ BONIFÁCIO Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa

Inaugurado por D. Pedro II em 1877, o casarão em estilo neoclássico com magníficos interiores foi a primeira escola pública da

O culto a Nossa Senhora do Rosário tem origem em 1639. A construção da igreja foi iniciada em 1700, em terreno doado à irmandade na rua da Vala (atual Uruguaiana). Abrigou a Sé de 1737 a 1808, até a mudança para a igreja do Convento das Carmelitas, mais perto da residência da família real. Abrigou o Senado de 1809 a 1824, tendo sido palco de importantes acontecimentos históricos,

9

Museóloga Juracy Caetano da Silva, curadora do Museu do Negro

como a preparação do Dia do Fico e o movimento pela abolição da escravatura. As festas organizadas pela confraria, em que se encenava a Corte do Rei Congo, são consideradas precursoras do carnaval de rua. Seu interior, quase desprovido de ornamentos, foi o resultado de um violento incêndio que destruiu a igreja em 1967. Em anexo funciona o Museu do Negro, centro de religiosidade popular, com exibição de peças

para o suplício de escravos, relíquias e material iconográfico. Uma imagem da escrava Anastácia é objeto de intensa devoção popular. Festas importantes: Quatro de abril, dia de N. Sra. do Rosário; e 8 de outubro, dia de São Benedito. Missas: de segunda a sábado, às 8h, 12h e 16h; e no primeiro domingo de cada mês, às 11h, missa solene com o coro da irmandade.


Trade

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

10

Diretor da Grayline chuta o balde e desafia a Lei O SINDEGTUR / RJ reage a e-mail ultrajante

O

sócio-diretor da Grayline Celso Antônio Vianna e Silva resolveu desafiar as leis trabalhistas: acaba de criar um movimento para impedir que guias de turismo entrem na justiça reivindicando seus respectivos direitos quando forem dispensados de alguma agência. A atitude do empresário foi motivada por um ex-trabalhador informal da Grayline que, dispensado depois de ter prestado serviço à agência como guia de turismo por quase 20 anos, resolveu buscar seus direitos na Justiça do Trabalho. E-MAIL DÁ ORIGEM À CONFUSÃO Celso Antônio se valeu dos recursos da internet e, por e-mail, divulgou o caso para diversas agências, o que, a partir de então, deixou de ser sigilo. Conclusão: a mensagem acabou sendo enviada para o SINDEGTUR / RJ. Foi nessa ocasião que o Sindicato ficou sabendo que o sócio-diretor da Grayline levantara um falso testemunho contra a entidade. No texto, acusa o SINDEGTUR / RJ de ter influenciado o comportamento do guia. “A disputa foi patrocinada pelo sindicato, com a intenção de motivar os guias a fazerem o mesmo, caso tivessem sucesso” – afirma ele. O SINDICATO RESPONDE O SINDEGTUR / RJ deixa claro que não realizou cálculos trabalhistas no processo citado, nunca produziu provas, nunca fez qualquer proposta de acordo com a Gray Line, nem incita guias a entrarem na Justiça do Trabalho, ainda que defenda publicamente a existência de vínculo empregatício nas relações de trabalho entre

grande parte dos guias de turismo e agências de viagens. Certamente o sindicato apoiará todo e qualquer pleito legítimo de seus associados na obtenção de seus direitos. O vice-presidente do SINDEGTUR /RJ Mauro Rubinstein esclarece também que não houve absolutamente qualquer violação de correspondência. Segundo ele, “não invadimos computadores, apenas recebemos cópias do e-mail difamatório do Sr. Celso Antonio, de diferentes fontes. Ao ser enviado para cerca de 30 agências, o mesmo não pode ser considerado um documento privado, como gostaria o autor. Não houve dolo de nossa parte”. “LISTA NEGRA”: UMA ILEGALIDADE Dos R$ 200 mil iniciais pleiteados pelo advogado do guia, a agência pagará apenas 12 mil, em 12 parcelas de mil reais, informação que consta no e-mail divulgado pelo diretor da Grayline. Mesmo assim, ele propôs a criação de uma “lista negra”. O objetivo é incluir nela o nome de todos os guias que forem dispensados das agências e que buscarem apoio na Justiça para reivindicar seus direitos. O documento será enviado para todas as agências, para que esses guias não tenham possibilidade, depois, de conseguirem trabalho. No e-mail, Celso Antônio Vianna e Silva prova que sua munição contra os guias está poderosa. “Entrei em contato com as empresas que eu sabia que costumavam utilizar os serviços dele, alertando que se nós continuássemos a dar serviços a quem entra na justiça contra nós, seria um incentivo para que outros também o fizessem, já que se nós, os empresá-

rios, não estamos unidos para proteger nossos próprios interesses, quem o fará?” Mais adiante, conclui: “Tive sucesso em parte, pois ele continuou trabalhando não para todas, mas para algumas empresas, numa atitude que me lembrou o raciocínio dos PMs, que vendem armas aos bandidos que depois atiram neles!” ARREPENDIMENTO TARDIO O sócio-diretor da Grayline enviou, há poucos dias, e-mail a Mauro Rubinstein desculpando-se pelo ocorrido. Celso Antônio diz que “em primeiro lugar, errei quando disse que a ação foi patrocinada pelo Sindicato, pois essa informação me foi passada por ele (o guia que reivindica seus direitos), que, inclusive, durante todo o processo, nas diversas tentativas de acordo, mencionava que a dificuldade na realização do acordo, ou a própria desistência da ação – já que se arrependia de tê-la feito – esbarrava na posição do Sindicato. Ele devia estar querendo dizer dos advogados”. E fecha o raciocínio: “Tais dificuldades realmente existiram – até mesmo no ato da assinatura do acordo –, que quase não saiu devido a desentendimentos referentes a honorários. Como os advogados que o defenderam são os responsáveis pela parte jurídica do Sindicato, acreditei. Esse foi meu erro. Ele mentiu durante todo o processo, não deveria ter lhe dado crédito.” As justificativas do Sr. Celso Antonio não convenceram a diretoria do SINDEGTUR / RJ, que considera o caso muito grave por prejudicar direitos assegurados em lei de toda a categoria profissional de guias de turismo.

Os guias de turismo reagem Reunidos em assembléia geral em 11 de abril de 2007, os guias de turismo decidiram – por unanimidade, com uma abstenção – solicitar à direção do SINDEGTUR / RJ a autuação do Sr. Celso Antonio Vianna e Silva junto ao poder público, após a apresentação dos fatos, inclusive as justificativas enviadas posteriormente pelo citado empresário. A assembléia considerou absolutamente inaceitável a criação de uma “lista-negra” de guias. A assembléia deplorou também a campanha difamatória contra o SINDEGTUR / RJ e exigiu providências. Esperamos que o episódio sirva de lição para aqueles que se acham fora do alcance das leis e da ética. NOVO PISO DE REMUNERAÇÃO POR SERVIÇO PARA 2008 Na mesma assembléia geral ordinária de 11 de abril de 2007 foi votado por unanimidade a reposição de 5% sobre o atual Piso de Remuneração por Serviço, para o ano de 2008, assim como a adoção de novo cálculo para o valor das horas extras noturnas, a partir de meia-noite. A assembléia levou em conta as atuais dificuldades dos contratantes devido às quedas na cotação do dólar. Uma futura recuperação no câmbio poderá ensejar uma reavaliação do PRS 2008.


Trade

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

Cresce a campanha “Vote no Cristo”

R

evigorada com a participação da nova ministra do Turismo Marta Suplicy, a campanha para eleger a estátua do Cristo Redentor, como uma das sete novas maravilhas do mundo, entra na reta final com o lançamento de filmetes publicitários, apresentados no Espaço Cultural do Trem do Corcovado, no dia 12 de abril. O Cristo Redentor do Rio de Janeiro está concorrendo com outros 20 monumentos e lugares de diversos países. Cerca de 200 monumentos do mundo inteiro participaram da seleção realizada por especialistas, até se chegar aos sete finalistas. A votação poderá ser feita até o dia 7 de julho no site www.new7wonders.com ou no site corcovado.com.br. Dá para votar também através do celular e nos stands localizados em diversos pontos da cidade. O Cristo está em 13º entre os 21 mais votados, mas vai precisar de uns 10 milhões de votos, para chegar entre os sete finalistas que ficarão com o título. Por enquanto estão entre os Top 7: Chichén Itzá, no México; o Coliseu de Roma, a Grande Muralha da China; Macchu Picchu, no Peru; Petra, na Jordânia; as Pirâmides de Gizé, no Egito, e o Taj Mahal, na Índia. Sávio Neves (Trem do Corcovado) dá as boas-vindas à ministra Marta Suplicy Da esquerda para à direita: Eduardo Paes, secretário estadual de Turismo, a ministra Marta Suplicy e Rubem Medina, secretário municipal de Turismo exibem a camiseta da campanha

Fotos: Mauro Rubinstein

Paulo Senise, diretor-executivo da RCV&B apresenta os filmes publicitários à ministra, aos secretários e à imprensa

11

Turismo e Política de braços abertos

T

urismo também é cidadania” – é o que prega o guia Wagner Medeiros, coordenador do Núcleo de Turismo do PT. E não só diz como cumpre. No dia 16 de março, ele deu início a uma série de passeios com profissionais da área de turismo, que, mesmo trabalhando em atividades ligadas ao setor, não têm acesso aos atrativos da nossa Cidade Maravilhosa. A estréia foi O guia Wagner Medeiros lança com um grupo de carregaprograma de turismo social dores (ou maleteiros) do Píer Mauá, que fizeram um city tour, incluindo o Corcovado e a Catedral. Para a realização do passeio, Wagner Medeiros contou com o apoio da empresa de transportes JW e do Trem do Corcovado. Adilson Raposo Corrêa, presidente do Sindicato dos Carregadores, aprovou a iniciativa: “Foi muito mais que uma visita ao Cristo, foi uma aula de história, geologia e cultura, algo que nossas famílias nunca tiveram antes”. Entusiasmado com o projeto, o ativista do Turismo Wagner Medeiros garante que os próximos convidados serão os trabalhadores da hotelaria.


Notas

Ano 9 • Nº 45 • Edição abril 2007

12

Boca no Microfone Uma seção reservada para os problemas, bobagens e absurdos que afligem o cotidiano do turista e do guia de turismo, mas também um espaço garantido para os momentos que dignificam a atividade profissional e a existência humana.

OS ÔNIBUS DE TURISMO (E OS TURISTAS) QUE SE VIREM Autoridades do Trânsito e do Turismo, agentes de viagens e transportadores parecem não perceber que não há onde parar ônibus de turistas na cidade do Rio de Janeiro. Sempre depende da boa vontade policial, às vezes, lamentavelmente, estimulada pela cervejinha, para parar na orla marítima, estação Cosme Velho, avenida Pasteur, Praça Mauá e outros logradouros essenciais para a atividade turística, incluindo nossos aeroportos! A cidade nunca previu o turismo de massa e o pior é que sequer reconhece a sua existência. E olha o PAN aí, gente!

QUEM AVISA, AMIGO É Temos recebido queixas de guias que estão sendo pressionados por algumas agências do receptivo carioca a não aceitar trabalhos em agências concorrentes. Esta pressão é ilegal, não-ética e não será tolerada pelo SINDEGTUR / RJ. Guias de turismo autônomos não devem ser envolvidos em disputas comerciais entre empresários: uma das características do trabalho autônomo é justamente a liberdade para prestar serviços a quem quiser. Quem precisa de guia com exclusividade deve registrá-lo como funcionário! Este “belicoso” sindicato (assim nos chamam alguns agentes de viagens quando protestamos) avisa que tomará providências contra este abuso.

O COSME VELHO VAI MAL, OBRIGADO Enquanto não se resolve a questão do transporte turístico na área da estação do Trem do Corcovado e a desordem urbana nos entornos continua sem combate, outros grandes atrativos da região são atingidos pela política do descaso: várias casas no Largo do Boticário foram invadidas e degradadas e o Museu Internacional de Arte Naif, entre os melhores do mundo no gênero, fecha as portas ao público por absoluta falta verba e de interesse do poder oficial.

E O LARGO DO BOTICÁRIO, DE MAL A PIOR Segundo uma denúncia de uma guia que prefere manter o anonimato, uma certa senhora, dona de um brechó localizado em uma das casas no Largo do Boticário, tentou cobrar R$ 1.000,00 de um grupo de cinegrafistas turcos para entrar na casa e ter o direito de comprar bonecas, azulejos pintados e outros cacarecos. Como não conseguiu nada do grupo, pediu esmola, invocando a ira de Deus, para o constrangimento de todos, já chocados com o aspecto decadente do outrora bucólico largo.

EM FOZ DO IGUAÇU: GUIAS DE TURISMO 1 X 0 IBAMA Em reação à incompreensível e infundada atitude do IBAMA em baixar portaria impedindo guias de turismo de oferecer seus servi-

ços no Centro de Visitantes do Parque Nacional do Iguaçu, o SINGTUR-FOZ entrou com mandado de segurança na Justiça Federal e conseguiu liminar favorável aos guias de turismo sindicalizados que continuarão, assim, a oferecer seus serviços em toda a área do Parque Nacional de Foz do Iguaçu. Parabéns ao presidente do Sindicato dos Guias de Foz, Walter Schroeder, pela belíssima vitória. É isso mesmo, você entendeu certo: tiveram que ir à Justiça para poder trabalhar em paz!

ENQUANTO ISSO, NO RIO, O IBAMA FAZ GOL CONTRA O IBAMA multou a empresa Trem do Corcovado e apreendeu águas, latas de refrigerante e outros produtos postos à venda na estação do Corcovado, em ação com grande estardalhaço, na presença de turistas atônitos. Por quê? Ninguém entendeu, pois normalmente quem fiscaliza o comércio é a Prefeitura. Conforme já foi denunciado pela imprensa, na guarita de pedágio na estrada de acesso ao Redentor acontece de tudo; na área de estacionamento houve até desmatamento promovido pelos senhores flanelinhas; a área do Parque Nacional da Tijuca há muito tempo vem sendo invadida; os quiosques de informação no Corcovado foram arrombados duas vezes e os computadores roubados, mas o que parece preocupar mesmo o IBAMA é a venda de

água mineral a turistas sedentos enquanto esperam o trem, na plataforma de embarque de uma empresa privada! A ação punitiva venceria facilmente o FeBeAPá (Festival de Besteiras que Assolam o País), criado pelo saudoso Stanislau Ponte Preta nos anos 60 e que continua mais atual do que nunca.

VIVA TAMARA E MARION: NEM TUDO ESTÁ PERDIDO! A presidente da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, Maria Ercília Leite de Castro, nos enviou correspondência elogiando as guias de turismo Tamara Telles Ribeiro e Marion Alberti, que acharam uma carteira no Morro da Urca e acionaram a segurança. Diante delas, o coronel Siqueira, assessor de segurança patrimonial da CCAPA, abriu a carteira e se surpreendeu com a grande quantidade de dinheiro encontrada, assim como documentos, cartões de créditos e a chave do hotel. O proprietário foi localizado: tratava-se do ministro da energia de Honduras que, feliz da vida, não poupou elogios: “Se antes já gostava do Brasil, agora o amo”, disse. HHH Agradecimentos especiais pelas contribuições aos nossos colegas Gerardo Millone (“O Guia Legal”), Márcia Silveira e Alexandre Miranda.

50% de desconto para Guias sindicalizados GRACE CAROLINE STORNI ROCHA Psicóloga – CRP 05/25339 Av. Amaral Peixoto, 479 sala 909, Centro, Niterói, RJ Largo do Machado, 29 sala 1008, Catete, RJ, Tel. 9692-5058 – 3703-6809 E-mail: gracestorni@terra.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.