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No Brasil dos anos 20, o regime dominado pelas antigas oligarquias rurais começa a se desmoronar diante do descontentamento generalizado. Reagindo à crise econômica e política, rebeliões militares eclodem no País e dirigem-se à capital, a cidade do Rio de Janeiro. O movimento, liderado por Getúlio Vargas, obtém apoio entusiasmado dos mais diversos setores da população, e ficará conhecido na História como a Revolução de 1930.


Neste momento, a construção do Monumento ao Cristo Redentor

representa importante etapa no esforço da Igreja Católica Brasileira em recuperar o prestígio e a

influência dos tempos monárquicos.


As iniciativas para a construção de monumentos ao Cristo Redentor e Rei surgiram durante o papado de Leão XIII. que, em 1891, na encíclica

Rerum Novarum, consagra a humanidade ao Coração de Jesus.

Estes monumentos, dos quais o Cristo Redentor do Rio de Janeiro é o mais conhecido, apresentam o Cristo Ressuscitado como o

Redentor, num gesto de bênção, proteção e domínio.


O Corcovado nos anos 1910, visto da rua S達o Clemente, pela lente de Marc Ferrez. E no postal de A. Ribeiro, nos anos 1940.


Rua São Clemente esquina com a Praia de Botafogo, no final do século XIX.


O Corcovado e a praia de Botafogo, no inĂ­cio do sĂŠculo XX


Engenheiro Heitor da Silva Costa, o Construtor Filho do juiz José da Silva Costa, que foi membro do Conselho do Estado do Império e representante e procurador de D. Pedro II após a Proclamação da República, Heitor da Silva Costa nasce na cidade do Rio de Janeiro em

25 de julho de 1873, onde se forma Engenheiro Civil e Industrial, pela antiga Escola Politécnica.

Dedica-se depois de formado ao estudo da

arquitetura, sendo livre-docente da Escola de Engenharia da Universidade do Brasil e professor de Desenho de Arquitetura na

Escola Politécnica.


Além de projetista e engenheiroconstrutor do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, é também autor de diversas outras obras, como o Cristo Redentor de São João Del Rei, a Nossa Senhora de Fátima e a conclusão da Catedral de São Pedro de Alcântara, ambos em Petrópolis e o projeto do monumento a D. Pedro II, no Rio de Janeiro. “Fazer uma imagem de Cristo é uma alta aspiração e uma grande responsabilidade. Fazê-la em proporções descomunais seria, sem dúvida, a aspiração e responsabilidade máximas de uma vida.”


Padre Pedro Maria Bos, o Visionário Capelão do Colégio da Imaculada Conceição em Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Da janela de seu escritório, imagina uma

estátua do Cristo Redentor no topo do Corcovado, em 1859. Sobre o tema, escreve em 1903, no prefácio de sua tradução do livro Imitatio Christo: “O Corcovado! ...Sim, aqui está o pedestal único no mundo! [...] Quando vem a estátua como eu [Corcovado] colossal, imagem de Quem me fez?” Consegue o apoio da Princesa Isabel, mas a queda do Império impede que a

idéia vingue na virada do século. Não viveu para ver seu sonho realizado...


Cardeal Sebastião Leme da Silveira Cintra 3º Arcebispo do Rio de Janeiro, fundador da PUC (Universidade Católica), foi o grande líder

eclesiástico dos conturbados anos 20 e 30.

“Por seu entusiasmo constante e superior

orientação a todos os trabalhos, foi a alma deste monumento. Sem ele, nada teria sido feito, e tudo não passaria de um belo sonho.”


Maximilien Paul Landowski, o Escultor Arquiteto e estatuário francês, membro do Instituto de França, diretor

da Escola de Belas Artes em Paris e condecorado com a Legião de Honra. Escultor do Monumento ao Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Creditava seu talento a um acidente de infância que afetou temporariamente sua visão. Ali nascia a sensibilidade maior nos dedos e mãos, patrimônio dos grandes escultores. Nascido em Montmartre, Paris, onde sempre viveu, nunca pode vir ao Rio de Janeiro para ver sua criação de perto.


Carlos Oswald, o Desenhista Estudos de Carlos Oswald para o monumento ao Cristo Redentor.

Filho de brasileiros nascido no exterior, pioneiro da gravura artística no Brasil e

desenhista do Cristo. Em seu livro, “Como me tornei pintor”, Carlos Oswald conta como surgiu a forma final: “Foi então que resolvemos dar à figura de Cristo o aspecto da própria cruz, estendendo o mais possível os braços, aprumando verticalmente o corpo, para obter-se, à grande distância, como que uma cruz plantada no granito.”


Heitor Levy, o Arquiteto-Executor Arquiteto encarregado da construção. Nas palavras de sua neta, Ruth D’ Eccanio, a missão representava para ele, “a própria vida”.

Ao voltar de uma viagem com Heitor da Silva Costa, a Paris, tendo falecido a esposa, “meu avô, judeu de nascimento, homem refinadíssimo, fez uma renúncia

total, em função desta obra. Ele, que só usava copos de cristal europeu, foi morar num barracão de madeira junto com os operários. E nele morou durante sete anos, dedicando-se integralmente à obra”.


Pedro Vianna da Silva, o Engenheiro-Supervisor

Seu filho, Oscar Vianna da Silva, lembrava em 1981: “Para meu pai, foi o seu sonho dourado. Era muito amigo do Dr. Levy e assim, estava lá, diariamente, com ele. Um entusiasta da obra.”


Duas gravuras do ciclo da Paix達o de Cristo, obra de Gr端newald, pintor expressionista alem達o do s辿culo XVI:

o Senhor Agonizante e o Senhor Morto.


Estas reproduções pertenciam ao acervo particular de Heitor da Silva Costa e serviram como fontes de

estudo e inspiração, que culminariam na criação do Cristo Redentor do Rio de Janeiro e o de São João Del Rei, imagens do Senhor Ressuscitado.


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