Revista Reação

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editorial A Revista Nacional de Reabilitação - REAÇÃO - é uma publicação bimestral da C & G 12 – Comunicação e Marketing S/C Ltda. Telefone (PABX): (11) 3873-1525 Fax: (11) 3801-2195 www.revistareacao.com.br contato@cg12.com.br Diretor Responsável - Editor Rodrigo Antonio Rosso Reportagem: Maria Luiza de Araujo Marketing e Redação Beatriz Martins

Rodrigo Antonio Rosso Diretor/Editor

Momento de encontros e novidades

O

mês de abril chegou... e com ele, chega mais uma edição da REATECH !!! É sempre muito bom rever os amigos, parceiros, assinantes da revista... afinal, praticamente TODO o segmento da pessoa com deficiência participa ou pelo me-

nos visita a feira. São 4 dias de encontros, abraços... e haja assunto para tanta conversa. E no meio de tudo isso, muitas novidades, lançamentos, produtos, serviços, projetos e negó-

Consultores Técnicos: Romeu Kazumi Sassaki Carlos Roberto Perl

cios. Não há como negar: o nosso mercado espera mesmo pela REATECH e cá para nós, a

Colaboradores: Adriana Buzelin Alex Garcia Celise Melo (Celelê) Cristiane Rose Duarte Deborah Prates Maria Aparecida de Mello Fabiano Puhlmann Flávio Scavasin Hermes Oliveira Hudson Lima Isabel Mcevilly Karolina Cordeiro Kica de Castro Luciene Gomes Marcia Gori Merian Ribeiro Neivaldo Zovico Regina Cohen Samara Andresa del Monte Scott Rains Silvia de Castro Suely Carvalho de Sá Yanes Tales Lombardi Wiliam Machado

particular, é até de certa forma gratificante... motivo de orgulho. Afinal, a REATECH, como

Fotos Capa Divulgação

Começamos com tímidos 30 expositores num espaço com cerca de 5 mil m², pouco mais

Distribuição José Faustino Depto. Comercial: Etiane Bastos

engrenagem só começa a girar em nosso setor quando a feira começa. Isso, para mim em todos sabem, nasceu da Revista Reação e a partir de uma ideia minha, de um conceito de feira com ponto de encontro e negócios, que pude conceber de acordo, na época – isso lá em 1999/2000/2001 – com a necessidade e o momento que o nosso segmento vivia. Nós estávamos órfãos de um evento que pudesse atender os anseios, tanto das empresas e profissionais do setor, como também das pessoas com deficiências e suas famílias. E foi aí então que criei o conceito e o projeto estrutural todo da REATECH... que é bem verdade, só se fez realidade quando concretizamos a parceria com o Grupo Cipa – uma das principais promotoras de feiras e eventos do País na ocasião – e que, com toda sua estrutura e recursos, colocou a feira em pé. Foi uma parceria de sucesso ! A primeira REATECH surgiu então em 2002... ainda pequena, tímida, mas feita com muito amor, zelo, responsabilidade e profissionalismo. Durante 10 anos, Revista Reação e a Cipa viram a feira só crescer... chegamos a colocar a REATECH como a 3ª maior feira para pessoas com deficiência e tecnologias assistivas do mundo, só atrás de Alemanha e EUA. de 8 mil visitantes foi o que recebemos em 2002... E chegamos rapidamente a mais de 20 mil m², ocupando mais de um pavilhão e meio – fora a área externa onde acontece o test-drive dos veículos adaptados – ultrapassamos a casa dos 200 expositores e batemos a marca de 45 mil visitantes... números históricos. Marcas que ficarão para a história de um segmento. A REATECH marcou a vida e a trajetória da PcD no Brasil. Isso é inegável !

Assinaturas:

Fone: 0800-772-6612 Tiragem: 20 mil exemplares Redação, Comercial e Assinaturas: Caixa Postal: 60.113 - CEP 05033-970 São Paulo - SP É permitida a reprodução de qualquer artigo ou matéria publicada na REVISTA NACIONAL DE REABILITAÇÃO, desde que seja citada a fonte.

Em 2011, deixei a organização da feira... passei a minha parte do negócio para o Grupo Cipa, que a partir de então assumiu sozinho a REATECH. E de lá para cá muita coisa mudou na feira. O Grupo Cipa foi adquirido pela multinacional italiana Fiera Milano, que a partir desse ano, passou a ser a organizadora da REATECH, com diretoria nova e equipe também. Com a chegada da Fiera Milano, o nome REATECH ganhou o mundo, e hoje acontecem feiras com esse nome em pelo menos mais 4 países. Esse é um ano diferente... teremos uma REATECH diferente – com nova administração – e provavelmente algumas novidades. Teremos Copa do Mundo no Brasil, eleições... Está sendo um ano diferente desde o seu início, até porque, está passando ainda mais rápido que os outros. É um ano de incertezas, ansiedades, mudanças quem sabe... De qualquer forma, só tem um jeito de saber como será 2014 de verdade: vivendo e trabalhando... todos os dias, com garra e amor colocando em tudo o que a gente faz !!! Boa feira a TODOS... até lá !

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“Mas tu, Senhor, és o escudo que me protege; és a minha glória e me fazes andar de cabeça erguida”... Salmo 3.3

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entrevista

Marta Gil Uma dos nomes mais respeitados no meio, essa paulistana, formada em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, é especialista em comunicação e disseminação da informação na área da deficiência, especialmente em temas como trabalho e educação

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trajetória de Marta Gil junto a pessoas com deficiência começa em 1976, quando foi convidada pela Fundação de Atendimento na Cegueira (FACE) a elaborar uma pesquisa sobre o perfil sociológico das pessoas com deficiências visuais (cegueira e baixa visão) no Brasil, com parceria da Fundação Projeto Rondon e Associação Brasileira de Educação de Deficientes Visuais (ABEDEV). Não havia, na época, nada sistematizado sobre o assunto: a “invisibilidade” dessas pessoas era ainda maior do que hoje. O quadro encontrado foi desolador nos nove estados pesquisados até 1982: pessoas com deficiências visuais não trabalhavam, pouco saíam e nem conheciam o sistema Braille, entre outras dificuldades.

Outro ponto de destaque em sua trajetória é a organização da Rede de Informações Integradas sobre Deficiência, na USP, em 1990, que teve como desdobramento a Rede SACI - Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação - projeto que coordenou até 2006 e que existe até hoje. Ela acredita que informação e comunicação são faces indissociáveis da mesma moeda: uma não existe sem a outra. É uma das fundadoras, e atual Coordenadora Executiva, do Amankay - Instituto de Estudos e Pesquisas (www.amankay.org.br), ONG que, desde 1989, atua na área de disseminação da informação para segmentos sociais em situação de risco, com ênfase no tema da deficiência. Atua como consultora para empresas e órgãos públicos, é palestrante em encontros nacionais e internacionais, tem um livro publicado sobre a história das pessoas com deficiência no SENAI-SP, participa de publicações e tem artigos em revistas, jornais e sites. Por sua trajetória, já ganhou vários prêmios, como uma Menção Honrosa no concurso “Projetos Inovadores Sociais”, promovido pela CEPAL/ONU e apoiado pela Fundação Kellogg e o Prêmio Mulher do Ano da Revista Cláudia, do qual foi finalista, além de menção honrosa no Prêmio Rádio Eldorado na categoria cidadania, entre outros. Marta Gil é também colunista da Revista Reação. Vamos conhecer um pouco mais de sua trajetória e seus projetos: Revista Reação - A sua coluna para a Revista Reação tem como tema o “Olhar inclusivo”. Como você encara a inclusão nos dias de hoje ? Marta Gil - Sou otimista e vejo que temos o que comemorar. Quando olho para trás e lembro de como era, de comentários ouvidos nas conversas dos mais velhos, sobre a “cruz” que as mães tinham que carregar, de respostas coletados pelos estudantes do Projeto Rondon – que eram orientados para escrever exatamente o que a pessoa dizia e que mostravam a total falta de conhecimento sobre sua condição e sobre as pouquíssimas possibilidades da época e comparo com a realidade atual, vejo diferenças significativas, que me estimulam a prosseguir. Dentre os avanços, gostaria de destacar a postura das pessoas com deficiência, que cada vez mais fazem sua voz ser ouvida, lutando por seus direitos. Por outro lado... vejo o quanto ainda temos que fazer. O preconceito, mais velado, porque é politicamente incorreto, continua forte e coloca obstáculos a cada momento. RR - A educação sempre ocupou um lugar central em seu trabalho. O Brasil tem uma educação inclusiva efetiva ? MG - Não, ainda não... Adoraria poder responder que sim... Temos ações e exemplos de políticas públicas inclusivas no campo


entrevista

educacional e também professores que, em suas salas de aula, adotam posturas inclusivas, buscando recursos pedagógicos e aplicando estratégias pedagógicas inclusivas. Temos, também, conhecimento acumulado: dissertações, teses, pesquisas, recursos de tecnologia assistiva, livros, vídeos, que relatam experiências, aprendizados e trazem sugestões. O caminho está sendo construído – aqui, o gerúndio está correto, pois há um processo em andamento. O site Diversa (www.diversa.org.br), que faz parte do Instituto Rodrigo Mendes, é um rico manancial de informações sobre a Educação Inclusiva – e com recursos de acessibilidade, para citar um exemplo e excelente fonte de informações. Mas falta muito para que possamos dizer que há uma educação inclusiva efetiva. Temos ações pontuais, profissionais e familiares empenhados. Mas também há fortes resistências, por parte de entidades “especiais”, de profissionais e de familiares, que chegam a órgãos de comunicação e a políticos. A inclusão é um processo, que começa dentro de cada um de nós. Envolve valores, sentimentos, noções aprendidas. Não se trata de apontar o dedo no nariz desta entidade abstrata chamada “sociedade” e esbravejar: “A sociedade não é inclusiva!”. É hora de nós fazermos a pergunta, baixinho, para nós mesmos: “Somos inclusivos?”. É bom lembrar, também, que mesmo nos países do tal Primeiro Mundo, que fizeram leis inclusivas antes do Brasil e onde a cultura da inclusão tem raízes mais profundas, ainda há dificuldades e desafios a serem enfrentados. Nem tudo é perfeito lá como às vezes parece ser. Afinal, estamos falando de natureza humana, que é composta de luz e sombra, de preconceito e de acolhimento. RR - Outro ponto que sempre mereceu sua atenção foi o mundo do traba-

lho. No seu ponto de vista, a inclusão na área é efetiva ? MG - É verdade, educação e trabalho têm sido os focos de minha atenção. Isso porque acho que são indispensáveis para participar efetivamente em uma sociedade produtiva como a nossa, que se organiza em moldes capitalistas. Se uma pessoa não tem acesso à educação e ao trabalho, ela não faz parte, fica à margem – tenha ou não uma deficiência. Assim, é indispensável que o grupo formado pelas pessoas com deficiência ou com alguma limitação, que correspondem a 24% da população total brasileira – tenham acesso a esses direitos. Para mim, a educação deve preparar para a vida; ela não é um fim em si mesma. Ninguém fica a vida toda na escola. Assim, é indispensável que ela prepare para o mundo do trabalho, desenvolvendo o potencial de crianças e jovens com deficiência. Não, infelizmente a inclusão também não é efetiva no mundo do trabalho. Há iniciativas excelentes, que têm um potencial multiplicador: empresas que relutam, no início, mas depois desen-

volvem políticas inclusivas e obtém ótimos resultados, em termos de sustentabilidade, produtividade, clima organizacional. A viabilidade da inclusão e sua contribuição para a sustentabilidade e produtividade da empresa foram demonstradas onde nunca se imaginou: na indústria da Construção Civil pesada - pesquisa feita em canteiros de obras mostrou resultados positivos, derrubando o mito da impossibilidade da presença de trabalhadores com deficiência nesses locais. Esses fatos e números mostram que a inclusão no trabalho é possível e que traz benefícios às empresas, aos próprios trabalhadores e suas famílias e à sociedade em geral: mais pessoas trabalhando, produzindo, consumindo e pagando impostos. Por outro lado, ainda há muitas resistências nas empresas, da alta direção ao chão de fábrica, passando pelo setor de Recursos Humanos. Entendo que elas vêm da falta de informação e da falta de convivência com pessoas com deficiência. RR - Você é uma consultora bastante procurada pelas empresas. Quais os principais problemas enfrentados na inclusão de trabalhadores com deficiência ? O que você recomenda ? MG - As alegações mais frequentes das empresas são: não sabem onde encontrar pessoas com deficiência e a falta de qualificação delas. Na verdade, a situação das pessoas com deficiência e o trabalho tem vários aspectos e merece estudos mais aprofundados do que os que temos. Vale

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entrevista a pena lembrar que as empresas que saíram na frente – ou seja, que começaram a recrutar trabalhadores logo que a lei e seu respectivo decreto entraram em vigor tiveram mais opções de escolha. As que começaram a fazer o recrutamento mais recentemente estão encontrando mais dificuldades. Por outro lado, a escolaridade das pessoas com deficiência está aumentando: elas estão chegando às Escolas Técnicas e mesmo ao Ensino Superior. Então, cabe perguntar: será que a escolaridade é mesmo tão baixa ? Será que as empresas têm informações atualizadas ? Ou elas estão oferecendo cargos abaixo da qualificação dos candidatos ? As pesquisas do Instituto Ethos/IBOPE demonstram que os cargos oferecidos são os de início de carreira e que raramente há oportunidades de ascensão profissional. O que recomendo: rever as vagas oferecidas e seus requisitos; ampliar os locais de recrutamento, incluindo Escolas Profissionais, EJA, cursinhos preparatórios para vestibular (especialmente os cursinhos sociais) e faculdades; ampliar a concepção de pessoa com deficiência, considerando seu potencial e não sua limitação, dando chance para que ela mostre o potencial antes de receber o “não”; lembrar que a tecnologia permite a realização de atividades antes consideradas impossíveis; usar o período de experiência permitido por lei (três meses) antes de sumariamente descartar a pessoa; contratar como Aprendiz, o que é bom para todos; revisitar sua política de pessoal, contemplando o colaborador com deficiência nas oportunidades de estudo, viagens e promoção; cuidar da acessibilidade arquitetônica, porque traz vantagens para todos. RR – Fale um pouco sobre o seu trabalho com HIV/AIDS e deficiências. MG - Ele representou um desafio, que trouxe muitos aprendizados e gerou pesquisas e artigos; também desenvolvemos materiais com diversos recursos de acessibilidade. Esse tema ainda é um tabu, com consequências sérias: não sabemos o número de pessoas com deficiência que contraíram o vírus. Nem é preciso dizer os impactos e consequências que isso traz, para a própria pessoa, familiares, amigos e sociedade. Ao longo do trabalho, aprendi que pessoas so-

distintas, em países com histórias e culturas tão diferentes das nossas. Nos países que se envolveram em guerras, por exemplo, os soldados veteranos geralmente são respeitados como heróis, não há essa imagem social negativa que ainda temos. Prefiro conhecer o que há de positivo e pensar em como reeditar aqui, como inspiração. Não faz sentido tentar simplesmente copiar o que funciona em outros lugares e nem ficar lamentando o que não temos. Como disse, sou otimista (risos) e prefiro focalizar as conquistas; elas me estimulam a continuar enfrentando os desafios.

ropositivas também podem adquirir uma deficiência, fato que é pouco conhecido e menos ainda discutido. Fizemos um evento sobre esse tema em João Pessoa/PB, que proporcionou o encontro e a troca de vivências entre essas duas “tribos”, que foi extremamente rico. A convite de Rosangela Berman Bieler, fiz parte da equipe de Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo do Banco Mundial, participando de workshops no Brasil, América do Sul e Central sobre o tema. Poder conhecer profissionais e pessoas com deficiência de outros países foi uma oportunidade maravilhosa de crescimento pessoal e profissional, além de contribuir um pouquinho para dar visibilidade a este tema. RR - Em suas muitas viagens internacionais como palestrante, qual a análise que você faz da situação do Brasil em relação a outros países em relação à inclusão ? MG - Falando de forma geral, o Brasil se destaca pelo arcabouço jurídico fortemente inclusivo, que foi até reconhecido pela OEA – Organização dos Estados Americanos (2009), que o colocou entre os 5 países mais inclusivos das Américas. Em relação ao Primeiro Mundo, ainda estamos devendo em acessibilidade arquitetônica, acesso à educação, a equipamentos e recursos disponíveis, ao trabalho, embora muitos países não tenham lei de cotas. É complicado comparar, porque são realidades muito

RR - Quais os pontos principais de suas palestras ? Mesmo variando os temas, há conteúdos básicos que você passa ao público ? MG - Que pergunta interessante ! Nunca tinha pensado nisso... Cada palestra é única: procuro me ater ao tema e ao público. Mas tem sempre alguns pontos que abordo, se estiverem de acordo com o tema proposto e sem forçar a barra: a importância da informação e da comunicação; a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e referências para saber mais. Também disponibilizo as palestras, caso alguém tenha interesse – afinal, informação tem que circular. RR – Apesar de ser uma experiência recente, depois de tantas edições conversando com os leitores da Revista Reação, o que você gostaria de dizer a eles ? Qual o seu recado ? MG - A conversa começou há pouco mais de um ano, em janeiro de 2013 e é sempre muito bom pensar no que escrever. Eu gostaria de dizer para serem cada vez mais inclusivos, cada um em seu espaço. A inclusão se fortalece a cada dia, com nossas ações, desde as mais simples. O Luiz Baggio Neto, um militante “jurássico” que infelizmente não está mais entre nós, dizia que o fato de ir para a rua, de circular, equivalia a um discurso. Concordo com ele. Agradeço imensamente à Revista Reação a possibilidade de ter uma coluna e principalmente esta entrevista. Sinto-me muito honrada e agradecida: foi uma oportunidade de lembrar momentos do passado e partilhar ideias e valores, que são muito importantes para mim.



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coluna especial

por Romeu Kazumi Sassaki

Inclusão combate preconceitos sem reforçar outros

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ombater preconceitos é preciso. Mas, ao mesmo tempo, sem reforçar outros é igualmente preciso. As duas providências juntas deveriam acontecer sempre no processo de construção de uma sociedade inclusiva. A inclusão deve acolher todas as pessoas. Leitor, telespectador, cinéfilo - qualquer pessoa que leia, ouça, veja ou se comunique deve ter notado casos em que alguém combate um preconceito - por ex., contra pessoas com deficiência física - defendendo-as energicamente dizendo que a limitação delas está apenas nas pernas e não no cognitivo. Pronto, sem querer, ele apresentou um preconceito embutido. Outro alguém defende categoricamente as pessoas com deficiência intelectual alegando que a limitação delas está só no cognitivo e não na visão ou na audição. Outro preconceito dissimulado. E por aí vai. Aqui será focalizado um exemplo recente (dezembro/2012) de combate a um preconceito (contra a depressão) usando um preconceito (contra cachorros pretos). Produzido como vídeo, autorizado pela Organização Mundial de Saúde e intitulado “Eu Tinha um Cachorro Preto, Seu Nome era Depressão”, ele foi escrito, ilustrado como história em quadrinho e narrado em inglês por Matthew Johnstone, ele próprio uma pessoa que tinha depressão. Este vídeo poderá ser acessado pelo site http:www.who.int/mental_health/mhGAP_ nl_December_2012.pdf?ua=1. Mas, como a narração é feita em inglês e a legenda em português faz parte das imagens (portanto, está inacessível), farei aqui uma descrição visual de cada imagem e a transcrição da legenda entre aspas. O leitor perceberá que nas falas as informações sobre a depressão estão corretas. O preconceito está em a depressão (um dos tipos de transtorno mental, causadores da deficiência psicossocial) ter sido comparada a um

cachorro preto. O tempo todo, o leitor se perguntará: “Por que cachorro e não outro animal?”, “Precisaria ser cachorro preto e não de outra cor?”, “Por que comparar a depressão com um animal?”, “Não havia uma metáfora que não ofendesse animal ou pessoa?” 1. Homem sentado em um banquinho, preocupado, as mãos apoiando seu queixo. Sua sombra é a de um cachorro preto. “Eu tinha um cachorro preto; seu nome era depressão.” 2. Homem vestindo camiseta branca - na estampa, o conhecido desenho do rosto humano sorridente em círculo amarelo - olha para trás e vê o cachorro preto se aproximando. “Sempre que o cachorro aparecia, eu me sentia vazio e a vida parecia tornar-se mais lenta.” 3. Homem mais de perto, olha-se no espelho e vê o rosto do cachorro. “Ele me surpreendia com uma visita, sem razão ou ocasião.” 4. Rosto do homem sendo tocadas pelas patas dianteiras do cachorro. “O cachorro preto me fazia parecer e me sentir mais velho do que eu era.” 5. Rosto do homem usando óculos escuros. A armação e as lentes têm o formato do cachorro preto. Atrás dele, uma paisagem com uma montanha na linha do horizonte, o lago com barcos e uma alegre mulher correndo de bicicleta pela avenida à beira-mar. “Enquanto o resto do mundo parecia aproveitar a vida, eu via tudo através do cachorro.” 6. Homem de pé e o cachorro sentado, ambos olhando um ao outro. O cachorro pisa na linha da pipa que o homem havia empinado. “Atividades que antes me traziam prazer, subitamente pararam de fazê-lo.” 7. Homem sentado à mesa para comer. O cachorro está sentado em cima do prato do homem. “Ele gostava de arruinar meu apetite.” 8. Homem preocupado lê um livro. Sua cabeça está sem a parte superior e do cérebro exposto escapam seus conhecimentos. “Ele mastigou a minha memória e minha capacidade de concentração.” 9. Homem tenta caminhar, mas o cachorro abocanha seu paletó e o puxa para trás. “Com ele, era necessária força sobre-humana para fazer qualquer coisa.” 10. Aparecem várias pessoas em pé, da cintura para baixo, e o homem está no meio delas, mas o seu tamanho é da altura do joelho das pessoas. O cachorro aparece em tamanho normal. “Em eventos sociais, ele espantava para longe


coluna especial qualquer confiança que eu tinha.” 11. Homem está com os cabelos pretos em formato de cachorro. Atrás dele, duas pessoas estão olhando-o. Um deles aponta o homem e faz um gesto de pouco caso. “Meu maior medo era ser descoberto, eu me preocupava que as pessoas iriam me julgar.” 12. Homem entra no consultório de um profissional de ajuda. Atrás dele se posiciona um enorme cachorro preto. “Por causa da vergonha e do estigma do cachorro, eu estava sempre preocupado em ser descoberto. Então, investi vastas quantidades de energia para escondê-lo. Manter uma mentira emocional é exaustivo.” 13. Rosto do homem apavorado. De sua boca aberta sai o balão de diálogo em formato do cachorro sentado. “O cachorro podia me fazer pensar e dizer coisas negativas.” 14. Homem diz algo ríspido apontando para a sua esposa, que fica constrangida, enquanto sua mão direita está colocada para trás e sendo mordida pelo cachorro. “Ele podia me deixar irritado e de difícil convívio.” 15. Homem deitado para dormir. O cachorro aparece deitado olhando para ele e posicionado entre o homem e a esposa. “Ele tomava meu amor e enterrava minha intimidade.” 16. Às 3:20 da madrugada, o homem tenta dormir, mas

NOVO FOCUS

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o cachorro fica sentado sobre ele. “Ter um cachorro preto não é se sentir triste ou pra baixo, é pior, é não ter a capacidade de sentir.” 17. O homem aparece dentro de um grande bloco transparente, enquanto o cachorro está do lado de fora. “Eu envelheceria e o cachorro preto ficava maior, aparecendo toda hora.” 18. O homem, deprimido, está sentado em um banquinho. Na frente dele está o enorme cachorro preto projetando sua sombra sobre o homem. “Eu tentava espantá-lo, mas frequentemente ele vencia. Cair se tornou mais fácil do que se levantar novamente.” 19. O homem se levanta e se prepara para atirar o banquinho contra o cachorro. “Então eu me tornei bom em me ‘automedicar’, coisa que não ajudava de verdade.” 20. O cachorro pisa o homem caído no chão. Homem e cachorro de costas estão sentados em banquetas, lado a lado, junto ao balcão. Homem está aprisionado pela barriga do cachorro, que está de pé. “Em certo ponto, me senti totalmente isolado de tudo e todos.” 21. Ondas do mar enormes. Homem e cachorro estão à deriva sentados em um bote inflável. “O cachorro preto tinha finalmente conseguido sequestrar minha vida.” 22. O homem está agachado de quatro com os braços

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nota

coluna especial e pernas dobrados. O cachorro aparece dentro do homem. “Quando se perde a felicidade de viver, você começa a questionar qual é o motivo da vida.” 23. O profissional de ajuda anota em um bloco de papel o desenho de um cachorro preto e as palavras “cachorro preto”. À sua frente está o homem deitado em um divã. “Foi quando eu procurei ajuda profissional. Meu primeiro passo para me recuperar e uma reviravolta em minha vida.” 24. Oito pessoas, representando milhões, cada uma com o seu cachorro. “Descobri que não importa quem você é, o cachorro preto afeta milhões de pessoas.” 25. Um pote de medicamento. No rótulo, os dizeres “Remédio contra cachorro preto. Tome 2 por dia” e o desenho da mão humana indicando para o cachorro correr pra longe. “Todos podem ser afetados por ele. Não existe pílula mágica; medicação ajuda alguns, outros precisam de outra abordagem.” 26. Várias pessoas assistem a uma projeção sobre o cachorro preto. “Também aprendi que ser emocionalmente sincero com as pessoas próximas pode mudar tudo.” 27. No campo, o homem se prepara para atirar para longe um graveto. O cachorro, sentado à beira de um abismo, está pronto para correr. “Acima de tudo, aprendi a não temer o cachorro preto, e até o ensinei alguns truques.” 28. O homem está sentado em um sofá. “Quanto mais cansado e ‘estressado’ você está, mais alto ele late. Aprenda a ter a mente serena.” 29. O homem corre e, atrás dele, o cachorro não corre tanto, está cansado, com a língua de fora. “Colocar seus sentimentos no papel pode ser catártico e revelador. Lembre-se das coisas

às quais você é grato.” 30. O homem anota o seu progresso em uma folha de papel, onde se vê uma sequência de cachorros, cada vez menores ao longo do tempo. 31. O homem está sentado em um banco de jardim. Acima dele, uma grande nuvem escura, donde cai uma pesada chuva sobre ele. “Não importa quão ruim a sua vida esteja, tomar os passos certos e conversar com as pessoas fazem os dias de cão passar.” 32. O homem sentado no mesmo banco, no céu as nuvens brancas e o sol. “Eu não diria que sou grato a cachorro preto, mas ele tem sido um professor incrível.” 33. O homem sentado no gramado abraça o cachorro. “Ele me forçou a reavaliar minha vida. Aprendi que ao contrário de correr de meus problemas devo abraçá-los. Quem sabe, o cachorro preto faça sempre parte da minha vida, mas ele nunca será a fera que já foi.” 34. Em casa, o tamanho do cachorro preto está agora pequeno em relação ao tamanho do homem. O cachorro está sob o comando do homem através da correia posicionada em seu pescoço. “Nós temos um acordo. Por meio do conhecimento, paciência, disciplina e humor, até o pior cachorro preto pode ser curador.” 35. Rosto do homem olhando para o cachorro preto, que agora cabe na palma da mão. “Se você está com problemas, nunca tenha medo de pedir ajuda. Não existe vergonha alguma em fazê-lo. A única vergonha é deixar a vida passar.” 36. Logotipo da Organização Mundial de Saúde. “Depressão. Peça ajuda. Seja ajudado.”

Romeu Kazumi Sassaki é consultor e autor de livros de inclusão social E-mail: romeukf@uol.com.br

Ainda há tempo para aproveitar o “Praia para Todos” no Rio

O projeto, que voltou a funcionar em dezembro passado na Barra da Tijuca (Posto 3) e Copabacana (entre os Postos 5 e 6), estará disponível até o final de abril, aos sábados e domingos, de 9h às 14h, no Rio de Janeiro/RJ. Organizado pelo Instituto Novo Ser (INS), seus objetivos são aumentar a integração da pessoa com deficiência com a natureza e o esporte, promover mais sociabilidade e despertar a atenção da opinião pública para a falta de estrutura disponível na cidade, apesar dela ser sede dos Jogos Paralímpicos de 2016. Todas as atividades oferecidas são gratuitas e ministradas por profissionais capacitados das áreas de educação física e fisioterapia, além de estagiários e voluntários do Instituto, que conta com diversas parcerias e patrocínio da Michelin. Os participantes têm à disposição: banho assistido com cadeiras anfíbias de fácil deslocamento pela areia e que flutuam na água; atividades esportivas adaptadas como vôlei sentado de praia, frescobol, beach volei, stand up paddle e surf; handbike (somente em Copacabana); esteira para passagem de cadeiras de rodas; jogos recreativos e piscininha infantil; vagas de estacionamento reservadas, rampas de acesso à areia e sinalização sonora.



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associações

Instituto Olga Kos

arte e esportes fazem a diferença para pessoas com deficiência intelectual

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ntre as inúmeras instituições que trabalham na área, o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) com sede em São Paulo/SP, se destaca por desenvolver uma linha muito particular no atendimento a crianças, jovens e adultos, particularmente os com Síndrome de Down. Idealizado em 2007 pelo empresário e colecionador de obras de arte, Wolf Kos e sua esposa Olga Kos, atende cerca de 1.800 pessoas de 6 a 60 anos, promovendo a inclusão através da arte e dos esportes (karatê e taekwondo), assim como a empregabilidade e a geração de renda com a venda das obras realizadas pelos alunos das oficinas de arte que promove. A meta é ampliar esse número para 2.050, ao final de 2014. “As oficinas de arte e esporte estimulam o

desenvolvimento físico, educacional e psicológico das pessoas”, afirma Olga Kos, que é vice-presidente da entidade. Ela explica que não se inspiraram em nenhum modelo de trabalho, criando um método próprio que leva em consideração as necessidades específicas do público alvo como, por exemplo, o ritmo de cada um, o tempo de aprendizado e todas as adaptações necessárias para o desenvolvimento de uma pessoa com deficiência intelectual. Para a vice-presidente, a atividade artística desenvolvida com as pessoas com deficiência não é essencialmente diferente daquela desenvolvida com outras sem deficiência. “Busca-se, porém, ultrapassar a mera atividade mecânica, por exemplo, de colorir contornos, e possibilitar a expressão da criatividade aliada à aquisição de técnicas artísticas”, explica. No projeto “Pintou a Síndrome do Respeito” são realizadas oficinas de arte, organizadas em 8 aulas de duas horas cada, nas quais é feita uma releitura da obra de um artista e esse artista

participa de uma das aulas, orientando, explicando e transmitindo sua técnica aos participantes. “O objetivo é promover atividades artísticas e culturais, acreditando que o exercício da arte possa desenvolver competências e, acima de tudo, promover o acesso e a oportunidade de uma nova forma de expressão, com a ampliação do repertório cultural, o aumento da motivação e a convivência social”, conta Olga. Os projetos de esporte envolvem as artes marciais e têm como objetivo proporcionar atividade física aos participantes como instrumento eficaz para auxiliar o tratamento de várias doenças e também por ser um instrumento de inclusão social. “Essa prática de artes marciais não visa a aquisição da habilidade de lutar, mas sim participar de um contexto que envolve organização, convivência, hierarquia e exige habilidades que serão úteis em outros contextos da vida de uma pessoa”, garante a vice-presidente. O atendimento é feito em instituições parceiras que emprestam as salas e indicam os alunos. As oficinas são total-


associações

mente gratuitas e o Instituto leva toda a equipe e o material utilizado para a oficina, tanto em artes quanto nos esportes. Ao todo são cerca de 70 funcionários, entre escritório e equipe das oficinas, todos contratados, sem voluntários. Este ano é feito também um trabalho junto aos Centros Educacionais Unificados (CEUs), da prefeitura paulistana, que se tornaram parceiros com a disponibilização de espaço físico para a realização dos projetos. O Instituto também costuma realizar eventos, como no Dia

Internacional da Síndrome de Down, em 21 de março, no CEU Paraisópolis. “Os eventos possibilitam que as pessoas que têm a síndrome participem de um momento em que suas habilidades podem ser constatadas e comprovadas. Os familiares e outras pessoas podem também constatar a evolução possível e a prova das capacidades e habilidades que podem ser desenvolvidas. Além disso, esses eventos, sendo divulgados, mostram à sociedade que há um segmento social que ainda precisa de oportunidades, valorização e apoio para efetivamente fazer parte do todo”, justifica Olga Kos. Trabalhando todo esse tempo com inclusão cultural, a entidade avalia a situação brasileira nesse quesito, ainda como deficiente. “Está havendo um crescimento por intermédio de ações que incentivam a participação de toda a coletividade. Os museus, teatros, cinemas estão sendo adaptados para receber o público com deficiência. O Instituto costuma levar seus participantes para todos os tipos de espetáculo, através de doações de convites”, conta a vice-presidente. O Instituto se mantém utilizando leis de incentivo fiscal e doações. Mais informações pelo site: www.institutoolgakos.org.br.

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PLANOS ESPECIAIS DE FINANCIAMENTO

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trabalho

SENAI/SP é referência em formação profissional e exemplo para o Brasil !

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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SP) comemora mais de 21 mil matrículas de pessoas com deficiência em 3 anos, número atingido no término de 2013. A conta é feita desde que começou a funcionar o Projeto Incluir, criado no final de 2010, com o objetivo de ampliar e fortalecer ainda mais as ações de qualificação para o público PcD. Antes mesmo de receber um nome específico, a entidade já atuava nesse tipo de formação profissional, pelo menos desde 1953, inicialmente para pessoas com deficiência visual. Existe até um livro publicado em 2012, que trata dessa trajetória, chamado: “Caminhos da Inclusão – A História da Formação Profissional de Pessoas com Deficiência no SENAI-SP. O texto fala da evolução do atendimento, segundo as transformações do mercado de trabalho. “Há mais de 60 anos a entidade busca atender pessoas com deficiência e desenvolver programas de capacitação profissional e tecnologias que sejam realmente inclusivas”, conta Sandra Rodrigues da Silva Chang, especialista em Educação Profissional. As áreas mais procuradas, de acordo com os dados das matrículas de 2013, foram Metalmecânica e Gestão e Tecnologia da Informação. Todos os cursos estão disponíveis, observados os pré-requisitos de acesso. As 91 escolas fixas do SENAI-SP estão aptas a receber alunos com deficiência e contam com um técnico do Programa Incluir, capacitado para atender às questões voltadas a inclusão e dar as orientações necessárias. “As adequações são feitas, caso a caso, a partir da necessidade de acessibilidade de cada aluno. Por exemplo, ao receber uma pessoa com deficiência visual, temos de verificar se ela precisa do seu material didático em Braille, se há necessidade de tipos ampliados ou ainda CD-ROM para ser acessado pelo computador. E isso se aplica a todas as deficiências”, explica a especialista. A escola modelo nesse ensino especializado é a Ítalo Bologna, em Itu/SP, objeto de uma reportagem da Revista Reação (edição setembro/outubro 2013). Uma das estratégias do SENAI-SP é atuar em rede, o que estimula a troca de experiências relacionadas à inclusão. Até agora, as pesquisas rotineiramente realizadas sobre empregabilidade com os alunos que se formam, não computavam especificamente os que tinham alguma deficiência. De acordo com Sandra Chang, os parâmetros estão sendo mudados para proporcionar a mensuração de dados relativos a esse público. O SENAI-SP também desenvolve assessorias para a inclusão de pessoas com deficiência na indústria, como por exemplo,

análise dos postos de trabalho, assessoria no desenvolvimento e adaptação de equipamentos para inclusão da PcD e sensibilização de colaboradores. “Em 2014, pretendemos continuar ampliando e fortalecendo as ações voltadas à inclusão de pessoas com deficiência em todas as escolas instaladas no Estado”, conclui a especialista. Para mais informações sobre os cursos disponíveis acesse: http://www.sp.senai.br/senaisp

Empresas de Osasco/SP e região avançam em contratações Empresas Metalúrgicas de Osasco/ SP e região, atingem 87,6% do cumprimento da Lei de Cotas. Estudo divulgado em fevereiro passado pelo Sindicato dos Metalúrgicos e pela Gerência Regional do Ministério do Trabalho aponta um crescimento de 6,3% em 2013 no número de contratações. O levantamento foi feito em 109 empresas, que empregam 28.986 pessoas, em 12 cidades. A pesquisa, feita pelo oitavo ano consecutivo, aponta que as empresas com menor número de empregados, de 100 a 200, têm um índice de cumprimento maior da cota, em torno de 94%. Entre os estabelecimentos que empregam entre 201 a 500 trabalhadores, o percentual é 92,1%. A faixa entre 501 a 1.000 e a partir de 1.001, o índice é 82,5% e 87,6%, respectivamente. Os dados são do Espaço Cidadania, de Osasco/SP, que tem como um dos responsáveis, Carlos Clemente.


trabalho

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SESI apoia atletas a modalidade Voleibol Sentado Masculino e Feminino. Em 2011, foram introduzidas as modalidades Bocha Paralímpica e Atletismo. Em 2013, entraram Futebol de 7 (para Paralisados Cerebrais) e Atletismo para cadeirantes, além do Goalball: jogo para PcD visuais. Atualmente, as seguintes unidades trabalham com esporte:

Para participar das equipes, é preciso preencher os critérios estabelecidos pelas regras de cada modalidade e do Comitê Paralímpico Internacional e participar de avaliação com as equipes técnicas nas unidades do SESI. Já foram conquistados vários títulos estaduais, nacionais e internacionais. “O Paradesporto do SESI-SP tem como princípio a ‘Pedagogia do Exemplo’, o ídolo como ‘espelho’ para crianças e jovens, e vem comprovar que o atleta paralímpico também é um exemplo positivo no desenvolvimento do esporte e estímulo para qualidade de vida”, diz Catarina Duarte dos Santos, especialista de Esporte.

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A indústria paulista, além da questão do trabalho, também promove o esporte entre as pessoas com deficiência por meio do Serviço Social da Indústria (SESI). Atualmente, são 90 atletas nas equipes de Rendimento Esportivo. “Subsidiamos as equipes arcando com todos os custos com competições – transporte, alimentação, taxas federativas, uniformes, material esportivo – e oferecemos, além das instalações esportivas (quadras, academias, pistas), profissionais competentes e capacitados para desenvolver o paradesporto e atender às pessoas com deficiência com qualidade e segurança”, afirma Mario Sergio Alves Quaranta, supervisor de Esporte. Esse trabalho começou em 2009, em Suzano/SP, com

- Suzano/SP: voleibol sentado (masculino e feminino), futebol PC (masculino), bocha (masculino e feminino) e atletismo (masculino e feminino); - Mogi das Cruzes/SP: goalball (masculino e feminino); - Santo André/SP: atletismo (masculino e feminino).

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educação

Inclusão rende prêmios a escolas de educação infantil

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Ministério da Educação instituiu o “Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas – a escola aprendendo com as diferenças” para conhecer e disseminar os projetos de inclusão para alunos com deficiência desenvolvidos por Secretarias de Educação e Escolas Municipais de Educação (EMEIs). “A Educação Inclusiva não se restringe, apenas, à inclusão de estudantes com deficiência nas escolas regulares de ensino. Ela também não é sinônimo de educação especial. A educação inclusiva é um movimento muito mais amplo que envolve mudanças, atualizações, redefinições de práticas pedagógicas tanto da educação especial quanto do ensino regular”, explica Rosangela Machado, gerente de Educação Inclusiva da Secretaria da Educação de Florianópolis/SC. A pasta ficou em primeiro lugar em sua categoria na terceira edição do prêmio, encerrada em dezembro passado. A capital catarinense tem 143 alunos com deficiência nas EMEIs, que atendem crianças até cinco anos. “Não há negação de matrículas. Para nós, essa prática é algo de um passado muito perverso. Também, não há educação inclusiva responsável ou gradativa, ou seja, uns podem ser incluídos

e outros ainda não. Inclusão é de todos e ponto”, garante a gerente. “Depois da matrícula, entram os serviços de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, ou seja, é feito um estudo de caso de cada criança com deficiência para identificação de necessidades, potencialidades e dificuldades. A partir desse estudo, é elaborado um plano de Atendimento Educacional Especializado que inclui o atendimento à criança, produção de materiais acessíveis, acompanhamento do uso desses materiais na sala de aula, orientação aos professores e família, entre outras ações”, conta Rosangela. A Educação Especial é estruturada por meio de salas de recursos multifuncionais que são localizadas em escolas polo e atendem escolas de abrangência. Em cada sala, trabalham dois professores de Educação Especial e um professor de LIBRAS. A Secretaria também trabalha com a formação desses professores e organiza grupos de estudo, de trabalho e de assessoramento para o aperfeiçoamento das práticas educacionais. “A Educação Infantil é a primeira etapa de uma criança à educação escolar e, por isso mesmo, ela deve receber toda a atenção já nos primeiros anos de vida, além de conviver desde cedo com crianças sem deficiência. Que a experiência premiada inspire todos os profissionais e redes de ensino do Brasil”, conclui a gerente.

Escola gaúcha fica em primeiro lugar Na categoria “Escolas”, em primeiro lugar ficou a EMEI Irmã Consolata, de Erechim/RS. Em 2013, eram 230 estudantes no total, sendo 5 com deficiência: física e auditiva. A Equipe de Apoio ao Processo de Ensino Aprendizagem é composta pela

diretora, a vice, a Coordenadora Pedagógica, uma professora de Atendimento Educacional Especializado e uma Professora de Apoio ao Processo de Ensino Aprendizagem. Essa equipe acompanha os casos de todos os estudantes, realiza semestralmente levantamento individual das dificuldades e aquisições e, quando necessário, faz encaminhamentos para a área da saúde e outras. “O relacionamento dos estudantes com ou sem deficiência é normal. As crianças não possuem preconceito, não veem diferença entre uns e outros. Para fortalecer a relação de todos, a escola desenvolve projeto de respeito às diferenças com professoras, funcionárias e famílias. As crianças, no dia a dia, sabem que devem auxiliar e apoiar o colega sempre que necessário”, conta a diretora Manuela Basegio Rigo. A premiação do MEC tem como critério um relato de experiência na área de inclusão. A equipe gaúcha enviou o trabalho pedagógico com a estudante com paralisia cerebral. Ela entrou no Maternal II em 2012, com três anos de idade. Hoje frequenta o Pré B. No início, ela possuía muitas dificuldades de comu-


Momentos marcam sua vida. Experiências enriquecem sua carreira. Eliane Vieira teve poliomielite aos sete meses. Formada em psicologia, ela atua há três anos na área de Recursos Humanos da Deloitte, acompanhando diretamente a carreira de todos os profissionais com deficiência que atuam na empresa. Aqui, seus desafios vão além da mobilidade e envolvem competências para um plano de carreira efetivo. Faça como a Eliane e venha viver grandes momentos na Deloitte. Inscreva-se:

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educação

nicação, locomoção, alimentação, relacionamento e não aceitava regras e limites. A escola, através da mantenedora, trabalha com dois professores nas turmas em que há estudantes com deficiência sem autonomia e é feita uma estimulação individual diária e intensa. Em 2013, a menina não estudou até maio, pois a família havia mudado de município. Quando retornou, foi necessário intensificar mais ainda o trabalho, pois as aquisições adquiridas em 2012 haviam desaparecido. Até o final de 2013, ela estabeleceu laços afetivos com colegas e professoras, ficou sociável e desenvolveu a linguagem com sílabas simples, além de participar de todas as rotinas da escola. A diretora também destaca a parceria com a Coordenação de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação que, entre outras atividades, realiza formação continuada para os Professores de Apoio com o objetivo de trabalhar com a família e a escola no processo educacional. “A inclusão de estudantes com deficiência é desafiadora, possível e muito gratificante. Precisamos acreditar que todos temos potencialidades e diferenças e elas devem ser trabalhadas e respeitadas nas escolas”, finaliza a diretora.

A experiência paulista O segundo lugar na categoria “Escolas” ficou para a EMEI Prof. Ida Mengual, de Pontal/SP. O município tem um “Atendimento Educacional Especializado”, com uma equipe de profissionais que também orienta professores – uma estratégia essencial para o bom desempenho do processo inclusivo, de acordo com Andresa Aparecida Costa da Silva, mediadora da Educação Especial e responsável pela elaboração do trabalho premiado. Dos 357 alunos, 2 possuem deficiência física e um é autista. O caso deste menino autista é que recebeu a premiação. Ele tem três anos e ingressou na educação infantil em junho de 2012. No início, chorava, não aceitava o que era proposto e, em algumas situações, batia e gritava, demonstrando nervosismo e agitamento. No recreio, não se alimentava e se incomodava com o barulho. Em sala de aula não aceitava a presença de outras pessoas, o que fez com que os profissionais envolvidos elaborassem práticas educacionais inclusivas para seu desenvolvimento. Como resultado, a criança já participa de pequenas apresentações, come alguns alimentos, realiza atividades escolares e aceita a presença e carinho dos amigos. “O trabalho realizado com o aluno autista é longo e requer muita dedicação por parte dos profissionais e da família. Os objetivos que não foram atingidos serão reavaliados com o intuito de rever as estratégias adotadas”, explica a diretora na época da premiação, Carla de Fátima Machado Treviso. “Nosso objetivo é favorecer o processo educacional inclusivo e assegurar que todas as crianças possam aprender tendo ou não uma deficiência, desde que sejam oferecidas estratégias e recursos pedagógicos adequados às individualidades”, complementa a ex-diretora. “Nosso município é pequeno, mas a sementinha está sendo semeada e idealizamos colher bons frutos, enfatizando a formação de cidadãos éticos, estéticos e políticos, capazes de construir uma sociedade justa e inclusiva. Atualmente, a escola tem uma nova diretora, Maria Virgínia Leite de Castro, e continuaremos com o trabalho em equipe sempre com o intuito de promover não apenas uma escola para todos e sim uma sociedade igualitária”, conclui Carla.



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carnaval

por Deborah Prates

Chuva, Suor e Embaixadores da Alegria

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á pelas 5h30 desci com Jimmy para o seu primeiro pipi e já percebi que estava serenando. Pensei com os meus botões: - Essa chuva tem cara de que vai durar... levo ou não levo Jimmy para desfilar logo mais na Marquês de Sapucaí ? No decorrer do dia a chuva foi aumentando, aumentando e ouvi no rádio que o centro do Rio de Janeiro/RJ estava um lamaçal horrível por conta da greve dos garis. Os sacos de lixo e detritos mil entupiram os bueiros; foi quando decidi não levar Jimmy para preservar a sua saúde. Afinal, são meus olhos e o amor que sinto por ele é imensurável ! Queiroz, o meu amigo cineasta me ligou avisando que seus assistentes passariam na minha casa para o prosseguimento das filmagens do nosso longa, rumo ao Sambódromo. Calça e tênis brancos, imaginei com meus olhos cegos que retornariam negros... a blusa era em tons azuis, verde, vermelho e branco, representando o time da Itália. O tema era futebol e a sua história os Embaixadores da Alegria contariam no curso do nosso desfile, na abertura do sábado de Carnaval das campeãs. O relógio batia 17h e a bola rolou; lá fomos com a maior alegria brincar o final do Carnaval. Tão magra, a amiga Berenice (minha bengala) passava por entre os pingos em direção à estação do Metrô, escoltada pelas câmeras que eternizariam os mágicos momentos de 2014. O percurso foi pequeno, porém o suficiente para chegarmos todos molhados. No desembarque a convicção de que seria impossível para Jimmy... chovia cântaros ! Os ambulantes nos cercavam para a venda de capas e, é claro, já nos abrigamos nelas, muito embora de quase nada serviram diante do vento forte que soprava contra nós. Pronto, encontramos o local da concentração que já estava abarrotado de foliões com e sem deficiência, ao som dos tamborins frenéticos. Absolutamente, todos feito pintos molhados... maquiagens derretidas, babylisses e chapinhas desfeitas, mas quanta empolgação ! Estávamos na boca da Marquês de Sapucaí, no portão de entrada, entre as arquibancadas que, por incrível que pudesse parecer, já com muita gente ensopada. A bateria esquentava enquanto 1.500 humanos se sacudiam e arrancavam as capas... Paul Davies, nosso querido presidente, do alto de um camarote, jogava muitas bolas sobre nós e

a gritaria foi total... e a galera delirou ao ouvir o puxador do Salgueiro anunciando a nossa entrada para começar o jogo... Pura adrenalina !!! Nenhum problema... só felicidade ! - “Delira a torcida, Pintou na avenida... Embaixadores da Alegria... Meu time é guerreiro, valente e na raça... Faz mais um gol de placa” ! Cantávamos a letra contagiante do samba em meio as muitas alas que, num flash lotaram a avenida. A rainha da bateria (Down); a porta-bandeira (cadeirante); pessoas com nanismo, pessoas com deficiências intelectuais, sensoriais, autistas, muletantes, bengalantes e pessoas sem deficiência fizeram o show que arrepiaram as arquibancadas. Muita chuva, suor e Embaixadores da Alegria... De quebra, estava o amigo Fábio (andante em cadeira de rodas) que espantava a toda gente ao se levantar da cadeira para saudar os presentes... a solidariedade imperava e, como complemento, rolavam as lágrimas, muitas lágrimas que, gostosamente, desembocavam nas nossas bocas. - Gooooooooooooooollllllllllllllllllllllll !!! Que experiência única, inesquecível e inenarrável que, para ser melhor, terá que contar com as presenças dos amigos leitores no Carnaval/2015. Assim, fica o convite: - Vem pra Embaixadores você também... vem !

Deborah Prates é cega, advogada, delegada da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/ RJ além da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade e da Comissão Especial de Direito da Tecnologia e Informação da OAB. Apresentadora/ coordenadora do programa “Acessibilidade em Foco”, na rádio Contraponto (RJ). Desenvolve o blog http://deborahpratesinclui.blogspot.com. br/ e a página facebook.com/deborahpratespalestrante



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internacional

por Isabel McEvilly

O “momento Zen” no Surf Adaptado

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amor pela prática de esportes não é exclusividade do povo brasileiro. O americano cadeirante, Christiaan Otter Bailey, é apaixonado pelos mais variados segmentos esportivos e demonstra seu sentimento diariamente: o rapaz é praticante de surf, mergulho, vela, paraquedismo e de WCMX – um esporte radical praticado por pessoas com deficiência, que consiste na execução de manobras radicais com a cadeira de rodas. Ainda que a gama de esportes que pratica seja grande, há um preferido: “o surf é a única atividade onde você tem conexão e interação direta com a natureza”, comenta ele sobre sua maior paixão, praticada ao longo de 26 anos. Bailey tem lesão medular,

doença que o afeta nas vértebras lombares L3 e L4, devido ao acidente de skate que sofreu em 2006. Eu e a Revista Reação trazemos a você, nosso leitor, direto dos EUA, a entrevista publicada no site americano “Wheelchair Traveling”, produzida pela jornalista Ashley Lyn Olson, em que Christiaan compartilha suas emoções e experiências relacionadas ao esporte. Site - Wheelchair Traveling: O que inspirou você a surfar ? Christiaan Otter Bailey: Eu cresci ao lado do oceano, ele era meu playground. Então, enquanto a maioria das crianças tinham quadras de baseball e basquete, minha cidade tinha ondas e skateparks, que é um ambien-

te recreativo construído especialmente para a prática do Skate. Site – WCT: Que tipo de prancha de surf você tem ? COB: Bem, eu tenho alguns tipos. Para decidir qual modelo usar, depende muito do tamanho e da onda que vou surfar. Existem algumas adaptações padronizadas em relação à prancha. Para mim, elas são especificamente desenhadas para maximizar o desempenho de quem está deitado nela. Elas incorporam um design especificamente embalador, com barbatana, culminando em um canal específico que tem me ajudado muito a superar os limites. Quanto às pernas, tenho uma tira/fita que as mantém juntas e um par de pequenos ímãs de neodímio –



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internacional pessoas gostam de pintar, outros tocam música ou esculpem. Para mim, minha prancha é o meu pincel; a onda, minha tela. Eu gosto de pensar no surf como uma expressão artística. Surfo porque é onde eu encontro minha felicidade !

um na tira/fita e outros na cauda da prancha – que impedem as pernas de saltar para fora em ondas maiores. Site – WCT: Em quais lugares do mundo você já surfou ? COB: Seria mais fácil você me perguntar onde eu ainda não surfei, pois sou um viajante ! Seja por turismo ou a trabalho. Site - WCT: Quais são seus 3 lugares favoritos ? COB: São “Cloud Break”, em Tavarua, uma ilha em forma de coração que fica em Fiji, país insular da Oceania; “Jeffreys Bai”, na África do Sul e “Anchor Point”, no Marrocos. Esses são os que me vêm à mente, mas há muito mais lugares no mundo para resumi-los em apenas três, não acha ? Site - WCT: Perto da sua casa, qual é seu “ponto de surf” ? COB: “Pleasure Point” – local de grande referência à cultura do surf – e “Steamer Lane” – localização também famosa da prática do esporte – em Santa Cruz, na Califórnia, Estados Unidos. Site - WCT: Em quais lugares você ainda quer surfar ? COB: Eu adoraria ter a oportunidade de surfar na Patagônia e Antártica. Há algum tempo, vi fotos e ouvi histórias de amigos que foram para lá. Eles me dizem quão estúpido de bonito são os lugares ! Site - WCT: Quais os procedimentos e/ ou equipamentos você usa para ir e sair do oceano ? Em outras palavras, como é que você começa a pegar as ondas ? COB: Sou patrocinado pela Box Wheelchair e eles têm uma cadeira de areia muito boa para isso. Caso contrário, se estou viajando sozinho, normalmente me arrasto. Site - WCT: Você pode fazer qualquer truque sobre as ondas ? Se sim, como faz e como se mantém a salvo ? COB: Faço “cutback”, que consiste em virar para trás durante a manobra; “floaters”, que é surfar na crista da onda e, se as condições forem adequadas, salto para fora dela.

Ano passado, fiz o primeiro adaptado “barrel roll air” – que é dar uma volta completa de lado – durante o O’neill Coldwater Classic e, desde então, venho tentando aperfeiçoar esse truque. Site - WCT: Qual foi a maior onda que você surfou ? COB: Mavericks, local de surf ao norte da Califórnia, EUA, com cerca de 40 pés, no ano de 2009. Foi um grande dia ! Site - WCT: Você já viu um grande tubarão branco ou qualquer outro enquanto surfava ? COB: Claro... os tubarões-tigre, tubarões-touro e os ocasionais – grande branco. Você ficaria surpresa se soubesse quantas vezes eles estão por aí sem serem vistos. Em geral, os tubarões não têm nenhum interesse em nós como alimento. Não me preocupo com isso. Estatisticamente, você teria mais chance de ser atingido por um raio, imediatamente em seguida ganhar na loteria e depois de ser atacado por um tubarão. Site - WCT: Já foi puxado sob uma correnteza ? O que aconteceu e o que você fez para ficar seguro ? COB: Todo o tempo ! O truque é simplesmente nadar para o mar e, em seguida, em paralelo com a costa até que esteja livre da corrente, mas nunca tentar combatê-la. Isso só faria com que você perdesse uma energia valiosa e é aí que as coisas ficam perigosas. Tenha em mente, no final do dia, que o oceano sempre vence ! Site - WCT: Por que você ama tanto surfar ? COB: É assim que eu encontro o meu “momento Zen” na vida. Algumas

Site - WCT: O que o surf lhe ensinou sobre si mesmo e sobre vida ? COB: Ter paciência. Prazer em viajar, amor pela exploração, harmonia com a natureza e a lista continua... Basta dizer que o surf tem potencial para ensinar muito sobre a vida. Mas, o que é exatamente isso ? É um reflexo pessoal, de uma perspectiva individual. Conversas à parte, perguntei também a Christiaan sobre sua opinião em relação ao Brasil. O surfista pareceu bem animado: “conheço uma tonelada de coisas sobre o Brasil, amo esse País ! Comida fantástica, beleza natural, divertido e apaixonado ! O Rio de Janeiro está entre os meus Top 5”, comenta o esportista. Em relação aos próximos Jogos Olímpicos, o clima ainda é de dúvida e expectativa sobre sua vinda para cá: “Aaron e eu estávamos na equipe em 2010 para os jogos de inverno de WCMX, em Vancouver, na cerimônia de abertura. Se o Brasil nos convidar, teremos orgulho de ir ! Mas, ainda não fomos chamados”, finaliza Bailey. Entrevista produzida por Ashley Olson. A versão original (inglês) está publicada em: wheelchairtraveling.com Christiaan Otter Bailey: https://www.facebook.com/christiaan.bailey Ashley Lyn Olson: http://www.facebook.com/ashley.l.olson.98

Isabel McEvilly tem sequela de Pólio, é brasileira radicada nos EUA, onde trabalha em controle de qualidade, é assinante e agora, colunista da Revista Reação.


notas

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O Projeto Atende foi implantado na cidade de São Paulo, em maio de 1996, com o objetivo de transportar pessoas com deficiência com alto grau de severidade e dependência, impossibilitadas de utilizar os meios de transporte público para a realização de tratamentos médicos, estudos, trabalho e lazer. O transporte das pessoas é feito em vans devidamente adaptadas e o sucesso foi tanto que o programa acabou sendo copiado por várias cidades de todo o Brasil e é exemplo comentado em todo o mundo. Em fevereiro desse ano, a Prefeitura anunciou que também os táxis acessíveis agora farão parte do Atende e que aplicará cerca de R$ 2 milhões por ano no novo serviço. O agendamento deverá ser feito com antecedência e as inscrições para a utilização dos

táxis podem ser feitas nos postos de atendimento da SPTrans. Um edital da Secretaria Municipal de Transportes convidará empresas que possuem táxis acessíveis a manifestarem o interesse em utilizar seus veículos para as viagens eventuais do Atende e assim efetuarem seu credenciamento junto à Prefeitura. Atualmente, São Paulo conta com 89 táxis acessíveis circulando pela cidade para fins particulares. Até o final do ano, o Atende passará a transportar regularmente também pessoas com autismo e surdocegueira, que hoje só têm direito ao serviço com ordem judicial. Em 2013, o Atende realizou mais de 1,3 milhões de viagens, percorrendo 16,9 milhões de Km. Atualmente, o serviço opera com 388 veículos adaptados que transportam um total de 7.350 passageiros – sendo 4.397 pessoas com deficiência e 2.953 acompanhantes.


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Artistas brasileiros estreiam trabalho em Londres 75

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uatro artistas brasileiros com deficiência apresentam em Londres, de 15 a 19 de abril, o espetáculo “Belonging”, como parte da programação de um dos maiores festivais de circo do mundo, o Circus Fest 2014, que reúne companhias de diversos países e acontece entre os dias 26/03 a 27/04 no RoundHouse, uma das casas mais prestigiadas da cidade. O espetáculo é uma parceria do Circo Crescer e Viver, do Rio de Janeiro, com os londrinos da Graeae Theatre Company, dirigida por Jenny Sealey que assinou, ao lado de Bradley Hemmings, a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e alcançou reputação internacional pelo seu trabalho pioneiro de acessibilidade no teatro através de montagens e produções com artistas com deficiência. Em maio a montagem estará no 2º Festival Internacional de Circo, no Rio de Janeiro/RJ, e depois em São Paulo/SP. Unindo circo, teatro, música e dança, “Belonging”, que pode ser traduzido como “Pertencimento”, quer aprofundar a ideia “daquilo que nos conecta e também daquilo que nos divide enquanto pessoas”. É completamente acessível

e tem elenco com artistas com e sem deficiência. Sara Bentes, cantora, compositora e atriz é a única cega. Já cantou e foi premiada fora do país, esteve nos Estados Unidos, Itália e Argentina. Como atriz, fez parte da Cia Mix Menestreis, de Deto Montenegro, e atualmente integra o elenco do Teatro Cego, em São Paulo. Tem dois livros e dois CDs lançados de forma independente e prepara um novo CD. André Melo de Souza foi o primeiro usuário de cadeira de rodas a surfar a pororoca do Rio Mearim, na cidade de Arari, é de São Luiz do Maranhão. Surf sempre foi sua paixão e ele nunca tinha trabalhado com circo, mas o trabalho de seda e trapézio tornaram-se suas especialidades. Viviane Pereira Macedo é uma conhecida bailarina e coreógrafa, pentacampeã brasileira de dança esportiva em cadeira de rodas, tem sua própria companhia de dança e costuma participar de muitos campeonatos no exterior. Marcos Paulo é um esportista, o circo e o trabalho aéreo foram novas maneiras de usar sua capacidade atlética. Eles fizeram capacitação para o projeto na escola de circo Crescer e Viver e seu coordenador artístico, Vinícius Daumas, será co-diretor do espetáculo. Desde meados de 2013, o Crescer e o Graeae estão trabalhando juntos na busca do desenvolvimento e consolidação de 100 uma metodologia de formação e qualificação em artes circenses voltada a artis95 tas com deficiência física. Para Daumas, que embarcou junto com o grupo em 75 23 de março, a intenção é capacitar outros profissionais da área que pretendam atender de forma qualificada o público 25 com deficiência. 5 0


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Reatech 2014 chega com novidades e atrações especiais !

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13ª edição da Feira Internacional de Reabilitação, Inclusão, Acessibilidade Tecnologias Assistivas e Paradesporto, que acontece de 10 a 13 de abril, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo/SP, segundo informações da organização do evento, espera 300 expositores em seus 35 mil m² de área. Considerado o maior evento de inclusão social da América Latina, tem como tema neste ano: “Levante a nossa bandeira”, escolhido com a intenção de que cada visitante propague novas ideias. Os organizadores esperam cerca de 50 mil visitantes na edição de 2014, e a realização de negócios em torno de R$ 320 milhões. “Estaremos com um grupo maior de expositores internacionais de países como Itália, Suíça, Venezuela, China, Taiwan e Polônia, que trarão para 2014 tecnologias assistivas nunca apresentadas antes ao mercado brasileiro”, afirma Malu Savieri, diretora da feira. “Isto é muito importante, pois ajuda a ter produtos melhores e reduz o preço no mercado, uma vez que aumenta a concorrência. Quem ganha é o cliente”, acredita. O Grupo Fiera Milano, responsável pela Reatech desde 2011, depois da aquisição majoritária do Grupo Cipa, está com novo nome no comando das operações no Brasil: é Marco Antonio Mastrandonakis, que foi nomeado diretor geral da empresa Cipa Fiera Milano no último dia 17 de março. Ele tem mais de 25 anos dedicados ao setor de feiras e revistas no Brasil e no exterior, e foi presidente do Grupo Fispal Feiras e Produtos Comerciais e do Grupo BTS – Brazil Trade Shows. Ele substitui José Roberto Sevieri à frente da empresa.

Atenção aos visitantes A preocupação com a acessibilidade é constante entre os organizadores. Este ano, como nas cinco últimas edições da


especial reatech Fisioterapia, dentre outros cursos. Alguns voluntários que não participaram da capacitação estarão no balcão de informações e em outras atividades. Nesta edição da Reatech serão cerca de 120 pessoas que se revezarão todos os dias do evento. O serviço de acompanhamento começará, a priori, em até uma hora após a abertura do evento, terminando em até uma hora antes do fechamento. Cada voluntário terá um tempo determinado por visitante. O balcão do voluntariado ou de informações fica na entrada da feira.

Aproveitando a viagem feira, foi feita a capacitação básica de voluntários para a atuação junto a visitantes com deficiência visual que chegam desacompanhados para a visita, promovida com apoio da Cipa Fiera Milano e Revista Reação, realizado pela terapeuta e colunista da revista, Suely Carvalho de Sá Yanes.

Os interessados receberam orientações sobre como guiar as pessoas nessas condições, receberam uma apostila e também passaram por algumas vivências (práticas). Vários dos interessados são alunos de universidades parceiras, como estudantes de Terapia Ocupacional, Educação Física,

Como muitas pessoas de outras cidades visitam a feira, pensando nisso, este ano a Livre Mundi está pela primeira vez com um estande na Reatech. Especializada em turismo acessível há cerca de um ano, acompanhando cadeirantes em Gramado/ RS, Socorro/SP, São Sebastião/SP e Ubatuba/SP, a empresa montou uma “praia” em seu estande e convida os visitantes

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especial reatech para uma água de coco. Também serão oferecidos pela Livre Mundi, roteiros acessíveis na cidade de São Paulo durante o período da Reatech e também divulgadas outras opções da agência para PcD, como: praia, aventura, hotéis de charme, passeios de balão e viagens internacionais. Os interessados poderão contratar os passeios na capital paulista no próprio estande ou antecipadamente pelo site www.livremundi.com.br. Juliana Nicolia, sócia e gerente de operações da empresa, explica que os passeios pela cidade durante a Reatech serão realizados com van acessível para as pessoas com deficiência, com audiodescrição e intérprete de libras. Os roteiros selecionados envolvem o centro histórico, São Paulo cultural, os bares da Vila Madalena e, especialmente para cegos, a galeria tátil da Pinacoteca do Estado, com almoço no Mercado Municipal.

Desfile de moda Já é tradicional na Reatech o palco para shows e apresentações diversas. Este ano não será diferente e uma das atrações, o Projeto Fashion Inclusivo, traz um grupo de crianças e jovens

com Síndrome de Down, paralisia cerebral, lesão medular e autismo que se apresentará dia 12, às 17h. O projeto nasceu em 2010 em Sobradinho/DF, idealizado pela professora Ângela Ferreira e tem crescido a cada novo evento. Promoveu desfiles nas Câmaras Legislativa e Federal em Brasília, na Associação dos Médicos, em Shoppings Centers da Cidade, no Salão de Acessibilidade e no Capital Fashion Week. Haverá modelos convidados de outros estados como Adriana Buzelin, cadeirante e mergulhadora de Minas Gerais, articulista da revista Reação. Os objetivos são proporcionar às pessoas com deficiência situações que favoreçam a autoconfiança e a autoestima, através da participação em desfiles de moda; estimular o desenvolvimento do senso crítico, buscando maior autonomia, participação e reflexão de toda a comunidade escolar; proporcionar a inclusão social e desenvolver as potencialidades significativas dos participantes, entre outros.

Oportunidades de trabalho Alguns expositores aproveitarão a oportunidade para cadastrar pessoas interessadas em trabalhar. Um deles é a Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), instituição filantrópica

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presente em sete estados brasileiros que participa pelo segundo ano consecutivo. Seu Programa Vida Plena oferece oportunidades para todos os níveis profissionais. Para facilitar o acesso às vagas na Reatech, a ACSC contará com o apoio do site Vagas. com, para que os visitantes possam fazer o cadastro online durante o evento e/ou conhecer as vagas através do endereço: www.vagas.com.br/acsc

Bancos são destaque O estande do Bradesco, que participa da feira desde 2010, também traz oportunidade de cadastramento para vagas disponíveis. O banco já oferece, gratuita-

mente, um portfólio de produtos e serviços pioneiros para pessoas com deficiência. Neste ano, de acordo com Luca Cavalcanti, Diretor de Canais Digitais, será apresentado o novo serviço de verbalização dos valores e posição das notas dispensadas pelas máquinas de autoatendimento, durante a operação de saque por correntistas com deficiência visual. Por meio do software de voz, disponível nas máquinas, esse público pode realizar consultas e transações com autonomia e independência. Também estará disponível o cadastramento da Biometria (sistema de segurança que consiste na leitura da palma da mão para validação de transações financeiras nas máquinas de autoatendimento). Os visitantes terão a oportunidade de abrir uma conta pessoa física e solicitar os produtos e serviços de acessibilidade. Para isto, basta comparecer ao estande com os documentos pessoais. Mais informações podem ser verificadas no site: www. bradesco.com.br/acessibilidade. Para Cavalcanti: “é na Reatech que temos a oportunidade de atingir nosso público, e também, levar o conhecimento de todas as soluções que oferecemos a este segmento. Levando em consideração a representatividade desta feira junto às pessoas com deficiência, vale ressaltar que este é o espaço onde elas encontrarão soluções para facilitar o seu dia a dia. As pessoas com deficiências aguardam ansiosamente por este evento, pois anualmente são lançados produtos e serviços que

devolvem a esperança de melhorar suas condições de vida”, conclui.

Lançamento no setor automobilístico

A Toyota, presente na Reatech desde a primeira edição em 2002, aproveita o seu estande de 360 m² para mostrar seu lançamento tão esperado: o Novo Corolla 2015 ! Conhecido e reconhecido como o veículo mais vendido na história da indústria automobilística mundial, são mais de 40 milhões de unidades comercializadas nos cinco continentes, desde 1966, ano do lançamento de sua primeira geração. O modelo, que começou a ser vendido em março, pertence ao segmento de sedãs médios e reúne qualidade construtiva única, design elegante e moderno. O modelo já é tradicionalmente um dos


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mais queridos das pessoas com deficiência, por trazer itens que facilitam o seu uso, como o câmbio automático e o amplo espaço interno. O mercado de PcD é considerado muito importante e promissor para a montadora, e o departamento de Vendas Diretas está pronto para esclarecer todas as dúvidas e ajudar na compra do novo modelo com isenções. A montadora também estará mostrando aos visitantes e trabalhando a linha do Etios. Outras montadoras como: GM/Chevrolet, Fiat, Renault, Nissan, Honda, Hyundai e Ford também marcam presença este ano. Para os interessados, será possível fazer um test-drive em alguns dos modelos expostos, em espaço apropriado durante a feira, com toda segurança, como já é tradição na Reatech.

Acessórios para veículos e outras linhas “A Reatech tem sido, ao longo dos últimos anos, o evento no qual a Cavenaghi faz seus mais importantes lançamentos no mercado. É também um momento onde podemos reencontrar nossos clientes e voltar toda a empresa a este atendimento”, explica Mônica Cavenaghi, diretora da empresa. No estande deste ano, estarão todas as plataformas de atendimento. Além da Linha Direção, o espaço apresentará as linhas: Transporte, Cadeira de Rodas e Acessórios, Adequação Postural e Linha Autonomia. A novidade fica por conta da Linha Conforto e Bem Estar que foi incorporada ao portfólio da empresa, com foco no público de terceira idade. Para veículos, um dos destaques é o Novo Comando Manual Universal (CMU), mais ergonômico e com design moderno e diferenciado. O CMU transfere os comandos de acelerador e freio de serviço para serem acionados pelo membro superior esquerdo do motorista através de uma empunhadura horizontal posicionada ao lado esquerdo do volante de direção do veículo. Já o novo Controle de Comandos Elétricos (CCE) permite o controle de dirigibilidade (seta, faróis, lavadores, limpadores e buzina) e do volante do veículo, simultaneamente. O Banco Giratório Turny Evo torna mais fácil a operação de entrar e sair do carro, tanto para o passageiro, quanto para o motorista. Um dos grandes diferenciais deste modelo é a capacidade de adaptação do percurso de movimento giratório do banco e a inclinação ilimitada do encosto, oferecendo maior conforto na operação e no espaço para o usuário.

Esta versão pode ser instalada em veículos altos (SUVs), pois possui também o movimento vertical que facilita a saída/entrada do usuário. A Linha Conforto e Bem Estar apresenta produtos como as camas articuladas Comfort e Centauro, poltrona Pride que facilita o sentar e levantar, e pode ser utilizada tanto para usuários ativos, como para usuários idosos ou que possuam algum tipo de limitação de mobilidade. Passarão a compor a linha Conforto e Bem Estar produtos que antes estavam classificados na linha de acessórios como andadores, bengalas, banquetas, além do Scalamobil que já foi apresentado na Reatech em 2013. Na Linha Transporte estará presente o Spin Acessível Cavenaghi, o primeiro veículo de passeio para transporte de cadeirantes. A principal adaptação é o rebaixamento do piso do modelo da Chevrolet, que permite ao cadeirante acesso ao veiculo pela parte traseira do veículo, com a sua própria cadeira de rodas, a partir do apoio de uma rampa. O veículo apresenta fixadores de cadeiras de rodas dianteiros e traseiros totalmente automáticos, não permitindo o retorno involuntário da cadeira. A novidade deste ano fica por conta de algumas mudanças nos bancos e detalhes internos do veículo, proporcionando muito mais conforto ao cadeirante e demais passageiros.

Destaque para empresa italiana Depois de estrear na Reatech em 2013, a Focaccia Group do Brasil volta confiante em sua participação: “Pelo alto número de visitantes, pelo clima de amizade e envolvimento humano que se respira, acreditamos que a Reatech seja o lugar melhor hoje, no Brasil, para levar ao conhecimento do grande publico os produtos e as inovações para acessibilidade e inclusão social”, explica o diretor Giácomo Morandini. “A curiosidade e interesse demostrados pelo público para a nossa plataforma mono braço Fiorella, nos convenceu em confirmar a nossa presença nesta edição com um estande mais amplo e com a exposição de veículos”, ele conta. Serão apresentados um Fiat Doblò e uma Mercedes Sprinter com duas plataformas Fiorella instaladas, na porta traseira e na porta lateral, respectivamente. Fiorella é uma plataforma muito silenciosa, segura, certificada com o teste de impacto a 20 G, vinte vezes a força de gravidade. Por suas características construtivas e pelos materiais utilizados, além da ergonomia e elegância, o



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especial reatech

desgaste no tempo é muito reduzido comparado com equipamentos similares. Também estarão presentes outras novidades da Focaccia: F-Twister, um equipamento opcional instalado na Fiorella que permite a plataforma rebater para fora ou para dentro do veículo. Isso facilita as operações de fixação da cadeira de rodas, de embarque de bagagem ou ainda como saída de emergência; F-Turbo Slide, em colaboração com a montadora Renault, nos veículos Fluence e Duster, um suporte de transferência para cadeirante, bem inovador, elegante, ergonômico, robusto e que se pode adaptar a quase todos os veículos de passeio; F-Winch, um guincho acoplando ao veículo que mantém a elegância e a beleza do modelo de série e oferece a possibilidade para os cadeirantes, ou seus acompanhantes, que usam veículos com piso rebaixado ou rampas, de ter uma ajuda na utilização desse tipo de acesso.

A vez do esporte Já que este ano o esporte entrou até no nome da Reatech, a Associação Desportiva para Deficientes (ADD), presente desde a primeira edição da feira, promete uma presença marcante em seu espaço de 2.000 m² montado em um pavilhão exclusivo, onde ocorrerão campeonatos e exibições de jogos esportivos adaptados para pessoas com deficiência. Além das modalidades clássicas, como basquete em cadeiras de rodas e atletismo, trará também apresentações de bocha paralímpica e atividades paradesportivas desenvolvidas pelas crianças da ADD Escola de Esporte Adaptado. Aproveitando o evento, será lançado o patrocínio da ADD

para projeto visando o aumento da carga horária de treinamento, descoberta de novos talentos e ampliação do número de praticantes, bem como o oferecimento de outras importantes modalidades do rol paralímpico, como a prática paradesportiva para outras modalidades, além do basquetebol em cadeira de rodas, como: a Bocha e o atletismo, na cidade de São Paulo/SP e na cidade de Santos/SP. “A Reatech é um dos momentos do ano mais importantes para o setor, uma oportunidade incrível de expormos para as pessoas o quanto o esporte adaptado é transformador. A ADD Sports Arena, espaço tradicional no evento, já se tornou também um local de encontro e descontração para os visitantes. É o espaço mais despojado da Reatech, onde as pessoas podem conhecer de perto as modalidades, os atletas e os projetos da associação”, garante Eliane Miada, diretora de gestão na ADD.

Lei de Cotas Na programação de seminários e discussões está marcado para o dia 11, de 11h às 14h, o Fórum Lei de Cotas e Trabalho Decente para a Pessoa com Deficiência, com entrada gratuita, organizado pelo Espaço da Cidadania e parceiros. A série de palestras é dedicada às pessoas que atuam no mundo do trabalho para que descobriam as tecnologias de acessibilidade que derrubam mitos e preconceitos sobre deficiência e trabalho. Mais informações: ecidadania@ecidadania.org.br

Discutindo a Tecnologia Assistiva A ABRIDEF - Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência promove no dia 10, de 9h às 17h, um workshop sobre: “O Modelo Need to Knowledge (NtK) - Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Tecnologia Assistiva - Onde o recurso investido tem mais retorno, na academia, na indústria ou na combinação de ambas ?”. O destaque fica por conta da participação especial do convidado internacional, Joseph P. Lane (SUNY at Buffalo), trazido pela entidade dos EUA para o evento, que terá também a participação da Dra. Maria de Mello (TechnoCare).



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especial reatech

A proposta é discutir o financiamento e execução de projetos em tecnologia assistiva. Os programas do governo patrocinam a pesquisa e inovação nessa área. Esses projetos visam gerar invenções através do desenvolvimento de protótipos de engenharia, e podem incluir a transferência dessas inovações para a indústria nacional. No entanto, alguns pesquisadores/instituições que recebem esses financiamentos não têm formação suficiente, experiência e infraestrutura para concluir com êxito o trabalho envolvido em todas as três metodologias (investigação científica, desenvolvimento de engenharia e produção industrial). O encontro quer discutir justamente o Modelo Need to Knowledge - NtK, desenvolvido em 20 anos de pesquisa, que fornece um “livro de receitas” para o planejamento, execução, gestão e documentação de progresso em tais projetos. Para os associados da ABRIDEF a entrada é gratuita e para outros interessados a taxa é de R$ 100,00. Mais informações www.abridef.org.br

Participações oficiais A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD), montou um estande de 394 m² com a presença de 13 ministérios e órgãos parceiros do governo federal visando a tecnologia assistiva. A programação inclui o lançamento do site Turismo Acessível do Ministério do Turismo, palestra sobre as ações do Ministério das Cidades para promoção da Acessibilidade no Brasil, apresentação “Aposentadoria para Pessoas com Deficiência e seus desafios” do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e apresentação das Ações do Benefício de Prestação Continuada-BPC, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. As atividades da SDH serão coordenadas pela SNPD com participação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) através de 3 oficinas. Uma sobre o Marco Legal dos Conselhos de Direitos da Pessoa com Deficiência, outra sobre Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e a oficina Certificação de Entidades de Pessoas com Deficiência. Além das oficinas, será apresentado o Seminário

Tecnologia Assistiva aos participantes. A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, volta com um espaço para apresentar todos os programas desenvolvidos na área. A novidade desta edição é o tunel sensorial, onde pessoas com e sem deficiência poderão percorrer, em um trajeto de 15 minutos, um espaço em que o único sentido não utilizado será a visão. No túnel, estão oito estações com painéis de diferentes texturas que reproduzem aspectos da vida cotidiana. Em escuridão total, os visitantes perceberão aromas, temperaturas e sons diferentes. Quem enxerga será guiado por um cego.

Por dentro das novidades Para saber o que está acontecendo na Reatech, é só acompanhar as transmissões da WEB Rádio Vanmix, que faz parte do Portal Vanmix, idealizados e administrados prioritariamente por técnicos, programadores, jornalistas, publicitários, sociólogos e radialistas cegos (80% da equipe). Foi montado um estúdio externo que servirá de apoio para a cobertura ao vivo dos principais acontecimentos da feira. É a quinta vez que a rádio transmite a Reatech, sendo que as duas últimas oficialmente, a convite da organização do evento. Para ouvir, é só acesar o site www.vanmix.com/radio





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iniciativa

por Adriana Buzelin

Filha da Terra, a beleza das raízes do Brasil

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projeto Filha da Terra começou a ser idealizado por mim e a fotógrafa baiana Daniela Gama em abril de 2013, quando conheci seu projeto fotográfico Passos Alados para uma exposição que seria realizada em julho, no Memorial da Inclusão, em São Paulo. Em novembro de 2013 já estávamos com tudo programado para a realização do ensaio. Foram vários meses correndo atrás de todo material que necessitaríamos. Com as parcerias de vários artistas conseguimos figurino, cocares, colares, tiaras, artefatos indígenas originais, tratamento dos cabelos e elaboração da maquiagem, além da reserva do local onde aconteceriam as fotos. Com as passagens e hospedagens pagas, a fotógrafa Daniela pode vir a Belo Horizonte e executamos o tão esperado ensaio. A locação não poderia ser mais bonita e mais interativa com o tema. No alto das montanhas, com a sensação de que se tem um mundo a conquistar, o restaurante Topo do Mundo, localizado em Brumadinho, cidade de Minas Gerais, tem um belíssimo espaço reservado aos praticantes do para-

pente fazerem seus saltos. E é exatamente por se tratar de um espaço grandioso que a natureza e a beleza se sobressaem de forma muito destacada no ensaio Filha da Terra. Com suas cores e ousadia, pode evidenciar o quão é bela a cultura indígena e rica na minha terra natal: Minas Gerais. Decididas a focar o ensaio na temática dos povos indígenas, por serem de uma beleza única com seus traços, cores, raízes artísticas, as fotografias revelaram a relação desses povos, primeiros habitantes do Brasil, com a arte e a beleza dos povos brasileiros de hoje, em sua miscigenação. Porém, a ideia de me fotografar de índia não é recente. Minha mãe, Iole Marques, formada em artes plásticas, sempre pintou quadros indígenas, sendo a maioria parecidos comigo, e desde então povoam as paredes do meu apartamento. Um dia, displicentemente, tirei uma foto na webcam do meu computador e meu amigo Leandro Mafra me transformou, de brincadeira, em uma índia em um programa de edição de imagem. Dá-lhe tempo isto, foi em 2008 ! Após algum tempo, meu irmão Márcio Buzelin foi à Amazônia e conheceu de perto

toda essa cultura riquíssima e tão representativa do nosso país. Trouxe de lá flechas, lanças, máscaras, ornamentos corporais, instrumentos musicais, cerâmicas, cestos dentre outros artefatos indígenas. Minha mãe, munida de livros e mais cultura indígena, continuou pintando seus quadros e eu cada vez mais fascinada pela arte. Eu já era modelo antes de me acidentar, mas durante anos deixei de cogitar a possibilidade de voltar a trabalhar com moda. Fui a primeira modelo cadeirante agenciada de Minas Gerais pela Woll Agency, mas quando sou questionada sobre a carreira de modelo inclusiva ainda percebo, em meu estado, que a inclusão no universo da moda para quem tem uma deficiência ou mesmo possui algo diferente do padrão ainda é difícil. É preciso divulgação e trabalhos que chamem a atenção da sociedade. Depois de ter feito alguns ensaios que chamaram atenção para este novo universo, percebi que poderia ousar em algo mais temático e que incluísse a união de vários propósitos: reunir num mesmo ensaio uma modelo com deficiência e a cultura indígena que é tão excluída e desvalorizada pela


iniciativa

VERSÁTIL - USO SOCIAL/SANITÁRIO

ANGRA

Mas o belíssimo ensaio foi realizado onde eu, como modelo, incorporei a índia guerreira, batalhadora, lutando pelo seu espaço e pela inclusão/integração com a sociedade e Daniela, como fotógrafa, conseguiu unir a beleza valorizando tanto a riqueza do tema com grande harmonia da natureza e cores das montanhas de Minas. O ensaio fotográfico conta com 16 fotografias de Daniela Gama. Nas fotos foram utilizados cocares idealizados pelo artista plástico Jorge Alberto; colares feitos com fios de algodão e cerâmica, com grafismos e cores de referência indígena brasileira de autoria da ceramista Ma Ferreira, um vestido branco longo de seda feito pelo estilista Romulo Salomão, vestidos de renda e linho cru, feitos pela estilista Lua Marinho; artefatos indígenas cedidos do acervo pessoal de Iole Marques e uma belíssima concepção de beleza desenvolvida pela profissional Alissa Hissa. Espero que gostem de algumas fotos do ensaio Filha da Terra, que generosamente a Revista Reação cedeu espaço para apresentá-las. Adriana Buzelin cursou Relações Públicas, Produção Editorial, Design Gráfico e Artes Plásticas. É artista plástica, escultora e modelo. Retomou sua vida após um acidente que a deixou tetraplégica. É a primeira cadeirante tetraplégica a ser registrada em mergulho adaptado pela HSA/Internacional no estado de Minas Gerais. Site: www.adrianabuzelin.com

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Fotos apenas ilustrativas

nossa sociedade. E o ensaio Filha da Terra tem a finalidade de mostrar a inclusão no mundo da moda, bem como no mundo profissional em geral. A proposta inicial era de fazermos também uma exposição em Belo Horizonte/MG de fotos, mas devido aos custos e falta de empresários que se interessassem em patrocinar a mostra, infelizmente desistimos da ideia, porém decidimos divulgar através da mídia, finalizando assim o projeto e cada uma seguindo novos rumos. O que percebo é que, se por um lado são poucos os empresários interessados ou sem uma visão de beleza voltada para pessoas com deficiência, por outro os próprios modelos ou pessoas que gostariam de se tornar modelos encontram neles próprios e na sociedade, barreiras que os impedem de ir adiante, em busca deste sonho.

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sexualidade

por Fabiano Puhlmann

Sonhos, desejos e metas alcançáveis

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pessoa com deficiência precisa ter poder sobre sua vida. Ninguém pode impedir que ela tome decisões sobre qualquer assunto que lhe diga respeito. Têm direitos de escolher o rumo que quer dar a sua vida e liberdade para sentir e exprimir seus sentimentos com autonomia. “Empoderamento” é um termo americano que expressa esta necessidade. A necessidade de resgatarmos ou adquirirmos o controle sobre nossas vidas, o poder de ser e de viver tal qual desejamos. Poder para planejar o futuro como sonhamos, vontade para lutar contra as dificuldades, coragem de enfrentar barreiras sem esmorecer. Ninguém segura um coração apaixonado, o céu é o limite ! Nada é impossível se, com fé, acreditarmos na felicidade. Independência ou nada ! Sim, podemos e queremos viver com autonomia e não estamos sozinhos. Os líderes com deficiência provaram ser possível uma vida inclusiva para todos. A pessoa com deficiência bem informada, que já atingiu alto grau de autonomia, consegue se abrir para sonhar com dias melhores, independente de barreiras físicas, sociais, econômicas e pessoais. Têm desejos livres, metas possíveis. Querem encontrar a pessoa certa na estrada da vida. Querem estar acompanhadas, ser amadas e felizes, pois sabem que é possível constituir família e compartilhar experiências únicas como todo mundo. Sem bloqueios para acreditar em si mesmo, são seres apaixonados pela vida que não se abateram com a convivência diária com a deficiência. Lutam para atingir seus objetivos pessoais, profissionais e

amorosos. Sonham sobre como o andar veloz é saudável em uma cadeira de rodas, em saltar sobre as ondas com suas próteses. Mobilidade é a meta alcançável para todos e quem sabe viver assim transborda de entusiasmo. Aquela viagem idealizada por um cego a lugares exóticos, onde poderá exercitar o paladar e o olfato. O deslumbramento de tocar em obras de arte milenares, escalar montanhas, pular de paraquedas, mergulhar em ilhas paradisíacas ou simplesmente balançar em uma rede ao som de um violão tocado por um filho virtuoso... tudo isso é sonhar e realizar dentro das possibilidades de cada momento de vida. A LIBRAS, tornando-se uma linguagem conhecida por todo cidadão brasileiro, aprendida por todos desde o ensino infantil até o ensino médio é uma conquista ! Hoje falamos mal o português, escrevemos e lemos pior ainda. Nossa segunda língua parece ser o “portunhol” – um desrespeito para com nossos irmãos latino-americanos. A maioria dos aventureiros em línguas estrangeiras entende pouco do inglês e menos ainda do francês e do alemão e acha que a escrita dos orientais veio de algum extraterrestre... O surdo sabe sonhar com metas possíveis. Ele apenas deseja se comunicar com todos os brasileiros de maneira livre para poder exercer plenamente seus direitos.

Uma pessoa com deficiência intelectual sonha tanto quanto nós ! Acreditemos em seu potencial. Desde a maternidade, mesmo depois do diagnóstico clínico, o sonho deve continuar. Pais bem informados incluem seus filhos na escola, no lazer e na comunidade. Educam seus filhos com consciência de suas possibilidades para que eles se tornem adultos independentes. As pessoas com deficiência, como todo brasileiro, desejam um Brasil livre da corrupção, aberto e globalizado, com uma economia sólida, onde todos somente precisem seguir as regras para progredir. Um País sem burocracias intermináveis, com serviços confiáveis, escolas alinhadas com o nível de exigência dos índices de educação internacional. Um sistema de saúde estatal ou privado que funcione, sistema jurídico que defenda os direitos e puna os delitos em qualquer idade, polícia investigativa


sexualidade

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deficiência nos últimos 50 anos, mudaram a visão de mundo do brasileiro. Agora podemos acordar muitas pessoas do pesadelo em que estão vivendo – da inconsciência, da falta de cidadania – e juntos estabelecermos metas possíveis, alinhadas com os objetivos para o milênio da ONU, sabendo que a comunidade internacional também precisa de nós e caminhará junto com aqueles que lutarem pela felicidade coletiva, por um mundo inclusivo. focada na prevenção com o apoio de todos os cidadãos de bem, exército treinado, armado e preparado para defender nosso País nas fronteiras, mantendo-o fechado para o contrabando, as drogas e as invasões ilegais. Planejamento e menos improvisação, profissionalismo da política com líderes preparados para fazer a grande revolução ética e estética do nosso cenário atual. Queremos, na verdade, ter tesão de ser brasileiro. Queremos ganhar as ruas através de calçadas com desenho universal, feitas pelos governantes, padronizadas e mantidas limpas, arborizadas e cheias de gente que, sem medo, circulem em qualquer horário com seus pertences, com transporte público interligado e confortável. Os movimentos sociais, promovidos pelas pessoas com

formado pela Universidade São Marcos; psicoterapeuta especialista em Psicologia Hospitalar da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da USP; especialista em Sexualidade Humana pelo Instituto H. Ellis; especialista em Integração de Pessoas com Deficiências pela Universidade Salamanca, Espanha; especialista em Reabilitação pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo; educador sexual pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana e Faculdade de Medicina do ABC; MBA em gestão para entidades do Terceiro Setor pelo IGESC/FEA; membro do corpo docente do Curso de Pós-Graduação da SBRASH; atuação reconhecida nas áreas de Acessibilidade, Tecnologias de Apoio e inclusão.

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música e arte

por Celise Melo (Celelê)

nota 100

Projetos e Estúdio de Som na Laramara !

RS: Estádio Beira-Rio deve ficar mais acessível

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lá amigos ! A Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual – é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1991 pelo casal Victor e Mara Siaulys – cuja filha, Lara, tem deficiência visual – e por um grupo de profissionais atuantes na área. A intenção era viabilizar oportunidades de educação a crianças nas mesmas condições e compartilhar experiências com suas famílias. A equipe atende a todas as idades com recursos disponibilizados e ações desenvolvidas no trabalho do Centro de Ludicidade Brincanto, sendo 100% dos atendimentos gratuitos e apoiados por diversos parceiros. As atividades socioeducativas são realizadas em grupos organizados por faixa etária e atendimentos específicos de Braille, Soroban, Desenvolvimento da Eficiência Visual (Baixa Visão), Orientação e Mobilidade. Há projetos especiais, tais como: oficinas de violão, piano, teclado, flauta, dança, quadros e esculturas em argila, participa-

ção em feiras, exposições de quadros, esculturas e apresentações em vários locais. Atualmente, estou gravando minhas canções sobre inclusão no estúdio de som da Laramara. Um dos convidados é Renato José da Silva, violonista com formação erudita e revisor técnico em máquina Braille, que entre os 17 e 20 anos perdeu a visão e foi à luta. Trabalha desde os 22 e atualmente, aos 37 anos, está concluindo a pós-graduação em História na PUC. O outro é Fabiano Gimenez, baterista, toca desde os 7 anos com latas de reciclagem. Aos 18 comprou sua primeira bateria e desde criança tem problemas visuais, tendo apenas 10% da visão. Também conto com a participação de sua linda filha, Gabrielly, de 13 anos, que canta muito bem, estuda e faz curso de arte e informática. Enfim, são pessoas muito especiais, com garra e talento musical de sobra. Sinto-me feliz e orgulhosa por participar de projetos verdadeiros de inclusão. Visitem a Laramara no bairro da Barra Funda, em São Paulo/SP. Conheçam mais no site: www.laramara.org.br.

Celise Melo (Celelê) é é cantora, compositora, atriz, autora, educadora,

musicoterapeuta e é sucesso de público e crítica há mais de 20 anos. Site: www. celeleeamigos.com.br E-mail: musicoterapia@celeleeamigos.com.br

Os Ministérios Públicos Federal e do Rio Grande do Sul, o Sport Club Internacional, a Associação Paradesporto e a Associação de Servidores da Área de Segurança Portadores de Deficiência (ASAESPODE) assinaram, em março, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir a acessibilidade no Estádio Beira-Rio. De propriedade do Internacional e localizado às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre/RS, o estádio será sede de 5 jogos da Copa do Mundo. O TAC prevê que devem ser garantidas as acomodações adaptadas às pessoas com deficiência para atender à demanda de, no mínimo, 1% do número de ingressos ofertados. Estas adaptações para a Copa deverão ser realizadas até 05 de abril. Conforme o TAC, ainda serão garantidos, além dos 64 lugares do projeto original de reforma do estádio, localizados no anel inferior, no mínimo mais 64 lugares adaptados às pessoas em cadeira de rodas, com boa visibilidade e abrigados do tempo. Caso a demanda se torne muito grande, o Internacional se comprometeu a aumentar o número de assentos para cadeirantes. Todos os locais adaptados do Estádio deverão contar com o respectivo assento para o acompanhante. A acessibilidade no Beira-Rio é uma reivindicação das associações de pessoas com deficiência no Rio Grande do Sul e era alvo de um inquérito no MP gaúcho.

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Fotos: Marcio Rodrigues CPB MPIX

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esporte

Brasil se fez presente pela 1ª vez nos Jogos Paralímpicos de Inverno !

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competição, realizada de 7 a 16 de março último, em Sochi (Rússia), teve a participação de dois atletas brasileiros. Fernando Aranha disputou 3 provas do Cross Country: 15km, Sprint 1km e 10km. Já André Cintra esteve no Snowboard Cross. No total, 547 atletas, de 45 países, competiram em 72 eventos de 5 modalidades: Ski Alpino, Biathlon, Cross Country, Sledge Hockey e Curling. O Snowboard Cross estreou como parte da programação do Ski Alpino. Foi a primeira vez que o Brasil esteve presente e, segundo a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) os objetivos se cumpriram. Além de marcar presença, foram realizadas pesquisas e estudos para o planejamento dos próximos Jogos. “Colhemos muitas informações em Sochi. Vamos voltar ao Brasil e planejar tudo. A CBDN e o CPB fizeram pesquisas, entrevistas e trocaram muito conhecimento. Faremos um planejamento de longo prazo. Vamos pensar em PyeongChang-2018, em 2022, em 2026, e traçar um caminho. A expectativa é muito boa”, comentou Andrew Parsons, presidente do CPB. Serão realizados estudos científicos e financeiros de viabilidades, e elaborados planos de negócios para cada uma das modalidades de inverno que serão escolhidas. As entidades vão detalhar o que precisam na área esportiva para tornar o Brasil um país competitivo na disputa. A expectativa das duas entidades é que, a partir de 2026, o País possa começar a sonhar com uma medalha paralímpica de inverno.

A competição André Cintra foi o porta-bandeira brasileiro na abertura dos Jogos no Estádio Olímpico Fisht. Ele estreou em 14 de março e conseguiu bom resultado diante dos atletas da classe AK (amputados acima do joelho). O brasileiro terminou em 28º lugar geral (entre 33 competidores) e em terceiro em sua clas-

se, à frente de dois outros atletas. “Estou com uma sensação muito boa. A coisa mais importante era trazer a bandeira do Brasil para cá pela primeira vez. É claro que também podemos melhorar. Na minha primeira descida, estava muito nervoso. Vi os melhores do mundo caindo. Na segunda e na terceira, o corpo estava mais quente e mais rápido. Já sabia onde estava errando e como podia consertar”, contou. “Mas achei um bom resultado, ficar em terceiro entre os AK”, afirmou André. Fernando Aranha fez a prova de 15 Km, no dia 9 (ficou em 15º), e de Sprint 1km, no dia 12 (ficou em 20º) e terminou sua participação no último dia da competição com a prova de 10 Km (em 21º). O esqui cross-country é aberto a atletas com deficiências físicas e visuais. Dependendo da limitação física, o esquiador pode usar um sit-ski (uma cadeira equipada com um par de esquis), caso dele. “Aprendi e me diverti muito nos Jogos. Fui o primeiro brasileiro, mas com certeza, não serei o último. O trabalho está apenas começando. Acredito que temos muito potencial para desenvolver na neve. Viemos para ver como funcionava. Agora que já descobrimos, vamos treinar para dar trabalho aos outros países”, comentou Aranha.



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lição de vida

O adeus a João Ribas: uma vida dedicada à inclusão...

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m dos principais nomes brasileiros no estudo e na ação pela empregabilidade e inclusão da pessoa com deficiência, João Baptista Cintra Ribas, nos deixou em 9 de março último, falecendo aos 59 anos, depois de duas semanas hospitalizado com problemas renais e pulmonares. Atuante no movimento da pessoa com deficiência há mais de 30 anos, desde 2001 era coordenador de Diversidade & Inclusão na empresa Serasa Experian, onde desenvolveu um programa de empregabilidade reconhecido em todo País, que tornou-se modelo para muitas empresas, baseado na qualificação profissional e contratação. Ele criou, como parte do seu trabalho na Serasa, em 2002, um fórum de debates em que especialistas do Brasil e de outros países participavam de discussões, ao longo dos anos, compartilhando informações, opiniões, conhecimento e projetos sobre os desafios da inclusão. Pela experiência em contratação e desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência, foi um dos organizadores da Rede Empresarial de Inclusão Social, estabelecida em maio de 2012, e que conta hoje com mais de 70 empresas. Como resultado de sua atuação na Serasa, lançou o manual: “As Pessoas com Deficiência no Mundo do Trabalho”, em outubro de 2013, quando deu sua última entrevista para a Revista Reação. O objetivo era orientar as empresas e suas lideranças a terem um melhor relacionamento com esses profissionais. Ribas acreditava que, apesar do assunto já ser bastante discutido, até pela obrigatoriedade da Lei de Cotas, a desinformação sobre o tema ainda era grande. Paulistano, João Baptista nasceu com mielomeningocele, uma má-formação que evita o fechamento da

coluna vertebral na parte posterior. Operado aos 30 dias de vida, ficou paraplégico. Começou a andar por volta dos 4 anos de idade, com a ajuda de um aparelho ortopédico e a ajuda de muletas, usados até os 40 e poucos anos, quando cansado, optou por uma cadeira de rodas, considerada mais confortável. Cursou jornalismo e, quando estava no último ano, ingressou também em Ciências Sociais. Ainda estudante, deu aulas como professor substituto em escola pública estadual. Formado, fez mestrado na Unicamp, prestou concurso para ser professor da PUC-SP, migrando posteriormente para a UNIP, onde permaneceu por quase 12 anos. O doutorado na USP foi

sobre mercado de trabalho para a pessoa com deficiência. Em 1981, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano Internacional das Pessoas Deficientes, Ribas já havia começado a trabalhar com um grupo de pessoas com deficiência. Também se ofereceu, e foi aceito, em 1983, para escrever sobre o assunto na coleção “Primeiros Passos”, o livro: “O que são pessoas deficientes”. Escrever e proferir palestras se tornou um hábito e uma paixão. Um exemplo foi sua participação na coletânea Global Diversity Primer. A obra reúne análises de especialistas de diferentes países sobre a situação da diversidade nas corporações ao


lição de vida Pintor com a boca morre em São Paulo

redor do mundo, editada pelo Diversity Best Practices, instituto americano que incentiva a prática de ações nesse sentido. No artigo, ele defende os benefícios da diversidade em uma empresa que cria, junto com a inclusão, um ambiente apropriado para a manifestação de processos inovadores. “Diversidade humana é fundamental para a vida das organizações”, ele defendia. O consultor em inclusão e articulista da Revista Reação, Romeu Kazumi Sassaki, resume a tristeza de amigos e colaboradores pela morte e perda de João Ribas: “quão difícil me é absorver esta notícia ! Conheci o João Ribas em 1980 em uma das primeiras reuniões do então Núcleo de Integração de Deficientes (NID) e fomos juntos a um evento internacional em Bogotá, na Colômbia, em 1985. São 34 anos de contínuo companheirismo na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Sempre percebi nele um ativista que me prestigiou como profissional. Fui um dos muitos que tiveram o privilégio de estar com ele dando palestras em diversas cidades pelo País. É uma enorme perda para todos nós. Sentiremos muita falta dele nas próximas décadas”. João Ribas sempre foi um grande amigo e companheiro, parceiro e leitor, um assinante e admirador que sempre que podia dava sugestões para a melhoria da Revista Reação. Ajudou também, na época, na concepção da ideia inicial da formatação do projeto da Reatech. Participativo, sério, sensato, sua contribuição para o movimento das pessoas com deficiência ficará eternamente para todos, e será reconhecida sempre, com gratidão. Fica aqui registrada a nossa homenagem ao amigo, ao homem, ao incansável batalhador por um mundo melhor e mais inclusivo para as PcD e ao profissional que sempre foi. Obrigado João Ribas !

Etedsued Pereira Carvalho, conhecido artista plástico e palestrante, morreu aos 54 anos, em 12 de março último, em São Paulo/SP, vítima de infecção urinária e falência múltipla de órgãos. Pai de 3 filhos, era caminhoneiro, quando foi atropelado na calçada de casa, em 1995. No acidente, uma lesão cervical (C4) o fez perder os movimentos dos membros superiores e inferiores. Depois de um mês internado na UTI na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde começou o tratamento de reabilitação. Profissionais multidisciplinares o incentivaram a iniciar a pintura. Desde menino ele sempre gostou de desenhar e pintar, constumava desenhar os rostos de pessoas com grafite ou carvão, como contam os filhos Caio e Lígia. Começou a pintar em papel e, com o passar dos anos, foi aperfeiçoando sua técnica e trabalhos, tendo realizado diversas exposições. No ano de 2003 tornou-se membro da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP), que lhe deu a oportunidade de desenvolver ainda mais sua técnica. Amava a arte e pintava paisagens, retratos, natureza morta, tendo preferência por pinturas abstratas. A pintura era seu refúgio e sentia-se revigorado com essa atividade. A família conta que ele não se sentia vitima, era pai, profissional, amigo, estudioso e sempre batalhou pelos seus projetos e ideais. Tinha uma vida imensamente ativa, sempre envolvido com as suas pinturas, exposições e palestras motivacionais. “Nunca se acovardou diante da vida e viveu 18 anos lutando para vivê-la da melhor maneira possível. Nós, como filhos, temos um orgulho imenso da trajetória e história de vida do nosso pai. Uma de suas maiores preocupações era ser um bom pai, mesmo que não fosse do modo convencional, com abraços e carinhos (já que ele não podia nos abraçar), ele o fazia de outras formas, sempre apoiando nossas ideias e projetos. Ele encontrava uma força e perseverança incríveis para seguir em frente e o fazia sempre estudando e se aperfeiçoando”, concluem os filhos.

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acontecendo

Laís Souza luta pela recuperação depois acidente na neve

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atleta Laís Souza, conhecida por representar o Brasil em duas Olimpídas e várias competições internacionais de ginástica artística, mudou de área e treinava esqui aéreo, modalidade em que é preciso descer por uma rampa em alta velocidade, saltar, fazer acrobacias, aterrissar e frear. Neste ano, ela competiria nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia, mas pouco antes de embarcar, quando treinava em Salt Lake City, nos Estados Unidos, Laís sofreu um grave acidente ao virar de lado para frear. Desde 27 de janeiro último ela está hospitalizada. Passou por três cirurgias, no Hospital Universitário de Utah (EUA), para realinhamento da terceira vértebra que se deslocou do restante da coluna cervical e causou danos na medula espinhal. Também contraiu uma pneumonia. Agora Laís se recupera no Jackson Memorial Hospital, em Miami (EUA), mas a trajetória será longa: os médicos ainda não conseguem precisar até onde ela poderá chegar, já que a região lesionada ainda tem um edema. A rotina envolve fisioterapia motora, respiratória e ocupacional de forma inten-

siva. Ela consegue respirar sem aparelhos, comer e controlar os movimentos da cadeira de rodas elétrica, que se move com toques de seu queixo. Laís fará tratamento com células-tronco visando a retomar a sensibilidade e controle de seus membros. Em 23 de março ela falou pela primeira vez à imprensa, numa longa entrevista ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, e disse ainda acreditar que pode voltar a andar. Laís tem movimentos de pescoço e ombros, e já começa a sentir sensibilidade em outras partes do corpo. Ela sentiu, por exemplo, o furo de uma agulha em um dos dedos. “Senti vontade de fazer xixi. Isso é surpreendente demais. Porque não era para eu sentir nada”, contou a atleta. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) lançou uma campanha para angariar fundos para a recuperação dela e explicou que o seguro contratado pelo COB e a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) garante toda a emergência, o transporte entre os hospitais e o tratamento hospitalar. Depois de alguns protestos pela atitude, o COB divulgou nota explicando que o seguro de vida ou invalidez contratado cobre apenas os atletas em Missões como os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, os Jogos

Olímpicos da Juventude, os Jogos Pan-americanos e os Jogos Sul-americanos. “No momento do acidente, Laís não participava de nenhuma delegação do COB ou eliminatória ou classificatória para os Jogos Olímpicos. Mesmo assim, o COB assumiu todas as ações desde o momento do acidente”, dizia o texto, afirmando que “a campanha foi criada pensando no futuro da Laís Souza, de forma a ajudá-la a se autofinanciar”. Isso incluiria, segundo a nota, desde contratar um professor de inglês ainda em Miami, até a compra de equipamentos para a mobilidade e o conforto dela quando voltar ao nosso País, entre outros itens. As doações podem ser feitas no Bradesco, agência 0548-7, conta 0110490-0, em nome de Laís da Silva Souza. “Já parei para pensar no futuro e me dá um pouco de medo. Mas penso na solução do problema, o que posso fazer para melhorar, mesmo com um pouquinho de movimento, estou me matando para mexer aquele músculo. Tenho momentos de tristeza... eu encaro, choro. Em nem todos os momentos sou forte. Eu choro para caramba, mas isso me dá energia. É aquela apunhalada que me leva a continuar”, concluiu Laís em entrevista ao “Fantástico”.


notas APAE perde ação em primeira instância para Rafinha Bastos

Abertas inscrições para mais um concurso de moda inclusiva

O humorista e agora apresentador do Programa Agora é Tarde, da Rede Bandeirantes de Televisão, Rafinha Bastos, ganhou a disputa judicial com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que corria desde janeiro de 2012. O motivo da ação foi uma piada sobre a instituição e pessoas com deficiência. A APAE diz que vai recorrer da decisão. O juiz Tom Alexandre Brandão, da 2ª Vara Cível de São Paulo, proferiu a sentença no final de janeiro último, considerando que o humorista “age em exercício regular de direito (liberdade de expressão e manifestação artística)” e dizendo ser um “verdadeiro nonsense” atribuir ao Judiciário a função de julgar uma piada. A sentença reproduzida no site Consultor Jurídico (www.conjur.com. br) diz: “Uma piada não deve ser interpretada de forma literal, pois é preciso levar em conta que o humor utiliza o exagero e o absurdo para provocar o riso. Assim, um humorista que faça piada sobre pessoas com deficiência não pode ser visto como alguém que deseja o mal a tais pessoas, até porque quem faz piadas sobre portugueses ou loiras, também não deseja mal a eles”. Vamos aguardar os novos desdobramentos e acompanhar de perto.

As inscrições para a 6ª edição do Concurso Moda Inclusiva, iniciativa da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, podem ser feitas até 20 de maio. Podem participar: estudantes de cursos técnicos, universitários e profissionais da área, brasileiros ou estrangeiros. Os candidatos podem se inscrever pelo site: http://modainclusiva. sedpcd.sp.gov.br/ Os 20 melhores trabalhos inscritos serão apoiados com tecido da Vicunha Têxtil para a confecção das roupas e participarão do desfile final em um grande evento em agosto, na capital paulista. As três melhores colocações serão premiadas. Entre outros prêmios, os três primeiros colocados ganharão uma máquina de costura da Singer e o primeiro colocado também poderá conquistar um estágio de um mês na Vicunha Têxtil.

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parakart

por Tales Nóbrega Lombardi

Motor e Velocidade: sonho e paixão !

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lá pessoal ! Sob a indicação do piloto e amigo – e antigo titular dessa coluna na Revista Reação - Hermes Oliveira, velho conhecido dos leitores da revista, que voltou para sua cidade natal no Paraná, estou chegando a seu convite para dar continuidade ao trabalho iniciado por ele nesse espaço, contando a partir de agora, não só tudo o que acontece no mundo do Parakart, mas um pouco mais também, falando um pouco de todas as modalidades dentro do automobilismo para pessoas com deficiência. Fiquei muito feliz com o convite e agradeço também a receptividade do Rodrigo Rosso, editor da Revista, e de toda sua equipe. E como estou chegando agora, nada melhor do que me apresentar aos leitores. Meu nome é Tales Nóbrega Lombardi, tenho 35 anos. Sou e sempre fui apaixonado por motor e velocidade – inclusive, a partir da próxima edição da Revista Reação, esse passará a ser o novo nome dessa seção – MOTOR E VELOCIDADE – e não mais somente Parakart. Essa paixão por motor e velocidade é que me levou a ser um piloto de helicóptero e avião. E em 2006, durante um voo de helicóptero, tive uma severa pane de motor, causa essa que me obrigou a realizar um pouso de emergência em uma mata fechada na Serra de Guaíba, no Ceará. Como consequência do acidente, tive uma compressão medular na T12, com a sequela de paraplegia – o que não me impediu de continuar buscando minha realização, tanto pessoal quanto profissional. Sou casado, tenho minha própria empresa e busco a realização do sonho de “viver” do esporte a motor, como piloto profissional – sonho esse que vem se tornando realidade, após meu início em 2008, jus-

tamente no Kart Adaptado - PARAKART. Como piloto, já participei de algumas categorias e campeonatos. Atualmente integro duas modalidades: PARAKART e o CAMPEONATO MERCEDES-BENZ GRAND CHALLENGE. Por isso, meu compromisso é trazer a vocês leitores e amigos, tudo o que acontece nesses campeonatos e nesse universo que move tantas paixões, que é o automobilismo. Então, vamos ao que interessa:

PARAKART Com duas etapas já realizadas este ano, a PARAKART tem como projeto principal a busca para contribuir com a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de trabalho, rompendo a barreira de preconceitos e demonstrando que as PcD são “eficientes” e não “deficientes”. A modalidade foi idealizada pelos organizadores, apoiadores e patrocinadores, para proporcionar todas as emoções de pilotar um Kart utilizando mecânica quase idêntica aos F-4 tradicionais, com adaptações para que os pilotos acelerem e freiem utilizando controles manuais localizados no volante. O campeonato teve sua terceira etapa no dia 5 de abril, na pista do Kartódromo de Praia Grande, no litoral de São Paulo, tendo em seu grid 24 pilotos. João Dias, o “Zóio”, que mantém a liderança com 54 pontos integra a equipe junto de Andrés Lopes, o “Espanhol”, e Daniel Moraes – cada um com 43 pontos, entre os três primeiros, disputando esse início de campeonato ponto a ponto, curva a curva. A temporada começou emocionante !

MERCEDES-BENZ CHALLENGE Já a Mercedes-Benz Challenge é a mais nova categoria integrante dos eventos promovidos e organizados pela Vicar. A parceria foi anunciada na sede da Mercedes-Benz, em São Bernar-


parakart

do/SP. Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro País do mundo a ver a estréia do CLA 45 AMG – versão de corrida do mais novo carro esportivo da marca – que foi apresentado ao público no Salão do Automóvel de Frankfurt, na Alemanha, no último mês de setembro. Com 8 etapas na temporada 2014, o Mercedes-Benz Challenge terá 6 corridas junto ao Brasileiro de Marcas Petrobras e duas no Circuito Nova Schin Stock Car. Ao lado da principal e mais tradicional categoria do automobilismo brasileiro, o Mercedes-Benz Grand Challenge, estarão nas ruas de Ribeirão Preto/SP e no templo das corridas nacionais, o mítico Autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP. Na reta final de fechamento de patrocínios e apoios, já estou confirmado como o único piloto com deficiência para a primeira etapa, que será no dia 5 de maio. A Mercedes de modelo C250 turbo que eu uso, sai da equipe R SPORTS e

vai a caminho da ADAPTAUTO para os cuidados do amigo Ponciano, responsável por toda a adaptação do veículo, para que eu possa pilotar essa máquina nas pistas. Minha primeira participação em 2014 está prevista para o Autódromo de Goiânia/GO. Estamos aguardando somente a confirmação por conta de reformas no Autódromo. Esse campeonato começa quente, trazendo na categoria, grandes nomes do automobilismo brasileiro ! Volto a agradecer a oportunidade de aqui escrever, confirmando meu compromisso em trazer tudo o que rola no esporte a motor para os leitores que, assim como eu, são apaixonados pelo tema. E nas pistas, conto com a torcida de todos !!!

Tales Lombardi é cadeirante, ex-piloto de helicóptero, empresário e corre como piloto de várias categorias do automobilismo com carro adaptado. E-mail: cmtetales@hotmail.com

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veículos

R$ 70 mil... Até quando ?!? Por mais incrível que pareça, após quase 2 anos, ainda estamos lutando com o CONFAZ pelo reajuste do valor para a compra do carro 0Km por pessoas com deficiência...

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arece incrível... é uma vergonha ! Já está parecendo até que é uma “picuinha” dos técnicos do COTEPE e dos ilustríssimos senhores Secretários de Fazenda dos Estados brasileiros, que simplesmente “fingem” que ignoram a solicitação da sociedade brasileira, em especial as mais de 45 milhões de pessoas com deficiência e seus respectivos familiares. Isso, sem falar das entidades que os representam, que já vem há praticamente 2 anos “implorando... suplicando” para que seja aplicado um “simples reajuste pelos índices da inflação” – de 2009 a 2014 – sobre o valor limite do carro 0Km para a compra por pessoas com deficiência e familiares, possibilitando assim, que mais modelos de automóveis fabricados no Brasil, possam ser comprados com a isenção do ICMS para atender as “necessidades” de ir e vir – direito este, constitucional – dessa parcela considerável da população. O CONFAZ, para quem não sabe, é o Conselho Nacional de Política Fazendária, constituído pelos Secretários de Fazenda, Finanças ou Tributação de cada Estado brasileiro e Distrito Federal, bem como pelo Ministro de Estado da Fazenda. Ele é o órgão que rege a tributação do ICMS em todo Brasil. E o COTEPE é uma comissão, formada pelos técnicos representantes de cada Estado e governo federal. Nós, da Revista Reação, juntamente com várias entidades representativas do setor e das próprias pessoas com deficiência, bem como com deputados e senadores da Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência em Brasília/DF, mas ao que parece, estamos sendo, simplesmente “ignorados” ! Nos tratam como se estivéssemos pedindo algo absurdo ! Como se estivéssemos falando

uma grande bobagem... Lógico que não são todos os Secretários de Fazenda e nem todos os técnicos do COTEPE que são insensíveis à essa solicitação, porém, por mais um “absurdo” – entre tantos outros que podemos constatar na nossa legislação – o CONFAZ só pode votar favoravelmente a um pleito, se for por “unanimidade”... indo obviamente, na contramão da razão, onde tudo que se é votado, a vitória é da maioria e não da minoria. Afinal, no CONFAZ, trabalhando apenas com a “unanimidade”, estão privilegiando o voto da minoria, porque, por exemplo, se 26 secretários de fazenda estaduais votam a favor e apenas um secretário de um Estado da nação vota contra, não se aprova o pleito. Quem ganhou, então ? A maioria dos 26 ? Não... venceu o único que foi contra, pois graças a ele e sua “cabeça privilegiada”, milhões de brasileiros acabam sendo prejudicados e o pleito é rejeitado. Isso é coisa de País que se julga evoluído ? Isso é forma de votar questões tão importantes para a sociedade brasileira, em plena democracia ? Mas pior do que ficar à mercê de uma “cabeça privilegiada” que possa, quem sabe, votar contra nossa proposta de reajuste do valor dos R$ 70 mil pelos índices da inflação dos últimos 4 anos, é esses ilustríssimos senhores, simplesmente, “ignorarem” nosso pedido, nem sequer colocando nosso pleito em pauta para votação nas suas “nababescas” reuniões do CONFAZ, que coincidentemente ou não, sempre acontecem em cidades praianas, pontos turísticos do nosso País, em belos hotéis 5 estrelas, e lembrem-se: quem paga por todo esse luxo e mordomia, somos nós mesmos... os mesmos que estão “suplicando” para que esses camaradas “sustentados” pelo nosso rico dinheirinho, gozem de tudo isso e, ainda, “rejeitem” nos dar a atenção e respeito que merecemos. Não é um contrassenso ?!?!? Um outro exemplo da “transparência” dessas reuniões para a população brasileira é a dificuldade em sabermos quando e onde elas são realizadas... e depois, de se saber o que foi colocado em pauta e votado nelas. No site “Portal Confaz”, as últimas notícias que estão publicadas nele, são de setembro de 2013... Isso é um desrespeito para com o cidadão ! Desculpem-me a forma de colocação, mas as reuniões do CONFAZ mais parecem um encontro de amigos em férias... E a população brasileira, que paga a conta, mal fica sabendo ou sequer imagina que elas aconteçam.

Só para se ter uma ideia, a última reunião do CONFAZ ocorreu agora, há poucos dias, em 20 e 21 de março, em Teresina/PI. Mais uma cidade turística, e mais uma vez, ignoraram nosso pleito. A impressão que dá é que esses técnicos e secretários acham que as pessoas com deficiência querem comprar carros “caros” para passear de final de semana... acham um luxo uma PcD ter um carro que custe mais de R$ 70 mil... Pra quê uma pessoa com deficiência precisa de um carro melhor ? Eles que usem carros populares.... Certamente pensam assim – e sabemos que alguns pensam mesmo, porque até já nos deixaram isso bem claro em outras oportunidades. Carros automáticos, com porta-malas grandes, espaçosos internamente, NÃO SÃO LUXO para uma pessoa com deficiência ou suas famílias... e sim uma NECESSIDADE ! Muitos precisam levar consigo, não só seus familiares, cuidadores ou acompanhantes, mas as suas cadeiras de rodas, cadeiras de banho, macas, equipamentos de saúde, oxigênio, guinchos etc... Será que isso é possível num carro popular com porta-malas minúsculo ? Óbvio que não ! Nessa última reunião do CONFAZ, repito: na belíssima Teresina/PI, nossos ilustríssimos votaram assuntos de importância, vejam e analisem alguns temas em pauta e votados por eles e tirem as suas próprias conclusões: Convênio que autoriza o Distrito Federal a isentar a venda de mercadorias efetuadas na IX Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária; - Isenção do ICMS nas operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento das energias solar e eólica; - Concessão de redução de base de cálculo do ICMS à indústria do segmento de fabricação de quadros e painéis elétricos e eletrônicos localizada no Estado do Amapá; - Renovação de Credenciamento da empresa J ANDRADES INDÚSTRIA E COMÉRCIO GRÁFICO LTDA para fabricar formulário de segurança; - Autorização para o Estado de Rondônia a dispensar multas e juros de mora incidentes sobre o ICMS devido por contribuintes estabelecidos nas cidades de Guajará-Mirim e Nova Mamoré; - Autorização para o Estado do Rio Grande do Sul a não exigir o crédito tributário relativo à importação de um guindaste portuário;


veículos - Altera o Ajuste SINIEF 21/10, que institui o Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais; - Alteração no Ajuste SINIEF 07/05, que institui a Nota Fiscal Eletrônica e o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica; - Alteração nos Convênios ICMS que autorizam o Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro a dispensar ou reduzir multas e demais acréscimos legais mediante parcelamento de débitos fiscais relacionados com o ICM e o ICMS; - Alteração no Convênio ICMS 87/02, que concede isenção do ICMS nas operações com fármacos e medicamentos destinados a órgãos da Administração Pública Direta Federal, Estadual e Municipal; - Alteração do Convênio ICMS 82/13 que dispõe sobre a concessão de isenção do ICMS relativo ao diferencial de alíquota, bem como, na importação de bens destinados à modernização de Zona Portuária do Estado do Amapá; - Altera o Convênio ICMS 162/94, que autoriza os Estados e o Distrito Federal conceder isenção do ICMS nas operações com medicamentos destinados ao tratamento de câncer; - Entre outras coisas... Enfim... vejam a “relevância” dos temas que entraram em pauta nessa reunião. Então,

coloco os leitores e contribuintes para avaliarem cada item votado nessa reunião de 20 e 21 de março último... e não se esqueçam NUNCA disso: os senhores são ELEITORES e tem o poder do voto nas mãos, ainda esse ano... Pensem ! Não menosprezando a importância de nenhum tema acima citado e votado pelo CONFAZ... mas só faço questão de abrir aqui uma reflexão para que os leitores me acompanhem... Os Estados do Amapá, Rondônia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, que tiveram suas questões em pauta e votadas nessa última reunião do CONFAZ, somadas a população de todos eles, não temos 16,5 milhões de brasileiros. Nós estamos sendo “ignorados” num pleito que tem relação DIRETA com a vida e o dia a dia de mais de 45 milhões de brasileiros... Então, pergunto: será que a nossa causa, o nosso pleito pelo reajuste dos R$ 70 mil, que mexe com a vida de tantos cidadãos, tem menos importância do que o restante dos assuntos votados e colocados em pauta pelos “ilustríssimos” técnicos e secretários de fazenda nessa última reunião do CONFAZ ??? Temos que nos mobilizar e sair do ostracismo ! Temos que brigar pelos nossos DIREITOS ! Não estamos pedindo um favor... temos que parar de agir como se estivésse-

mos pedindo uma migalha de pão. Somos – TODOS NÓS – antes de tudo: contribuintes, cidadãos, eleitores... merecemos respeito e atenção, independentemente de sermos uma pessoa com deficiência ou não. E não estamos pedindo nenhum absurdo, mas “apenas” e tão somente que seja REAJUSTADO o valor dos R$ 70 mil pelos índices da inflação dos últimos 4 anos, permitindo que mais modelos de automóveis nacionais 0Km possam ser enquadrados na isenção do ICMS para serem adquiridos por PcD e seus familiares, lhes dando o direito de ir e vir da melhor forma possível, e não restringindo a compra do carro, não pela necessidade da pessoa, mas pelo preço e pelas poucas opções de modelos e de marcas que restaram dentro dessa faixa de preço. Até quando ainda vamos ter que esperar pelo respeito das “autoridades” do COTEPE e do CONFAZ ?... Até quando !?!

Rodrigo Rosso é diretor e

editor da Revista Reação E-mail: contato@revistareacao.com.br

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comemoração

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Foto: Agência Senado

Mais de 40 países comemoram o Dia Internacional da Síndrome de Down !!!

I

nstituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2006, o Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrado em 21 de março. A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que haja um caso a cada 800 crianças nascidas vivas. No Brasil, estima-se que essa alteração genética seja registrada em cerca de 8 mil bebês por ano. A Síndrome de Down não é uma doença. É uma ocorrência genética que acontece por motivos desconhecidos, na gestação, durante a divisão das células do embrião. As crianças nascem dotadas de três cromossomos (trissomia) 21, e não de dois, como o habitual. Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é preciso um melhor acesso e mais igualdade aos serviços de saúde. “Muitas vezes, as pessoas com deficiência – incluindo aquelas com Síndrome de Down – enfrentam o estigma, a discriminação e a exclusão”, disse Ban em uma mensagem especial para a data, que teve neste ano um foco especial na “Saúde e Bem-estar: Acesso e igualdade para todos”. Em Brasília/DF, a data foi marcada uma

sessão especial no Senado, em 20 de março. O presidente da Casa, Renan Calheiros, garantiu apoio total a projetos voltados para melhorar as condições de vida das pessoas com deficiência. Ele citou, por exemplo, o PLS 110/12, da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que permite a dedução, em dobro, da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física, de encargo por dependente com Síndrome de Down. A solenidade foi acompanhada por parlamentares e repre-

sentantes do Movimento Down e de outras entidades ligadas ao tema. Também estiveram presentes os três protagonistas do filme “Colegas”, de Marcelo Galvão: Ariel Goldenberg (Stallone), Rita Pokk (Aninha) e Breno Viola (Márcio); além do próprio diretor da obra e outros profissionais da produção. Eles falaram sobre o trabalho no longa-metragem e comentaram sua repercussão. Após a sessão especial, foi aberta oficialmente a exposição “Lucio, Arteiro, Artista, Lúcido Pintor”, de Lucio Piantino, jovem artista brasiliense com Down. Segundo o senador Wellington Dias (PT-PI), o preconceito em relação às pessoas com deficiência vem sendo superado. Ele afirmou que a palavra de ordem para garantir o pleno desenvolvimento delas é oportunidade. “O que vimos aqui com a exposição do Lúcio, com todos os que atuam no cinema ou nas artes, com a sua presença, cada

4º Simpósio Internacional da Síndrome de Down Aconteceu nos dias 21 e 22 de março, na capital paulista, o “4º Simpósio Internacional da Síndrome de Down – Saúde e Bem-estar: Acesso e Igualdade para Todos”, realizado pelo Instituto Ibero Americano de Pesquisas e Diretrizes de Atenção à Síndrome de Down (IPDSD), com o patrocínio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, apoiado pelo CEPEC-SP e pela FBASD - Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. O evento foi realizado na sede da Secretaria Estadual da PcD, no bairro Barra Funda, zona oeste de São Paulo/SP. Como sempre, a coordenação geral foi de responsabilidade do Dr. Zan Mustacchi, e contou, entre outros, com palestrantes internacionais, vindos dos EUA. O evento contou com mais de 450 participantes.


comemoração vez maior nas universidades, no mundo do trabalho, é que temos que ter o compromisso de abrir cada vez mais oportunidades. Acabar com o preconceito”, afirmou. O deputado Romário (PSB-RJ), pai de Ivy, de 9 anos, que tem Down, disse que a síndrome não é uma deficiência mental severa e seu portador pode ter um desenvolvimento intelectual considerável em várias áreas do conhecimento. Romário afirmou que tem aprendido muito com a filha. Já a APAE de São Paulo aproveitou a data para lançar a campanha: “Ter mais um cromossomo não muda quem somos”. Além de buscar a reflexão e transformação sobre a deficiência intelectual, a campanha quer mostrar como a qualidade de vida das pessoas com Síndrome de Down pode ser melhorada e os cuidados de saúde que estes indivíduos precisam receber. Várias cidades brasileiras comemoraram com eventos e ações específicas esse dia tão importante no calendário da pessoa com deficiência.

Comemoração na Câmara Municipal de São Paulo/SP Pessoas com Síndrome de Down tomaram conta do plenário da Câmara Municipal de São Paulo no dia 21 de março, em uma sessão que homenageou o seu dia. A solenidade começou com a apresentação de um musical dos anos 70 com jovens atendidos pela APAE São Paulo e, em seguida, os microfones foram ocupados pelos convidados, que puderam falar por si próprios e expor seus desejos. A Carpe Diem foi a associação realizadora do evento na Câmara Municipal, juntamente com a APAE São Paulo, com o apoio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED). Os atores com Síndrome de Down que fizeram sucesso com o filme “Colegas”, Ariel Goldenberg e Rita Pokk, contaram sua experiência no cinema e de contracenarem com artistas famosos. Falaram também sobre a vida de casado que levam há 10 anos e a autonomia que possuem. Emocionados, os dois convidaram a todos os presentes na sessão para fazerem um juramento de respeito aos sonhos e desejos das pessoas com Down. A secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marianne Pinotti, aproveitou a solenidade para expor o “Plano São Paulo Mais Inclusiva”. A sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo foi proposta pelo vereador Rubens Calvo e contou com as presenças dos também vereadores Floriano Pesaro, Andrea Matarazzo, Edir Sales e Masataka Ota. O evento contou ainda com apoio do Instituto Anjos de Deus - IAD, Instituto Nacional de Inclusão Social de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida - INIS e a Revista Reação.

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notas Preconceito: essa palavra não existe no universo da moda Imagine uma mulher desfilando apenas com uma perna e ainda por cima de salto alto. Cena que parecia impossível se tornou realidade para a paratleta e modelo Marinalva de Almeida. Com a perna esquerda amputada desde os 15 anos em consequência de um acidente de moto, ela não se conformou com a limitação e buscou novas possibilidades. Acabou se tornando paratleta e exemplo de atitude, o que a levou também para o universo da moda. Marinalva esteve em Goiânia/GO no final de março para a sessão de fotos do catálogo de outono/inverno da marca de calçados “Nanda Manu”, que desenvolve a campanha “Mulher Brasileira da Cabeça aos Pés”. Em seus lançamentos de estação durante todo o ano de 2014, são registradas mulheres “reais”, como explica o empresário Florêncio Junior, proprietário da marca, relatando que o objetivo da campanha é fugir do convencional das passarelas: “queremos mostrar que beleza existe em diferentes padrões e estimular que as mulheres valorizem seus atributos e suas histórias de vida”, destaca. A atitude positiva diante das adversidades também repercute na autoimagem e na beleza das pessoas. A escolha da marca, que remete ainda à inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência, entrou em contato com agência de modelos “Kica de Castro Fotografias” e escolheu no casting a modelo, também paratleta, Marinalva de Almeida. Atualmente, ela pratica corrida, dardo, disco e peso e, como atleta profissional, é velejadora. É atual recordista brasileira de salto em distância. Faz parte também da equipe Corredores Reunidos de Itu e Adaptados (CRIA Itu), em São Paulo. Em maio, vai para Holanda disputar o campeonato Delta Loyd. Seu exemplo de persistência acabou a levando também para o universo da moda. Entrou para o casting da renomada fotógrafa Kica de Castro. É contratada pela marca de moda inclusiva, “Lado B” e faz ações com a empresa Conforpés, patrocinadora de suas próteses.

Lei quer cuidadores obrigatórios nas escolas As escolas regulares poderão ter cuidadores específicos para alunos com deficiência, se for verificada a necessidade de atendimento individualizado. A iniciativa, prevista no Projeto de Lei 8014/10, do deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), foi aprovada em 12 de março pela Comissão de Seguridade Social e Família. De acordo com a Agência Câmara de Notícias, ainda haverá análises nas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Como o caráter é conclusivo, se houver aprovação em todas, o projeto não precisará passar pelo plenário. A legislação brasileira incentiva a inclusão de PcD no ensino regular, deixando o ensino especial para aqueles com características específicas. Por isso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96) prevê o serviço de apoio especializado aos alunos com deficiência matriculados nas escolas regulares. O projeto inclui explicitamente o cuidador como parte desse suporte, desde que necessário.

Reconhecido direito a casamento de pessoas com deficiência mental A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo foi favorável a um promotor de Justiça que se negou a anular um casamento em São Bernardo do Campo/SP, porque a noiva foi interditada cinco anos antes por ter deficiência mental. Denominados J.T.T.S. e L.B.G. no processo, eles se casaram em dezembro de 2011, sob o regime de comunhão parcial de bens. O cartório de registro civil de Riacho Grande (distrito de SBC/SP) percebeu depois a interdição e enviou o caso ao Ministério Público, mesmo o casal tendo apoio da mãe e curadora da jovem. O promotor Maximiliano Roberto Führer decidiu arquivar o caso, mas o juízo da 3ª Vara de Família e Sucessões da comarca não concordou e encaminhou o processo à Procuradoria-Geral: “para, se for o caso, designar outro promotor de Justiça a fim de propor ação declaratória de nulidade do casamento”. O procurador-geral Márcio Elias Rosa concordou com a posição do promotor. No entendimento do procurador, a incorporação no Direito brasileiro da Convenção Internacional, assinada nos Estados Unidos em 2007 e aprovada no país pelo Decreto Legislativo 186/2008, que impede a discriminação de pessoas com deficiência, tem status de emenda constitucional, derrubando qualquer norma ou interpretação que proíba o casamento delas. A decisão foi publicada em 15 de março passado. “Não havendo abuso ou fraude, o Estado deve se afastar de casos como esse. A pessoa com deficiência mental tem direito a ter uma família”, declarou o promotor. No Acre, em fevereiro, o casal Francisco Neto – com deficiência intelectual, e Geice do Carmo – com deficiência auditiva, se casaram na Paróquia Divino Espírito Santo, em Rio Branco/AC. O casal se conheceu na APAE. O namoro começou em agosto de 2012 por insistência do rapaz e terminou em casamento.



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momento surdo

por Neivaldo Zovico

ONG capacita os surdos sem acessibilidade de comunicação visual

O

Governo criou uma Lei que obriga a incentivar a incorporação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, e determinou que estes deverão ser capacitados e treinados por Instituições (ONG), utilizando a verba doada do Governo Federal, Estadual e Municipal e também de empresas. Em vista da exigência de inserir a PcD no mercado de trabalho por causa da multa, as empresas correram muito para evitá-la, procurando quaisquer pessoas com deficiência para cumprir a cota dentro da corporação. Além disso, algumas Instituições (ONG) que disponibilizam cursos para capacitação não se preocupam muito com o respeito e não valorizam as pessoas com deficiência no mercado de trabalho. As reclamações das pessoas surdas, quando finalizam o período de estudo nas Instituições, estão aumentando cada vez mais. Elas ficam muito frustradas por falta de informações e de aulas práticas para terem mais experiência para trabalhar. Infelizmente, algumas dessas Instituições não contrataram intérpretes profissionais para acompanhamento durante o curso de capacitação, mas sim treinadores ou profissionais que não fizeram curso de LIBRAS ou que têm somente o nível básico, com 30 ou 60 horas, não sendo, portanto, fluentes para ensinar. Existem locais de ensino, no entanto, que respeitam e incentivam as pessoas com deficiências auditivas no ambiente de trabalho, oferecendo em seus treinamentos, intérpretes profissionais ou treinadores fluentes em LIBRAS. A LIBRA – Língua Brasileira de Sinais – não é uma ferramenta como Braille. Sendo assim, um curso com carga horária pequena não habilita um indivíduo para se comunicar com candidatos surdos durante as aulas de capacitação. A LIBRAS é uma língua e, assim como qualquer outra língua, exige muito tempo para seu aprendizado. Por isso, é necessária a presença de profissionais fluentes em LIBRAS ou intérpretes de LIBRAS para ajudar a quebrar as barreiras de comunicação, fazendo os surdos e/ou pes-

soas com deficiências auditivas terem acesso à informação. Dessa forma, oferecer estudos para capacitação sem respeito à Acessibilidade de Comunicação Visual poderá prejudicar seriamente o desenvolvimento do indivíduo e comprometer sua inclusão no mercado de trabalho. Lembrando que, segundo a Convenção da ONU no artigo 30, parágrafo 4: “as pessoas com deficiência farão jus, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade cultural e linguística específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda”. Assim, as Instituições que recebem verba do Governo e Empresas Públicas devem desenvolver projetos que respeitem a acessibilidade de indivíduos surdos e/ou com deficiências auditivas através da Comunicação Visual em cursos de capacitação. Nós, da Comunidade Surda, esperamos que as entidades respeitem os direitos de 9,7 milhões de cidadãos surdos, principalmente sobre Acessibilidade através da Comunicação Visual.

Neivaldo Augusto Zovico é professor, Consultor de Acessibilidade para Surdos e Pessoas com Deficiência Auditiva. Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da FENEIS. Diretor de Relações Públicas da APSSP – Associação dos Professores Surdos do Estado de São Paulo. Colaborador da equipe do site: www.portaldosurdo.com / www.acessibilidadeparasurdos.blogspot.com E-mail : neivaldo.zovico@terra.com.br


por Márcia Gori

mulher

Mulher com deficiência: qual o medo afinal ?

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om o advento das redes sociais, sempre sabemos sobre nossas mulheres com deficiência que estão esperando um bebê, cheias de dúvidas, medos e pior: reféns de médicos pouco preparados para executarem um parto tranquilo e sereno. Há poucos dias nos deparamos com a notícia de uma mulher que está gestando um bebê com OI (Osteogênese Imperfecta), com direito e tudo de um laudo médico indicando o aborto, passando insegurança à futura mãe como se ela não fosse capaz de ir à frente ao propósito da maternidade. É absurdo, constrangedor, revoltante e humilhante tirar, cercear o sonho, o direito das pessoas de seguir os seus desejos – isso porque a nossa Gisele está aguardando a chegada de filho com OI, imaginem se fosse ela que tivesse a patologia ? O mundo cairia ! Alguns médicos iriam entender como impossível a gestação chegar ao final, fazendo essa mulher ter uma “via crucis”, trazendo-lhe ainda mais inse-

gurança e perdendo tempo com preocupações infundadas, além de tirar-lhe as delícias da maternidade. Presencio todos os dias as notícias em nosso meio sobre

Movimentação de pacientes e pessoas com deficiência O sistema Guldmann de elevadores de teto é difenciado: • Está sempre pronto para uso, parando e carregando em qualquer lugar • Fácil de entender e usar • Ampla variedade de módulos • Velocidade e capacidade ajustáveis

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mulher direitos e indignação... muitas se posicionando como feministas, incentivando os namoros e a sexualidade – haja vista que agora todos são “entendidos” nesta área – mas, infelizmente, o que há são pessoas falando de suas próprias experiências como se fossem receitas prontas e as dúvidas permanecem cada vez maiores. Ainda há necessidade de muita informação circulando, não para quem está engajado no Movimento de Mulheres com deficiência, mas para aquelas que estão guardadas dentro de seus lares, semi-alfabetizadas ou analfabetas, para sua família também ter acesso à informação e se tranquilizarem com as mudanças que ocorrerão nas vidas de todos. A informação é a luz que apaga a escuridão da ignorância. A informação faz o indivíduo crescer, abre a mente, tira o medo, faz com que a caminhada da coragem seja mais colorida e as cobranças cessam. Sempre digo que a ignorância é um monstro de muitas cabeças, voraz em sua fome de destruição. Alimenta o pior de um ser humano, trazendo discórdia, dor, sofrimento, depressão, mágoas e muitas vezes a morte em sua companhia, por isso, precisamos estar sempre dispostas a auxiliar uma a outra, dar as mãos para esta caminhada e ser uma lamparina na marcha de cada uma de nós, auxiliando no progresso, na evolução emocional, psicológica e espiritual de cada uma que passar de alguma forma por nossas mãos. Porém, o que vejo são conversas mal faladas, rixas idiotas, “fulana” não gosta de “beltrana”, uma falando mal do trabalho da outra, todas com o direito de julgar para massagear o próprio ego, porém onde iremos chegar com tal comportamento ? O que iremos construir de fato ? Iremos ajudar a quem ? Será ? Será ? Será ? Quantos “serás” necessitamos para fazer o que é correto, digno e justo ? Quantos “serás” tem que estar martelando em nossas mentes, tirando-nos o foco e deixando tudo passar a nossa frente como senão fosse problema nosso ? Se você, mulher com deficiência, quer mudanças em sua vida, em sua trajetória, isto somente depende – exclusivamente – de VOCÊ, das suas decisões, da perda dos seus medos e jogando fora as suas dúvidas. Mas, como fazer isso se eu não tiro o nariz para fora de casa ? Leitura, caso seja alfabetizada, muita leitura. A TV também ainda traz alguns bons programas, conversar com pessoas que gostam de ensinar, muita roda de conversa com amigas, internet e interesse em mudanças que elas virão, contudo, tem que começar por algum lugar, não temer o novo, saber observar o mundo e não tomar nada como verdadeiro, mesmo porque precisamos nos reciclar sempre em nossas vidas. Pessoas que tem opiniões fechadas sobre tudo, que se acham donas da verdade, são indivíduos preconceituosos, que não permitem que outras cresçam. São envelhecidas em suas concepções – haja vista que na vida nada é para sempre: hoje você não gosta do verde, porém amanhã vai amá-lo. Posso não gostar de uma pessoa agora, criar situações para que esta não venha fazer parte do seu grupo de amigos, entretanto, pode

passar o tempo que for que a vida se encarrega de nos mostrar que precisamos justamente daquela que desmerecemos mais. Não precisamos amar a todas, virar a melhor amiga, levar para dormir em casa, contudo, há necessidade do respeito em primeiro lugar do ser humano, das experiências de vida que levamos no coração e, ademais, uma líder legitima não critica o trabalho da outra, mas sim constrói pontes, une pensamentos, reconhece o valor de sua semelhante e dos esforços feitos para chegar a um denominador comum. As críticas sempre serão bem vindas, desde que sejam para acrescentar, melhorar, mas se for para derrubar, tomar o espaço da outra... Hummm !!! É bom tomar cuidado quem gosta de ter essas práticas pouco ortodoxas, porque se puxar o tapete dos outros, alguém também irá puxar o seu, pois tudo que vai, volta. Eu acredito que todas temos nossas estrelas, nosso espaço, nossa missão. Não precisamos tomar lugar de ninguém, sair lançando maldades e maledicências com as palavras, somente é necessário o amor, a compreensão, a união, o respeito mútuo e o pensamento do bem estar do coletivo. Parar com essas mesquinharias, maldades, intrigas e futricas, pois a oposição gosta da divisão para ter o poder de governar, mas podemos mostrar outra postura, outros pensamentos e atitudes. Novos comportamentos mais evoluídos, pessoas com vontade de somar, cuidar dos outros, sem inveja, sem maldade, com o olhar verdadeiro pelo coletivo, do trabalho humanitário que precisa ser desenvolvido, enfim, sem o maldito ego, porque fazer maldade para os outros deve ser divertido, porém para quem recebe não é nada agradável, é hediondo. Vou fazer uma proposta: vamos nos unir, aprender uma com as outras, praticar a amizade, a união. Deixar a inveja, a cobiça e abrir nossas mentes para que possamos receber novas energias positivas ? Afinal, em que você é melhor do que a outra e o seu trabalho tem de melhor do que sua parceira ??? Até nosso próximo encontro !!! Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Presidente-fundadora da Ong “ESSAS MULHERES”, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos - ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/ SP 2007/2009, ex - apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/ SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP 2009/2012. Idealizadora do I Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010 a 2013, co-realizadora do I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência em 2012, capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de Castro Fotografias. E-mail: marcia_gori@yahoo.com.br Blog/site: www.marciagori.net Site: www.essasmulheres.org


por Karolina Cordeiro Alvarenga

doenças raras

Comemoração do Dia Mundial das Doenças Raras

A

data oficial do Dia Mundial Das Doenças Raras é 29 de fevereiro, por ser um dia raro. Nos anos não bissextos, a comemoração é feita um dia antes. Aqui no Brasil, um dos principais eventos realizados foi em 26 de fevereiro, na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, que pelo terceiro ano consecutivo organizou um seminário sobre o tema. Promovido pelo deputado Romário (PSB/RJ), teve as presenças do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, da deputada Mara Gabrilli (PSDB/SP), do coordenador-geral de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, José Eduardo Fogolin Passos, que representou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e do senador Eduardo Suplicy (PT/SP). O Tema escolhido para este ano foi “Cuidado”. O principal objetivo do encontro é a discussão das políticas públicas para as pessoas com doenças raras e conhecer os

O tom do evento em Brasília/DF ficou por conta da portaria 199/2014, aprovada em 12/02/2014, que institui a política nacional de doenças raras. Com esta Portaria, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorpora 15 novos exames para diagnosticar doenças raras e credenciar hospitais e instituições para atendimento de pacientes com essas enfermidades. As avaliações abrangem grande parte das 8 mil doenças raras já estudadas. A política foi criada, após pedidos de organizações não-governamentais e instituições de pesquisas, que discutiram o assunto com o governo desde 2012. Segundo o Ministério da Saúde, existem atualmente no Brasil 240 serviços que promovem ações de diagnóstico e assistência. Com a nova norma, instituições poderão se credenciar ao SUS para receber verbas destinadas aos exames e às equipes que trabalham avanços para melhorar a qualidade de vida delas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças raras as que afetam um pequeno número de pessoas quando comparado com a população total. Na Europa, por exemplo, uma doença é considerada rara quando afeta uma em cada duas mil pessoas. Embora raras, a variedade é grande: existem cerca de 8 mil tipos registrados e 80% dessas doenças têm origens genéticas e 50% atingem crianças. Outras causas podem ser infecções (bacterianas ou virais), alergias, causas ambientais – ou são degenerativas e proliferativas. Essas doenças são, geralmente, incapacitantes, causando a perda de autonomia – uma vez que muitas delas são crônicas, degenerativas e, frequentemente, fatais.

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doenças raras

no tratamento dos pacientes. De acordo com o governo, será repassado mensalmente R$ 11,6 mil para custeio da equipe de serviço especializado (com, no mínimo, um médico, enfermeiro e técnico de enfermagem) e R$ 41,4 mil para equipes do serviço de referência, que contam com geneticista, neurologista, pediatra, clínico geral, psicólogo ou outros profissionais. Atualmente, o SUS conta com 26 protocolos clínicos para doenças raras que são a “porta de entrada” para a assistência na saúde pública. Além disso, há oferta de medicamentos para 11 enfermidades, como a deficiência de hormônio do crescimento (hipopituitarismo), fibrose cística e hipotiroidismo congênito. A Portaria foi bastante questionada, pois define equivocadamente, o aconselhamento genético como atividade privativa do médico geneticista, impedindo outros profissionais de saúde especializados em genética humana de exercê-la. Existem hoje no Brasil apenas 160 médicos geneticistas e aproximadamente 6 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara. Ou seja, um especialista para cada 37 mil pacientes. A portaria tem que ser lida como “para quando isso tudo for executado”. O artigo 19 é um exemplo. A leitura tem que ser crítica, se perguntando quando será possível ter 10 centros de referência no Brasil. Ficou clara a necessidade da melhora desta portaria, que foi um bom começo para quem possui doenças raras, mas que precisa de diretrizes e implementações. Mas o tema central – CUIDADO - nos leva a uma reflexão sobre como estamos cuidando de nossos raros, hoje em dia... Como eu cuido do meu RARO ? Com muito amor e a certeza que sua vida não está sendo em vão. Que o cuidado ultrapassa o limite do: está bem ! - alimentado, vestido, assistido. Que minhas mãos não apenas o toquem, mas que possuam o poder de acalmar, de sentir. Que meus olhos, ao alcançarem os seus, não estejam cansados. Que sempre exista amor para recomeçar um novo dia. Que meu sorriso te faça uma pluma, onde meus ombros se tornam de ferro. Que minha voz clame por justiça, direitos, acessibilidade, respeito, sem ferir o outro... Que o seu tempo seja o meu tempo, e que outras pessoas compreendam essa nossa necessidade um do outro. Não sei onde começa você e nem onde eu termino... Meu braço é sua

extensão, onde encontrará uma mão que você poderá contar sempre. De minha boca sai a voz necessária para que você seja ouvido, Pedro ! Que minhas pernas tenham força para te erguer e, quando cansadas, possamos sentar e gargalhar juntos. Meu coração, através de você, me ensinou a maior raridade do mundo: O MUNDO BELO NÃO É O PERFEITO. O evento foi emocionante, pois, além das discussões sobre políticas públicas, houve a apresentação “Juntos Cuidaremos Melhor” - um projeto que visa inclusão social através da dança. E através do meu Pedro, mostrar que raro, é o amor que temos por essas pessoas especiais.

Karolina Cordeiro Alvarenga é geógrafa e

participa de corridas de rua com o filho Pedro que tem uma síndrome genética rara, a Aicardi-Goutieres. Idealizadora de campanha pelo respeito às vagas para pessoas com deficiência em Uberlândia/MG, onde mora.


nota Ônibus de turismo adaptado !

A 20ª edição do Workshop & Trade Show CVC, ocorrido em final de março, em São Paulo/SP, trouxe o primeiro ônibus adesivado com a marca CVC adaptado para passageiros com mo-

bilidade reduzida. O modelo foi apresentado pela empresária Decca Bologna, proprietária da Potiguar Turismo, de Natal/RN, que exibiu o funcionamento da rampa de acesso e do elevador do

veículo aos agentes visitante e, também, compartilhou a novidade com os demais participantes do evento (510 expositores do Brasil e de 29 países), entre eles, empresas de turismo receptivo de todo o Brasil. Fabricado em 2014, com carroceria Irizar e chassis Scania, o ônibus permite acomodar, numa mesma viagem, de 8 a 10 passageiros com mobilidade reduzida, para cadeirantes e/ ou passageiros com dificuldade de locomoção. Em seu interior há amplo espaço, de forma a receber, confortavelmente, uma cadeira de rodas com cinto de segurança, e em ângulo de 360º graus, além de 8 lugares de fácil acesso para esse tipo de uso exclusivo.

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artigo

por Hermes Oliveira

De volta pra minha terra !

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epois de 20 anos – e 12 desses sendo paraplégico devido a um acidente (capotamento) com uma carreta – resolvi sair da cidade de São Paulo, agora, em 2014 e voltar para minha terra natal: Boa Esperança/PR. Em São Paulo fiz minha trajetória... fiquei conhecido e reconhecido como piloto de Parakart, lancei um livro... me tornei articulista da Revista Reação... Mas acredito que, nesse momento da minha vida, lá na minha pequena Boa Esperança/PR, vai ser melhor para que eu possa realizar alguns projetos que não estava conseguindo colocar em prática em solo paulista, como por exemplo, ter o meu alvará de motorista de táxi que, mesmo tendo toda a documentação necessária exigida para isso, e mais um curso de especialização de taxista com a nota 10, não havia conquistado até então em São Paulo/SP. A prefeitura de São Paulo está negando o alvará para pessoas com deficiência que não puderam participar da distribuição anterior por ser uma atividade proibida pelo código de trânsito. E agora que já estamos autorizados a exercer funções remuneradas, também por lei, continua a negação, porque segundo o pessoal da prefeitura, é suficiente a quantidade de alvarás existentes na cidade. Balela... a capital paulista é imensa e é nítida a insuficiência da quantidade de taxis na praça na cidade. Então, desisti de São Paulo... e pedi uma oportunidade aqui, onde eu nasci e cresci, e o pessoal está avaliando a possibilidade de alterar a lei orgânica do município para que eu consiga meu alvará. Agora sim ! Já estou confiante que vai sair e vou poder trabalhar ! Até pedi autorização para tirar uma foto do lado do táxi do Sr. João Oliveira, aqui da cidade de Boa Esperança/PR, enquanto ele aguarda a ligação de seus clientes. Pra dar sorte ! Mas e como fica esta mudança – de uma cidade grande como São Paulo para uma pequena e pacata cidadezinha do interior do Paraná ? Bem, fica um pouco mais fácil nesse caso, porque eu já era da cidade pequena e me adaptei à uma cidade grande, então agora e só me adaptar a cidade pequena de novo. Confesso que de muitas coisas não vou sentir saudade. Aqui não tem trânsito, alagamento, violência e nem poluição. Tem um vento forte, um sol quente e uma noite fria que parece aumentar a qualidade de vida da gente... é outra vida mesmo. Em todos os sentidos... vai ser uma readaptação. Mudei de estado, mudei de vida e mudei de assunto também... Passei meu artigo sobre esporte automobilístico e pilotagem de Kart para meu amigo Tales Lombardi, agora a minha ex-coluna vai ser responsabilidade dele. E ele vai “pilotar” isso com muito talento, como sempre faz.

Mas eu não vou deixar de marcar presença nas páginas da nossa querida Revista Reação não... de jeito nenhum ! Continuo escrevendo, agora de tudo um pouco – compartilhando minhas experiências – como me pediu meu amigo Rodrigo Rosso, editor da publicação. Vou falar do dia-a-dia no interior, da vida no campo, da vida... de tudo... do jeito que a vida me levar. Na próxima edição, eu conto mais... Até lá !

Boa Esperança/PR dá Cartão Nacional de Estacionamento

Depois que o cadeirante Genésio Paiva foi multado em Campo Mourão/ PR usando a vaga reservada para pessoas com deficiência por não portar o Cartão Nacional de Estacionamento, que autoriza seu uso, a prefeitura de Boa Esperança/PR, começou a trabalhar para fazer os documentos. Na primeira quinzena de março, o prefeito Cláudio Gotardo e o vice-prefeito Osmar Bonomo, juntamente com o presidente da Câmara, João Maciel Azevedo, e o gerente da Agência do Trabalhador Sérgio Domingues (GRAIA), fizeram a entrega da primeira Carteirinha – Cartão de Estacionamento – ao cadeirante, que dá direito de ampla acessibilidade para vagas de estacionamento em todo País – criação essa de responsabilidade de cada município. O morador de Boa Esperança/PR, Genésio Paiva Braga, recebeu o seu Cartão Nacional – que vale não só para PcD mas também existe o Cartão para o Idoso. O idoso e a pessoa com deficiência podem comparecer até a Assistência Social levando seus documentos como: RG ou documento equivalente com foto, CPF, comprovante de residência, como conta de água ou luz. E isso vale não só para Boa Esperança/PR, mas para todos os municípios brasileiros. E todas as PcD tem direito ! A credencial (Cartão Nacional de Estacionamento) deverá ser exibida sobre o painel do veículo, no formato original, com a frente voltada para cima.

Hermes Oliveira é piloto de Parakart patrocinado pela Revista Reação, estudante de Administração de Empresas e autor do livro: “Um Motorista Especial de Carreta”.


nota Dia 2 de abril: Dia Mundial da Consciencialização do Autismo

por Samara Del Monte

A realidade dos presos com deficiência no Brasil

A A data é comemorada em todo o mundo e teve iniciativas em todo o País, desde ações como edifícios iluminados de azul, até seminários, eventos comemorativos em entidades, conferência sobre a qualidade de vida das famílias com crianças e jovens autistas, pronunciamentos políticos, enfim... todos lembram com carinho e responsabilidade dessa importante data do calendário mundial. A ideia da iluminação de edifícios em azul surgiu do movimento “Light It Up Blue/Iluminar de Azul”, com ações em todo o mundo. Ela é simples e dá muita visibilidade ao movimento. Consiste em iluminar edifícios, monumentos e casas na cor azul nesta data ou na semana da comemoração do autismo, que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o planeta. No Brasil, além de prédios e monumentos públicos, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro/RJ, símbolo mundial, também será iluminado de azul.

mais eficiente

inclusão social trouxe tantos os direitos à pessoa com deficiência como também deveres a serem cumpridos. Se alguém cometer um crime, terá que pagá-lo e, hoje, há leis bem específicas para o cumprimento da pena. A Secretária Executiva do Ministério da Justiça, Márcia Pelegrini, explica: “a lei determina que para cada crime exista uma sanção – que deve ser igual para todos. O juiz faz uma avaliação e pode decidir por atenuantes a fim de humanizar a pena e torná-la própria ao indivíduo, considerando sua deficiência, esforço e necessidade. Há também a hipótese de indulto – direito concedido pela Presidência da República – aplicada a pessoas com paraplegia, tetraplegia ou cegueira desde que comprovada a necessidade de cuidados que não possam ser prestados pelo estabelecimento penal”. O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária dispõe sobre a necessidade de garantia de acessibilidade nas unidades prisionais, portanto, há previsão de uma cela acessível em cada bloco, bem como no entorno. Há ainda equipes de saúde es-

pecializadas para oferecerem suporte, mas não se pode afirmar que esta seja uma realidade nos presídios. “Cada estado brasileiro tem suas peculiaridades. Infelizmente, já foi possível verificar em inspeções realizadas pela Ouvidoria do Sistema Penitenciário que pessoas com deficiência estão em ambientes que não permitem sua autonomia e nem o atendimento das suas necessidades”, comenta a secretária. Para fortalecer o melhor tratamento das pessoas presas, foi instituída pelo Ministério da Justiça e da Saúde uma Política Nacional de Atenção à Saúde de Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional, integrando as ações do sistema prisional com o Sistema Único de Saúde, por meio de Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de Janeiro de 2014. “Com certeza, essa realidade vai mudar com a implantação dessa nova política, pois nela há previsões de equipes especializadas e tratamento adequado às pessoas com deficiência”, finaliza Pelegrini.

Samara Andresa Del Monte é jornalista, idealizadora da Revista Mais dEficiente, tem paralisia cerebral, é cadeirante, se comunica com símbolos bliss e escreve no computador usando capacete com ponteira. E-mail: samarandresa@gmail.com

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espaço aberto

por Alex Garcia

Meus passos para o desenvolvimento !

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esse artigo – de quatro etapas – pretendo orientar as pessoas com deficiência e, quem sabe, até mesmo quem não a possui, sobre como alcançar o desenvolvimento. Como de costume em minhas reflexões, vou trazer uma verdade: a minha verdade e acredito que existam muitas “outras verdades” por aí, pois cada ser humano é detentor de sua própria. Os “meus passos”, portanto, podem ser seguidos. Podem ser até semelhantes. Com certeza, serão muito distintos dos de outras pessoas, mas são os passos de um cidadão surdocego. A surdocegueira é a deficiência que mais “afeta” a essência da sociedade, porque culmina na distância imposta pelas perdas visuais e auditivas, assim como a impaciência que se gera pelas dificuldades de comunicação. Tais consequências remetem as pessoas surdocegas à condição mais temida pelos seres humanos: o “estar sozinho” como sinônimo de abandono – distinto de solidão em que se pode eleger e desfrutar quando não se tem medo de si mesmo. Em minha vida, busco transmitir e exercitar os “meus passos”, jamais os interpretando como “prontos”, “finalizados”, a mercê da estagnação.

Conhecer a si mesmo Aqui temos o primeiro passo: conhecer a si mesmo. Saber de suas necessidades e habilidades leva certo tempo, portanto, não cabe no tempo de novela. Todas as pessoas com deficiência, em especial pessoas surdocegas, devem ter bem claro que nada é estático, então, o “conhecer a si mesmo” será um verdadeiro “re-começar” e é preciso ter muita paciência !

Controlar as emoções Aqui temos o segundo passo: para controlar as emoções, devemos nos conhecer – disso, agora já sabemos. Somente é possível dar um novo passo com segurança se o anterior estiver sólido. As emoções e seu controle possuem papel de destaque em nosso desenvolvimento. No cotidiano, observamos com frequência o desespero e o medo das pessoas com deficiência e pessoas surdocegas. O desespero e o medo são – em essência – os baixos conhecimentos de si mesmo.

Planejar as ações Aqui temos o terceiro passo: para planejar ações devemos nos conhecer e controlar emoções. Fato ! O planejamento é a mola mestra do desenvolvimento, mas, se mal feito, pode colocar tudo a perder em pouco tempo. Um mau planejamento vai trazer a tona o descontrole emocional e então constataremos claramente: “eu não me conheço com a profundidade que imaginava”; “pensava possuir esta habilidade, mas na verdade,

tenho outra necessidade”. Está muito claro: se conhecermos a nós mesmos, vamos controlar as emoções. Por consequência, planejaremos ações para que estas estejam ao alcance de nossas habilidades, “fugindo” das necessidades.

Orientar o meio Aqui temos o quarto passo: conhecendo a si mesmo, controlam-se as emoções. Emoções sob controle, planejam-se ações e então, por fim, orientar o meio se torna possível. Essa orientação é o ápice, pois vivemos em sociedade e por mais que tenhamos habilidades, nenhum ser humano é perfeito ao ponto de não precisar de algum apoio. Alerto que orientar o meio pode, nem sempre, ser aquilo que desejamos, ou seja, pode acontecer de ao tentarmos orientar uma pessoa a colaborar conosco, a falta de interesse, descaso, apareçam. Se você se deparar com o desinteressado, francamente, não tente mudá-lo. Vire-se que, com certeza, logo ali está outra pessoa com interesse.

Alex Garcia é gaúcho e Pessoa Surdocega. Presi-

dente da Agapasm. Especialista em Educação Especial. Autor do livro “Surdocegueira: empírica e científica”. Vencedor do II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga/RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência pela Mobility International USA/MIUSA. Membro da Federação Mundial de Surdocegos. Site: www.agapasm.com.br E-mail: contato@agapasm.com.br


por Silvia de Castro

moda e estilo

http://t.co/aJFV66276B via @jornalodia

Diversidade sem idade !

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nicho do mercado de moda está na diversidade, pois a consciência da realidade de multiplicidade de manequim, altura e idade está se fortalecendo. Segundo pesquisas, as pessoas gostariam de ver nos catálogos de moda e nas publicidades modelos que as representassem, que fossem reais. É preciso atualizar este conceito dos padrões estéticos e físicos dos modelos utilizados. A ditadura da moda exclui a diversidade e, por isso, neste artigo vamos enfatizar as mulheres, em especial as mais velhas, que raramente são relacionadas com os temas de sensualidade e beleza. As mulheres obtiveram muitas conquistas, porém ainda existe uma “pressão psicológica” em relação à sua aparência e que muitas vezes acaba afetando a autoestima. Alguns países atentos a essas mulheres “adultas”, que estão em plena atividade profissional, pessoal, social e sexual, abriram espaço para esta diversidade. No Brasil, esse conceito ainda precisa evoluir, pois cresce o número de mulheres que buscam cada vez mais qualidade de vida e demonstram visão de longo prazo (buscam mais acompanhamentos médicos de forma preventiva, complementação de renda através de planos de previdência privada). Portanto, é preciso perceber a importância econômica que estas mulheres têm e terão cada vez mais, determinando a maior parte do mercado consumidor. Hoje podemos falar em terceira e quarta idades, ou melhor:

sem idade. Lembrando ainda que o símbolo da “terceira idade” com uma pessoa curvada e com bengala (usado para sinalizar espaços especiais para idosos) mudou, pois esta realidade também mudou: a longevidade é real e essa fragilidade muitas vezes não ocorre. É possível ver disposição e saúde também nesta fase, graças à evolução da medicina, aos remédios e, portanto, é preciso pensar nessa perspectiva, pois isso ocorrerá cada vez mais em diversos países, inclusive no Brasil. Atento a este mercado da mulher mais adulta, uma marca americana lançou a campanha de lingerie da American Apparel, com a modelo Jacky O`Shaughnessy de 62 anos e que atraiu críticas diversas, inclusive em redes sociais. Parabéns àqueles que enfatizam a diversidade. Até a próxima edição !

Silvia de Castro é professora, consultora e estilista de moda, especializada em moda e estilo para pessoas com deficiência, E-mail: scestiloterapia@gmail.com Blog: www.estiloterapia.com.br

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4 anos de atividades: apesar do pouco tempo de vida, a ABRIDEF trabalha intensamente !

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urante a REATECH 2014, a ABRIDEF completa 4 anos de atividades intensas. Desde o seu nascimento, dentro da própria feira, em abril de 2010, a associação não parou de crescer e somar conquistas para o setor, que até então, não tinha uma entidade patronal que reunisse as empresas de tecnologia assistiva, sejam elas indústrias, comércio ou prestação de serviço.

A ABRIDEF surgiu com a função de fomentar e organizar o setor. E vem cumprindo com excelência esse papel e hoje, mesmo com tão pouco tempo de vida, já é reconhecida nacional e internacionalmente, respeitada pelo seu desempenho, por suas propostas e parcerias, tanto políticas como institucionais. Devido ao crescimento rápido da associação, desde o ano passado, a diretoria

da Entidade, notando o seu crescimento e reconhecimento social, sentiu a necessidade de implementação de ferramentas que ajudem na sua administração, a fim de que esse crescimento possa ser ordenado e equilibrado, e principalmente, aconteça de forma organizada. “Pensando dessa forma, resolvemos implementar um Planejamento Estratégico para a ABRIDEF, onde toda e qualquer ação da entidade passe, antes de sua execução, pelo crivo de sua diretoria, cada vez mais interessada e participativa. Isso acontece em criteriosas reuniões mensais, onde tudo é estudado e analisado, desde o que fazer e até como fazer, e o momento certo de se fazer... a fim de que os resultados dessas ações possam ser positivos para seus associados, evidentemente, mas também e principalmente, para todo o setor”, afirma Mara Di Maio, Superintendente Executiva da ABRIDEF. Dessa forma, segundo a superintenden-

te, o Planejamento Estratégico é feito por meio da análise, no sistema SWOT que é a sigla dos termos ingleses “Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças)”. Em administração de empresas, a análise SWOT é um importante instrumento utilizado para planejamento estratégico, que consiste em recolher dados importantes que caracterizam o ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças), no caso, da Associação. A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise ambiental, sendo a base da gestão e do planejamento estratégico numa empresa ou instituição. Graças à sua simplicidade pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, desde a criação de um blog à gestão de uma multinacional. Este é o exemplo de um sistema simples destinado a posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa/instituição no ambiente em questão. Mara Di Maio diz que, dentro desse conceito, foram estudadas algumas ações para 2014. E, por ser um ano difícil, com


o evento “Copa do Mundo” e, em seguida, a vinda das eleições, a diretoria resolveu não investir em pleitos que dependam de resultados políticos. “Este ano, decidimos atacar ações mais diretas e independentes, como as participações em Feiras e eventos do setor, bem como aproveitar o momento para acertos internos, organizacionais e estruturais, como por exemplo, a reestruturação do nosso estatuto, que com o crescimento da Associação precisa de atualizações e aperfeiçoamentos; a gestão junto ao governo federal para ampliação do financiamento público de produtos de TA; realizar campanha informativa ao cidadão quanto aos seus direitos de acesso a TA, promoção de cursos, workshops e seminários visando a profissionalização do setor e de seus profissionais, entre outras questões, mas quase todas elas voltadas à sua própria gestão, como também a definição do organograma interno e descrição de funções de sua diretoria”, comenta Mara. A próxima assembleia geral da ABRIDEF acontece em maio. “Entendemos que, para o verdadeiro crescimento de qualquer Associação, se faz necessária a atuação eficaz e o envolvimento de cada diretor que, conhecendo as suas funções, tem sua ação facilitada e agilizada para o bom andamento dos trabalhos”, explica Mara Di Maio. Outra ação de enorme interesse da Entidade é desenvolver projetos para captação de recursos, bem como de parcerias com entidades significativas, como as recém realizadas nos EUA, com a ATIA e a RESNA, importantes e reconhecidas entidades do cenário internacional da tecnologia assistiva. “Estamos já na fase de formalização também de duas importantes parcerias, uma com a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a outra com a ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios, fundada em 1962. Ambas entidades com alto grau de reconhecimento social e político, de credibilidade, e que muito contribuirão para com os trabalhos e objetivos da ABRIDEF. “Esses assuntos também fazem parte do nosso Planejamento Estratégico”, diz Mara Di Maio.

Participação em Feiras e eventos Sobre a participação da ABRIDEF em Feiras do setor, este ano, na REATECH, a associação está presente de forma diferente, com uma pequena Ilha composta por alguns associados. A chamada “Ilha da ABRIDEF” fica entre as Ruas 200 e 300, ao lado do estande da Prefeitura de São Paulo e em frente a Revista Reação.

“Como em todos os anos, faremos a nossa reunião mensal e aberta, no dia 10 de abril, das 18:00 às 20:00 hs, dentro da Feira, no auditório 4, onde também comemoraremos o nosso 4º aniversário, com direito a bolo de aniversário... todos são muito bem-vindos”, convida a superintendente da entidade. Ainda, na REATECH 2014, no mesmo dia 10, no auditório externo, das 9:00 às 17:00 hs, fruto da parceria com a ATIA e a RESNA, acontece o Workshop: “O Modelo Need to Knowledge – NtK Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Tecnologia Assistiva”, que terá como palestrantes o americano Joseph Lane (SUNY at BUffalo) e a Dra. Maria de Mello (TechnoCare), diretora científica da ABRIDEF. O palestrante Joseph Lane é o investigador principal do Centro de Conhecimento Tradução para Transferência de Tecnologia SUNY at Buffalo - financiado pela NIDRR/USDE 2008-2018. Ele era anteriormente o investigador principal do RERC de Transferência de Tecnologia RERC (1993-2008). “Joseph Lane combina experiência prática na modelagem de processos de comercialização de TA para governo dos EUA, nos setores acadêmicos e empresariais, na criação de modelos e métodos para o planejamento, implementação e avaliação de progresso através das atividades de pesquisa , desenvolvimento e produção de inovações de base tecnológica subjacentes”, destaca Mara Di Maio. Já a Dra. Maria de Mello é Pós Doutora em Tecnologia Assistiva pela University of FLorida, é Diretora Científca da ABRIDEF e Diretora da Technocare. Ela trabalha na área de tecnologia assistiva desde 1993, e possui sólida experiência em pesquisa, programas e serviços de dispensação e educação em Tecnologia Assistiva, atuando no Brasil, mas com uma perspectiva internacional. É colega do Joseph Lane desde 1993, quando fez seu Mestrado em Tecnologia Assistiva na SUNY at Buffalo (EUA).

Workshop: problema e solução O evento promovido pela ABRIDEF na REATECH, traz a percepção que os programas do governo patrocinam o desenvolvimento e inovação em tecnologia assistiva no Brasil. Esses projetos visam


ponto de vista

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por Suely Carvalho de Sá Yanes

Intervenções... Atendimentos... LUZES...CÂMERA...AÇÃO !!! (silêncio) E aí ? Qual o script ? O que falar ? O que vão falar ? Qual minha deixa ? Qual meu papel ? Cadê o texto ? Cadê o ponto ? Opa... o ponto está aqui... mas eu não o vejo...

gerar invenções por meio do desenvolvimento de protótipos de engenharia, e podem incluir a transferência dessas inovações para a indústria nacional. No entanto, alguns pesquisadores/instituições que recebem esses financiamentos não têm formação suficiente, experiência e infraestrutura para concluir com êxito o trabalho envolvido em todas as três metodologias (investigação científica, desenvolvimento de engenharia e produção industrial). O Modelo Need to Knowledge - NtK, desenvolvido em 20 anos de pesquisa, fornece um “livro de receitas” para o planejamento, execução, gestão e documentação de progresso em tais projetos. O Workshop vai se concentrar em 3 principais elementos do modelo NtK: 1 - Examine as sequências de fases incorporando todas as três metodologias ; 2 - Rever a literatura acadêmica e da indústria subjacente a cada etapa e atividade; 3 - Conhecer as ferramentas para realizar a análise técnica, de marketing e do consumidor exigidas. Mara Di Maio encerra, convidando a todos para visitarem a ILHA ABRIDEF na REATECH – para conhecer, além desses aqui apresentados, outros motivos pelos quais sua empresa precisa fazer parte do grupo que compõe a ABRIDEF. “Será um prazer recebê-los”, finaliza a superintendente. ABRIDEF e você, juntos, fazendo a diferença !!!

Quantas vezes esses foram os primeiros pensamentos de uma pessoa com deficiência visual em um primeiro contato com um serviço de Reabilitação ? Posso assegurar que foram várias, principalmente quando os sinais de interrogação falaram mais alto que qualquer outro sinal para quem acabou de chegar um tanto confuso na sala de entrevista. É nesse momento, iniciando um processo de Reabilitação, que se tornam necessárias algumas reflexões... sobre quem é o outro. Não cito aqui a anamnese, a ficha cadastral, a entrevista inicial, triagem... é algo mais... é o que é percebido e avaliado na convivência... durante... Parece simples ou até óbvio, mas existem alguns itens de níveis que são distintos entre todos os que podemos atender no nosso dia a dia (quer seja individual ou em grupo) que devemos considerar... Dentre alguns itens, podemos citar: - Experiência de vida histórico - Problemas familiares/pessoais - Histórico cultural, outros - Maturidade emocional, marcas - Relacionamentos (interpessoais) - Objetivos de vida/perspectivas - Objetivos na Reabilitação - Entendimento sobre Reabilitação - Compromisso/responsabilidade - Dificuldades - Interesse - Outro Quando somos considerados e valorizados como únicos, nos sentimos respeitados. Podemos nos relacionar com mais segurança e a credibilidade no serviço promove uma quebra considerável de barreiras para que o desenvolvimento na Reabilitação seja construído. Assim como os profissionais (terapeutas ocupacionais ou outros) possuem níveis distintos de conhecimento e formação (inclusive de vida), os que vamos atender também. Nem sempre o nível cultural, emocional ou outros aspectos são iguais. A comunicação e as atividades que serão realizadas devem estar em concordância/sintonia com a realidade de cada pessoa, assim como as expectativas, para que os resultados sejam conquistados gradativamente. Também nem sempre as pessoas que são atendidas estão de bom humor, nem sempre estão em dias bons de compreensão, nem sempre colaboram...


ponto de vista Por isso, e por mais tantos motivos, temos que insistir e aproveitar cada momento para incentivar quem estamos atendendo. Parece óbvio também, mas nem sempre isso acontece... Assim como uma planta viva, todos precisam de solo regado para crescer. Palavras de incentivo, tempo de qualidade (conhecendo o histórico de vida), atividades que se tornam concretas (uma confecção de tear, uma caixa construída, uma tarefa pronta se torna como um presente), atividades que proporcionam realizações de serviço (alimentação, costura...), o tocar nas mãos para um cumprimento ou no ombro, despertam um bom relacionamento, o que alguns estudos chamam de “Linguagens” da comunicação, linguagens do relacionamento, linguagens do amor. Conhecendo essas linguagens, podemos descobrir e compreender melhor qual o “idioma” que o outro “fala” e assim conseguimos entendê-lo e sermos entendidos também. Podemos agir de forma adequada para termos no outro a re-ação que esperamos. Importante ressaltar que as técnicas profissionais são ferramentas para a Reabilitação, técnicas que tanto usamos na Terapia Ocupacional, na busca da independência nas atividades da Vida Diária, na Estimulação do Tato, atividades de Coordenação Motora, mas não podemos “enfiar guela abaixo”. Temos que, em todo o tempo, respeitar o indivíduo em seus “níveis” para que não haja resistências ou até abandono da reabilitação.

Em todos os tipos de relacionamentos, quer seja em uma reabilitação ou em qualquer área na vida, vamos estar sempre em contato com alguém que não é um ser humano vazio, mas que carrega história e histórias com ele. A compreensão dessas histórias promove uma escolha de atendimentos e atividades gerando uma reabilitação de sucesso, contínua, crescente e duradoura. Então... Que ao sermos instrumentos para a reabilitação de cada pessoa atendida, como se cada uma fosse uma árvore, possamos afofar a terra, adubá-la, plantar sementes, regá-la... pois, sabemos que cada uma é... “como árvore, no seu tempo dá frutos, a folhagem não murcha e será bem sucedida em tudo o que fizer.” (Salmo)

Suely Carvalho de Sá Yañez é Terapeuta Ocupacional especializada em Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visuaL e atua na área de reabilitação e Consultoria.

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opinião

por Flávio Scavasin

O Mundo dos Eventos e o Mundo Real das Pessoas com Deficiência

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or alguns dias acessando redes sociais e lendo os e-mails apenas pelo celular ou tablet a partir de um quarto de hotel – à noite e com velocidade de internet abaixo da que costumo trabalhar em casa – percebi que fica impossível ler tudo de todas as listas relativas a deficiência, acessibilidade e inclusão das quais participo, além, é claro, dos “posts” e tuites. E que levante a mão virtual aquele que não deleta certos e-mails de quem já sabe que não acrescentará nenhuma informação relevante ou que não trará qualquer avanço às discussões em andamento, até mesmo sem ler. E que também levante aquele que, tentando fazer leitura dinâmica, uma hora ou outra não descobre que deletou sem querer ou deixou de ler algo que até era importante ! Mas, o que se vê na maioria desses “posts”, e-mails e tuites é que poucas pessoas com deficiência parecem realmente satisfeitas com a morosíssima evolução da acessibilidade, inclusão e, portanto, qualidade de vida no Brasil, apesar de tanto se falar nesses temas. É comum que, em meio a fotos de cachorrinhos, mostre-se a indignação por rampas com forte inclinação ou obstruídas; em fotos de barreiras arquitetônicas, exponham-se dificuldades pessoais ou de terceiros cadeirantes, cegos, surdos ou com deficiências intelectuais, especialmente pelo Facebook, ao mesmo tempo em que, paralelamente, essa rede social se tornou a vitrina maior desse fenômeno de marketing pessoal, onde “selfies” (quando você mesmo tira uma fotografia de si próprio) e quetais, servem com propósito de evidenciar pessoas que normalmente não conseguem ser ouvidas pelo poder público ou sequer pelas suas famílias e contatos do dia a dia. Aqueles com deficiência que conseguem um bom emprego, só se abstêm de criticar os seus próprios contratantes por motivos óbvios, porque se lembram do quanto foi difícil consegui-lo. Daí, também pensei sobre o que tem me desestimulado a participar de muitas Palestras, Seminários, Encontros, Simpósios, Workshops e tantos outros eventos que cada vez mais se proliferam na área da deficiência – especialmente daqueles com uma agenda que pareça absolutamente ousada – pela decepção que reservam aos incautos, já que as apresentações são geralmente aquela mesmice de sempre. Não sou necessariamente contra esses eventos, diga-se de passagem, até porque são fundamentais e muito úteis quando bem direcionados, seja nesta área como em outras

como Direito, Medicina, Meio Ambiente, Petróleo e Gás etc. Mas, da forma como essa “indústria” ocorre no segmento da deficiência, me faz pensar que isso poderia ser muito mais proveitoso se houvesse um empenho maior da militância em busca de compromissos e resultados e não só de palavras bem colocadas, especialmente por parte dos acadêmicos com ou sem deficiência, que se apropriam desses palanques. Parece que quanto maior o pós-doutorado há maior distanciamento da realidade que precisa ser enfrentada. Quando não absolutamente monótono, um palavrório sem fim, homenagens ou citações intermináveis, exercícios cruéis de oratória, tentativas de gerar parte do impacto do famoso discurso “I have a dream” de Martin Luther King, promoção pessoal ou partidária de governantes para fazer de conta de que sob seu governo estamos tão avançados quanto os países mais avançados em termos de inclusão e acessibilidade, “Power Points” que privilegiam mais os recursos visuais com vistas de manter a plateia acordada, bem como alguma frase de efeito ou piadinha sem graça na tentativa de cumprir da melhor forma o tempo de exposição que lhe foi destinado. Se o público fosse tentar resumir os compromissos ou propostas inseridas na maioria desses discursos, veria quanto do seu tempo foi perdido, salvo raríssimas exceções. E devemos considerar que grande parte desse público é quase sempre o mesmo, como figuras carimbadas, às vezes revezando para o próximo evento quem está nas primeiras fileiras da plateia com quem está sob as luzes dos holofotes, com a finalidade, essa sim considerada importantíssima, de inchar cada vez mais alguns “currículos Lattes” da vida ou “networking”, já pensando em um novo cargo ou nas próximas eleições. O que se percebe é um receio muito grande dos participantes “que não sejam aqueles meros figurantes” para contestar e, principalmente, checar o que vem sendo feito, propor políticas públicas ou soluções factíveis e desprovidas de meros interesses pessoais. Com a cooptação de lideranças da sociedade civil que surgiu a partir dos últimos anos, só o posicionamento sistematicamente a favor e elogios às autoridades presentes passaram a ser a tônica para os interessados em ser contratados, promovidos, terem uma ONG beneficiada ou para se manterem onde estão, caso já estejam bem colocados. De “concreto”, para avançar com relação às pessoas com deficiência, às vezes só o edifício que abriga o evento.


opinião Da plateia, antes até ocorria de alguém se fazer ouvir protestando com relação a algo ou, aqueles mais inflamados, gritando como se em uma discussão de trânsito, mesmo que sem números, dados objetivos ou propostas concretas, ao contrário de hoje, onde só se ouvem aplausos protocolares. Por outro lado, lembro de quando eu atuava no segmento do meio ambiente, quando a plateia vinha organizada e ciente das árvores que estava protegendo, do manejo que era necessário com relação à fauna e flora ou da reivindicação para que mais áreas fossem reservadas para um novo ecossistema. Seja à Mesa condutora dos trabalhos ou como ouvinte, ai daquele que não estivesse bem municiado por documentos e números, porque todos sabiam que governo é como feijão, tendo de ser submetido a pressão para ficar bom. Quase todos tinham propostas e alternativas bem embasadas e discutidas previamente entre seus pares, e quando vieram as primeiras tentativas de administração pública pelas organizações sociais, chamadas OSCIPs, uma das observações que ouvi mais interessantes foi: “então vamos ‘oscipizar’ tudo, a começar pelo governo. Mas com OSCIPs inglesas, por favor...”. E não é para menos que os ingleses tenham sido lembrados: afinal, infelizmente os bons exemplos, ao menos na área da deficiência, geralmente continuam surgindo a partir do exterior, como hardwares, softwares, próteses, órteses, ajudas técnicas em geral e, em alguns casos, mão de obra como a de técnicos ortopédicos, já que a nossa educação e formação profissional nessa área infelizmente ainda está muito aquém do desejado. Do que deveria ser feito por aqui, é só observar o percentual de calçadas ou semáforos acessíveis de nossas cidades para perceber o nosso atraso. Assim, embora muito se fale ou escreva, o que tem realmente evoluído ? Em que ritmo ocorre a inclusão e acessibilidade e como isso realmente acontece ? O nosso País, o nosso Estado, a nossa cidade, o nosso bairro ou a nossa rua estão muito mais acessíveis (considerando-se todas as acepções de acessibilidade) do que, digamos, 30 anos atrás ? Hoje os surdos estão realmente incluídos ? Os cegos já podem ler os livros que quiserem, escolher e subir em transportes públicos com autonomia e assistir aos filmes ou programas que desejarem com audiodescrição ? Voltando a 1992, quando passei a militar na área, em meu primeiro dia já cheguei a um encontro com as etiquetas adesivas para postagem de correspondências a todos os senadores e deputados federais, com vistas a redigir e encaminhar uma proposta de Projeto de Lei com toda a justificativa pronta, já

pensando que deveríamos começar a agir nas questões envolvendo a Talidomida, incluindo a revisão das defasadíssimas pensões vitalícias, mesmo sem eu, pessoalmente, recebê-la. E depois conseguimos a isenção de ICMS para todas as próteses e órteses, reduzindo seus preços em 18%. E, desde então, sempre achei que, desde que bem trabalhados, os pleitos de pessoas com deficiência eram muito mais simples de ser atendidos do que aqueles de setores industriais pelos quais eu trabalhava profissionalmente antes, envolvendo fortes interesses econômicos geralmente antagônicos. Afinal, quem poderia ser contra a inclusão ou acessibilidade? Quem deixaria de reconhecer a justiça desses pleitos ? Quem não gostaria logo de ceder aos pedidos de pessoas – à época chamadas de “portadores de deficiência” – até para se poupar de vê-las mais à frente, já que muitos até hoje incomodam porque são preconceituosamente vistos exclusivamente pelas deficiências que apresentam ? Então, entendo que deva haver uma mudança de mentalidade. Menos bajulação e mais ação, algo que ficasse mais próximo do “pensar globalmente, agir localmente”, emprestando um lema famoso do Greenpeace. Observo, finalmente, que pela Lei 9.504/97, nos dias 5 e 26 de outubro de 2014 teremos os dois turnos das eleições para presidente, governador e um senador, além de, no caso de São Paulo, 70 deputados federais e 94 estaduais. Muitos candidatos, na propaganda política obrigatória, virão com o tema da deficiência, mostrando fotos, pequenos “takes” de filmagem e sendo referidos pelos cargos públicos que ocuparam, falando do que teriam realizado ou se apropriando do que outros fizeram. Enfim, prometendo lutar ou fazer mais por esse público. Caberá ao eleitor com deficiência, contudo, bem como a seus familiares e amigos, também pesquisar sobre a vida pública de cada candidato, não só quanto ao cargo que ocupou – já que esse pode ter sido dado a ele por mero compromisso partidário – mas, principalmente, a quais resultados chegou em função do cargo ocupado, quais prioridades teve, quantas pessoas foram beneficiadas por seus programas de inclusão ou acessibilidade, além, é claro, de checar com qual idoneidade teria exercido a função. E se só forem citados esses eventos anódinos no currículo... fuja !

Flávio Scavasin é pessoa com deficiência, membro do grupo “Cidade para Todos – Acessibilidade”, consultor e palestrante em temas voltados a pessoas com deficiência. Foi fundador e vice-presidente da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida – ABPST, ex-presidente voluntário do Instituto de Acessibilidade para a Diversidade (IAD), foi coordenador de Desenvolvimento de Programas da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (2008 – 2012), foi gestor do Parque Villa-Lobos, segundo em importância na cidade de São Paulo, que se tornou no período o primeiro parque acessível do Estado de São Paulo (2004 – 2008). É ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência – CEAPcD, é pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, formado em Direito pela Universidade de São Paulo – USP. E-mail: fscavasin@uol.com.br

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tecnologia

Prótese feita em Impressora 3D será um sonho que se torna realidade ?

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mpressoras 3D já existem há um bom tempo. Começaram na década de 80, nos Estados Unidos, mas pelo alto custo e pouca utilidade, não se tornaram imediatamente populares. Em 2005, foi fundado o projeto aberto “RepRap”, com o objetivo de construir um modelo barato desses equipamentos e que pudesse produzir a maioria de suas próprias peças. Em 2010 veio a popularização com várias marcas lançando produtos de mais baixo custo. No Brasil, a importação é ainda cara, por volta de R$ 4 mil a R$ 6 mil, e demorada. A possibilidade de conseguir “fazer” uma prótese em casa, utilizando uma impressora desse tipo, abre novos caminhos em direção a peças personalizadas e de custo mais baixo que as convencionais. Uma reportagem exibida no Fantástico, da Rede Globo, em 05 de janeiro desse ano, chamou muita atenção ao mostrar um garoto americano usando uma mão feita numa dessas impressoras. Apesar das pesquisas serem promissoras, ainda há um longo caminho a ser percorrido, tanto na parte das pesquisas,

propriamente ditas, como na própria liberação. Aqui no Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) precisa aprovar a resina utilizada na confecção dessas próteses. Pesquisadores de vários países trabalham na ideia. A primeira “prótese caseira” foi uma perna, em 2008. Já utilizando impressoras e métodos industriais, a primeira “caseira” é considerada o Projeto RoboHand (http://robohand.net/), ainda extremamente simples e com utilização limitada para quem não tem dedos. No Brasil, um dos principais interessados no tema é Gustavo Brancante, engenheiro eletrônico com pós-graduação pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Apaixonado por tecnologia e inovação, trabalha atualmente como gerente da área em uma grande empresa, mas sempre se interessou por tecnologia assistiva, tendo criado, por exemplo, um boné inteligente para cegos, capaz de identificar obstáculos pelo caminho. “Os testes e aprovações ainda não existem, portanto as próteses não podem ser comercializadas, mas quem quiser montar

uma, precisará de uma impressora 3D e baixar os arquivos. Como cada amputação tem sua característica específica, é provável que necessite de muita customização e é necessário conhecimento mais avançado em desenho 3D, programação, e outros atributos”, explica Brancante. O engenheiro trabalha, no momento, com um projeto aberto e colaborativo chamado “Inmoov”, para construção de um robô humanoide completo, utilizando apenas ferramentas e materiais para um desenvolvimento caseiro. “Devido às semelhanças físicas e dos movimentos humanos, a derivação desse projeto para próteses é muito grande, surgindo outros espalhados pelo mundo, como o “Bionic Hand” da França, e o “Open Arms” aqui no Brasil”, conta. O Open Arms surgiu depois que Brancante implementou os sensores Mio Elétricos no braço do Inmoov, permitindo sua movimentação.

Utilização prática “Há muita pesquisa sendo realizada quanto à engenharia do desenvolvimento do produto, porém ainda não há estudos conclusivos que apontem as evidências clínicas necessárias para a adoção do uso desse tipo de prótese como uma tecnologia segura, embora essa técnica já venha sendo largamente utilizada em todo o


tecnologia mundo. É preciso investir em estudos e pesquisas que possam elucidar os vários aspectos clínicos e funcionais associados ao uso desse tipo de produto assistivo”, opina Maria de Mello, pós-doutora em Tecnologia Assistiva, diretora da Technocare, empresa de soluções em acessibilidade, desenho universal e tecnologia assistiva e que está ajudando o engenheiro a viabilizar o produto. Outro aspecto lembrado por Jailene Chiovatto Parra Rocco, que trabalhou com protetização na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e é ex-professora titular e coordenadora do curso de Medicina de Reabilitação da Faculdade de Medicina do ABC, é que ainda é cedo para se afirmar que esse tipo de prótese seja utilizável em todo tipo de paciente. “A casuística atual é muito pequena, só de garotos muito jovens, e os resultados ainda são, digamos, especulativos. Porém, parece uma possibilidade bastante promissora, quer como molde de prova, já barateando, sobremaneira a prótese, como também na utilização definitiva. Nesse caso, mostra-se uma alternativa realmente funcional, com economia incalculável”, afirma. “Nos casos do uso da impressão como molde para ajustes, isso sem dúvida, facilitaria muitíssimo a adaptação do paciente quando fosse utilizar sua prótese definitiva. E, além da economia no custo, há imensa economia de tempo entre os acertos a serem feitos e a prótese definitiva, tempo esse fundamental do ponto de vista da reabilitação”, acredita a médica. A expectativa é que, em breve, os resultados sejam concretos. “A ideia de utilizar as impressoras 3D na fabricação de prótese de membros superiores é viável, de baixo custo e de funcionalidade significativa”, de acordo com Maria Cândida de Miranda Luzo, que trabalha com Terapia Ocupacional no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sendo coordenadora do Curso de Especialização em Terapia da Mão da FMUSP. Foi feita uma parceria com a Universidade Federal do ABC na elaboração de um protótipo que conseguiu realizar mo-

vimentos utilizados nas tarefas diárias. “O resultado nos deixou bastante excitados com relação à possibilidade de utilizar uma prótese em fase precoce, com o paciente ainda em tratamento pós-amputação, onde antes, ainda não seria um candidato à prótese convencional”, explica a especialista. Estava prevista para a última semana de março a primeira aplicação clínica no IOT/HCFMUSP de uma prótese desse tipo, em um homem de 36 anos, que sofreu amputação bilateral das mãos por acidente de trabalho com uma prensa industrial, em dezembro passado. Houve tentativa de reimplante, porém sem sucesso, sendo feita a regularização do coto em janeiro. Devido à necessidade de oferecer ao paciente meios de realizar suas atividades da vida diária, de forma independente o mais rápido possível, e até que ele receba sua prótese definitiva, ele foi eleito para testar o modelo que, quando foi fotografado, estava em fase de acabamento. A prótese recebeu adaptações como: suportes para escova de dentes, barbeador, caneta e ponteira para uso de celular e computador. Até a entrega foram realizados os cuidados com a cicatriz e mobilidade, uma vez que o paciente necessitará da mobilização do punho para ativar o mecanismo de abrir e fechar os dedos da prótese para realizar a pressão.

Pesquisas com 3D O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas/SP, comemora, em 2014, 15 anos de pesquisas, desenvolvimento, aplicações e transferência tecnológica da impressão 3D na área da saúde. Sua Divisão de Tecnologias Tridimensionais desenvolve um programa do uso dessas tecnologias voltado para

aplicações médicas, o ProMED, que engloba um projeto de cunho social, com financiamento do Ministério da Saúde, em que modelos e moldes 3D são construídos computacionalmente e, posteriormente, materializados por impressão 3D como resultado de planejamentos cirúrgicos virtuais de alta complexidade. Isso reduz o tempo de cirurgia e traz resultados de maior qualidade e menores riscos para o paciente e o cirurgião. De acordo com Jorge Vicente Lopes da Silva, chefe da Divisão, e o pesquisador Rodrigo Alvarenga Rezende, a impressão 3D tem se mostrado como uma excelente ferramenta para o desenvolvimento de tecnologias assistivas com grande adaptabilidade e personalização. Com a vinda do Centro Nacional de Tecnologias Assistivas (CNRTA) para o CTI, dentro do Programa Viver Sem Limites, do Governo Federal, a demanda por desenvolvimentos de soluções para tecnologias assistivas tem sido crescente, tendo a impressão 3D como uma ferramenta impulsionadora. Como exemplos de alguns dispositivos, eles citam maquetes táteis 3D com leitura Braille e modelos anatômicos 3D para fins didáticos, entre outros. “O CTI pesquisa e desenvolve a impressão 3D de modelos que auxiliam o planejamento cirúrgico e a produção indireta de próteses, já que as próteses personalizadas ainda não estão regulamentadas”, explica o pesquisador. Os especialistas acreditam que serão muitos os benefícios com a utilização dessas impressoras, além dos já alcançados e da possibilidade da implantação de próteses impressas personalizadas assim que houver regulamentação específica para a área. Outra possibilidade que vem sendo pesquisada no CTI é o desenvolvimento de tecnologias da informação, incluindo a impressão 3D voltada à fabricação de tecidos ou órgãos humanos. “É um projeto muito promissor, porém a expectativa de se alcançar resultados aplicáveis clinicamente não é de curto prazo”, diz Rezende. O objetivo da bioimpressão será a produção de órgãos humanos em laboratório, os quais poderão, em um futuro ainda distante, substituir órgãos danificados ou com funcionamento comprometido.

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novidade

por Merian Ribeiro

Introdução ao BrowseAloud Solução Mundial de Inclusão Digital

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á reparou como a tecnologia se desenvolve e a dependência da Internet cresce a cada dia? Você já pensou sobre os 59% da população brasileira que não consegue acessar a informações e serviços online ? Com uma estimativa de 45 milhões de PcD no Brasil, tornando-se no 5º maior mercado do mundo para computadores, o fato chocante é que 59% da população nunca acessou à Internet ou usou um computador. Enfrentar esta exclusão digital é um elemento essencial da estratégia de inclusão digital do governo daqui para frente. A exclusão tecnológica deve-se à uma série de fatores... Exclusão está intimamente ligada a situação econômica, região, educação dos usuários e potenciais problemas visuais. O Browsealoud é uma inovadora ferramenta de leitura online e solução de tradução desempenha um grande papel em reduzir o fosso digital, em especial para a comunicadade com dificuldades. Esta solução remove as barreiras para as pessoas que têm dificuldades de linguagem e dificuldades de impressão, como a dislexia, deficiência visual leve, distúrbios cognitivos e onde o Português não é a língua nativa. Existem muitas ferramentas de tecnologia assistiva disponíveis para ajudar as pessoas com deficiências e dificuldades de leitura. Isto inclui leitores de tela para pessoas cegas ou com sérias deficiências visuais, ampliadores de tela e ampliadores de texto para ajudar as pessoas com deficiências visuais mais leves e leitores de texto para pessoas que têm dislexia, ou dificuldades de leitura. Estas tecnologias, porém, podem ser caras para os usuários

finais que precisam de ajuda com a leitura online. Uma pesquisa realizada pela Microsoft e Forrester descobriu que as pessoas que realmente necessitam de tecnologia assistiva não podem pagar e as pessoas que não podem pagar tecnologia assistiva são mais propensas a precisar deste tipo de ajuda. Estes resultados têm sido reconhecidos dentro da cultura brasileira, como o governo tem uma profunda convicção de que o software livre é a solução para ajudar a população online. Por isso, o Browsealoud é fornecido gratuitamente a todos os usuários. O modelo de negócio foi projetado para garantir que todos os visitantes do site, independentemente da capacidade, possam navegar na internet de forma independente, sem nenhum custo extra. São os donos de sites que pagam uma taxa de assinatura para adicionar Browsealoud para seu site. O criador do Browsealoud, Texthelp Ltd, é reconhecida como líder em tecnologia assistiva. Com uma presença global, Texthelp Ltd continua na vanguarda do desenvolvimento de software inovador. Com parcerias com empresas como a Microsoft, Apple e Adobe, a Texthelp Ltd foi reconhecida como sendo uma empresa de rápido crescimento no Reino Unido e, reconhecida com o prémio das 50 Award Deloitte Technology, nos últimos 15 anos. Tendo a sede em Antrim, Irlanda do Norte, Texthelp Ltd foi constituída em 1996 e foi rapidamente reconhecida por trazer software de assistência à Educação, Empresas e Governo em mercados de língua Inglesa. Desde o incio o crescimento da empresa tem sido consistente, com escritórios em Woburn, Massachusetts, Texthelp Ltd agora tem por sua vez um canal revendedor em expansão que


novidade Sobre o Browsealoud

• Browsealoud é a solução líder mundial de leitura Texthelp Ltd, que é projetado para melhorar o acesso à informação on-line para a população idosa, as pessoas com deficiências cognitivas, como a dislexia, baixa alfabetização, dificuldades visuais leves ou onde o Português não é a língua nativa. • Mais de 7.000 sites e plataformas de aprendizagem estão usando Browsealoud para garantir que cidadãos com dificuldades não são deixados para trás durante a revolução digital. O BrowseAloud ajuda a promover a igualdade, atender às necessidades de uma comunidade diversificada e construir um ambiente justo e inclusivo para todos. • Texthelp foi formalmente constituída em 1996 especializada na concepção de soluções de software de assistência para apoiar aqueles que lutam para ler e escrever. A empresa é Microsoft Gold Certified Partner, Adobe Solutions Developer Network, Apple Business Partner, HP Business Partner e é ISO 9001:2008 acreditado. Nos últimos 15 anos consecutivos, Texthelp tem sido uma empresa vencedora do prémio 50 Deloitte Technology. Saiba mais: www.browsealoud.com

abrange o Reino Unido, República da Irlanda, América do Norte, Austrália, bem como países onde o Inglês não é uma primeira língua , incluindo o Oriente Médio,Portugal, Brasil e China. Então, por que as organizações devem considerar o Browsealoud ? O Browsealoud pode ajudar a chegar a um público mais amplo, ajudando a remover as barreiras para a inclusão digital. Ele também ajuda a cumprir com as obrigações legais, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e as do W3C. Browsealoud também promove a inclusão social e capacitação pessoal. Para as organizações que dependem fortemente de e-commerce, Browsealoud pode ajudar a entregar um retorno sobre o investimento. Ao garantir que as pessoas com deficiência de impressão têm as mesmas oportunidades de usar serviços como todos os outros, as organizações vão ganhar novos clientes, aumentar a fidelidade dos clientes e melhorar a reputação da empresa. O Browsealoud funciona em todas as plataformas comuns, incluindo PC, Mac, iPhone, iPad, tablets e celulares Android. Alguns dos clientes Browsealoud no mundo incluem: Câmara dos Deputados dos EUA , o Citi Group, Senado Americano, British Council, Conselho de Normas do Canadá, Smithsonian, Raytheon Austrália, e ao Parlamento de Victoria, entre outros. Se você gostaria de ver Browsealoud trabalhando em seu site, você pode pedir um teste gratuito de 14 dias ou uma demonstração Web 15 minutos sob medida para guiá-lo através de como Browsealoud funciona, as suas funções e os muitos outros benefícios que ele tem para oferecer – tanto para você como proprietário do site, como para os visitantes do site.

Merian Ribeiro é International Business Development Manage, Diretora Internacional na divisão Browsealoud e é responsável pelo desenvolvimento de novos negócios na Europa, América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. E-mail: m.ribeiro@browsealoud.com

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web

Por Hudson Lima

Acessibilidade Web e seus mitos

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ontinuando o nosso tema de “Acessibilidade Web e seus mitos” da edição passada, falaremos agora do Mito II: “Na prática, o número de usuários beneficiados com a acessibilidade é relativamente muito pequeno.” A própria Lêda Spelta, amiga com deficiência visual, já nos revela que a resposta a este mito está no valor do investimento feito para deixar o site acessível, para pouco retorno financeiro. Desde o surgimento da Internet, na década de 1990, a maioria das empresas tem estabelecido uma presença online para vender/divulgar seus produtos e serviços. Infelizmente, esta migração deixou de fora muitos usuários com deficiência. Como a informação digital/conteúdo e as atividades normais e de negócios são cada vez mais realizadas online, isto torna importante que sejam considerados todos os usuários, independente de terem ou não, deficiências. Mas será que o empresário que vende pela Internet se importa em saber se a pessoa que está comprando é ou não PcD. Acho que não, pois para ele o interesse imediato é apenas que a venda do produto se transforme em lucro. No entanto, se ele souber quem são as pessoas que acessam o seu site e quais as dificuldades que enfrentam para realizar a compra, poderá tomar providências no sentido de resolver esse problema e, automaticamente, converter qualquer acesso ao site em uma venda de produto. Hoje em dia, podemos comprovar que, ao desenvolver um site/aplicativo para vender nossos produtos/serviços, temos primeiro que pensar no perfil do público a ser atendido. Atualmente, devido ao aumento do acesso à banda larga e a dispositivos móveis (como celulares, tablets e notebooks) as classes C, D e E, têm entrado nesse ramo de comercialização online, correspondendo quase a 60 % de todo potencial de consumo. Sendo assim, se lembrarmos que 14% da população possui alguma deficiência, podemos concluir que, com a inserção de novas tecnologias, está aumentando cada vez mais o potencial de consumo dessas pessoas. Um exemplo prático é o comércio eletrônico (e-commerce), onde o Brasil faturou R$ 28,8 bilhões em 2013. Além disso, 9,1 milhões de pessoas fizeram compras online pela primeira vez no ano passado, o que eleva para 51,3

Dados da empresa E-bit sobre os e-commerces, empresa especializada em informações do comércio eletrônico, e divulgados em 12/03/2014.

milhões o número de consumidores que, ao menos uma vez, já utilizaram a Internet para adquirir algum produto. O valor gasto em média é de R$ 327,00 nas compras on-line. Mas infelizmente, não temos dados de quantas pessoas que tiveram esse acesso, possuíam alguma deficiência, ou deixou de comprar devido a alguma dificuldade no sistema web ou pela falta de acessibilidade nessas lojas virtuais. Se você perguntar para qualquer pessoa que possui alguma deficiência, dificilmente irá ouvir que ela não possui um telefone celular, utiliza computadores para se comunicar, e que frequenta shoppings, cinemas, lojas, teatros ou restaurantes. Se compararmos com a Internet, essas mesmas pessoas adorariam realizar as tarefas de todos os dias, como comprar, estudar e interagir utilizando a Internet, mas para isso, é de fundamental importância que qualquer tarefa seja simples e intuitiva, só assim será possível que qualquer pessoa possa adquirir um produto/serviço pela Internet, sem auxílio de ninguém. Um exemplo prático disto é o próprio site do Google, que só de acessar já conseguimos entender a sua utilização, pois tem o foco na usabilidade e na acessibilidade, atingindo desde pessoas com baixa instrução até pessoas com vasta experiência na Internet. Ao acessar o site do Google (https://www. google.com.br), o foco já está diretamente ligado ao sistema de busca, podendo ser utilizado num teclado virtual e até a voz como meio de inserção de informações, sendo assim, uma das principais ferramentas utilizadas hoje para encontrar qualquer coisa na Internet.

Tela principal do site do Google No Brasil, podemos indicar o site da Secretária dos Direitos Humanos do Governo Federal (http://www.sdh.gov.br) que possui a sua acessibilidade e usabilidade pensada nas pessoas que possuem alguma deficiência, onde a utilização do site, ao ser acessado via teclado, tem como primeira ação a opção de teclas de atalhos para acessar o conteúdo, o menu, a busca e o rodapé, facilitando a pessoas com deficiência visual a busca de informação. As cores utilizadas no site são pensadas em melhorar o contraste, facilitando a leitura para pessoas com baixa visão ou daltonismo.


web O ranking de Acessibilidade Web dos principais e-commerces ficou assim:

Posição :

Ecommerce:

Nota/Março

1 :

Lojas Kalunga

5.5

2 :

Lojas Ricardo Eletro

5.5

3: Lojas FNAC 5.4 Site da Secretaria de Direitos Humanos

4 :

Lojas Shop Fácil

5.4

5: DrogaRaia 5.4 Priorizar as necessidades de um segmento e prestar um atendimento direcionado a diferentes perfis, são alternativas de sucesso para qualquer serviço/produto na Internet. Quanto mais a página principal dos sites for limpa, intuitiva, com carregamento rápido nos diversos dispositivos, com destaque para o campo de busca e o menu lateral com suas opções muito bem organizadas, facilitando o acesso ao detalhe de um produto/serviço, com certeza mais usuários irão retornar e, consequentemente, aumentarão as vendas e a utilização dos serviços públicos e, principalmente, a satisfação da experiência do usuário.

Sites dos E-commerces: será que são acessíveis ? Um bom exemplo foi analisar o site dos principais e-commerces (sugestões dos leitores) durante o mês de março – assim como fizemos nas edições anteriores com os sites dos principais bancos, cidades do Estado de São Paulo e montadoras de veículos. No caso dos sites de e-commerces, analisados agora, infelizmente, como já era previsto, nenhuma deles possui uma opção de acessibilidade incorporada, facilitando qualquer pessoa com deficiência a encontrar mais informações sobre como comprar qualquer produto. A maior dificuldade de um e-commerce é disponibilizar de forma acessível todos os produtos que um usuário possa escolher, levando em conta que ele utiliza de diferentes dispositivos para realizar a consulta e a compra de um produto/ serviço. Aliás, só lembrando, em todos os rankings organizados até agora, nenhum site foi considerado 100% acessível. Já estamos na terceira edição da Reação que publicamos as listas do “Observatório Brasileiro de Acessibilidade Web”, uma parceria minha com a Revista Reação, enfocando a acessibilidade, usabilidade dos principais sites de empresas públicas e privadas de interesse de qualquer pessoa para comprar ou utilizar produtos e serviços. Lembramos que utilizamos como índice dos testes, os padrões de acessibilidade do W3C e do Emag 3.0 para essa verificação.

6: DrogaSil 5.4 7: Lojas NetShoes 5.1 8:

Lojas Magazine Luiza 4.8

9:

Lojas Americanas

4.6

10:

Lojas Compra Fácil

4.5

11: Hering 4.0 12:

Lojas Ponto Frio

3.9

13: Lojas Walmart 3.9 14: Lojas Colombo 3.7 15:

Lojas Submarino

3.6

16:

Lojas Fast Shop

3.6

17: Lojas Sephora 3.6 18: Livraria Saraiva 3.6 19: Lojas Extra 3.5 20: Lojas TokStok 3.5 21: Casas Bahia 3.2 22: Lojas Polishop 3.2 23: Lojas Onofre 3.2 24: Lojas Marisa 2.9 25: Livraria Cultura 2.5

Hudson Lima é funcionário público em Sorocaba /SP e integra o Grupo de Trabalho sobre acessibilidade web do W3C. E-mail: hudsonaugusto@gmail.com

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turismo

por Scott Rains

Brasil publica estudo sobre o perfil dos turistas com deficiência

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o mês de dezembro de 2013, o Brasil entrou em um clube de elite de apenas quatro nações: Alemanha, Austrália, Estados Unidos e... agora o Brasil. São os únicos países que fizeram pesquisas nacionais em viagens e deficiência. E agora ? Segundo os dados preliminares do último Censo do IBGE, em 2010, as pessoas com deficiência, de vários tipos e níveis, já somavam 23,9% no mundo todo – mais de 45 milhões de cidadãos só no Brasil. Para atender a essa demanda durante as viagens, foi feito um estudo do perfil dos turistas com deficiência ou mobilidade reduzida para, assim, promover um turismo acessível. O objetivo é identificar as características, comportamentos de consumo e as necessidades dos turistas – pessoas com deficiência – averiguando suas percepções de infraestrutura, atendimento, barreiras e empecilhos na viagem, além de ter acesso ao relato de suas experiências positivas e negativas. A pesquisa foi feita em 5 cidades brasileiras: Belo Horizonte, São Paulo,

Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba, entre maio e junho de 2013. Há, ainda, grupos localizados no interior, no Norte e no Nordeste do País, que participaram da análise. Os pesquisadores escolheram, em várias regiões, integrantes de cada uma das quatro categorias de deficiência (motora, visual, auditiva e intelectual) e os separaram em duas equipes: “turistas reais” e “turistas potenciais”. Turistas reais são aqueles que viajaram a lazer para alguma localidade brasileira nos últimos 12 meses – estes foram entrevistados coletivamente por intermédio de moderador treinado com seu roteiro, na modalidade de “Grupo de Discussão” ou “Grupo Focal”. Já os turistas potenciais são aqueles que não realizaram viagens no último ano, mas pretendem embarcar para um destino turístico do Brasil nos próximos 12 meses – essas pessoas conversaram individualmente com entrevistador treinado, também com acompanhamento de roteiro, na modalidade de “Entrevista em Profundidade”. Vamos vislumbrar primeiro uma das respostas dos 68 participantes e, separadamente, o comentário dos pes-

quisadores. As devolutivas nos dizem coisas que as pessoas com deficiência já sabem, mas ao fazê-lo em um documento oficial, publicado pelo governo, elas falam no lugar de todos nós com um alto - falante. Alguns dos comentários a seguir são sobre o planejamento de viagem: “Apesar de o pessoal ter falado de planejamento pensando muito em preço, acho que ele serve para ter mais qualidade – no geral – em sua viagem. Você precisa saber se os lugares são acessíveis, se não, gasta seu tempo e seu dinheiro, além de cansar de sair procurando tentando a sorte de encontrá-los. Você pode fazer um plano B.”, menciona o Grupo Focal, em São Paulo/SP. Lembram-nos mais uma vez o porquê o primeiro levantamento profissional do mundo em grande escala de viajantes com deficiência, realizado pelo Dr. Simon Darcy, em 1998, foi intitulado de: “De Ansiedade para a Acessibilidade”. Quando questionado no estudo sobre as fontes de informações disponíveis sobre a viagem, a ansiedade continua: “As informações não são suficientes. Quando se chega lá, você pensa que é uma coisa, mas não é. O transporte não é aquilo, o local não é todo adaptado, mas apenas uma pequena área... Não é como previsto, como eu precisaria que fosse”, opina turista potencial na categoria de deficiência motora, em Belo Horizonte/MG.


turismo

A ansiedade ainda é alta no Brasil com a falta de acesso, treinamento de pessoal do setor turístico e informações relevantes para os viajantes com deficiência. Isso faz com que a criação de um site confiável seja essencial. Por exemplo, antes da Copa de 2014, cada Cidade Sede deve ter um site com todas as informações necessárias para os viajantes com deficiência para planejar viagens. Isso, é claro, se estas cidades esperam se beneficiar com os participantes dos eventos e se querem deixar um legado que justifique o dinheiro que não foi investido em educação e em hospitais. “Tenho que colocar na balança os pontos positivos e negativos daquele lugar para saber, se no saldo final, pelo menos, o positivo será igual ao negativo, ou um pouquinho melhor. Se não, não vale a pena sair de casa, gastar dinheiro e chegar naquela cidade e ficar no hotel. (...) Pois é, passar raiva, gastar dinheiro e fazer as mesmas coisas que eu faria estando em casa”, diz turista potencial na categoria de deficiência motora, no Rio de Janeiro/RJ. Enfim, o estudo quer contribuir com os debates: • Qual é a atual situação de acessibilidade na atividade turística ? • Quais políticas públicas, planos e projetos de acessibilidade e direitos humanos podem ser desenvolvidos ? Somos nós que sabemos “a atual situação de acessibilidade da atividade turística”. Em relação à qualidade das informações que proporcionamos, as políticas públicas, planos e projetos poderão ser melhores, especialmente, se o processo de desenvolvimento for aberto a nós. É papel do governo proteger os direitos humanos dos cidadãos – neste caso, o direito ao lazer e as viagens – protegidos no artigo 30 da Convenção sobre os Direitos Humanos do ONU que tem a força de uma emenda constitucional no Brasil. A parceria do Ministério do Turismo com a Secretaria de Direitos Humanos ajunta competências complementares. Em parceria, podem educar – como sugere os respondentes do estudo – as empresas. Podem tambem as incentivar. Podem projetar um levantamento de autoavaliação no setor turístico que

estabelece uma referência sobre a capacidade atual, as atitudes e os planos para o consumidor com deficiência. Isso já provado por Darcy, na Austrália, em 2005, com uma série de sessões regionais descritas no artigo: “Setting a Research Agenda for Accessible Tourism” Esse estudo pode ser resumido com bom humor. Basta emprestar o título do artigo de Júnie Fátima Borges Soares de Sá: “cegos não vão ao teatro para usar o banheiro” e com sua reflexão: “as pessoas e as instituições precisam se envolver na construção de novo caminho que levará, ainda que em longo prazo, a um resultado concreto de acessibilidade à saúde, à vida social, à prática profissional, ao lazer, aos bens culturais e ao conhecimento. Fica nosso convite para que valorize esse desafio: o corpo é frágil e a vida é bela” !

Conheça a publicação do estudo do Governo na íntegra: http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Estudo_de_dem_turistas_ pessoas_com_def_DocCompleto_12.2013.pdf

Scott Rains é cadeirante, americano, escritor e palestrante, mora na Califórnia, e é um dos maiores consultores mundiais sobre acessibilidade, uma verdadeira referência. Foi o fundador do Fórum Global em Turismo Acessível e escreve artigos para várias publicações em diversos países falando sobre o tema da pessoa com deficiência. E-mail: srains@oco.net

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política

por Wiliam Machado

Os entraves do Viver Sem Limite

C

riado através do Decreto Nº 7.612, de 17 de novembro de 2011, sob a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite, visa a atender os cerca de 45 milhões de brasileiros - 23,9% da população que possuem algum tipo de deficiência, com metas que devem ser atingidas até o ano de 2014, com recursos da ordem de R$ 7,6 bilhões. Seus eixos temáticos giram em torno do Acesso à Educação, Atenção à Saúde, Inclusão Social, e Acessibilidade, e vinculam recursos orçamentários diretamente aportados nos Ministérios de competência. O “simples” detalhe de os recursos do Plano estarem aportados em vários ministérios implica que os mesmos, em termos práticos, são engessados no nascedouro, pela dificuldade dos gestores municipais em agilizar a sua captação e utilização em atendimento às reais demandas do segmento nas cidades brasileiras. Tudo alinhavado sem o entendimento e amadurecimento de medidas político-institucionais fundamentais para sua operacionalização, como a criação e implementação de um FUNDO NACIONAL DA PcD, e conseguintemente, estimulando a criação dos Fundos Estaduais e Municipais. Fundo Nacional voltado para centralizar recursos e direcioná-los às esferas públicas de competência nos Estados e Municípios brasileiros - Embora não pairem dúvidas de que beneficiariam diretamente os maiores interessados, pessoas com deficiência e seus familiares, pois chegariam com mais presteza onde essas pessoas vivem e de fato podem ter suas vidas transformadas pelas ações programáticas do Viver sem Limite. Como é sabido, são 15 órgãos federais que integram o Plano: Casa Civil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretaria Geral da Presidência da República, Ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e Emprego, Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cidades, Fazenda, Esporte, Cultura, Comunicações, Previdência Social e Planejamento, Orçamento e Gestão, o que torna deveras difícil identificar a qual encaminhar projetos municipais. O que não garante que esse mosaico possa ser desdobrado sem entraves burocráticos. Para exemplificar o quanto relativo o alcance das metas traçadas pelo Viver sem Limite, é imperativo compreender que os recursos do

eixo “Acesso à Educação” são direcionados ao orçamento das Secretarias Municipais de Educação, majoritariamente, sob a gestão pública de pessoas sem envolvimento com as aspirações, necessidades e especificidades das pessoas com deficiência. Não se pode pensar mais na Educação Inclusiva sem que a gestão dos recursos públicos a ela direcionados, sejam administrados por agentes públicos que vivenciam realidades adversas aos fundamentos norteadores do Plano. Ao menos deveriam envolver representações do segmento social organizado das PcD, pessoas com mais sensibilidade e abertura empática para com as necessidades educacionais especiais de milhões de crianças, adolescentes e adultos com algum tipo de deficiência. O Relatório da Organização Mundial de Saúde, de 2011, chama atenção para crenças e preconceitos que se constituem barreiras a educação, ao emprego, aos serviços de saúde e a participação social. Por exemplo, as atitudes de professores, administradores de escolas, outras crianças e ate mesmo de membros da família afetam a inclusão de crianças com deficiência nas escolas regulares. Concepções erradas dos empregadores de que as pessoas com deficiência são menos produtivas do que suas contrapartes sem deficiência, e a ignorância a respeito dos ajustes disponíveis para os ambientes de trabalho limitam as oportunidades de emprego. Ademais, o Relatório da OMS, destaca que cada vez mais evidencias sugerem que as PcD experimentam níveis de saúde mais precários do que a população em geral. Dependendo do grupo e do ambiente, pessoas com deficiência podem experimentar maior vulnerabilidade a condições secundarias, co-morbidades e condições relacionadas à idade que podem ser prevenidas. O mesmo se aplicam aos recursos destinados aos demais eixos do Plano, cujos aportes orçamentários para suas execuções acabam se perdendo no caminho e não beneficiando a quem de direito. Enfim, a transformação de vidas de pessoas com deficiência só ocorrerá a partir do momento em que se transformem no nascedouro as políticas públicas nas três esferas de governo. É fundamental que sejam criados o Fundo Nacional, os Fundos Estaduais, e os Fun-

dos Municipais de Direitos das PcD, com vistas na facilitação das ações do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - VIVER SEM LIMITE. Os Fundos são para facilitar a captação direta de recursos no sistema fundo a fundo, sem a necessidade de passar pelos exaustivos trâmites burocráticos, quando a única alternativa é recorrer às solicitações de convênios entre municípios e estados, por exemplo. Exatamente por isso, mais adequado seria se tais recursos fossem direcionados ao orçamento das Secretarias Municipais de Direitos da Pessoa com Deficiência, tornando sua efetivação mais objetivada, fidedigna, eficiente, inclusiva. Nossa experiência na gestão pública municipal há 5 anos – na cidade de Três Rios/RJ - é credencial para tal afirmativa. Muitas têm sido as dificuldades para captação de recursos para dar conta das várias demandas de pessoas com deficiência. Acreditem ! Precisamos desvendar meios, abrir caminhos, construir pontes, identificar estratégias operacionais que viabilizem pleno acesso aos recursos disponíveis no Viver sem Limite. Como delineado pelo Ministério da Saúde em – “A pessoa com deficiência e o Sistema Único de Saúde” – a inclusão prevê a modificação da sociedade para que todos, sem distinção de grupo, raça, cor, credo, nacionalidade, condição social ou econômica, possam desfrutar de uma vida com qualidade, sem exclusões. Quanto maior a convivência, sem discriminações, maior a inclusão. Por meio do relacionamento entre os indivíduos diferentes entre si, previsto na sociedade inclusiva, é que se constrói e se fortalece a cidadania. Por fim, reiteramos imprescindível a criação de Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Pessoas com Deficiência, para gestão mais objetiva e direcionada das nuances do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - VIVER SEM LIMITE. Como tudo isso depende da iniciativa dos nossos representantes nos fóruns políticos, em ano eleitoral, talvez possa se tornar mais uma bandeira na nossa já vasta pauta de reivindicações. Quiçá a mais premente !

Wiliam Machado é cadeirante e Secretário do Idoso e da Pessoa com Deficiência na cidade de Três Rios/RJ E-mail: wilmachado@uol.com.br


l a i c e Esp


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por Regina Cohen e Cristiane Rose de Siqueira Duarte

A cidade do Rio de Janeiro/RJ e a acessibilidade na Copa Fifa 2014: impactos no turismo inclusivo Brasil, Rio de Janeiro e Copa Fifa 2014 Muito em breve, o Brasil sediará a COPA DO MUNDO DE FUTEBOL (um dos mais importantes eventos esportivos mundiais). Entretanto, em nosso país, os espaços da maioria das cidades ainda não apresentam plenas condições que garantam o direito à acessibilidade dos cidadãos, considerando-se que grande parte de seus ambientes e equipamentos urbanos apresentam muitos obstáculos para as Pessoas com Deficiência.

Rio de Janeiro: Calçada em Ipanema

Uberlândia/MG: Travessia de Rua

Fortaleza/CE: Rampa para a Praia

Pode-se atribuir nosso atual contexto a uma inadequada configuração dos espaços físicos, mas também à falta de conhecimento e conscientização de diversos setores da sociedade, de profissionais e de gestores públicos sobre as reais necessidades e peculiaridades de acesso de muitas pessoas com dificuldades físicas, motoras, intelectuais e / ou sensoriais. Após termos sediado uma das Conferências mais sustentáveis e acessíveis – a RIO+20, através da Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão (CAIS – Comitê Nacional Organizador), composta por vários e excelentes especialistas – da qual fiz parte a convite de minha grande amiga Izabel Maior, quando contamos com amplo apoio do Governo Federal Brasileiro e das Nações Unidas, parece que hoje a realidade é bem diferente. Nos tempos atuais, em um mundo em que as premissas da ecologia social e da sustentabilidade clamam pela igualdade e convívio da diversidade humana, não é mais admissível que as cidades não estejam preparadas para receber seus visitantes nem acolher a totalidade de seus próprios habitantes. O advento da Copa do Mundo de Futebol no Brasil devia ter adotado a acessibilidade como um dos seus paradigmas, fazendo com que o planejamento de espaços acessíveis fosse ainda mais urgente. Nesse sentido, o Núcleo Pró-acesso da UFRJ foi convidado pelo Ministério dos Esportes e pelo CNPq para avaliar


93 a acessibilidade das instalações da Copa de 2014, com base nas premissas do Desenho Universal e do Turismo Acessível Inclusivo e, a partir dos resultados desta análise crítica, propor soluções que contemplem o acesso universal nas cidades-sede da Copa. No que se refere às questões da acessibilidade universal amplamente relacionada com “mobilidade urbana” e “transporte”, nossa equipe tem buscado, de acordo com os planos operacionais para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo FIFA de 2014, mapear as redes de transportes com ligação aos terminais de embarque e desembarque de passageiros (aeroportos, portos e rodoviárias), além dos modais de transporte que interligam o ESTÁDIO DO MARACANÃ (sede dos jogos na Cidade do Rio de Janeiro) e suas redondezas. Com esse mapeamento, temos avaliado o atendimento aos requisitos de acessibilidade e mobilidade contidos em leis e normas brasileiras e internacionais de acessibilidade e mobilidade. (transporte e mobilidade) Estas avaliações têm sido feitas com base em metodologia desenvolvida pelo Núcleo Pró-acesso da UFRJ, através de checklists elaborados para os espaços a serem analisados. Como foco de nossas avaliações e acompanhamento das obras para a Copa de 2014, trabalhamos com 2 temas extremamente vinculados à acessibilidade e ao desenho universal:

• Turismo Inclusivo e Acessibilidade • Acessibilidade – Mobilidade Urbana e Transportes

O Projeto de Acessibilidade do Núcleo Pró-Acesso da UFRJ para a Copa Fifa 2014 Na área de DESENHO UNIVERSAL e ACESSIBILIDADE, nosso projeto tinha como metas gerais: verificar as ações previstas no planejamento do setor de TRANSPORTES e MOBILIDADE URBANA na CIDADE do RIO DE JANEIRO VISANDO A COPA DE 2014 e avaliar como está sendo incluída a acessibilidade; gerar relatórios críticos e fornecer subsídios especializados para garantir condições de acessibilidade de Pessoas com Deficiência no sistema de transportes planejados para a Copa de 2014; propor indicadores para que os acessos urbanos e o entorno garantissem rotas plenamente acessíveis desde o sistema de transportes até a mobilidade em calçadas, garantindo um legado de acessibilidade a ser deixado para o Rio; acompanhar o andamento das instalações esportivas, seu acesso através do sistema de transportes, e ao seu entorno. Com relação ao TURISMO INCLUSIVO, tivemos como principais objetivos: avaliar tecnicamente os espaços ligados a infraestrutura turística para Copa de 2014 com base na Matriz de Responsabilidade, nas ações de planejamento para a


94 Copa e nos documentos do Núcleo pró-acesso, observando os indicadores arquitetônicos e urbanos, as indicações instrumentais e detalhes, os parâmetros de acessibilidade à luz das normas e leis brasileiras de acessibilidade assim como de documentos internacionais; acompanhar o andamento das instalações e adaptações da infraestrutura turística do Rio de Janeiro por meio de laudos periódicos de acessibilidade para nortear a execução das obras até sua finalização, mesmo após o término do presente projeto, por meio do entendimento de que as ações executadas em locais de grande interesse têm implicações diretas em todos os segmentos do setor turístico, deixando um legado para a cidade.

trabalhados através de uma rede sustentável que planeje e se embase em políticas públicas cariocas para um bom funcionamento e desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural do Rio de Janeiro.

Por que a Acessibilidade na Copa Fifa 2014 é importante para o Rio de Janeiro ? A verdadeira Acessibilidade não é alcançada apenas com a construção de rampas, e sim com a edificação de lugares fáceis de percorrer, fáceis de entender, atrativos e, acima de tudo, promotores de encontros e convívio com o Outro. No entanto, nem sempre os planejadores urbanos, arquitetos e projetistas reconhecem que as dificuldades motoras e sensoriais estabelecem diferentes relações entre “o espaço” e “o percurso”. Determinadas soluções para o deslocamento de pessoas em cadeira de rodas podem, por exemplo, atrapalhar a prática urbana de deficientes visuais, idosos, pessoas com deficiências sensoriais ou intelectuais. Por outro lado, medidas que atendam exclusivamente as pessoas com deficiência, podem estigmatizar a diferença, favorecendo uma visão redutora da normalidade. As normas internacionais e as leis e decretos brasileiros determinam que os locais de grande público sejam plenamente acessíveis e as instalações da Copa 2014 não poderiam correr o risco de serem mal adaptadas, de apresentarem falhas ou de não corresponderem às exigências das normas de acessibilidade nacionais e estrangeiras. Assim, tendo-se como premissa o Desenho Universal, vínhamos buscando garantir a universalidade de acessos, evitando ao máximo a segregação, procurando igualar as oportunidades e garantindo, na medida do possível, o exercício do direito de ir e vir a todos os cidadãos. Outro ponto importante é a QUESTÃO TURÍSTICA EM UMA CIDADE MARAVILHOSA COMO O RIO DE JANEIRO, afetada por essas medidas de acessibilidade seguindo um sistema de redes. Com base na teoria dos clusters, o local com potencial turístico faz a ligação de toda a oferta turística por meio de redes que afetam diretamente na qualidade da acessibilidade nos espaços esportivos / de transporte e de lazer da COPA 2014 E DA RIO 2016. De acordo com diversas teorias, para um pleno desenvolvimento do turismo uma localidade com potencial deve possuir características culturais, fisicoculturais e sociais que definam a sua identidade regional, mas esses elementos devem ser

Rio de Janeiro/RJ: Pôr do Sol na Praia de Ipanema

Rio de Janeiro/RJ: Cristo Redentor

O NÚCLEO PRÓ-ACESSO da UFRJ e o PROJETO COPA 2014 O Núcleo Pró-acesso (Núcleo de Pesquisa, Ensino e Projeto sobre Acessibilidade e Desenho Universal) é um grupo pioneiro no país dedicado à pesquisa, ao ensino, ao planejamento e ao projeto inclusivo, buscando a inclusão sócio-espacial das pessoas com deficiência por meio de um desenho universal que reduza as barreiras à acessibilidade. Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (PROARQ) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1994, o Núcleo desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão. A Equipe do Núcleo Pró-acesso, que desenvolveu este trabalho, tem longa experiência e é altamente especializada nas questões da acessibilidade, dos espaços inclusivos e do Desenho Universal.


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Equipe do Núcleo Pró-acesso da UFRJ: composta de arquitetas, turismóloga e estudantes de Arquitetura

Figuras do Manual de Acessibilidade do Comitê RIO 2016

Tendo já efetuado anteriormente, o MANUAL TÉCNICO DE ACESSIBILIDADE para o COMITÊ ORGANIZADOR DOS JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016, aproveitamos parte da nossa outra metodologia e dos resultados de vários trabalhos para a elaboração de um GUIA VIRTUAL DE ACESSIBILIDADE. Utilizamos os parâmetros ideais de acessibilidade desenvolvidos a partir dos seguintes documentos nacionais: Norma Brasileira de Acessibilidade NBR 9050; Decreto Federal N°. 5296 de 2004, Convenção da ONU para os Direitos das Pessoas com Deficiência, Lei Geral de Turismo, Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de Transporte e Trânsito, Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário, dentre outras. Também utilizamos vários documentos internacionais, tais como: “ADA Standards for Accessible Design (EUA)”, “Australian Standard Design for access and mobility”, “Inclusive Design Standards (London)”, “Green Guide – Guide to Safety at Sports Ground” e outros Manuais Técnicos Europeus.

Confeccionamos mapas de percursos para nos auxiliar na elaboração destes laudos ou diagnósticos de acessibilidade e, ao mesmo tempo, avançar no nosso Guia de Acessibilidade. Também foram elaborados checklists para laudos de acessibilidade, no mesmo modelo que o Núcleo Pró-acesso executou por ocasião da avaliação das instalações dos equipamentos dos jogos Panamericanos de 2007 e para o Manual da RIO 2016. Trabalhamos com o método dos percursos comentados com a direta participação do usuário. Com estas e outras ações, pretendíamos nortear a execução das obras até sua finalização. Como encontramos muitas dificuldades nas autorizações das visitas e com o curto tempo que nos resta até a Copa 2014, por determinação do Ministério dos Esportes, mudamos nosso foco e estamos elaborando diretrizes e propostas para pelo menos deixar um legado de acessibilidade para os próximos eventos que o Rio irá receber.

Capa da prévia do Manual de Acessibilidade do Comitê RIO 2016

Maracanã: Lugares reservados para Pessoas com Deficiência


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Maracanã: Frente do Estádio

Maracanã: Estreitamento Calçada no Entorno do Estádio

ência física ou pessoas com mobilidade reduzida, a Copa de 2014 está desperdiçando uma enorme oportunidade e deixará de ser um marco para as condições de acessibilidade dos equipamentos urbanos cariocas e brasileiros. da

Maracanã: Sinalização Tátil Direcional dando para um mur A partir de nossos relatórios críticos, pretendemos fornecer subsídios especializados para, pelo menos, garantir condições de acessibilidade de Pessoas com Deficiência às instalações do Estádio do Maracanã, assim como propor indicadores para que seus acessos urbanos e entorno sejam igualmente acessíveis. Desta forma, com os inúmeros resultados encontrados que poderiam garantir que planejássemos a acessibilidade universal nos espaços da Copa 2014, estamos direcionando nosso trabalho apenas para a construção de um legado não apenas físico, mas principalmente atitudinal para nossas cidades.

A Cidade do Rio de Janeiro NÃO será acessível para a COPA FIFA DE 2014 ! Com a avaliação das possibilidades de acesso com autonomia e segurança por parte de pessoas com deficiência sensorial (auditiva e visual), com deficiência intelectual, com defici-

Planejando um legado de Acessibilidade para a Cidade do Rio de Janeiro Com os resultados e propostas que o Núcleo Pró-acesso da UFRJ tem feito para melhorar a acessibilidade na Copa 2014, poderíamos incluir mais pessoas nas redes urbanas, de transportes e turísticas da cidade do Rio de Janeiro. Ao abarcar a acessibilidade mediante o Desenho Universal, estaríamos possibilitando que as pessoas com deficiência fossem cada vez mais atuantes na sociedade e aquelas que não possuem deficiência, poderiam conviver com a diversidade, percebendo e atuando diante de todos os conflitos da cidade. Se o Censo do IBGE de 2010 fala em 23,9% de pessoas com deficiência no Brasil, não podemos nos esquecer de seus familiares e amigos. A acessibilidade física é, portanto, uma garantia de maior participação de todos! Pretendemos, ao menos, deixar esse LEGADO DE ACESSIBILIDADE para todos os eventos que virão a acontecer no Rio de Janeiro. Ademais, a cidade se tornando mais acessível, as pessoas serão, de fato, incluídas e aptas a estarem engajando na vida urbana. Isto significa um contingente maior de cidadãos ativos, trabalhadores, turistas, participantes da urbe. Embora busquemos melhorias físicas, o nosso intento é que as pessoas entendam e se conscientizem da importância da diversidade e da acessibilidade como

intermediária do enriquecimento da cidade como um todo. Um legado de acessibilidade tem como premissa a garantia e o respeito dos direitos à mobilidade para todas as pessoas, contempladas em suas diferenças culturais, sociais, econômicas, físicas e sensoriais. A garantia de promover espaços acessíveis compatíveis com todas as normas nacionais e internacionais de acessibilidade não é apenas uma medida de respeito ao ser humano: é a materialização de uma vontade política de atingir um patamar de desenvolvimento humano similar ao dos países mais socialmente desenvolvidos do mundo. Este poderia ser o principal legado de acessibilidade deixado por todas as análises e propostas que fizemos com os resultados deste projeto.

* Regina Cohen é Arquiteta, Doutora, Pós-doutora em Arquitetura (bolsista FAPERJ – PROARQ/FAU/UFRJ) com o tema de “Acessibilidade de Pessoas com Deficiência aos Museus”. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa, Ensino e Projeto sobre Acessibilidade e Desenho Universal (Núcleo Pró-Acesso da UFRJ). Bolsista de Desenvolvimento Tecnológico do CNPq com o projeto “Acessibilidade e Desenho Universal nas Instalações da Copa 2014 e seus impactos no Turismo Inclusivo. Participação, como consultora, na Equipe de elaboração do Manual de Acessibilidade para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Consultora em Acessibilidade do Comitê Nacional Organizador da Conferência sobre Desenvolvimento e Sustentabilidade RIO+20. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (1981), mestrado em Urbanismo (1999) e doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006) e é especialista em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC RJ (1992). Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: acessibilidade, inclusão, museus, escolas, espaços urbanos, ensino superior, universidade e deficiente. Recebeu prêmio internacional da Association Européene pour l’Enseignement de l’Architecture pela melhor metodologia de ensino de arquitetura do biênio 2003-2004; diversas moções de congratulações pelos trabalhos científicos realizados. Possui diversos trabalhos e livros publicados no tema da “acessibilidade de pessoas com deficiência”. E-mail: arquitetareginacohen@gmail.com * Cristiane Rose de Siqueira Duarte é Arquiteta pela UFRJ; Mestre em Urbanismo (Université de Paris XII); Doutora em Planejamento Urbano (Université de Paris I Panthéon Sorbonne); Docente concursada da UFRJ desde 1983. Atualmente é professora Titular da FAU/UFRJ com atuação no PROARQ. Coordenadora do Núcleo Pró-acesso; coordenadora do Laboratório Arquitetura, Subjetividade e Cultura; Diversas moções, e trabalhos científicos premiados. Foi membro do Conselho de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ (1995-2002); Foi membro do comitê de Assessoramento do CNPq para a área de Ciências Sociais Aplicadas (2009-2012); Possui diversos livros publicados nacional e internacionalmente, além de inúmeros artigos científicos; orienta trabalhos de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Arquitetura e Urbanismo; coordena grupos de pesquisa (LASC e Núcleo Pró-acesso) e é membro da rede internacional de pesquisa Ambiances.net.


por Luciene Gomes

Situação melhora, mas cidades precisam ser mais acessíveis...

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o Brasil, os dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstraram que do total estimado de 190,7 milhões de brasileiros, aproximadamente 45 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de deficiência, ou seja, quase 24% da população. Nesses resultados não foram consideradas múltiplas deficiências (cujos dados mais recentes para estes casos são os do censo do IBGE divulgados no ano 2000, que apontavam cerca de 9.980.465 pessoas com múltiplas deficiências) e autistas. Considerando que 4 anos depois da divulgação do censo o número de PcD tenha aumentado, e somando os mais de 14 milhões de pessoas acima de 65 anos no país, é possível perceber o grande número de pessoas que precisam de cidades com acesso universal. Me tornei cadeirante há 16 anos, arquiteta há quatro, e posso afirmar que as condições de acesso melhoraram e a acessibilidade e o desenho universal hoje são temas de debates, palestras, questionamentos e cobranças, porém a minha vivência diária mostra que ainda estamos longe de vivermos em cidades que atendam todas as pessoas, mesmo com uma ampla legislação vigente no país. Fazendo uma reflexão sobre o porque ainda muitos espaços permanecem com problemas de adequações, percebo que ainda há uma falta do cumprimento e do entendimento das leis pelos órgãos públicos e privados. Alguns exemplos desses descumprimentos são o do Decreto Nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004, que regulamentou as Leis Nº 10.048/2000, que busca garantir a pessoa com deficiência a plena integração social com a garantia de acessibilidade aos prédios de uso público, fato que ainda não condiz com a realidade. Também faltam, sinalização universal, transporte público acessível que atenda a demanda, faltam rampas, elevadores ou plataformas, muitas guias rebaixadas são mal construídas e seu uso é inviabilizado, as vagas para estacionar ainda são ocupadas por pessoas desavisadas (ou mal intencionadas), falta corrimãos, há buracos nas ruas onde temos que circular por falta de calçadas seguras etc ... Esses são alguns proble-

mas que, se resolvidos, devem favorecer qualquer pessoa e não só as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Mas percebo algumas mudanças... me lembro perfeitamente a primeira vez que saí andando de cadeira de rodas pelas ruas em Brasília/DF... foi assustador. Hoje ainda é muito difícil andar pelas cidades no Brasil, mas nos últimos anos encontro algumas rampas adequadas para uso de cadeirantes, guias rebaixadas corretamente, assim como plataformas e elevadores, antes inexistentes, disponíveis em alguns locais. As calçadas da Avenida Paulista em São Paulo/SP, por exemplo, foram reformadas, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Biblioteca Nacional do Amazonas e o Museu do Futebol, considero bons exemplos de acessibilidade física e cultural (sim, também considero o futebol cultura...). Em Sorocaba/SP no Parque da Água Vermelha, no Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no Parque Villa Lobos na capital paulista, no recém-inaugurado Anna Laura Parques para Todos, Parque da Vila Guilherme, esses em São Paulo, o Projeto Socorro Acessível na cidade de Socorro/SP e a rota acessível no Pelourinho em Salvador/ BA, democratizaram o lazer ao ar livre, assim como o Projeto Praia para Todos, que teve início na cidade do Rio de Janeiro/ RJ e vem se espalhando para todo o Brasil. Há iniciativas acerca deste tema também vindas da iniciativa privada e do âmbito governamental, como o Plano “Viver Sem Limite” e o Plano de Mobilidade Urbana, que precisam de fato sair do papel. Sou uma pessoa otimista, por isso trabalho com essas questões diariamente e mesmo sabendo que o trabalho é “de formiguinha”, acredito que com a cobrança da sociedade civil, educação e cumprimento efetivo da legislação, ainda vou conseguir usufruir de uma cidade mais humanizada e universal.

Luciene Gomes é Arquiteta e Urbanista, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (UFSCar) na área de Acessibilidade e Desenho Universal e Docente do SENAC São Carlos na área de Acessibilidade e Desenho Universal. E-mail: contato@planolivre.com.br

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ensaio Modelo: Déborah Fontenele 31 anos “Eu não sou o que me falta” Foto: Kica de Castro




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