UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
ESCOLA UNICAP ICAM-TECH
ARQUITETURA E URBANISMO
MARINA CARNEIRO PROTO AGRA
O21
proposta de um Senior Cohousing para o envelhecimento ativo
Trabalho de graduação desenvolvido pela aluna Marina Carneiro Proto Agra, sob orientação do docente Rafael Rangel ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade CatólicadePernambucocomorequisitofinal para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.
RECIFE/21
EDF. CO-LARES
“Eu vivi em comunidade por 37 anos, e viver em comunidade tornou tudo mais fácil na minha vida. Acho que nós, primatas, somos comunais há mais de 80 milhões de anos. Nós prosperamos em companheirismo. A solidão é a pior experiência que um ser humano pode ter”.
Hunter
Doherty “Patch” Adams
Figura 01 Idosos conversando na varanda. Fonte: U.S News. Disponível em: <https://money.usnews.com/investing/real-estate-investments/articles/2018-10-05/how-to-invest-in-senior-cohousing> Acesso: 23/03/21
Agradecimentos
Gratidão é, de fato, um sentimento que me tocou em diversas vezes durante todo esse percurso. Foram anos de muita dedicação e um período bastante significativo na minha vida, consequência de uma decisão difícil, a de mudar de carreira, e da qual não me arrependo. A finalização desta longa etapa só foi possível porque contei com o apoio emocional, o carinho, afeto e compaixão de tanta gente. Agradeço ao meu marido Bruno Agra e toda a sua família, aos meus pais Marcone e Sônia Proto, meus irmãos, Laura e Rafael, e toda a minha família (cunhados/as, tios/as, primos/as, avôs) que tanto me apoiaram, compreenderam as muitas ausências e vibraram cada conquista alcançada. Aos meus amigos/as de longas datas, que sempre alimentaram a minha fé, obrigada por cada palavra de incentivo e aos que a Universidade me presenteou (Lari, Jack, Nic, Marina V., Ju Victor), podem ter a certeza que essa trajetória tornou-se mais leve por causa de vocês. Foram muitos momentos vividos entre alegrias, angústias, apoio e parceria. Agradeço, também, aos arquitetos/as com quem tive a oportunidade de estagiar e agregaram tanto conhecimento nessa caminhada. Por fim, agradeço imensamente aos professores/as pelos ensinamentos, em especial ao meu orientador Rafael Rangel, que conduziu esta última etapa da graduação de forma leve, paciente e cheia de aprendizados.
01. JUSTIFICATIVA
1.1 - A mudança demográfica brasileira e “o índice de envelhecimento”
1.2 - Possibilidades de habitação para a pessoa idosa e o Senior Cohousing
1.3 - Conexão do ser humano com a natureza
02. OBJETIVOS
2.1 - Geral
2.2 - Específicos
4.1 A pessoa idosa e o envelhecimento ativo no Brasil
4.2 - Senior Cohousing: Arquitetura e seus princípios
4.2.1 - Características e benefícios do cohousing
4.2.2 - Considerações sobre o design intencional e a arquitetura
4.2.3 - Senior Cohousing e suas especificidades
4.3 O resgate da natureza através do design biofílico
4.3.1 - Breve histórico
4.3.2 - Os 14 padrões do design biofílico
5.1 - DESIGN BIOFÍLICO: Centro Maggie de Leeds
5.2 SENIOR COHOUSING: New Ground Cohousing
5.3 COHOUSING: Nanterre Cohousing
5.4 SENIOR COHOUSING: Senior Collective Housing
6.1 Escolha do bairro
6.2 Características do bairro Santana
6.3 - Aspectos legislativos
Mapa de aspectos legislativos
Mapa de usos
Mapa de cheios e vazios
Mapa de caminhos viários e meios de transporte
Mapa de condicionantes climáticos
Mapa de cobertura vegetal
7.1 - Diretrizes projetuais
7.2 - Programa e dimensionamento
7.3 - Memorial descritivo
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E
TABELAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sumário
10 14 16 24 27 27 29 32 38 38 46 52 56 58 65 70 74 78 86 88 90 92 94 96 98 100 102 106 108 110 138 144 147 INTRODUÇÃO PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS CONCEITUAÇÃO
PRECEDENTES PROJETUAIS
.06 .07 .05 03. 04.
TEMÁTICA
A PROPOSTA VOLUME DE PRANCHAS O TERRITÓRIO
08 09
Introdução
Cohousing é um conceito utilizado por SCOTTHANSON & SCOTTHANSON (2005) e DURRETT (2009) que busca fomentar relações (entre espaço e vivência) através de uma estrutura edificada, definido por um tipo de comunidade intencional, não hierárquica, que tem como premissa resgatar o sentido de bairro e de viver em comunidade, de forma a fortalecer o senso coletivo e a ampla interação com as pessoas, porém, sem perder a privacidade pessoal. Há a combinação entre a autonomia de residências particulares com áreas comuns que estimulam a vida comunitária. Para o público da terceira idade, ela passa a ser chamada de Senior Cohousing (DURRETT, 2009).
Apesar de não ser um conceito recente, a procura por essa forma de habitar tem crescido bastante nos últimos anos por várias gerações, fruto da percepção da forma como estamos vivendo: uma urbanização acelerada, pouco sustentável, cada vez mais individualista, solitária e distante da natureza nas grandes cidades. Esse modelo tradicional atual de moradia provoca impactos diretos na qualidade de vida e na saúde das pessoas de qualquer faixa etária, entre elas a dos idosos.
Na realidade pandêmica, iniciada nos anos 2020, o isolamento social tornou-se mandatório para o mundo inteiro. O confinamento trouxe muitas reflexões a respeito da qualidade dos espaços residenciais e de como a ausência do convívio entre pessoas e a impossibilidade de transitar em diferentes espaços, inclusive espaços abertos e em meio à natureza, podem interferir negativamente na
saúde física e mental das pessoas. Tal condição foi bastante prejudicial especialmente para os idosos pois, devido à vulnerabilidade de contrair a doença, foram privados do contato social. Assim, surge um questionamento que vai permear por toda a estrutura do trabalho: “Como podemos garantir uma moradia de qualidade para pessoas da terceira idade que, além de possibilitar a convivência coletiva de forma segura possa, também, ser um espaço saudável que promova o bem-estar?” É de suma importância repensar novos modelos de moradia que consigam aliar uma arquitetura mais sustentável e ecológica com espaços que fomentem o equilíbrio entre a sociabilidade e a privacidade individual.
O presente trabalho buscar referenciar os princípios do design biofílico, através do artigo publicado pela empresa Terrapin Bright Green (2014), na tentativa de promover um diálogo com as necessidades contemporâneas de moradia para a terceira idade nos moldes do senior cohousing. O design biofílico é uma corrente que surge a partir do conceito da Biofilia que, segundo o arquiteto Douglas Farr, “é o nome dado ao amor dos homens pela natureza com base na interdependência intrínseca entre os seres humanos e os outros sistemas vivos” (FARR, 2013. p.35) O design biofílico, portanto, se apresenta como um importante atributo para promoção de resultados positivos em aspectos mentais, físicos e comportamentais, sendo bastante explorado no campo da arquitetura para fomentar espaços físicos saudáveis.
O trabalho está estruturado em 08 capítulos. O primeiro, a Justificativa, busca – a partir de três tópicos – abordagens e evidências das problemáticas da temática em questão. Em seguida, no capítulo 2, apresentam-se os objetivos geral e específicos da proposta. Posteriormente, no capítulo 3, os procedimentos metodológicos explicarão as ferramentas que foram utilizadas para atingir os objetivos. No capítulo 4, encontra-se a conceituação temática com dados importantes a cerca da população idosa brasileira e os referenciais teóricos, entre eles Scotthanson & Scotthanson (2005) e Charles Durrett (2009), sobre cohousing e senior cohousing, a Terrapin Bright Green (2014) sobre o design biofílico, compondo o embasamento teórico
relevante para este trabalho. No capítulo 05, serão analisados quatro precedentes projetuais a fim de obter subsídios para a elaboração das diretrizes e programa arquitetônico. Em seguida, no capítulo 06, será estudado o território escolhido, que está localizado no bairro de Santana na cidade de Recife, através de mapas de análise do local e os aspectos legislativos que regem no bairro. O capítulo 07 apresenta a proposta do anteprojeto, que inclui as diretrizes projetuais, o programa, o dimensionamento e o memorial descritivo com a explicação do partido arquitetônico e outras informações relevantes acerca do projeto. Por fim, o capítulo 08 contém o volume de pranchas com os desenhos técnicos elaborados para o projeto.
10 11
Figura 02 Idosas moradoras do New Ground Cohousing. Fonte: Architonic. Disponível em: <https://www.architonic.com/fr/project/ pollard-thomas-edwards-new-ground-cohousing/5105726> Acesso: 23/03/21
JUSTIFICATIVA
“A moradia é muito mais que um abrigo, é um lugar de constituição de vida; é o seu canto no mundo. É o lugar de memórias passadas, experiências presentes e sonhos futuros. É onde você se reconhece.”
1
(BACHELARD, G., 2008 apud RANIERI, F., 2020)
12 13
1.1 | A mudança demográfica brasileira e o “Índice de Envelhecimento”
Segundo dados atualizados no ano de 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida da população brasileira chegou a 76,6 anos no mesmo ano, três meses a mais quando comparada ao ano de 2018. Segundo a pesquisa, em 2043, um quarto da população (25,01%) deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de 16,3%. Em 2060, essa porcentagem sobe para 32,16% e cai para 14,72%, respectivamente. Essa relação entre a porcentagem de idosos e de jovens é conhecida por “índice de envelhecimento”, que deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060. É possível perceber essa mudança nos gráficos 01 e 02, através do alargamento do topo da pirâmide representado pela população idosa e o estreitamento da base representado pela população jovem.
Entre as principais causas para essa tendência crescente do envelhecimento estão a diminuição da taxa de fecundidade e de mortalidade, que serão mais aprofundados na conceituação temática. A partir da interpretação desses dados, sobretudo no que se refere à população idosa – público-alvo desse trabalho – entende-se que há uma emergente necessidade de salvaguardar a integridade física e mental desse grupo a partir da promoção de espaços de moradia mais saudáveis que estimulem a capacidade funcional do idoso a fim de viver de forma mais ativa do que dependente. O significado de velhice vem tomando uma outra conotação, fugindo do estereótipo de que ser velho é ser
doente ou inválido e revelando a autonomia e a energia das pessoas da terceira idade.
Portanto, os profundos impactos econômicos, culturais e sociais ocasionados por essa transição demográfica impõem a necessidade de mudanças na relação do ser humano com o ambiente em que vive, de forma a tornar o meio mais inclusivo, participativo e saudável.
Figura 03 Moradora do Cornerstone Village Cohousing.
14 15
Fonte: Cohousing. Disponível em: <https://www.cohousing.org/senior-cohousing/> Acesso: 21/05/21
15,02% 25,01% 32,16% 2021 2043 2060 90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0 5 HomensMulheres 05 População Brasil Pirâmide etária 2018 90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 0 5 HomensMulheres 05 População Brasil Pirâmide etária 2060
Gráfico 01 Gráfico da pirâmide etária do Brasil, 2018. Gráfico 02 Gráfico da pirâmide etária do Brasil, 2060. 0-4
Fonte:
Projeção
da População, IBGE. Fonte:
Projeção
da População, IBGE.
Fonte: Projeção da População, IBGE.
Figura 04 Diagrama da projeção da população idosa no Brasil entre 2021 e 2060.
Possibilidades de habitação para a pessoa idosa e o Senior Cohousing
O processo de urbanização trouxe consigo uma série de mudanças comportamentais na sociedade. As distintas tipologias habitacionais foram se adaptando às novas demandas da população e do mercado imobiliário, o que em muitos casos buscou-se, por exemplo, uma verticalização exacerbada, rompendo determinadas relações de convívio e sociabilidade entre os moradores. Para Bezerra (2015), esse padrão de habitação mostra que o senso de comunidade é quase inexistente, em conjuntos urbanos com apartamentos cada vez menores e, apesar de extensas áreas de lazer, são utilizadas de modo individual sem agregar formas colaborativas de se morar, priorizando a privacidade em detrimento da coletividade.
Segundo Couto (2013), viver sozinho se tornou bastante comum em diversas faixas etárias nos últimos cinquenta anos, inclusive para os idosos. Para a terceira idade, alguns motivos envolvem a mudança estrutural familiar com a saída de parentes ao longo do tempo, a viuvez ou perda de um membro da família, separação conjugal e, também, os que optam viver sozinhos por espontânea vontade, transformando, assim, seus lares em domicílios unipessoais. Morar só não é sinônimo de solidão, no entanto, a qualidade espacial dos ambientes pode ser capaz de provocar esse sentimento.
Antes da pandemia de 2020, os idosos já eram mais vulneráveis a desenvolver transtornos psicológicos ou doenças crônicas devido às limitações inerentes da idade. No entanto, o isolamento
social obrigatório potencializou quadros como ansiedade, estresse e depressão nessa faixa etária. De acordo com a cartilha sobre Suicídio na Pandemia Covid-19, elaborada pela Fiocruz no ano de 2020, para os idosos que moram sozinhos, a vulnerabilidade emocional pode ser ainda maior, ocasionando angústia, profunda tristeza e solidão devido à ausência dos vínculos afetivos e diminuição das atividades sociais. As duas reportagens abaixo, dentre tantas outras, revelam a preocupação com os impactos que a pandemia pode trazer não só na saúde fisiológica mas, também, no estado físico e mental dos idosos.
Assim, se já havia a necessidade de repensar o lugar do idoso na sociedade e a importância de um ambiente confortável nessa fase da vida, atualmente, viver em tempos de pandemia trouxe muitas reflexões a respeito da qualidade dos espaços físicos que os abrigam, sobretudo por considerar que podem influenciar positiva e negativamente na saúde das pessoas, já que o isolamento social se tornou um importante aspecto no combate à disseminação do vírus.
O Guia Global Cidade Amiga dos Idosos (2005, p.33) cita que, para uma cidade ser considerada amigável para o idoso, é preciso ter uma variedade de opções de moradia para atender às diferentes necessidades e particularidades que o envelhecimento carrega ao longo do tempo. Além disso, é de extrema importância que o idoso tenha espaço e privacidade em sua casa. Existem várias possibilidades de habitação mais convencionais para a pessoa idosa. As mais comuns são:
AsilosCasas de Repouso Domicílios Unipessoais Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs)
- Responsabilidade única de órgãos do governo;
- São instituições governamentais ou não-governamentais;
- São instituções governamentais ou não-governamentais;
Fonte: Setor Saúde. Disponível em: <https://setorsaude.com.br/dia-do-idoso-pandemia-traz-impactos-muito-alem-do-coronavirus-a-terceira-idade/> Acesso: 15/03/21
- Possui cuidados relacionados à alimentação, higiene e médico;
- É destinado à acolher a pessoa idosa sem ou pouco condição financeira.
Fonte: Gazeta do Povo. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/conteudo-publicitario/eccosalva/efeitos-da-pandemia-como-evitar-que-o-isolamento-afete-a-saude-fisica-e-mental-de-idosos > Acesso: 15/03/21
- Possui caráter residencial, que abriga idosos com 60 anos ou mais;
- Não possui o tratamento médico como elemento focal;
- É um domicílio coletivo;
- A responsabilidade técnica pode ser de qualquer profissional de nível superior.
- Possui regime de internato;
- Os moradores possuem 60 anos ou mais, com serviços especializados de saúde, podendo ser dependentes e independente;
- O responsável técnico precisa ser médico.
- Houve um aumento nos últimos 40 anos devido à redução do número de filhos, mudança de estilo de vida, melhora da condição de saúde dos idosos, aumento do número de divórcio, perda de familiares, em especial a viuvez, poder aquisitivo suficiente, além dos que optam por viver só.
1.2 |
Figura 05 Reportagem sobre os impactos da pandemia na saúde do idoso.
Figura 06 Reportagem sobre os efeitos da pandemia na saúde do idoso.
Tabela 01 Opções de moradia mais convencionais para os idosos.
16 17
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
É de extrema importância espaços habitacionais que sejam voltados às necessidades da pessoa idosa. No entanto, exceto os domicílios unipessoais em que, mesmo com a mudança estrutural da família, os idosos optam por continuar morando na mesma residência, as demais instituições possuem pouca privacidade, sendo um quarto ou suíte a única área mais reservada para o morador. Podem até ser equipadas e possuírem instalações específicas para o idoso, mas o ambiente não possui alma, o espaço não carrega as memórias afetivas tão importantes à identidade do indivíduo pois, em muitos casos, a casa já é existente e foi adaptada para receber um novo uso habitacional voltado para a terceira idade. É possível perceber tais aspectos nas figuras 07 à 10, que mostram instalações de algumas ILPIs na cidade do Recife. Do lado esquerdo, estão as áreas comuns para os residentes e ao lado direito, as unidades privativas, que se resumem à quartos que podem ser compartilhados ou não.
Bertoldi et al (2015) elaborou uma revisão de literatura com alguns estudos relacionados ao declínio cognitivo em idosos institucionalizados e concluiu que a “internação em ILPI é um fator relevante no declínio das funções mentais”. Alguns estudos sugerem uma importante relação entre a mudança de ambiente para uma instituição com o aumento da depressão em idosos, pois está ligada à perda da identidade do indivíduo, da liberdade e do estado de solidão ocasionados pelo isolamento social. Os autores TRINDADE A. et al (2013, apud Bertoldi et al 2015), chegaram a conclusão em seus estudos que “os idosos institucionalizados apresentam menor desempenho cognitivo com comprometimento das habilidades funcionais e
aumento da depressão em relação aos idosos que vivem na sociedade e que participam de alguma atividade física.”
Em Recife, cidade escolhida para a elaboração do trabalho, existem, atualmente, 27 ILPIs, sendo os bairros de Campo Grande e Jardim São Paulo os que possuem em maior concentração (ver gráfico 05). A seguir, é possível analisar dados importantes à respeito da população de idosos em Recife, a evolução dos domicílios unipessoais de idosos no Brasil e em Pernambuco, bem como a distribuição de ILPIs na capital.
Figuras 07 e 08 Espaços coletivos e privados da casa de repouso Morada Geriátrica Nossa Senhora do Carmo no bairro da Encruzilhada, Recife. Fonte: Morada Geriátrica. Disponível em: <http://www.moradageriatrica.com.br/morada.php> Acesso: 20/05/21
Figuras 09 e 10 Espaços coletivos e privados da casa de repouso Conviver Geriátrico no bairro de Boa Viagem, Recife.
Fonte: Conviver Geriátrico. Disponível em: <http://convivergeriatrico.com.br/instalacoes.php>
Acesso: 20/05/21
Figura 07.
Figura 08.
Figura 09.
18 19
Figura 10.
15,000
10,000
5,000 0
Gráfico 03 - Evolução dos domicílios unipessoais de idosos (%)
1991
20002010
BrasilPernambuco
Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1971, 1991, 2000, 2010.
Gráfico 04 - Os 10 bairros em Recife com mais idosos
Boa Viagem (14.259 hab.), Várzea (4.579 hab.) e Cohab (4.508 hab.) são os bairros com mais idosos em Recife. (IBGE, 2010)
Boa Viagem
Várzea
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. Elaborado pela autora, 2021.
Cohab Cordeiro Iputinga Casa Forte
Lista das ILPIs em Recife
Lar Porto Seguro
Abrigo Provisório Edusa Pereira
Hotel Residência Benevides
Luminar Residencial Geriátrico
Novo Lar Repouso Geriátrico LTDA
Instituto Padre Venâncio
Lar Batista para Anciãos
Abrigo Espírita Batista de Carvalho
Conviver Lar da Terceira Idade
Imbiribeira Água Fria Afogados Ipsep
2010 - Recife
ILPI Flor de Lótus
Abrigo Espírita Lar de Jesus
Estação Viver
Associação Espírita Casa dos Humildes
Centro Espírita Moacir
Pousada São Francisco
Centro de Convivência Santa Bárbara
E. G. Nossa Srª da Conceição Nancy Ramos
Associação Casa do Amor
Residencial Geriátrico Amarillys
Lar D’Avis
Entidade Religiosa Nossa Senhora do Carmo
Conviver Geriátrico
Lar Padre Zegri
Park Hotel 3ª Idade
Morada Geriátrica Nossa Srª do Carmo
Sociedade Franciscana Maristella do Brasil
Ieda Lucena
11,84%
20 21 25 20 15 10 5 0 1970 13,44 14,68 15,40 17,90 21,45 14,80 15,80 18,93
Dados comparativos do IBGE revelam um crescimento dos domicílios unipessoais de idosos nos últimos 40 anos, aumentando 6,77% no Brasil e 5,49% em Pernambuco.
19 20 21 22 23 24 25 26 27
10 11 12 13 14 15 16 17 18
01 02 03 04 05 06 07 08 09
182.040 hab.
população:
hab. Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. 22 01 17 26 27 18 05 24 19 06 07 08 20 21 09 11 16 12 10 14 15 13 02 03 23 04 25
Total da
1.537.704
4 3 2 2 2 2 2 1 Campo Grande Várzea J. São Paulo Torre Casa Forte Casa Amarela Encruzilhada Arruda Poço da Panela Pina Santo Antônio Boa Viagem Madalena Dois Irmãos Torreão Espinheiro Cordeiro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 01234 Quantidade de ILPI/bairro
Mapa de Recife (ILPIs)
Gráfico
Fonte: Ministério Público de Pernambuco, 2021. Elaborada pela autora, 2021.
05 Quantidade de ILPI por bairro em Recife.
Fonte: Ministério Público de Pernambuco, 2021. Mapa elaborado pela autora, 2021.
Apesar de existirem 27 instituições para idosos no Recife, o bairro de Boa Viagem, com maior quantidade de idosos, possui apenas 01 instituição supondo, assim, que a maioria deles mora em domicílios unipessoais. O bairro da Várzea possui 03 instituições e é o segundo bairro com maior quantidade de pessoas idosas na cidade. Isso mostra a heterogeneidade da distribuição das ILPIs, pois não necessariamente se concentram em bairros com maior número de idosos. Já no bairro de Santana (território escolhido para o anteprojeto), quase 20% dos moradores são idosos, de acordo com o Censo 2010 do IBGE, no entanto, não há opções de moradia específicas para a terceira idade admitindo, assim, que essa parcela da população reside em residências particulares. Assim, o bairro surge como uma possibilidade para explorar e fomentar novas tipologias habitacionais que atendam as necessidades da pessoa idosa.
De acordo com o gráfico 06, é possível perceber que a taxa de envelhecimento em Recife vem crescendo. À medida que as pessoas envelhecem, a residência antiga pode ficar muito grande, perigosa e com custo alto para mantê-la pois o domicílio unipessoal um dia pode ter sido feita para abrigar toda a família e que, com o avanço da idade, não se torna mais adequada por não atender as necessidades do indivíduo.
Diante desse cenário, a moradia torna-se um aspecto de extrema relevância nessa faixa etária, pois requer atenção para as necessidades de caráter físico, psíquico e emocional da pessoa idosa. A qualidade espacial dos ambientes pode interferir tanto para ser um local que estimule a torná-la ativa e saudável como também pode contribuir para uma maior dependência e sedentarismo.
Gráfico 06 - Taxa de envelhecimento em Recife.
Assim, é necessário repensar em novas formas de moradia para pessoas idosas. Formas essas que fomentem espaços de convívio coletivo, a interação entre vizinhos, que promova diferentes estímulos visando uma melhor qualidade de vida. É nesse contexto que surge o Senior Cohousing: uma nova possibilidade de habitação para a terceira idade para viver de uma forma segura, ativa, colaborativa, mas sem perder sua identidade, suas referências afetivas de um lar e que converge com uma arquitetura voltada às suas necessidades. Seu conceito e suas características serão mais argumentados no capítulo 04 deste volume.
22 23
Taxa 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 1991 5,28% 6,51% 8,14% 20002010
Fonte: Censo IBGE (2010).
Figura 11 Moradores do Heartwood Commons. Fonte: Cohousing. Disponível em: <https://www.cohousing.org/directory/heartwood-commons-tulsa/> Acesso: 21/05/21
do ser humano com a natureza
Desde a antiguidade, o ambiente construído possuía uma forte relação com a natureza, seja incorporando elementos como vegetação, água nos espaços edificados, como também em adornos decorativos presentes nas fachadas, nos sistemas estruturais, entre outros. A partir da Revolução Industrial, na metade do século XVIII, inúmeras transformações ocorreram, distanciando a relação do homem com a natureza. As edificações passaram a ocupar mais espaço nas cidades e o processo de urbanização intensificou essa desconexão entre pessoas e o ambiente natural.
A sociedade já vive as consequências desse contato inadequado: ambientes com pouca iluminação natural, mal ventilados, vegetação escassa, falta de estímulo sensorial e isso interfere na qualidade de vida e no estado emocional das pessoas.
O estresse, a insônia, a fadiga mental e, até mesmo, doenças arteriais e crônicas podem ser potencializadas em espaços que não possuam relação com elementos naturais.
Diante desse contexto, o design biofílico vem como um resgate à essência da natureza para os espaços edificados e não-edificados, através de estratégias que proporcionem o bem-estar do indivíduo e a melhora da qualidade ambiental, que serão discutidas no capítulo 04 deste volume.
De acordo com a Terrapin Bright Green (T.B.G, 2014, p.11), muitas pesquisas são vinculadas à relação da conexão da natureza com os sistemas cognitivo, psicológico e fisiológico para explicar como a saúde e o bem- estar são afetados
pelo ambiente. Assim, alguns benefícios podem ser experenciados diante da presença de elementos ou analogias naturais:
Função cognitiva: abrange a agilidade mental e de memória, a capacidade de aprender e pensar de forma lógica e criativa. Estudos apontam que conexões fortes ou rotineiras com a natureza podem restaurar de forma mais rápida o raciocínio, levando o indivíduo a realizar tarefas mais focado quando comparado com alguém com a mente fadigada;
Saúde psicológica e bem-estar: estudos revelam que experiências em ambientes em contato com a natureza proporcionam maior restauração emocional e do humor, com picos mais baixos de tensão, ansiedade, raiva, fadiga em relação à ambientes urbanos com caraterísticas da natureza limitadas;
Saúde fisiológica e bem-estar: as respostas fisiológicas estão relacionadas ao nosso sistema auditivo, musculoesquelético, respiratório e ao ciclo circadiano. A conexão com a natureza pode desencadear respostas fisiológicas como relaxamento muscular, redução da pressão arterial e dos níveis de cortisol (hormônio do estresse).
Portanto, diante do exposto, o presente trabalho tem como propósito para a proposta de um senior cohousing a aplicação de estratégias do design biofílico como fonte de bem-estar e conforto ambiental. Atualmente, não existe no Brasil um projeto de cohousing (seja ele senior ou multigeracional) concluído. Existem dois projetos em desenvolvimento, o Vila ConViver localizado em Campinas/São Paulo, formado por professores aposenta-
dos da Unicamp acima de 50 anos, e o Projeto Cohousing, localizado em Piracicaba/São Paulo, elaborado pelo escritório Guaxo Arquitetos para uma comunidade multigeracional. Propor uma moradia para a terceira idade que possua um ambiente estimulante, acolhedor e tranquilizante é de suma importância para o envelhecimento ativo, sendo um dos fatores determinantes para a longevidade e uma vida mais saudável.
24 25
1.3 | Conexão
Figura 12 Idosos do Westmont Living. Fonte: Community Impact Newspaper. Disponível em: <https://communityimpact.com/local-news /nashville/franklin-brentwood/features/business/2019/07/25/symphony-assisted-living-and-me mory-care-to-open-in-january-in-franklin/> Acesso: 22/04/21
Desenvolver um anteprojeto de um Senior Cohousing para pessoas da terceira idade fundamentado nos princípios do design biofílico.
Pesquisar sobre o panorama da população idosa brasileira e da cidade do Recife;
Estudar as possibilidades de habitação existentes para a pessoa idosa e as novas demandas;
Estudar as características espaciais e sociais de um cohousing e um senior cohousing e suas especificidades;
Compreender como o design biofílico pode contribuir para a qualidade dos espaços edificados e na saúde dos indivíduos;
Explorar materiais construtivos que gerem menos impacto ao meio ambiente e estratégias projetuais para eficiência energética.
26 27
2.1 | Geral 2.2 | Específicos 2
OBJETIVOS
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para alcançar os objetivos propostos, o presente trabalho será elaborado nas seguintes etapas:
3.1 | Revisão bibliográfica
Para o estudo sobre cohousing e senior cohousing, são utilizados os as referências teóricas de SCOTTHANSON & SCOTTHANSON (2005) e CHARLES DURRET (2009);
Sobre o design biofílico, o presente trabalho utiliza o documento da Terrapin Bright Green (2014) sobre os “14 Padrões do Design Biofílico”;
Artigos científicos a respeito do público-alvo do trabalho, os idosos, focando em temas como o envelhecimento ativo e os aspectos físicos de moradia para esta população.
3.2 | Coleta de dados
Nesta etapa envolve informações importantes acerca da população idosa no Brasil e na cidade do Recife, utilizando dados da OMS, IBGE, Ministério da Saúde, Portal do Envelhecimento, NBR 9050 sobre acessibilidade.
3.3 | Levantamento de dados
São levantados dados a respeito do território a ser estudado em relação às características do bairro e os aspectos legislativos que regem no local.
3.4 | Análise de dados
Esta etapa visa, através da análise dos dados, estabelecer critérios para a elaboração do projeto.
3.5 | Etapa projetual
Envolve a elaboração das diretrizes projetuais baseadas no item anterior;
Concepção final do projeto.
28 29
3
4CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA
30 31
4.1 | A pessoa idosa e o “envelhecimento ativo” no Brasil
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado idoso o indivíduo com 60 anos de idade ou mais. Essa faixa etária vem crescendo, não só no Brasil, mas no mundo todo de forma bastante acelerada. Há três fatores principais que caracterizam essa tendência: a primeira delas está relacionada à diminuição da taxa de fecundidade com queda do número médio de filhos por mulher, acarretando no aumento da proporção de pessoas idosas; em seguida, a diminuição da taxa de mortalidade (com consequente aumento da expectativa de vida) decorrente da melhoria das condições de assistência e saúde da população idosa, e o terceiro fator se refere às conquistas democráticas ao longo dos anos através das políticas públicas garantidas por lei que reconhece os direitos individuais e sociais da pessoa idosa, inclusive a aposentadoria. (Mendonça, JMB et al, 2021)
Atualmente, existem cerca de 32 milhões de pessoas idosas no Brasil, segundo dados do IBGE (Projeção do Censo 2021), sendo 86,4% uma população ativa sem necessidade de cuidados sistemáticos e 13,6% possuem algum tipo de dependência decorrente de alguma doença, seja por limitação motora, visual, auditiva ou cognitiva. A expectativa de vida ao nascer atual, para o homem, é de 75,4 anos e, para as mulheres, 78,2 anos. Mas, segundo a Projeção da População do Brasil realizada pelo IBGE, em 2060 esses valores sobem para 77,9 e 84,23 anos, respectivamente. Diante do crescimento importante da popu-
lação idosa no país ao longo do tempo e pensando em garantir direitos para esta parcela da população, em 1994 foi sancionada a Lei nº 8.842 denominada Política Nacional do Idoso, cujo Artigo 1º define por “...objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.”, dispondo de princípios, diretrizes, disposições gerais, ações governamentais, entre outros (PNI, 1994). Apesar de ser um grande avanço para políticas públicas à pessoa idosa no intuito de promover a longevidade com qualidade de vida, algumas questões foram levantadas à respeito da efetividade da Lei. Segundo Alcântara (2016), dúvidas como quem seria o responsável por promover e defender os direitos da pessoa idosa, quem zelaria pela aplicação das normas a fim de evitar o desacato aos direitos, entre outras, foram questionadas por anos. Com isso, em 2003 surge a Lei nº 10.741, o chamado Estatuto do Idoso, resultado de uma grande mobilização social dos idosos no intuito de corrigir a não efetividade da PNI. De acordo com o Artigo 2º:
O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Assim, o Estatuto aborda questões como o direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia, à dignidade, entre outros, instituindo o dever da família, do Poder Público, da sociedade e da comunidade de garantir esses direitos aos idosos, sendo, juntamente com a Política Nacional do Idoso, os principais documentos que abordam leis de asseguridade à pessoa idosa no país. Com essa mudança demográfica em curso, o cuidado voltado para esta parcela da população tornou-se de extrema importância, surgindo vários relatórios, programas e incentivos às políticas públicas que fomentam a promoção da saúde e bem estar social das pessoas idosas. Em 2005, a OMS divulgou um projeto que tem como objetivo a discussão e elaboração de
planos de ação que estimule o envelhecimento ativo e saudável. Segundo o documento:
A Organização Mundial da Saúde adotou o termo “envelhecimento ativo” para expressar o processo de conquista dessa visão. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.
Assim: “Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.” (OMS, 2005, p.13)
Envelhecimento ativo
Serviços sociais e de saúde
comportamentais
32 33
Ambiente físico Fonte: Guia Global Cidade Amiga do Idoso (2007). Elaborado pela autora, 2021.
Determinantes
Determinantes pessoais Determinantes sociais Determinantes econômicos
Figura 13 Diagrama com os determinantes do envelhecimento ativo.
O envelhecimento ativo depende de várias condições e fatores, como mostrados na figura 13. Esses determinantes, isolados ou combinados uns aos outros, influenciam diretamente no bem estar da população idosa. Neste trabalho, o enfoque maior está nos aspectos do ambiente físico e como eles podem contribuir para o bem estar social para essa faixa etária, com foco maior na moradia. No momento, o Brasil possui várias iniciativas de projetos para a terceira idade em andamento, entre elas o Programa Cidade Amiga do Idoso, Projeto Cidades para todas as idades, Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, e que tiveram como ponto de referência um documento chamado Guia Global Cidade Amiga do Idoso, realizada pela OMS em 2007, com foco no conceito “envelhecimento ativo”. Este Guia abrange oito tópicos (ver figura 14) e, para cada seção, há uma lista das
principais características que são amigáveis para os idosos. O documento engloba cidades tanto mais desenvolvidas quanto menos, gerando um padrão universal para a criação das cidades.
Como visto na justificativa, existem alguns tipos de habitação específicos para a terceira idade mas, face ao crescimento cada vez mais independente desta população, se tornam opções menos procuradas. A fim de ampliar novas possibilidades de moradia para essa parcela ativa, vários conjuntos habitacionais (figuras 15, 16, 17 e 18) vêm surgindo com o propósito de oferecer espaços adaptados para essa faixa etária, incluindo equipamentos de lazer, centro de convivência, salas de aula, salas de atendimento médico, disponibilidade de cuidadores, entre outros. No entanto, muitos deles são bastante caros, inviabilizando financeiramente para uma grande parcela da população.
<http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/elderly-housing>
<https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/cidade-madura-um-lugar-na-paraiba-para-morar-na-velhice/> Acesso: 02/04/21>
Pensando nisso, alguns governos e organizações construíram habitações mais acessíveis, como é o caso do projeto Cidade Madura, localizado na cidade de João Pessoa, a Vila dos Idosos no Pari, em São Paulo, e a Vila Dignidade, que já conta com unidades em Ribeirão Preto, Avaré e Mogi das Cruzes.
Apesar de ampliarem as opções de moradia para a terceira idade, esses conjuntos habitacionais ainda são modelos de apartamentos ou
casas em esquema de condomínios fechados que priorizam a privacidade, apresentam muitas unidades habitacionais, dificultando a convivência mais próxima entre todos os moradores. Alguns desses empreendimentos não possuem a possibilidade de alteração de layout e a escolha da implantação, em muitos casos, é feita distante dos grandes centros, bastante comum em programas habitacionais, o que inviabiliza o acesso à serviços básicos do dia a dia.
Figuras 15 e 16 Vila dos Idosos, São Paulo.
Figuras 17 e 18 Projeto Cidade Madura, João Pessoa.
Fonte: Vigliecca & Associados. Disponível em:
Acesso: 02/04/21.
Cidade amiga do idoso TRANSPORTE ESPAÇOS ABERTOS E PRÉDIOS CÍVICAPARTICIPAÇÃO E EMPREGO APOIO COMUNITÁRIO E SERVIÇOS DE SAÚDE PARTICIPAÇÃO SOCIAL ECOMUNICAÇÃO INFORMAÇÃO RESPEITO E INCLUSÃO MORADIA Fonte: Guia Global Cidade Amiga do Idoso (2007). Elaborado
2021.
Fonte: Portal do Envelhecimento. Disponível em:
pela autora,
34 35
Figura 14 Diagrama com os as aspectos do Guia Global Cidade Amiga do Idoso.
Assim, pensando na forma como vivemos, no desperdício de recursos naturais, na falta de interação com os vizinhos e a fim de sanar o problema do isolamento social, surgem as moradias compartilhadas, uma forma de habitar mais sustentável e comunitária que tem crescido nos últimos tempos.
Entre os exemplos estão as repúblicas, albergues, ecovilas, colivings e cohousings. Todas elas buscam um estilo de vida alternativo, colaborativo e agregador, no entanto, o modelo de cohousing se destaca por ter como princípio aliar a privacidade das residências particulares com o senso de comunidade dos moradores (SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005, p.2).
Para uma reportagem divulgada pelo jornal El País em 2019, o cohousing seria a “revolução dos ‘velhenials’ contra a solidão”, mostrando os benefícios e a procura cada vez maior por esse tipo de moradia por pessoas mais velhas. Visando ampliar essa forma de habitar para os idosos, essa moradia recebe o nome de senior cohousing que, segundo DURRETT (2009), se utilizam dos mesmos conceitos, no entanto, com algumas modificações a fim de atender às necessidades e particularidades dos idosos, que serão discutidos adiante.
Figura 19 Membros da Associação Abante Jubillar Sevila. Fonte: El País Brasil. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/20/internacional/1555761718_539199.html> Acesso: 05/05/21.
36 37
| Senior Cohousing: a Arquitetura e seus princípios
O movimento voltado para comunidade é a chave para a sustentabilidade. Conhecer nossos vizinhos, sentir que somos parte de algo que nos importamos e que se importa como nós – estes são elementos para a reconstrução da sustentabilidade atualmente. (SCOTTHANSON, 2005, apud BEZERRA, 2015 p.16).
Como mencionado anteriormente, o senior cohousing utiliza dos mesmos princípios de um cohousing, porém, por atender a terceira idade, requer algumas adaptações importantes em seu espaço físico. Para esta etapa, faz-se necessário entender as características de um cohousing, apresentando seu conceito, benefícios e particularidades. Na sequência, as especificidades do senior cohousing se apresentarão de forma mais esclarecedora no item 4.2.3 deste tópico.
4.2.1 - Características do cohousing
O nome cohousing, traduzido para o inglês, é originada da palavra dinamarquesa bofælleesskaber, que significa “vida em comunidade”. Esse tipo de moradia começou na Dinamarca, no final dos anos 1960, quando um grupo de famílias procurava creches e uma melhor maneira de partilhar momentos de refeições noturnas (SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005, p.2). Em 1972, foi construída a primeira cohousing em Copenhagen, por um grupo de 27 famílias. Desde então, mais de 300 projetos foram concluídos na Dinamarca e esse modo de viver vem se espalhando em
diversos países, como os Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Inglaterra, entre outros. (MCCAMANT e DURRETT, 2011 apud BEZERRA, 2015, p.21).
Como já conceituado no início do trabalho, é caracterizado como uma comunidade intencional, ou seja, quando um grupo de pessoas decide por viver juntas e compartilham de interesses e propósitos que refletem seus valores fundamentais. (CHRISTIAN, 2003 apud BEZERRA,2015, p.21). Todos participam ativamente das decisões, não havendo um representante, conselheiro ou síndico e, por isso, é considerado uma comunidade não-hierárquica, auto-gerida, com todos os direitos e deveres iguais para todos.
Segundo SCOTTHANSON & SCOTTHANSON (2005), existem diferentes tipos de cohousing que podem variar em tamanho, localização, tipo de propriedade, projeto e prioridades de acordo com as necessidades dos moradores. No entanto, compartilham de algumas características semelhantes, entre elas:
Processo participativo
Os futuros moradores participam do planejamento e das decisões do design arquitetônico de sua comunidade (ver figuras 20, 21 e 22);
Casas particulares e instalações comuns
Todos os residentes possuem suas próprias casas, incluindo cozinhas. Porém, a comunidade apresenta instalações comuns significativas, que são projetadas para uso diário para complementar as áreas de estar privadas(ver figuras 23 e 24);
Fontes de renda separadas
Esse tipo de comunidade não gera renda e, portanto, cada morador tem a sua própria fonte financeira.
Projeto intencional da vizinhança
O projeto apresenta um importante senso de comunidade. Assim, o estacionamento para carros é, geralmente, posto na periferia do terreno ou subterrâneo, preservando a área interna para os pedestres e gerando a interação entre os vizinhos;
4.
Gerenciamento completo dos residentes
Os próprios residentes gerenciam a comunidade e a tomada de decisão se dá de forma consensual;
38 39
1.
2.
3.
5.
Fonte: SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005, p. 3-4. Diagrama elaborado pela autora.
Tabela 02 Características semelhantes em um projeto de cohousing.
4.2
PROCESSO PARTICIPATIVO DOS FUTUROS RESIDENTES INSTALAÇÕES COMUNS
ties/ab/prairie-sky/>Acesso: 08/05/21
Disponível em: <https://cohousing.org.uk/case-study/new-ground-cohousing-development -inspiring-example-not-might-live-get-older-live-cities/> Acesso: 08/05/21.
Fonte: Quimper Village. Disponível em: <https://www.quimpervillage.com/construction-photos> Acesso: 08/05/21.
Fonte:
Disponível em: <https://cohousing.ca/news-events/senior-cohousing-101-with-chuck-durrett/> Acesso: 08/05/21
Figura 20 Etapa participativa das futuras moradoras do New Ground Cohousing.
Fonte: UK Cohousing.
Figura 21 Futuros moradores do Quimper Village, Port Townsend, WA.
Fonte: Quimper Village. Disponível em: <https://www.quimpervillage.com/construction-photos> Acesso: 08/05/21.
Figura 22 Etapa participativa dos futuros moradores do Quimper Village, Port Townsend.
Figura 24 Exemplo de Casa Comum.
Canadian Cohousing Network.
Figura 23 Moradores do Prairie Sky Cohousing no terraço comum, Canadá.
40 41
Fonte: Prairie Sky Cohousing. Disponível em:<https://cohousing.ca/communi-
Já ouviu falar em “Efeito Roseto”?
Esse fenômeno ficou conhecido, pela primeira vez, em 1961 após um médico, Dr. Steart Wolf, estudar os fatores que influenciavam na taxa bastante reduzida de ataques cardíacos, em pessoas com menos de 65 anos, na cidade de Roseto (Pensilvânia, EUA), quando comparados à cidades vizinhas. Foram anos de estudo analisando alguns aspectos relacionados à alimentação, à atividade física, ao trabalho e ao estilo de vida da comunidade.
Não encontraram informações relevantes quanto às três primeiras questões, nem com a genética ou algo relacionado ao clima e região, já que cidades muito próximas tinham o triplo do índice. Eles possuíam o hábito de comer comidas processadas, com muita gordura e doce e não praticavam atividade física, pois passavam muito tempo trabalhando nas mineradoras. No entanto, os pesquisadores encontraram algo bastante presente e diferente das outras comunidades. Eles concluíram que a redução da taxa de ataques cardíacos estava
intimamente relacionada à redução do estresse diante do modo de viver dos habitantes. Segundo o médico, era uma comunidade muito coesa, havia um senso coletivo bastante presente, os vizinhos se conheciam e cuidavam uns dos outros, se tornando uma comunidade bastante unida, participativa e solidária. Com o passar dos anos e com processo de “americanização” da cidade, os costumes e tradições, aos poucos, foram sofrendo grandes transformações e na década de 1980, a taxa de ataques cardíacos já havia se igualado à média nacional. (Egolf et al, 1992)
Sabe-se da importância de uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física para uma melhor qualidade de vida. No entanto, a redução do estresse é um fator de extrema importância para a saúde do indivíduo e um estilo de vida que resgate a coletividade, o espírito comunitário pode influenciar diretamente nesse aspecto, contribuindo para a longevidade e uma vida saudável.
“Consideramos as comunidades de cohousing imensamente inspiradoras. Cohousing tem uma capacidade única de criar um ambiente positivo e humano, e relacionamentos significativos e sustentáveis. Isso é evidente nos sentimentos de quem vive lá e de nossas próprias observações e comparações de desenvolvimentos de co-habitação com outros típicos esquemas habitacionais mais tradicionais.”
Charles Durret
Figura 25 Moradores do Driftwood Village, Canadá. Fonte: Canadian Cohousing Network. Disponível em: <https://cohousing.ca/communities/bc/driftwood-village/> Acesso: 08/05/21
42 43
Benefícios de morar em um cohousing
1.2.3.4.5.6.7.8.9.
Compartilhando recursos e custo de vida baixo
Devido ao estímulo do senso de comunidade, as pessoas cuidam umas das outras. Além disso, já que os residentes se conhecem, pessoas estranhas são reconhecidas instantaneamente.
Muitas pessoas estão cansadas de ficar isoladas e o cohousing tem como opção a interação humana constante, mas sem perder a privacidade.
Criar filhos Ambientalmente amigável
Preserva o espaço verde
Economia de tempo
Participação dos moradores
Os moradores apreciam compartilhar suas habilidades entre eles, como música, consertar algo, cozinhar, cuidar do jardim;
Compartilhamento de carros, de recursos e de babás, refeições compartilhadas, compra a granel, comércio próximo, mais atividades no local contribuem para redução dos custos.
Há o apoio de outras pessoas para auxiliar no cuidado de crianças. Elas convivem em locais seguros e instalações adequadas para brincar fora de suas casas.
Trabalhar em grupo há mais oportunidades para reduzir, reutilizar e reciclar através do compartilhamento de recursos com outras pessoas.
Os cohousings preservam grande parte do espaço verde do local.
Cohousers têm mais tempo livre por causa de refeições e tarefas compartilhadas, menos tempo de viagem devido a mais atividades no local, e menos tempo cuidando das crianças.
Todas as tomadas de decisãosãocompartilhadas e consideradas no planejamento e gestão da comunidade.
Contribuição Oportunidades de interação social Ambiente seguro e de suporte
Fonte: SCOTTHANSON, 2005, p.15). Elaborado pela autora, 2021.
Figura 26 Diagrama com os benefícios de morar em um cohousing.
44 45
Fonte: SCOTTHANSON, 2005, p.15). Elaborado pela autora,
4.2.2 - Considerações sobre o design intencional e a arquitetura
Para o projeto de um cohousing, existem algmas características propositais do design (Tabela 03) que são utilizados para fomentar uma maior interação entre os moradores e irão influenciar no arranjo espacial do programa arquitetônico. Além
Separação proposital do carro
A separação do carro da residência permite mais interação social durante o percurso, além de proporcionar mais espaços internos para jardins e locais de encontro, menos áreas pavimentadas destinadas para os automóveis e maior segurança no local por circular mais pessoas. Além disso, a quantidade de estacionamento não precisa ser proporcional à quantidade unidades habitacionais, pois até os veículos podem ser compartilhados.
Via de pedestres
Separar os carros das residências possibilita a criação de mais espaços para pedestres do que ruas largas para a passagem de automóveis. Assim, é possível gerar agenciamentos que conectam os espaços comuns e privativos, provocando interações espontâneas entre os moradores.
disso, alguns aspectos na arquitetura também são de extrema importância, entre eles a implantação, circulação, a Casa Comum e as unidades habitacionais.
Tamanho ideal da comunidade
A co-habitação funciona melhor em comunidades que possuem entre 12 e 36 unidades habitacionais.
Cozinha voltadas para a via de pedestre
Localizar as cozinhas das unidades privativas para a via pedonal possibilita uma maior segurança e vigilância dos espaços públicos internos, além do senso de conexão.
Casa Comum em localização central
A Casa Comum deve estar localizada de forma a permitir o fácil acesso de todos os moradores e, por isso, geralmente encontra-se localizada em um lugar central da comunidade.
Segundo o autor SCOTTHANSON & SCOTTHANSON (2005, p.159), definir o tipo da habitação e sua forma irá interferir diretamente na escolha do terreno e no impacto que irá gerar no meio ambiente. Unidades habitacionais espalhadas pelo terreno, por exemplo, além de possuírem um custo mais alto por necessitar de mais materiais construtivos e sistemas estruturais independentes, ocupam muita área que poderia ser destinada à jardins ou manter o estado natural do solo, além de provocar menos interação entre os moradores devido à distância entre elas.
compacta (como na primeira opção da figura), além de promover mais proximidade entre as unidades habitacionais, há uma maior preservação de espaços livres minimizando, assim, os custos e impactos ambientais.
De acordo com DURRETT (2009, p.350), os percursos criados para as residências privativas, a partir do estacionamento e das entradas de pedestres para o terreno, devem ser centralizados ao longo de uma quantidade limitada de áreas de cirulação, pois, assim, há chances maiores dos vizinhos se encontrarem. Quando, por exemplo, as casas são espalhadas, não há um caminho principal e nenhuma rota única é utilizada. Abaixo, o diagrama exemplifica alguns percursos interessantes que podem ser criados de acordo com a disposição das áreas privativas e comuns:
Os exemplos da figura 27 ilustram as variadas possibilidades de implantação em ordem de respeito ao meio ambiente. Apesar de vários aspectos, como a configuração do sítio, condicionantes climáticos e legislação, serem importantes para a escolha do arranjo espacial do projeto, o autor considera, também, que uma implantação
46 47
Fonte:
IMPLANTAÇÃO CIRCULAÇÃO
SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005, p.125-128. Elaborada
pela autora, 2021.
Tabela 03 Design intencional de um projeto de cohousing.
1.
2.
4.
5.
3.
a. Rua de pedestreb. Pátio
c. Combinação de rua e pátio d. Rua coberta de vidro
Figura 28 Tipos de percurso de um cohousing.
Fonte: SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005.
Figura 27 Tipos de implantação de um cohousing
Fonte: SCOTTHANSON & SCOTTHANSON, 2005.
A figura 29 exemplifica os espaços básicos que compõem um cohousing, que é composto pelas residências privativas, a Casa Comum, onde há vários ambientes em que os moradores compartilham diversas atividades e terraços com áreas de lazer e contemplação. As atividades que ocorrem na Casa Comum variam de acordo com cada comunidade, mas há sempre a cozinha integrada com uma sala de jantar e outros cômodos, que podem ser sala de jogos, de atividade física, de pintura, lavanderia, entre outros. A essência da Casa Comum é agregar os moradores em torno dela, proporcionando momentos de interação social e partilha de momentos juntos. Além disso, torna-se a extensão da unidade privativa, ou seja, ela fornece um grande espaço com ambientes compartilhados que não precisam ter na unidade individual.
De acordo com o autor DURRETT (2011, p.367), a localização da Casa Comum interfere bastante a frequência do seu uso. Assim, ela precisa estar centralizada, como já mencionado, de tal forma que os moradores frequentemente passarão no percurso de suas atividades diárias. Os três
requisitos mais importantes de acordo com a localização são: Os moradores passam pela Casa Comum quando voltam do estacionamento ou da rua para suas casas; É visível das residências ou fora delas; É, aproximadamente, equidistante de todas as unidades habitacionais.
UNIDADE PRIVATIVA
Como visto no início do capítulo, um grande diferencial do cohousing para outros tipos de moradia compartilhada é que o morador possui sua própria residência possibilitando, assim, mais privacidade. No entanto, é importante entender que os ambientes que compõem a unidade são mais compactos e não exige um programa extenso, visto que a Casa Comum possui instalações compartilhadas que suprem algumas necessidades e, ao mesmo tempo, estimulam o convívio coletivo.
As residências, geralmente, são compostas por cozinha, salas de estar e jantar integradas,
quartos (a quantidade varia de acordo com a necessidade da comunidade), banheiros e terraço privativo. A função da área de serviço, muitas vezes, é posta na Casa Comum, pois estimula a socialização dos moradores (DURRETT, 2009, p.404).
A padronização das unidades privadas é importante para otimizar o sistema construtivo. No entanto, de acordo com SCOTTHANSON & SCOTTHANSON (2005, p.117), é interessante vários tipos de unidades que sejam adaptáveis e flexíveis internamente para necessidades futuras.
Um dos aspectos do design intencional, como visto anteriormente, é a cozinha da unidade privada ter contato com a área externa (ver figura 30), trazendo uma sensação de segurança e conexão com os vizinhos.
A seguir, um breve exemplo de um projeto de cohousing em que é possível identificar vários dos aspectos do design intencional aqui mostrados. Além deste, outros exemplos serão vistos no capítulo 5 como estudos de caso em que mostra algumas dessas características semelhantes para a concepção de um projeto de cohousing
48 49
A CASA COMUM
Figura 30 Cozinha da unidade privativa voltada para a via pedonal.
Fonte: MCCAMANT E DURRETT, 2011.
Fonte: MCCAMANT E DURRETT, 2011.
Figura 29 Desenho ilustrativo do conceito de um cohousing
Marmalade Lane Cohousing
Cambridge, Reino Unido
Área: 4.300m² Comunidade multigeracional Escritório: Mole Architects
50 51
Fonte: Mole Architects. Disponível em: <https://www.molearchitects.co.uk/projects/housing/k1-cambridge-co-housing/#close> Acesso: 27/05/21.
Figura 31 Perspectiva com destaque para a localização central da Casa Comum.
Figura 34 Casa Comum do Marmalade Lane Cohousing.
1. Casa Comum em localização central na comunidade
Figura 32 Planta baixa do térreo com destaque na circulação de pedestres.
Figura 35 Via de pedestre do Marmalade Lane Cohousing.
2. Percurso tipo “rua de pedestre”
Figura 33 Marmalade Lane Cohousing: Casa tipo A.
Figura 36 Unidade privativa do Marmalade Lane Cohousing.
3. Cozinha voltada para a via pedonal
4.2.3 - Senior Cohousing e suas especificidades
Os homens e mulheres que vivem em comunidades de co-habitação para idosos são, talvez, as pessoas mais honestas e perspicazes que já encontrei. Eles aceitam completamente o fato de que estão envelhecendo. Eles admitem que não podem fazer tudo o que faziam antes. Eles sabem que a inclinação é em declive. Isso é vida. Mas reconhecendo esta verdade básica, não significa que sejam fatalistas – Charles Durrett.
Afinal, por que criar uma comunidade de cohousing dedicada apenas para os idosos? Não existe uma resposta simples para tal pergunta, pois a escolha de onde morar, principalmente nessa fase da vida, é bastante individual. Segundo DURRETT (2009, p.83-84), que já visitou inúmeros cohousings, a procura mais específica por essa faixa etária se dá pelo desejo de querer viver em uma comunidade que foi pensada especialmente em torno de suas necessidades e aspirações mais voltadas à companhia e tranquilidade.
Além disso, existe muita vantagem econômica de um cohousing senior, pois as unidades habitacionais podem ser menores, o que significa um custo reduzido tanto para a construção como, também, para mantê-las, visto que os idosos tendem a diminuir a quantidade de pertences à medida que vão envelhecendo. Um senior cohousing compensa uma menor unidade privativa com uma grande Casa Comum e espaços livres em torno do terreno. (DURRETT, 2009, p. 86)
Para o autor (p.88), no que difere de uma comunidade multigeracional, o senior cohousing possui algumas modificações, entre elas:
Acordos cautelosos entre os moradores sobre o co-cuidado e os seus limites; Considerações importantes à respeito da acessibilidade apropriada para os idosos; Limite máximo de 30 unidades habitacionais, que geralmente variam entre 15-25 unidades; Métodos específicos para os idosos criarem suas comunidades, como é o Modelo Nielsen.
O modelo Nielsen, proposto por Henry Nielsen, tem como objetivo criar um método abrangente para que os idosos, que desejam formar uma comunidade, consigam alcançar seus objetivos. Isso inclui um método que faça do senior cohousing uma opção viável para todos, identifique e resolva os problemas mais comuns durante o processo de criação de uma comunidade, torne mais fácil para os desenvolvedores apoiar e começar um projeto e acompanhe o processo do início ao fim. No entanto, não é um modelo padrão mas, sim, um norteador, traçando cronogramas para cada fase de concepção e desenvolvimento. (DURRETT, 2009, p. 100-105)
Esse modelo, segundo Charles Durrett, inclui três principais grupos:
1. O papel principal do grupo é criar a sua comunidade e isso exige a participação ativa dos futuros moradores encontrar um denominador comum;
2. Vão acompanhar o projeto desde a ideia até o seu funcionamento, ajudando a organizar o grupo e facilitar questões burocráticas;
3. Além de realizar toda a parte projetual e técnica, ajuda os idosos orientando-os sobre as decisões quanto às prioridades, quanto gastarão e o tempo que levará para ser construído.
Os futuros residentes, devido à participação direta, conseguem ter mais controle e acesso aos detalhes financeiros, contribuindo sempre nas tomadas de decisões no curso das etapas projetuais (ver figura 37).
CO-CUIDADO E ATENDIMENTO DE SAÚDE TERCEIRIZADO
Uma dúvida que pode surgir sobre um senior cohousing é em relação ao limite dos cuidados entre moradores e a necessidade de ajuda de profissionais especializados a medida que as pessoas vão ficando mais velhas e com dificuldade de realizarem algumas tarefas. Geralmente, cada comunidade estabelece acordos relacionados ao assunto. Para um morador do Munksøgård Cohousing, “Não vamos nos tornar um arranjo de vida assistida”. Ele deixa claro que a cooperação para algumas atividades, entre elas fazer compras, organizar algo para um vizinho, faz parte dos cuidados entre eles. Porém, atividades mais íntimas como vestir e tomar banho ficam para profissionais fazerem. (DURRETT, 2009, p. 139)
Figura 37 Reunião dos arquitetos com as futuras moradoras do New Ground Cohousing
Acesso
Fonte: Right to Build Toolkit. Disponível em:
<https://righttobuildtoolkit.org.uk/case-studies/new-ground/#>
em: 20/05/21>
1. Residentes seniores 2. Consultor(a) e Gerente 3. Arquiteto(a)
52 53
QUARTOS DE HÓSPEDES - CASA COMUM
Para atender as necessidades dos idosos na comunidade, alguns aspectos na arquitetura do local são levados em consideração, entre eles o quarto de hóspedes da Casa Comum que, diferente de uma comunidade multigeracional, são projetadas tanto para receber uma família de um morador para uma estadia mais prolongada, como também para os cuidadores, que podem ficar tanto meio período do dia ou tempo integral, dependendo da necessidade. São em formato suíte e pode ter fácil acesso para a cozinha comum, sala de estar, lavanderia e outros ambientes que agregam a Casa. (DURRETT, 2009, p. 159)
UM OLHAR PARA A ACESSIBILIDADE
O Desenho Universal é um conceito de extrema importância para um projeto, desde uma edificação até em escala urbana, pois envolve a criação de ambientes e/ou produtos que são acessíveis para todas as pessoas, independente das características ou deficiência do indivíduo. Assim, tanto a acessibilidade quanto o desenho universal são cruciais para o projeto de um senior cohousing, que deverá dispor de espaços privativos e compartilhados que possam ser utilizados por qualquer idoso. No entanto, é fundamental destacar que esses espaços devem ser adaptados para os idosos sem parecer um ambiente institucionalizado.
A norma técnica que regulamenta as questões de acessibilidade no Brasil é a NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, criada em 1985 e válida até os dias atuais, sendo uma importante diretriz projetual para a elaboração deste anteprojeto.
Antes de discutir esse tema, geralmente os futuros moradores de uma comunidade de um cohousing visitam outros projetos para entender como os arquitetos responderam à essa questão. (DURRETT, 2009). Circulações largas, espaços bem iluminados, rampas, elevadores, ambientes amplos, sem barreiras físicas, instalações de equipamentos como barras de apoio, sensores de movimento e sinalizações são alguns artifícios necessários para tornar um ambiente mais acessível aos idosos (ver figura 38).
Figura 38 Espaços bem iluminados, passagens largas, rampas acessíveis no senior cohousing Wolf Creek Lodge, Califórnia (EUA). Fonte: The Cohousing Company. Disponível em: <http://www.cohousingco.com/events/2019/5/30/senior-cohousing-101-day-1-intensive> Acesso em: 20/05/21
54 55
4.3 | O resgate da natureza através do Design Biofílico
Segundo a Terrapin Bright Green (T.B.G, 2014, p. 4), a Biofilia é a “conexão biológica inata da humanidade com a natureza”. Biológica porque a interação do homem com o ambiente natural interfere diretamente na fisiologia humana, no estado físico e mental, podendo reduzir o estresse, melhorar a função cognitiva, a criatividade, estimular o processo de cura, restabelecer significativamente o bem-estar e tantos outros benefícios evidenciados no capítulo 1 da justificativa deste volume.
Apesar de ser um termo bastante estudado por teóricos e pesquisadores das mais diversas áreas nos dias atuais, o conceito da Biofilia não é recente. O contato com a natureza no ambiente construído, seja através de elementos construtivos, ornamentos, arte, espaço ou arquitetura, pode ser encontrado desde a antiguidade. A esfinge egípcia, as folhas de acanto das colunas gregas, os elementos ornamentais do estilo floreado da Art Nouveau (figuras 39 e 40), entre outros, mostram que os temas naturais estão presentes na história da humanidade e que a conexão com a natureza é uma condição vital para o ser humano. (T.B.G, 2014, p.6).
Para além das representações há, também, a busca da integração com o ambiente natural através da arquitetura e um exemplo clássico é Fallingwater House, projeto de Frank Lloyd Wright.
Pinterest. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/46021227426626348/> Acesso: 23/05/21
Nesta residência, o arquiteto modernista cria uma íntima relação do objeto edificado com a natureza, que foi erguida em meio à uma queda d´água, deixando vários elementos como a vegetação, água e pedra fazerem parte da composição arquitetônica do edifício (figura 41).
A Farnsworth House, do arquiteto Ludwing Mies van der Rohe, também busca, por meio de outros artíficios, integrar a natureza ao projeto, através de uma extensa pele de vidro que engloba toda a edificação, proporcionando uma conexão visual direta com o exterior, como pode ser visto na figura 42.
O termo “biofilia” foi evidenciado pela primeira vez pelo psicanalista Erich Fromm e, posteriormente, difundido pelo biólogo Edward Wilson, sendo investigado, também, nos campos da neurociência, arquitetura, endocrinologia, entre outros, a
fim de entender o comportamento e benefícios da conexão com os sistemas naturais. (T.B.G, 2014, p.7)
Um outro pesquisador que ganhou notoriedade no assunto foi Roger Ulrich, com seus estudos relacionados ao impacto do design na saúde. Em 1984, fez uma análise relevante comparando o tempo de internação, com e sem vista para a natureza, de pacientes submetidos à cirurgia de colecistectomia. Obteve como resultado uma diferença estatisticamente significativa na dimuição dos dias de internamento dos pacientes com vista para vegetação quando comparados com os que tinham vista para paredes de tijolo (ULRICH, 1984). Desde então, atua em diversas pesquisas relacionadas ao design da saúde baseado em evidências. Assim, o design biofílico é defendido como uma poderosa estratégia para melhorar a saúde e
Figura 42 Farnsworth House.
Fonte: Chicago Architecture Centar. Disponível em: <https://www.architecture.org/learn/resources/buildings-of-chicago/building/farnsworth-house/> Acesso: 23/05/21
Figura 41 Fallingwater House.
Fonte: Smart Story. Disponível em: <https://smarthistory.org/frank-lloyd-wright-fallingwater/> Acesso: 23/05/21
Figura 40 - Hall da Casa Tassel.
Fonte: Visit.Brussels. Disponível em: <https://visit.brussels/pt/event/L-hotel-Tassel-de-Victor-Hor- ta-chef-d-oeuvre-de-l-Art-nouveau> Acesso: 23/05/21
Figura 39 - Folhas de acanto de uma coluna grega.
Fonte:
56 57
4.3.1 - Breve histórico
promover o bem-estar das pessoas. De acordo com a Terrapin Bright Green (2014, p. 5), há 14 padrões da biofilia que podem ser aplicados para gerar ambientes mais saudáveis, que serão aprofundados adiante e como eles podem influenciar positivamente na saúde do indivíduo.
PADRÕES O QUE SIGNIFICA
Conexão visual com a natureza Contato visual com sistemas vivos, elementos da natureza ou processos naturais.
Conexão não visual com a natureza
4.3.2 - Os 14 padrões do design biofílico
O design biofílico pode ser organizado em três categorias (T.B.G, 2014, p. 9-10):
Natureza no espaço: envolve a presença física, direta e repentina da natureza em um dado espaço como, por exemplo, plantas, águas, animais, sons, ventos, cheiro. Pode ser vaso de planta, fontes de água, jardins, telhados com vegetação, entre outros. É possível criar conexões diretas com alguns desses elementos naturais através da variedade, movimento e experimentos multissensoriais;
Analogias naturais: envolvem elementos que lembram aspectos orgânicos, não vivos e indiretos da natureza, entre eles: objetos, cores, formas, sequências e padrões que podem ser encontrados na natureza. Como exemplo, podem ser elementos ornamentais, mobiliários com formas orgânicas, materiais naturais que sofreu alguma alteração e têxteis, entre outros. O mimetismo se encaixa nessa categoria;
Natureza do espaço: está relacionada com as configurações espaciais da natureza. Experiências dessa categoria incluem o desejo de ver além do nosso entorno imediato, a atração pelo desconhecido, visões obscuras e momentos reveladores. (Tabela 04)
Estímulos sensoriais não rítmicos
Variabilidade térmica e de fluxo de ar
Estímulos auditivos, olfativos ou degustativos que remetem à natureza.
Conexões casuais e efêmeras com a natureza que podem ser analisadas estatisticamente, mas não previstas com precisão.
Leve mudança na temperatura do ar, na umidade, no fluxo de ar e das temperaturas de superfície que imitam os ambientes naturais.
Contribui para uma melhor experiência do lugar por poder ver, tocar ou escutar.
Luz dinâmica e difusa
Conexão com sistemas naturais
Forma e padrões biomórficos
Conexão material com a natureza
Complexidade e ordem
Prospecção
Refúgio
Mistério
Criar condições semelhantes na natureza através das variadas intensidades de luz e sombra que variam com o tempo.
Conscientização dos processos naturais, especialmente mudanças sazonais e temporais características de um ecossistema saudável.
Referências alusivas a contornos, arranjos de padrão, de textura ou numéricos que persistem na natureza.
Materiais ou elementos da natureza que, por mínima intervenção, refletem a ecologia ou geologia do espaço, criando um senso de lugar distinto.
Importantes informações sensoriais presentes em um espaço com hierarquia semelhante às encontradas na natureza.
Uma visão desimpedida à distância para vigilância e planejamento.
Um local de distanciamento das condições ambientais ou do principal fluxo de uma atividade, em que o indivíduo é protegido por trás e acima da cabeça.
A expectativa por mais informações, alcançada por meio de visões parcialmente obscuras ou outros aspectos sensoriais que induzem o indidíduo a outras imaginações no meio ambiente.
Uma ameaça indentificável associada a uma proteção confiável.
Tabela 04 14
ANALOGIA
Padrões do Design Biofílico. Fonte: Terrapin Bright Green, 2014. Elaborada pela autora, 2021. NATUREZA NO ESPAÇO
NATURAL NATUREZA DO ESPAÇO
Presença de água
1. 2.
3. 4. 5. 6. 7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
Risco / Perigo
58 59
É importante entender que, ao planejar uma implementação de estratégias do design biofílico para um determinado público ou espaço, não é preciso fazer uso de todos os padrões para atingir uma intervenção de alta qualidade. Apesar de os padrões, quando combinados, aumentarem as chances de benefícios para a saúde, uma única estratégia de alta qualidade pode ter maior potencial restaurador do que várias de baixa qualidade, afinal, é preciso estudar o propósito dos usos dessas estratégias. Além disso, alguns aspectos como o custo, viabilidade financeira ou outras variáveis podem limitar a efetividade das intervenções, mas não podem ser consideradas obstáculos que impeçam sua aplicabilidade. (T.B.G, 2014, p.14)
De acordo com a T.B.G (2014, p.18), a qualidade ambiental “é um termo genérico que se refere à soma das propriedades e características de um ambiente específico e como ela afeta os seres humanos e outros organismos”. A qualidade do ar, o conforto térmico e acústico de um edifício, por exemplo, são aspectos de extrema relevância para
a qualidade ambiental, e estratégias biofílicas podem contribuir significativamente para um bom desempenho do ambiente.
Um exemplo dessa combinação entre estratégias biofílicas e alto desempenho do edifício para uma melhor qualidade ambiental é o Hospital Khoo Teck Puat (ver figuras 46 e 47), em Singapura, projetado pelo escritório RMJM. O hospital utiliza recursos de eficiência energética, que reduzem o custo de energia em 50%, fornecem 70% da área do térreo com potencial para ventilação natural, possuem uma extensa área de vegetação e presença de queda d’água, contribuindo para um melhor conforto térmico e visual do espaço. São utilizados vários elementos naturais, que envolvem os sentidos da visão, cheiro, som e tato, proporcionando um ambiente de cura para os pacientes, visitantes e funcionários. (OLIVEIRA,2021)
Nas figuras 46 e 47, é possível perceber a forte presença de vegetação, em que no pátio interno há mais de 70% de espécies nativas da região, a presença de água e espaços permeáveis.
Para entender a aplicação dos padrões do design biofílico no campo da arquitetura, será analisado o Centro Maggie de Leeds, no capítulo 5 de precedências projetuais deste volume, que servirão de base para elaboração de algumas diretrizes do projeto.
Portanto, fica evidente que o design biofílico pode contribuir como um grande aliado para a
saúde das pessoas. É por esse motivo que o conceito foi escolhido para nortear algumas estratégias a serem utilizadas na proposta do senior cohousing, a fim de proporcionar um ambiente mais saudável e acolhedor para pessoas da terceira idade.
Figura 43 Elementos naturais no térreo do Hospital Khoo Teck Puat, Singapura.
Fonte: Ekko Green. Disponível em: <https://ekkogreen.com.br/ hospital-utiliza-natureza-cura/> Acesso: 23/05/21
Figura 44 Hospital Khoo Teck Puat, Singapura.
Fonte: Ekko Green. Disponível em: <https://ekkogreen.com.br/hospital-utiliza-natureza-cura/> Acesso: 23/05/21
60 61
5
PRECEDENTES PROJETUAIS
62 63
Neste capítulo, foram selecionados alguns projetos que tem como função oferecer informações importantes acerca dos aspectos mais relevantes discutidos anteriormente, a fim de servir como base para a proposta de um senior cohousing. Assim, as
referências foram escolhidas levando em consideração a arquitetura de um cohousing/senior cohousing e a aplicação de alguns padrões do design biofílico na arquitetura. As seguintes características dos projetos foram consideradas:
5.1 | DESIGN BIOFÍLICO: Centro Maggie de Leeds
Arquitetos: Heatherwick Studio
Local: Leeds, Inglaterra
Ano: 2020
Área: 462m²
Função: Centro de apoio para pacientes com câncer
Comunidade não-hierárquica
Habitacional
Diferentes tipos de habitação
Implantação priorizando grande área de solo natural
Conexão entre as habitações
Espaços comuns
Gabarito de até 04 pavimentos
Presença de vegetação
Analogia de elementos naturais
Conexão visual com a natureza
Formas e padrões biomórficos
64 65
Tabela 05 Aspectos relevantes dos precedentes projetuais.
COHOUSING/SENIOR COHOUSING DESIGN BIOFÍLICO
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
APLICAÇÃO CONCEITO
Fonte: Archdaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/941721/centro-maggie-de-leeds-heatherwick-studio?ad_medium=gallery> Acesso: 20/05/21
Figura 45 Centro Maggie, Leeds.
Os Centros Maggie são espaços que oferecem suporte físico e psicológico gratuitos para pacientes acometidos pelo câncer. Sua proposta baseia-se na arquitetura como principal ferramenta para promoção da saúde e bem-estar dos pacientes. Assim, busca ser um ambiente bastante acolhedor e confortável através de elementos que, por vezes, são esquecidos em ambientes hospitalares, como materiais naturais e táteis, muita iluminação
natural difusa, presença massiva de vegetação dentro e fora do centro e criação de espaços contemplativos e silenciosos (figura 45).
É possível perceber nitidamente a presença de vários princípios do design biofílico no projeto (ver figuras 47, 48, 49 e 50).
Fonte:
todo pré-moldado em madeira, cores claras e diferentes tons de verde nas plantas e mobiliários.
66 67
Archdaily Brasil. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/941721/centro-maggie-de-leeds-heatherwick-studio? ad_medium=gallery>Acesso: 20/05/21
Figura 46 Centro Maggie de Leeds, Inglaterra.
4. Formas e padrões biomórficos: formas orgânicas, por exemplo, das estruturas, dos mobiliários e do corrimão da escada.
Figura 50 Padrões biomórficos do Centro Maggie.
3. Conexão material com a natureza: diferentes texturas, cores e materiais que remetem à natureza, como é o sistema estrutural
Figura 49 Cores e texturas do Centro Maggie.
2. Luz dinâmica e difusa: grandes aberturas que permitem o jogo de luz e sombra.
Figura 48 O uso de iluminação natural.
1. Conexão visual com a natureza: presença de vegetação dentro e fora, com panos de vidro que permitem vistas para o jardim.
Figura 47 Entrada do Centro Maggie.
A concepção do projeto partiu da ideia da forma de uma jardineira. É possível perceber que a inspiração na natureza também foi aplicada nos materiais e cores utilizados (figuras 51 e 52).
No corte técnico (figura 53), fica evidente a ideia das jardineiras, que foram fragmentadas em
três partes para acomodar as salas de instalações técnicas para os pacientes em acompanhamento terapêutico.
Na figura 54, a marcação mostra a extensa área de solo natural preservada, priorizando por uma implantação mais compacta no centro do terreno. Foram utilizadas espécies nativas do norte da Inglaterra junto a outras que permanecem verdes o ano todo.
Fonte: Heatherwick Studio. Disponível em: <http://www.heatherwick.com/projects/buildings/maggies/> Acesso: 20/05/21.
Fonte: Heatherwick Studio. Disponível em: <http://www.heatherwick.com/projects/buildings/maggies/> Acesso: 20/05/21.
Figura 51 Inspiração na natureza, Centro Maggie.
Figura 52 Materiais utilizados.
Figura 53 Corte técnico (sem escala) do Centro Maggie.
68 69
Figura 54 - Planta baixa (sem escala) do Centro Maggie.
SENIOR COHOUSING: New Ground Cohousing
Arquitetos: Pollard Thomas Edward (PTE)
Local: Londres, Inglaterra
Ano: 2016
Área: 3.000m²
Função: Habitação senior
O New Ground Cohousing é um senior cohousing voltado para 26 mulheres entre 50 e 85 anos de idade (figura 55). Concebido de forma intencional, as residentes participaram, juntamente com a equipe do PTE, das decisões do projeto de forma consensual. Os arquitetos trabalharam com o grupo para desenvolver um layout em forma de T, de forma que todas as casas possuíssem uma boa perspectiva das instalações compartilhadas e jardins, assim como do uso de iluminação natural. Os espaços compartilhados na entrada são o centro da comunidade. A Casa Comum possui
sala de reuniões, cozinha, grandes áreas de refeições e quarto de hóspedes com varanda. Na área externa, encontram-se a lavanderia e uma espaço para secar roupa.
O desenho ilustrativo (figura 56) mostra a disposição do programa, com uma ocupação compacta da área construída e extensas áreas de jardins que podem ser vistas de todas as unidades habitacionais. Ao todo, são 25 apartamentos, totalizando 3 pavimentos (térreo + 2) e 3 tipos de habitação com 1, 2 e 3 quartos.
PROGRAMA
01. Estacionamento; 02. Lavanderia; 03. Jardim comunitário; 04. Casa Comum (cozinha, sala de jantar, sala de reuniões, quarto de hóspedes, bwcs); 05. Bicicletário; 06. Horta comunitária; 07. Apartamentos (cozinha, sala de jantar e estar, bwc, quarto);
70 71
5.2 |
Figura 55 Moradoras do New Ground Cohousing.
Fonte: Pollard Thomas Edwards. Disponível em: <https://pollardthomasedwards.co.uk/projects/index/new-ground-cohousing/> Acesso: 20/05/21
Fonte: Pollard Thomas Edwards. Disponível em: <https://pollardthomasedwards.co.uk/projects/index/new-ground-cohousing/> Acesso: 20/05/21
01 02 03 04 05 06 07 07
Figura 56 Desenho ilustrativo mostrando o arranjo espacial e o programa arquitetônico.
Na planta baixa do térreo (figura 57), é possível perceber alguns aspectos do design intencional e da arquitetura de um senior cohousing mencionados do capítulo 4, como a Casa Comum em local central das unidades habitacionais, estacionamento na periferia do terreno priorizando, assim, percursos internos para os pedestres, implantação compacta com grande área de solo natural preservada e circulação tipo pátio, gerando grandes possibilidades de interação entre os residentes. No térreo, há 2 apartamentos de 1 quarto, 4 de 2
Casa Comum no
Extensa
Percurso interno priorizando o pedestre
LEGENDA
Apartamento 1 quarto (54-61 m²)
Apartamento 2 quartos (66-80 m²)
Apartamento 3 quartos (102-103 m²)
Casa Comum
quartos e 2 apartamentos de 3 quartos.
No primeiro pavimento, há 3 apartamentos de 1 quarto, 6 apartamentos de 2 quartos e 1 com 3 quartos. Todos eles se conectam pela mesma circulação, além de três acessos ao jardim central: um para cada lado do bloco de apartamentos e outro que conecta à Casa Comum.
No segundo pavimento, há 6 apartamentos com 1 quarto e 1 apartamento com 2 quartos. O quarto de hóspedes com varanda da Casa Comum também encontra-se nesse pavimento.
Além do grande pátio central há, também, a “Casa de Verão”, com uma extensa área para plantação de flores e da horta comunitária, que são espaços cuidados pelas próprias moradoras (figura 58). Esses espaços são comumente priorizados em projetos de senior cohousing
A lavanderia compartilhada, localizada no térreo, significa que a maioria dos apartamentos não precisa de uma máquina de lavar em sua residência. Neste senior cohousing, ela encontra-se numa área próxima ao estacionamento e do acesso aos apartamentos, incentivando a interação entre as residentes.
72 73
Figura 57 Planta baixa do térreo do New Ground Cohousing
área de jardim
Estacionamento
centro
Figura 58 Área de jardim e horta do New Ground Cohousing
Fonte: Right to Build Toolkit. Disponível em: <https://righttobuildtoolkit.org.uk/case-studies/new-ground/#> Acesso em: 20/05/21
Figura 59 Moradora do New Ground Cohousing em sua residência privada. Fonte: Pollard Thomas Edwards. Disponível em:<https://pollardthomasedwards.co.uk/projects/index/new-ground-cohousing/> Acesso: 20/05/21
COHOUSING: Nanterre Cohousing
Arquitetos: MaO Architects | Têctone
Local: Nanterre, França
Ano: 2015
Área: 2.839 m²
Função: Habitação multigeracional
Esta obra (figura 60) foi o primeiro experimento contemporâneo de moradia social participativa na França, que contou com uma metodologia experimental de desenho em conjunto com os residentes.
Situado em uma zona urbana, o projeto é composto por dois edifícios de até quatro pavimentos e interligados por uma passarela de pedestre (figura 61), que serve de conexão para todas as
moradias no pavimento superior e esse arranjo espacial oferece a entrada generosa de iluminação natural para as residências.
O projeto foi resultado da colaboração de quinze famílias que se uniram para propor uma moradia compartilhada com 15 unidades habitacionais. Cada moradia possui o seu acesso individual, como em qualquer casa.
Assim, é considerada uma comunidade não -hierárquica, auto-gerida, que alia a privacidade das residências com espaços compartilhados. É possível perceber que esse projeto possui várias características quanto aos espaços físicos citados na literatura: conexão entre as habitações, gerando locais que contribuem para a interação entre os vizinhos, áreas verdes generosas, vias apenas para pedestres no interior do lote, Casa Comum com vários ambientes compartilhados, diferentes tipos de habitação, entre outros.
Os edifícios estão direcionados, principalmente, ao sul, leste e oeste para um melhor ganho de luz solar. Ao sul e oeste, as fachadas possuem grandes aberturas, que contribui para o ganho massivo de calor no inverno e para manter um bom conforto térmico no verão.
74 75 5.3 |
Figura 61 Passerela entre os edifícios.
Fonte: Archdaily Brasil. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/790510/co-residencia-nanterre-mao-architectes-plus-tectone> Acesso em: 20/05/21
Figura 60 Nanterre Cohousing.
<https://www.archdaily.com.br/br/790510/co-residencia-nanterre-mao-architectes-plus-tectone>
Fonte:
Archdaily Brasil. Disponível em:
Acesso em: 20/05/21
Fonte: Archdaily
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/790510/co-residencia-nanterre-mao-architectes-plus-tectone> Acesso em: 20/05/21
A figura 62 mostra um corte longitudinal do cohousing em que é possível perceber o estacionamento localizado no subsolo do edifício, sendo uma das estratégias intencionais para gerar maior fluxo entre espaços compartilhados apenas para pedestres. As setas em laranja das figuras 63 e 64 ressaltam as vias pedonais, tanto para os espaços comuns como, também, para as unidades privati-
vas. Além disso, grandes áreas ajardinadas preservam o estado natural do solo e define o agenciamento no pavimento térreo.
O projeto foi construído utilizando tijolos térmicos espessos (25 cm) e uma estrutura de madeira laminada e zinco natural para a cobertura. Toda a fachada é revestida com peças de madeira, como pode ser visto na figura 65.
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/790510/co-residencia-nanterre-mao-architectes-plus-tectone> Acesso em: 20/05/21
Acesso em: 20/05/21
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Figura 65 Acesso às residências do Nanterre Cohousing.
Fonte: Archdaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/790510/co-residencia-nanterre-mao-architectes-plus-tectone>
Figura 62 Corte do Nanterre Cohousing.
Brasil.
Figura 63 Planta baixa do térreo Nanterre Cohousing. Figura 64 Planta baixa 1º pav. Nanterre Cohousing.
Fonte: Archdaily Brasil.
5.4 | SENIOR COHOUSING: Senior Collective Housing
Arquitetos: NORD Architects
Local: Farum, Dinamarca
Ano: 2018
Área: 2.200 m²
Função: Habitação senior
Devido às mudanças demográficas, novas formas de viver juntos e diferentes tipologias habitacionais tornam-se necessárias a fim de criar um ambiente mais ativo e inspirador para a população mais velha. Diante desta demanda, este projeto foi realizado para uma proposta de competição direcionado para um grupo de idosos que desejava morar em um lugar que tivesse todos os recursos necessários durante o envelhecimento mas, simultaneamente, com grande foco para o senso de comunidade e que pudesse unir as pessoas através de atividades ou recreações.
Como visto na literatura, este cohousing também utiliza alguns aspectos do design intencional e da arquitetura a fim de ampliar a interação entre os moradores e criar espaços mais acolhedores e saudáveis. O projeto conta com uma implantação compacta, formando um pátio central com espaços de convivência e lazer (ver figura 67).
Há cinco opções de layout que variam entre
apartamentos de um e dois quartos. Toda a circulação horizontal para acesso aos apartamentos é voltado para este pátio (figura 68). Além disso, por serem espaços de bastante movimento numa residência, as cozinhas foram projetadas para este circulação, contribuindo para uma maior interação entre os residentes e sensação de vigilância aos que transitam nos espaços internos. A figura 69 mostra uma ampliação de um dos apartamentos destacando esta característica do design intencional.
<https://www.nordarchitects.dk/midgard>
<https://www.nordarchitects.dk/midgard>
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Figura 66 Senior Collective Housing.
Fonte: NORD Architects. Disponível em: <https://www.nordarchitects.dk/midgard> Acesso em: 16/11/21
Fonte: NORD Architects. Disponível em: <https://www.nordarchitects.dk/midgard> Acesso em: 16/11/21
Figura 67 Perspectiva esquemática do Senior Collective Housing.
Fonte: NORD Architects. Disponível em:
Acesso em: 16/11/21
Figura 68 Planta baixa do Senior Collective Housing
Figura 69 Layout do apartamento Senior Collective Cohousing. Acesso
Fonte: NORD Architects. Disponível em:
Acesso em: 16/11/21
Nas figuras 70 e 71, é possível perceber alguns padrões do design biofílico incorporados ao projeto, entre eles a materialidade (o uso da madeira), a cor verde, texturas e forte presença de elementos naturais como vegetação e o elemento água criando, assim, uma atmosfera mais saudável.
Toda a estrutura é construída com CLT (Cross Laminated Timber), conhecida em português por madeira laminadd cruzada, um material bastante sustentável que serve tanto para função estrutural como de vedação.
Figura 70 Imagem externa do Senior Collective Housing.
Fonte: NORD Architects. Disponível em: <https://www.nordarchitects.dk/midgard> Acesso em: 16/11/21
Figura 71 Imagem interna do Senior Collective Housing.
80 81
Fonte: NORD Architects. Disponível em: <https://www.nordarchitects.dk/midgard> Acesso em: 16/11/21
A partir da análise dos precedentes projetuais, é possível perceber vários aspectos relevantes em consonância com os objetivos da proposta de um senior cohousing utilizando alguns padrões do design biofílico (Tabela 06).
É interessante perceber a relação entre os projetos de cohousing e a biofilia, visto que em todos os estudos de caso analisados existem algumas estratégias biofílicas a fim de melhorar a qualidade dos espaços edificados e, consequentemente, a qualidade de vida dos moradores, seja através da presença física dos elementos naturais ou pelo uso materiais, cores, texturas, gerando uma conexão visual e sensorial com a natureza.
Dessa forma, busca-se através dessas referências aplicar os conceitos estudados, as especificidades que um cohousing apresenta e elaborar diretrizes projetuais que levem em consideração o senso de comunidade e a qualidade espacial através de ambientes mais estimulantes e sustentáveis.
APLICAÇÃO CONCEITO
Comunidade não-hierárquica
Habitacional
Diferentes tipos de habitação
Implantação priorizando grande área de solo natural
Conexão entre as habitações
Espaços comuns
Gabarito de até 04 pavimentos
Presença de vegetação
Analogia de elementos naturais
Conexão visual com a natureza
Formas e padrões biomórficos
Centro MaggieNanterre Cohousing
New Ground Cohousing
82 83
Tabela 06 Tabela síntese das características projetuais.
COHOUSING/SENIOR COHOUSING DESIGN BIOFÍLICO
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Senior Collective Housing
O TERRITÓRIO
84 85 6
6.1 | Escolha do bairro
Por se tratar de uma comunidade intencional, ou seja, o projeto está sendo desenvolvido para uma comunidade específica, alguns critérios são levados em consideração para escolha do território, que incluem o perfil dos usuários e suas necessidades.
Assim, a escolha de um território para a inserção de um senior cohousing deve-se levar em consideração:
Dois bairros foram escolhidos de acordo com os critérios citados para explorar possíveis terrenos para a proposta: o Poço da Panela e Santana. Ambos encontram-se na zona norte da cidade do Recife e possuem características semelhantes sobretudo no que se refere à legislação. As figuras 72, 73, 74 e 75 mostram a localização dos terrenos e suas respectivas áreas.
lazer ao ar livre
Contato com a natureza
Tranquilidade
com.br/maps/place/Av.+Dezessete+de+Agosto,+1057+-+Casa+Forte,+Recife+-+PE,+52060-590/@-8.04389 01,-34.9164051,438a,35y,351.19h,50.79t/data=!3m1!1e3!4 m5!3m4!1s0x7ab1908bdb896c3:0x28f590fcdd624744!8m2! 3d-8.0383035!4d-34.9185073> Acesso: 01/09/21.
86 87
Boa localização para necessidades básicas do cotidiano Fácil locomoção Bairro caminhável Espaços de
Fonte:
Tabela 07 Critérios para a escolha do território.
Elaborada pela autora, 2021.
Figura 73 Imagem aérea do terreno 01 (bairro Poço da Panela).
Figura 74 Imagem aérea do terreno 02 (bairro Santana).
Figura 75 Imagem aérea do terreno 03 (bairro Santana).
01
A
A
02 03 01 02 03
Fonte: Google Maps. Disponível em: <https://www.google.-
A = 12.078,73 m²
= 2.378,09 m²
= 4.317,20 m²
Figura 72 Zoom do bairro Santana.
Fonte: Unibase Recife. Mapa elaborado pela autora, 2021.
Na tabela 08, encontram-se alguns aspectos fundamentais que nortearam a escolha do terreno de acordo com os desafios e potencialidades de seus territórios.
O lote que mais possui potencialidades para a proposta do projeto é o terreno 03, localizado na Rua Sant’Anna, ao lado do Colégio Cognitivo. A via é movimentada durante o dia, pois faz a conexão da Av. 17 de Agosto com a Rua Jorge Gomes de Sá. Há padaria, restaurante, escolas e serviços em toda a extensão da rua, espaços ao livre para lazer e forte contato visual com a natureza, como o Parque Santana, a Praça Compositor Antônio Maria e o Rio Capibaribe há poucos metros de distância do terreno, além de outros serviços e comércios próximos ao sítio.
Os terrenos em análise estão inseridos em um Setor de Reestruturação Urbana 3 (SRU3), conforme será visto no item 6.3, o que sugere restrições construtivas sobretudo com relação ao seu gabarito. Apenas o terreno 03 possui uma particu-
6.2 | Características do bairro Santana
Bairro: Santana Recife/PE
Localização: RPA 3
Área territorial (hectare)²: 47,0
População residente:: 3.064 hab.
O bairro Santana localiza-se na zona norte da cidade do Recife e, juntamente com os bairros de Apipucos, Monteiro, Casa Forte, Parnamirim e Poço da Panela formam o Conjunto Urbano Casa Forte.
A ocupação desse Conjunto foi bastante influenciada pelo Rio Capibaribe e suas várzeas. Desde a primeira metade do século XVII, foram
laridade, resultante de um remembramento e, portanto, a legislação permite a construção de edificação com gabarito de até 04 pavimentos, sendo esta característica de grande relevância para a sua escolha.
Tabela 08 Tabela de potencialidades e desafios dos terrenos prováveis para a intervenção.
PotencialidadesDesafios Terrenos
1. Terreno de esquina (boa visibilidade);
2. Frente para o rio Capibaribe;
3. Fácil acesso à transporte;
4. Próximo ao Parque Santana.
1. Terreno de esquina (boa visibilidade);
2. Frente para o rio Capibaribe;
3. Fácil acesso à transporte;
4. Frente para o Parque Santana.
1. Rua movimentada em vários horários do dia;
2. Fluxo de pessoas de diferentes faixas etárias;
3. Próximo à parque e praça;
4. Aspectos legislativos favoráveis ao programa (terreno em remembramento);
5. Área do terreno proporcional ao programa;
6. Maior diversidade de usos na rua quando comparado ao terreno 01 e 02.
1. Legislação permite até 08 pavimentos;
2. Ruas laterais menos movimentadas;
3. Alto potencial construtivo comparado ao programa do edifício;
4. Terreno cabeça de quadra.
1. Legislação permite até 08 pavimentos;
2. Alto potencial construtivo comparado ao programa do edifício;
3. Área total do terreno grande.
1. Terreno estreito e longo;
2. Escola ao lado do terreno;
3. Alta taxa de solo natural.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
LEGENDA:
Fonte: Prefeitura do Recife (Censo 2010). Disponível em: <http://www2.recife.pe.gov.br/servico/santana?op=NTI4Mg==> Acesso: 03/06/21
MAPA DE RECIFE (RPAs)
01 02 03
88 89
etária 0-4 anos1765,44 10,84 3,31 10,67 52,55 17,19 331 101 325 1.605 525 5-14 anos 15-17 anos 18-24 anos 25-59 anos 60 anos ou mais hab.%
Tabela 09 População por faixa etária do bairro Santana. População por faixa
RPA 5 RPA 6
RPA 1 RPA 2 RPA 3 RPA 4
BAIRRO DE SANTANA
Figura 76 Mapa RPAs Recife. Fonte: Prefeitura do Recife. Mapa elaborado pela autora, 2021.
surgindo engenhos e canaviais nas margens do rio, como os engenhos de Casa Forte, Monteiro e Apipucos, dando lugar a pequenas povoações que até hoje mantém os mesmos nomes de origem. Com o declínio do cultivo da cana-de-açúcar no final do século XVIII, essas povoações começaram a se expandir, dando origem a localidades como Chacon, Poço da Panela e Santana. Ao longo da construção desses bairros, havia uma forte identidade de uma configuração espacial mais horizontal, no entanto, a partir da década de 1980, houve um processo de verticalização e adensamento construtivo nesse Conjunto Urbano, mobilizando os moradores a lutar por uma legislação que freasse essa tendência e consequente descaracterização da morfologia urbana dos bairros.
Assim, entre debates e discussões acerca da importância de se estabelecer novos parâmetros urbanísticos mais restritivos em vários bairros que estavam passando por esse aumento desenfreado do adensamento construtivo, em 30 de novembro de 2001 foi sancionada a “Lei dos 12 bairros” (Lei nº 16.719/01), que determina os usos e parâmetros construtivos dos bairros da Jaqueira, Derby, Graças, Aflitos, Espinheiro, Casa Forte, Parnamirim, Poço da Panela, Apipucos, Monteiro, Santana e parte do bairro da Tamarineira (LACERDA et al, 2018, p.55-81).
A ZDS tem como objetivo requalificar esse espaço, permitir o convívio de diferentes usos, recuperar áreas degradadas, implantação de corredores urbanos ecológicos, de ciclovias e ciclofaixas, etc. No entanto, como visto anteriormente, para fins de ocupação do solo no bairro Santana, os parâmetros urbanísticos seguem a Lei nº 16.719/01.
Esta lei criou a Área de Reestruturação Urbana (ARU), que é dividida em duas zonas: Zona de Reestruturação Urbana (ZRU) e Zonas de Diretrizes Específicas (ZDE). A ZRU é composta por três setores classificados em: Setor de Reestruturação Urbana 1 (SRU1), 2 (SRU2) e 3 (SRU3).
O terreno escolhido encontra-se na SRU3, que, conforme o Artigo 6º, este Setor “configura-se como a área que margeia o Rio Capibaribe e apresenta tipologia predominantemente unifamiliar, requerendo parâmetros urbanísticos capazes de conservar elementos singulares ainda existentes em termo de paisagem natural”.
Entre alguns parâmetros urbanísticos importantes a serem levados em consideração, estão:
Art. 15 - Fica permitido o remembramento na SRU
3, exclusivamente, para implantação de edificação com no máximo 12,00m (doze metros) de gabarito desde que atendidos os requisitos especificados no Anexo 6 desta Lei.
** Na SRU 3, independentemente da categoria de dimensionamento da via, só serão permitidas edificações com até 24,0 m de gabarito máximo.
** Fica permitido o remembramento na SRU 3, exclusivamente para implantação de edificação com no máximo 12,0 m de gabarito desde que atendidos os requisitos especificados acima.
Art. 28 - São parâmetros urbanísticos reguladores da ocupação do solo na ARU:
I Gabarito máximo Gm;
II Taxa de solo natural do terreno TSN;
III - Coeficiente de utilização do terreno µ;
IV Afastamentos das divisas do terreno Af., Al. e Afu.
III - Coeficiente de utilização do terreno µ;
IV Afastamentos das divisas do terreno Af., Al. e Afu.
Art. 29 - O gabarito máximo Gm é a altura, em metro linear, medida da cota de piso fornecida pelo órgão competente até o ponto máximo da edificação.
§ 3º - Poderá exceder ao gabarito máximo definido no Anexo 6 desta lei , o pavimento de casa de máquinas, cuja ocupação seja restrita apenas à(s) casa(s) de máquina(s) e reservatório(s) superior(es).
Art. 30 - A taxa de solo natural TSN - é o percentual mínimo da área do terreno a ser mantido nas suas condições naturais, tratada com vegetação e variável segundo o setor.
Art. 35 Os afastamentos frontal, lateral e de fundos observarão os critérios dispostos nos parágrafos deste artigo e as condições estabelecidas no Anexo 6.
§ 3º Para as edificações a partir de 3 (três) pavimentos, os afastamentos serão obtidos através das seguintes fórmula:
Af = Afi + (n-3) 0,25
Al = Ali + (n-3) 0,35
Afu = Al
N = nº de pavimentos
Af = afastamento frontal
Al = afastamento lateral
Afi = afastamento frontal inicial
Ali = afastamento lateral inicial
Afu = afastamento de fundos
A tabela 11 mostra os dados construtivos do terreno de acordo com a legislação do bairro Santana.
Dados construtivos do terreno Área total do terreno (m²) 2.378,09
Taxa de solo natural (60%) Área útil do terreno (m²)
Potencial construtivo (m²)
SRU 3** Afastamentos iniciais mínimos (Af)*
De acordo com o Plano Diretor 2020, o bairro de Santana é classificado como uma Zona de Desenvolvimento Sustentável ZDS Capibaribe.
TSN Frontal Lateral e fundos Ed. < 2 pvtos. % 60 2,007,00nulo/1,503,00 Ed. > 2 pvtos.
Fonte: Prefeitura do Recife. Disponível em: <https://licenciamento.recife.pe.gov.br/sites/default/files/Lei%20Municipal%20n%C2%BA%2016719.01%20-%20 ARU%20%2812%20bairros%29.pdf> Acesso: 15/05/21
§ 1º - As quadras esportivas, passeios ou acessos, quando revestidos por material impermeável, e as piscinas não serão consideradas áreas de solo natural;
§ 2º - Será permitida uma parte tratada com revestimento permeável, desde que não ultrapasse 5% (cinco por cento) da área total do terreno.
1.426,85
951,24
4.756,18
Fonte: Prefeitura do Recife. Disponível em: <https://licenciamento .recife.pe.gov.br/sites/default/fies/Lei%20Municipal%20n%C2% BA%2016719.01%20-%20ARU%20%2812%20bairros%29.pdf> Acesso: 15/05/21
Portanto, para fundamentar a definição do terreno a partir das necessidades da comunidade do cohousing e da análise dos aspectos legislativos do bairro Santana, alguns mapas foram elaborados a fim de mostrar as principais características do território que corroboram com os critérios de escolha.
6.3 | Aspectos legislativos
Tabela 10 Parâmetros urbanísticos SRU 3 do Anexo 6.
90 91
Tabela 11 Dados construtivos do terreno.
Mapa de Aspectos Legislativos
O mapa ao lado mostra a divisão do bairro Santana de acordo com o Plano Diretor de 2020, que passou a classificá-lo como Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS). Existem dois lotes considerados Imóveis Especiais de de Presenvação (IEP) no território e as margens do Rio Capibaribe passaram a se chamar Unidade de Conservação da Natureza (UCN).
Unidade Conservação da Natureza (UCN)
Imóvel Especial de Preservação (IEP)
Zona de Desenvolvimento Sustentável - ZDS Capibaribe
Terreno escolhido
92 93 0 50150 300
Fonte: Mapa de aspectos legislativos elaborado pela autora, 2021.
Mapa de Usos
O bairro de Santana possui uma alta diversidade de usos, entre eles: residencial, comércio, serviço, educacional, religioso, lazer, entre outros (figuras 77, 78 e 79), sendo uma das razões pela escolha do terreno neste bairro. A partir da análise do mapa, é possível perceber pelo gráfico 07 que a predominância maior é do uso residencial (61,66%), seguido de comércio (13,44%).
Na Rua Sant’Anna, via onde está localizado o terreno, há uma variedade de usos como escolas, restaurante, padaria, farmácia, instituição, residências e, por isso, é uma rua bastante movimentada durante o dia, em horário comercial, porém, menos no horário noturno. À noite, por não haver estabelecimentos abertos, a via funciona mais como um eixo de conexão e passagem, podendo gerar uma sensação de insegurança devido à ausência de pessoas sendo, assim, de extrema importância propor novos usos que fomentem a circulação de pessoas em diferentes horários.
Acesso: 03/06/21
Serviços Educacional Vazio Comércio Institucional Parque/Praça Terreno escolhido Sem uso Residencial Uso Misto Religioso
Figura 77 Parque Santana.
Figura 78 Colégio Cognitivo.
01 02 03
Figura 79 Supermercado Big.
Fonte: Google Street View. Disponível em: <https://www.google.com/maps/@-8.0377236,34.9139544,3a,73.6y,121.06h,98.06t /data=!3m6!1e1!3m4!1s8D4x7X44CisAunksVqvBZw!2e0!7i16384!8i8192>
01 02 03 0 50150 300 61,66% 5,53% 0,79% 9,09% 1,18% 3,57% 2,77% 13,44% 0,39%1,58%
Gráfico 07 Gráfico de usos do bairro Santana, Recife.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
94 95
Fonte: Mapa de usos elaborado pela autora, 2021.
Mapa de Cheios e Vazios
É possível perceber, através da análise de cheios e vazios do bairro, a densidade construtiva, as formas de implantação e as características do ocupação do território. No bairro de Santana, não há uma homogeneidade na ocupação do lote, apresentando várias formas de massas construídas e de respeito aos recuos, visto que o bairro enfrentou várias modificações na legislação ao longo dos anos que culminou num processo de adensamento construtivo heterogêneo antes de instituir a Lei dos 12 Bairros. Apesar de ser um bairro bem adensado, há grandes vazios formados por lotes em desuso, alguns sendo utilizados como estacionamento e há grandes espaços abertos preenchidos por cobertura vegetal, como praças e parques.
96 97
0 50150 300
CheiosParque/Praça Terreno escolhido Vazios Fonte: Mapa de cheios e vazios elaborado pela autora, 2021.
Mapa de Caminhos Viários e Meios de Transporte
O mapa de caminhos viários mostra a hierarquia dos eixos que se encontram no bairro de Santana. O terreno escolhido encontra-se na Rua Sant’Anna, considerada um eixo de via local, pois articula áreas entre o bairro. Ela se localiza entre duas vias importantes: a Avenida 17 de Agosto e a Rua Jorge Gomes de Sá, consideradas vias de eixo urbano pois atravessam vários bairros, entre eles o Poço da Panela, Santana e Parnamirim. Ambas possuem várias pontos de parada de ônibus, sendo um dos aspectos relevantes para a escolha do terreno na área a possibilidade de uso de diferentes modais.
Além das vias urbanas, o bairro é cortado pelo Rio Capibaribe, que possui um grande potencial futuro para navegabilidade, tornando-se mais uma possibilidade de mobilidade no local.
Apesar não possuir ciclovias, a maioria das vias são consideradas de eixo local e, portanto, a velocidade dos automóveis é menor, proporcionando uma maior sensação de segurança para o fluxo de ciclistas. Além disso, por haver na área o Parque Santana e a Praça Compositor Antônio Maria, esses espaços acabam estimulando o uso da bicicleta também como lazer.
Como visto anteriormente, o bairro possui
uma variedade de usos e, portanto, estimula a caminhabilidade, sendo possível realizar várias necessidades do dia a dia a pé, como pode ser visto no diagrama abaixo (figura 80).
TERRENO parque santana praça casa forte p. c. antônio maria big bompreço verdfrut casa chacon rest. forneiro rest. vaporetto conf. casa forte farm. pague menos galeria garrido lab. cerpe shopping plaza banco itaú fisioclínica igreja casa forte Até 5 min. Até10 min. Até 15 min.
Fonte:
0 50150 300
Figura 80 Diagrama de caminhabilidade.
Elaborado pela autora, 2021.
Via de eixo urbano Via de
local Via de eixo microlocal 98 99
Fonte: Mapa de caminhos viários e meios de transporte elaborado pela autora, 2021.
eixo
Mapa de Condicionantes Climáticos
O mapa de condicionantes climáticos é de extrema importância para analisar tanto o movimento do sol e observar o lado nascente e poente do terreno, como também a orientação dos ventos dominantes, como pode ser visto no mapa ao lado. No terreno em estudo, a fachada frontal encontra-se na direção sudoeste e os fundos, na nordeste. A fachada leste do lote possui um empresarial com oito pavimentos e a face oeste, há o Colégio Cognitivo com até dois pavimentos. Esses aspectos serão levados em consideração para a elaboração das diretrizes projetuais a fim de traçar estratégias de implantação e elementos arquitetônicos, bem como padrões de design biofílico para proporcionar mais conforto aos espaços livres e à edificação proposta.
0 50150 300
100 101
Fonte: Mapa de condicionantes climáticos elaborado pela autora, 2021.
Nascente Poente Ventos dominantes Terreno escolhido
Mapa de Cobertura Vegetal
É possível perceber, através do mapa ao lado, que o bairro Santana possui uma grande área de cobertura vegetal tanto em lotes privativos quanto em espaços públicos. Há quatro praças em seu território: Praça Flor de Santana, Praça Compositor Antônio Maria, Praça Everaldo Bidou Lambbe e Praça Jornalista Francisco Pessoa de Queiroz. Além delas, há o Parque Santana que possui uma grande área arborizada e toda a região que margeia o Rio Capibaribe composta pelo mangue.
Para a proposta e para o público-alvo do trabalho, é de extrema importância que o território possua uma interação visual com elementos da natureza pois, como visto na literatura, o contato com o ambiente natural proporciona vários efeitos positivos na saúde das pessoas. Essa conexão é capaz de melhorar a função cognitiva, física e emocional do indivíduo, tornando-se de extrema importância essa integração do espaço urbano e natural na qualidade de vida da população.
Portanto, diante das análises, o terreno apresentado se mostra como uma boa opção para uma habitação voltada para terceira idade que estimule o envelhecimento ativo, pois o entorno oferece uma variedade de usos que atende às necessidades básicas do dia a dia, inclusive a pé. Os arredores possuem um contato íntimo com a natureza através do Rio Capibaribe, há a presença de grandes coberturas vegetais e, por fim, a localização do terreno oferece a possibilidade de integrar novos usos, para além do residencial, atra-
vés de térreo ativo, fomentando, a circulação de pessoas na rua em diferentes horários do dia e contribuindo, assim, para uma rua mais ativa e segura.
0 50150 300
Espaço
Espaço privativo 102 103
Fonte: Mapa de cobertura vegetal elaborado pela autora, 2021.
Terreno escolhido
público
7A PROPOSTA
104 105
7.1 | Diretrizes projetuais
Esta etapa do projeto envolve os recursos a serem utilizados para alcançar o objetivo de propor uma moradia mais saudável, acessível e sustentável para os idosos. Assim, foram baseados nos conceitos já estudados sobre o senior cohousing e o design biofílico, bem como a análise de precedentes projetuais, que serviram de base para a elaboração das diretrizes projetuais. São elas:
1. Interação com os vizinhos
1.1 | Promover o convívio coletivo entre os moradores e a vizinhança através do térreo ativo com lojas e serviços.
2.2 | Criar o estacionamento para carros na periferia ou no subsolo do terreno a fim de gerar uma grande área interna para a circulação dos moradores, estimulando o contato entre eles;
3. Biofilia
3.1 | Utilizar a legislação do bairro como um propulsor para os conceitos do design biofílico;
3.2 | Conexão visual com a natureza: criar grandes áreas verdes (como pátios e jardins) que podem ser vistos das unidades privadas e dos espaços comuns;
3.5 | Luz dinâmica e difusa: utilizar elementos arquitetônicos vazados que possibilitem a permeabilidade física e visual para favorecer a entrada de iluminação e ventilação natural;
2. Sociabilidade
2.1 | Promover percursos internos que conectem as áreas privativas e comunitárias para maior interação entre os moradores;
2.3
Fonte:
3.3 | Presença do elemento água: criar uma área com piscina que seja tanto um espaço contemplativo quanto para lazer e espelhos d’água;
4. Sustentabilidade
4.1 | Buscar propor uma arquitetura que permita a racionalização estrutural, através da modulação e padronização dos espaços privativos.
Fonte:
2.4 | Criar espaços coletivos que proporcionem o contato da comunidade simultaneamente.
3.4 | Forma e padrões biomórficos: utilizar cores, texturas, materiais e formas que possibilitem analogias com sistemas naturais.
Fonte:
4.2 | Utilizar algumas estratégias sustentáveis como o uso de painéis fotovotáicos, sistema de
Fonte:
Fonte:
106 107
reaproveitamento de águas pluviais;
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 81 - Diagrama da diretriz 1.1.
Elaborado pela autora, 2021.
Figura 90 Diagrama da diretriz 4.2.
Elaborado pela autora, 2021.
Figura 89 Diagrama da diretriz 4.1.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 87 Diagrama da diretriz 3.4.
Elaborado pela autora, 2021.
Figura 86 Diagrama da diretriz 3.3.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 88 Diagrama da diretriz 3.5.
Elaborado pela autora, 2021.
Figura 85 Diagrama das diretrizes 3.1 e 3.2.
Elaborado pela autora, 2021.
Figura 84 Diagrama da diretriz 2.4.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 82 Diagrama das diretrizes 2.1 e 2.2.
| Propor espaços privativos de modo intercalado a fim de estimular o contato social.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 83 Diagrama da diretriz 2.3.
5. Acessibilidade
5.1 | Propor espaços que atendam às exigências da Norma de Acessibilidade NBR 9050, para trazer maior segurança aos moradores idosos.
7.2 | Programa e Dimensionamento
O programa elaborado foi baseado na análise dos precedentes projetuais e alguns ambientes foram adaptados para a realidade da cidade do Recife a fim de atender as demandas dos moradores. Além disso, foi pensado de forma a estimular a interação social dos idosos no intuito de eliminar o sentimento de solidão e despertar o senso de comunidade.
O cohousing, por ser uma comunidade intencional, todo o programa arquitetônico é pensado de forma participativa e os futuros moradores fazem parte desse processo para que suas necessidades sejam atendidas. No entanto, o presente trabalho admite uma comunidade fictícia, composta por casais idosos e outros residentes que desejam morar só. Na tabela 12, é possível analisar o perfil dos moradores e na tabela 13, o programa arquitetônico com os dimensionamentos dos ambientes.
Tabela 12 Tabela com o perfil dos moradores do senior cohousing
PERFIL DOS MORADORES Idade
a partir de 60 anos
Gênero Feminino / Masculino
Casais Solteiros (as) Membros idosos da mesma família
Características gerais
Aposentados e profissionais ativos; Gostam de artes em geral, música, praticar atividades físicas (caminhada, academia, meditação, yoga, natação);
Gostam de atividades manuais como pintura, cerâmica, costura, marcenaria; Nem todos os moradores possuem carro;
Desejam muitos espaços ao ar livre para diversas atividades e uma grande horta;
Desejam um edifício habitacional que alie a privacidade com atividades que estimulem o convívio social da comunidade do bairro.
ESPAÇO NATUREZA
TOTAL: 1.455.61 m²
ÁREA (m²)
m²
m²
m²
ESPAÇO
TOTAL:
APOIO
TOTAL: 142.02 m²
ÁREA TOTAL: 3.608,33
m² ÁREA PRIVATIVA AMBIENTE Apto 1 quarto (cozinha, sala de estar + jantar, quarto, bwc, varanda) 53-66 m² 61-78 m² 11 Apto 2 quartos (cozinha, sala de estar + jantar, dois quartos, bwc, varanda) TOTAL: 1.270,82 m² 09 ÁREA (m²)UNID.
Tabela 13 Tabelascom o programa e dimensionamento do anteprojeto.
ÁREA SOCIAL/ CASA COMUM AMBIENTE Cozinha + s. jantar + s. tv Sala de oficina Coworking Sala de artes Academia Lavanderia comunitária Suítes hóspedes (n. 01 e 02) Suíte hóspede (n. 03) Suíte hóspede (n. 04) Ducha piscina Piscina Depósito Sala administrativa BWCs (02 unidades) 91.00 m² 14.15 m² 54.00 m² 15.85 m²/cada 26.15 m² Espaço movimento 32.66 m² 14.62 m² 16.90 m² 15.40 m² 2.66 m² 40.35 m² 3.36 m² 11.00 m² 48.60 m² 2.88 m²/cada ÁREA (m²)
408.31 m²
AMBIENTE Gerador Área de lixo + gás Depósito 7.50 m² 15.28 m² 11.28 m² ÁREA (m²) TOTAL: 34.06 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
TOTAL:
INFRA-EST.
AMBIENTE Cafeteria Loja colaborativa BWCs Lavatório Jardim multiuso Bicletário 29.00 m² 51.30 m² 6.30 m² 20.93 m² 177.38 m² 12.60 m² ÁREA (m²)
COMUNIDADE
297.51 m²
AMBIENTE Estacionamento
Portaria Sala
Bicicletário
111.00 m² 15.00 m² 6.10
ÁREA
(08 vagas)
func. + bwc
(12 vagas)
m² 9.92 m²
(m²)
Jardins Horta
Gazebo
1.325.61
84.45
26.25
19.30
AMBIENTE
comunitária
Espaço convivência
m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
108 109
Figura 91 - Diagrama da diretriz 5.1.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
O presente tópico apresenta, de forma mais detalhada, o conceito do projeto, incluindo o partido arquitetônico, estudos de implantação e de volumetria, bem como a aplicação das diretrizes projetuais para atingir o objetivo da proposta, que envolve alguns aspectos da acessibilidade, sustentabilidade e biofilia.
Após a escolha do terreno, que se deu pela junção das necessidades arquitetônicas de um senior cohousing e da demanda e perfil da comunidade, iniciou-se um estudo de implantação de forma à atender os parâmetros construtivos do território e levando em consideração os condicionantes climáticos. Posteriormente, um zoneamento foi realizado a fim de aplicar alguns aspectos do design intencional e da arquitetura de um cohousing e, em seguida, a adaptação do programa arquitetônico nas zonas estabelecidas, que foram divididas em: espaço coletivo, espaço privativo e casa comum. Alguns padrões do design biofílico foram incorporados, sejam através da escolha dos materiais, cores, texturas, como também pela conexão visual e sensorial com a natureza. A seguir, alguns aspectos serão melhor abordados para entender o conceito da proposta.
PARTIDO ARQUITETÔNICO
De acordo com a literatura, existem vários tipos de implantação que são comuns em um projeto de cohousing. Levando em consideração alguns
aspectos como o custo da obra, otimização do sistema construtivo, preservação de grande área de solo natural e formato do terreno, sendo ele estreito e longilíneo, optou-se por uma implantação compacta, em forma de “U” e uma grande linha de força que conecta os espaços coletivos e privativos, gerando um pátio central como mostra na figura 92.
Para estudar a implantação do edifício, é de extrema importância analisar a incidência solar e a direção dos ventos dominantes. Como mostra a figura 93, a fachada frontal está voltada para o sudoeste e os fundos para a direção nordeste. É possível perceber que a direção dos ventos dominantes (nordeste e sudeste) vem da lateral direita do terreno e a fachada poente encontra-se no limite do Colégio Cognitivo. Sendo assim, duas possíveis implantações foram analisadas, tendo em vista tais condicionantes e o design intencional de um cohousing.
110 111 7.3 |
Memorial Descritivo
Figura 93 Maquete digital dos condicionantes climáticos.
Figura 92 Diagrama do partido do projeto.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Empresarial Santana
Colégio Cognitivo
IMPLANTAÇÃO
Como visto no capítulo 04 deste volume, algumas estratégias projetuais para a concepção de um cohousing podem influenciar diretamente na interação entre os moradores. Cozinha voltada para a circulação principal e com visão geral das áreas comuns, privacidade das áreas privativas, Casa Comum numa localização central e percursos internos apenas para os pedestres, foram alguns critérios levados em consideração para a escolha da implantação aliados aos condicionantes climáticos vistos anteriormente.
O primeiro aspecto analisado foi a posição da cozinha e das áreas privativas das unidades habitacionais. Dependendo de suas localizações, podem gerar mais ou menos conexão entre os residentes. Tanto nos diagramas 1.1 e 1.2 (figuras 94 e 95), a implantação ocorre para o lado esquerdo do terreno. Apesar de priorizar os ventos dominantes em boa parte da edificação (em formato de “U”), caso a cozinha da unidade habitacional fique voltada para o pátio central, o que corrobora com a literatura, as áreas íntimas e sociais dos apartamentos estariam no face poente (digrama 1.1). Assim, para que estas áreas privativas recebessem a incidência dos ventos dominantes, a cozinha e a circulação horizontal para o acesso aos
apartamentos não teriam conexão visual com os espaços comuns da comunidade, gerando menos interação entre os moradores e tornando um espaço mais de passagem e menos de permanência ou convivência. (diagrama 1.2).
Assim, uma outra implantação foi analisada invertendo o posicionamento (figura 96), sendo possível locar as cozinhas das unidades habitacionais e a circulação horizontal voltados para o pátio central e tanto as áreas íntimas como sociais recebendo os ventos dominantes. Dessa forma, é póssível gerar um maior fluxo e conexão dos moradores entre as áreas comuns, além de proporcionar mais privacidade e conforto térmico nos espaços íntimos dos apartamentos. Com isso, a circulação horizon-
tal, que antes seria apenas um área de passagem para os apartamentos, passa a se tornar, também, uma área de encontros e conversas.
Dessa forma, outros critérios do design intencional também foram contemplados com essa implantação, conforme o zoneamento da figura 97, mostrando ser possível para a concepção do projeto.
Após o estudo de implantação, foi realizada uma análise volumétrica a fim de obter um melhor aproveitamento do terreno de acordo com os parâmetros construtivos e proveito dos ventos dominantes e incidência solar.
112 113
Figura 94 Diagrama 1.1 da implantação.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 95 Diagrama 1.2 da implantação.
Cozinha Área
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
social e íntima
Figura 96 Diagrama 2.1 da implantação.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 97 Zoneamento das áreas privativas e comuns.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Cozinha Área social e íntima Fluxo de pessoas
Percurso interno para pedestres
Grande pátio central
Casa Comum em localização central Espaço privativo Espaço privativo + coletivo
1. Adequação aos recuos
Uma projeção foi feita com os valores de recuos laterais, fundo e frontal necessários de acordo com os parâmetros construtivos do bairro Santana.
2. Extrusão da massa
Por ser um remembramento do terreno, o gabarito permitido é de até 04 pavimentos. Assim, toda a lâmina construída foi extrudada a fim de atingir o máximo do potencial construtivo do terreno. No entanto, essa verticalização massiva não condiz com a proposta necessitando, assim, de fragmentações do bloco para gerar aberturas internas para permitir maior interação entre os moradores e adaptar às condicionantes climáticas do local. Além disso, é preciso adequar a lâmina de acordo com a taxa de solo natural de 60% da área do terreno e, portanto, uma parte foi subtraída, gerando um pátio central.
3. Subtração da massa
A lâmina do fundo foi reduzida para térreo + um pavimento, permitindo uma maior entrada de ventilação natural vinda do sentido nordeste para dentro do terreno. A lâmina lateral também foi subtraída gerando uma descontinuidade dos blocos, contribuindo para a entrada de ventilação para os espaços internos. A lâmina frontal foi recuada para além do recuo permitido (7.00m), gerando uma grande área livre coletiva no acesso ao edifício. Algumas subtrações do volume do térreo também foram necessárias para atingir a área de solo natural mínima para o terreno.
4. Implantação com pátio central
A volumetria final resultou em três blocos separados, conectados por passarelas que contempla todo o programa e dimensionamento necessários para o projeto de um senior cohousing e atende aos aspectos legislativos do bairro Santana. Uma grande área verde arborizada na frente do edifício foi gerada a fim de proporcionar diversas atividades ao ar livre com a comunidade do bairro. O pátio interno, destinado aos moradores, por estar na face poente, contribuirá para um melhor conforto térmico com extensas áreas de jardim e árvores.
114 115 VOLUMETRIA
Figura 98 Etapa 1 do estudo volumétrico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 99 Etapa 2 do estudo volumétrico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 100 Etapa 3 do estudo volumétrico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 101 Etapa 4 do estudo volumétrico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
PERSPECTIVA VOLUMÉTRICA
117 116
Figura 102 Maquete digital da volumetria.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Figura 103 Maquete digital da volumetria.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Estacionamento Espaço coletivo
Espaço privativo Casa Comum
O zoneamento (figuras 104 e 105), como dito anteriormente, foi dividido em três principais áreas:
1. Espaço coletivo: engloba o térreo ativo e uma grande área verde;
2. Espaço privativo: inclui os apartamentos de um e dois quartos;
3. Casa Comum: local para todas as atividades compartilhadas dos moradores.
Assim, a parte frontal do terreno foi destinada ao uso coletivo com uma loja colaborativa, cafeteria e uma grande área verde multiuso, que pode
Circulação horizontal Circulação vertical
ser utilizada como local de convivência, feiras locais ao ar livre, eventos, entre outros. O espaço privativo engloba as unidades habitacionais (vinte unidades), que foram dispostas em dois blocos (frontal e lateral) conectados pelas circulações horizontal e vertical. A Casa Comum foi localizada ao fundo do terreno, pois é possível ter uma visão dela de todos os apartamentos, da circulação horizontal e um acesso direto de quem entra no edifício, sendo possível observar as diferentes atividades que ocorrem nela e estimular o contato entre os moradores.
118 119
ZONEAMENTO
Figura 104 Perspectiva isométrica do zoneamento.
Figura 105 Corte esquemático do zoneamen-
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
ACESSIBILIDADE
A NBR 9050:2020 - Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos é a Norma que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem aplicados em projetos, construções, instalações e adaptações às condições de acessibilidade, visando proporcionar o uso dos espaços de maneira autônoma e segura à maior quantidade possível de pessoas, independentemente da idade, limitação de mobilidade ou estatura.
Tomando como base o público-alvo deste trabalho que são os idosos, todo o projeto foi pensado de forma à atender às necessidades e possíveis limitações que o envelhecimento provoca no indivíduo. Assim, tanto os espaços comuns compartilhados como as unidades privativas levaram em consideração os parâmetros antropométricos previstos na Norma para o dimensionamento das áreas compartilhadas e individuais.
Fonte:
Fonte: NBR 9050:2020.
Fonte: NBR 9050:2020.
Portanto, apesar de considerar, para o presente trabalho, idosos ativos, independentes e sem a necessidade de cuidados sistemáticos, o projeto é adaptado com as dimensões mínimas já citadas, caso haja a necessidade de alguma adaptação futura decorrente de possíveis limitações físicas dos moradores.
Além disso, outros aspectos também foram levados em consideração, entre eles:
Fonte: NBR 9050:2020.
1. Pisos com superfícies antiderrapantes, com texturas sensíveis ao toque ou mudança de cor. É importante diferenciar as superfícies de paredes e pisos;
2. Abertura de portas com, no mínimo, 80cm, que é a dimensão de uma cadeira de rodas. No projeto, todas as portas têm, no mínimo, 90cm de largura;
3. Preferencialmente, as maçanetas devem ser do tipo alavanca, minimizando o esforço e são de fácil utilização;
Fonte: NBR
Fonte: NBR 9050:2020.
Fonte: NBR 9050:2020.
4. Os passeios devem ser bem iluminados. Pode-se adotar alguns mecanismos de automação, como o uso de sensores de movimento para iluminar a circulação;
120 121
Figura 106 Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
9050:2020.
Figura 109 Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Figura 107 Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
NBR 9050:2020.
Figura 110 Módulo de referência (M.R) de uma pessoa que utiliza cadeira de rodas.
Figura 113 Diâmetro mínimo para rotação de 360º.
Figura 111 Deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.
Figura 112 Deslocamento mínimo de 90° (em metros) em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.
Figura 108 Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Fonte: NBR 9050:2020.
5. Os banheiros devem possibilitar um giro de 360° com diâmetro de 1.50m para uma possível manobra de um cadeirante;
6. Evitar excesso de mobiliário nas unidades habitacionais a fim de proporcionar ambientes livres de obstáculos;
7. Flexibilidade dos espaços para uma eventual mudança de layout para atender alguma necessidade específica.
A seguir, algumas figuras exemplificam a aplicabilidade desses critérios de acessibilidade no projeto do senior cohousing deste trabalho. Na figura 114, a planta baixa se refere ao modelo dos banheiros privativos das unidades habitacionais que foram projetados para a comunidade. A área total varia entre 5.00 m² e 5.45m², possui barras
de apoio e acessórios de segurança, área de transferência de 0.80x1.20m ao lado da bacia sanitária, porta com abertura para fora de 0.90m e circunferência livre de 1.50m para um possível cadeirante.
A circulação horizontal que dá acesso aos apartamentos também possui as dimensões recomendadas pela NBR 9050. Por ser, também, um local de encontro e conversas (tornando-se um espaço de permanência e não somente de passagem), foram consideradas dimensões maiores que
às mínimas estabelecidas pela Norma. A figura 116 mostra a planta baixa de um recorte da circulação horizontal e algumas cotas desses espaços de circulação e permanência.
Quanto aos dormitórios, a NBR 9050
afirma que deve haver pelo menos uma área com diâmetro de, no mínimo, 1.50m que possibilite um giro de 360º. Além disso, ter uma faixa livre de circulação interna mínima de 0.90m. É possível perceber tais dimensões na figura 115, que mostra a planta baixa do quarto de um dos apartamentos do edifício.
122
0 ESC: 1:200 1 2 3 0 ESC: 1:200 1 2 3 Ø1.50m 1.20 m 0.80 m área de transferência
Figura 114 Banheiro das unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Figura 115 Quarto de um dos apartamentos das unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Figura 116 Circulação horizontal para acesso às unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Ø 1.50 m 0.90 m sobe acesso circulação vertical 1.70 m 2.70 m 3.80 m 123
0 ESC: 1:200 1 2 3
SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade envolve uma série de ações capazes de suprir as necessidades das gerações atuais sem comprometer as gerações futuras. Isso engloba diversas práticas sociais e ambientais e no campo da arquitetura existem várias estratégias que podem reduzir os impactos ambientais ao mesmo tempo que melhora o conforto térmico e a qualidade dos espaços edificados. No projeto, algumas soluções foram utilizadas visando a eficiência energética, entre elas:
1. Fachada ventilada: é um sistema de vedação de fachada considerado sustentável, composto por um isolante térmico, estrutura de alumínio e painéis de revestimento de diversos materiais. Basicamente, forma-se uma câmara de ar entre o material isolante e o revestimento (figura 117) que cria uma ventilação natural capaz de reduzir entre 30-50% do consumo de energia do edifício. Além dessa vanta-
gem, outras incluem o isolamento acústico, melhor desempenho contra umidade, proteção contra água, facilidade de instalação, limpeza e manutenção e durabilidade. No projeto, as fachadas externas são revestidas com fachada ventilada;
2. Telhado verde: seu uso possui inúmeras vantagens, entre elas a melhora da qualidade do ar nas cidades, melhora o isolamento térmico e acústico da edificação, reduz o consumo de energia, aumento da biodiversidade, ajuda no combate ao efeito de ilhas de calor, entre outros;
3. Brises fixos e móveis: são elementos de proteção solar que contribuem para a redução da incidência solar direta no ambiente interno. No projeto, foram utilizados brises verticais fixos na fachada poente da Casa Comum e do Coworking, e na circulação horizontal e unidades habitacionais optou-se por brises móveis a fim de trazer dinamicidade para as fachadas;
4. Painéis solares fotovotáicos: aproveita a incidência de uma fonte de energia renovável, limpa e sustentável, possui fácil manutenção, economia considerável na conta de luz, entre outras vantagens;
nagem onde, por fim, e destinada à irragação dos jardins, descarga sanitária, etc.;
6. Ventilação cruzada: ocorre através das aberturas dispostas em paredes opostas ou adjacentes possibilitando a entrada e saída de ar de forma constante, melhorando o conforto térmico interno. No projeto, tanto as unidades habitacionais quanto
os ambientes da Casa Comum contam com sistema de ventilação cruzada.
A figura 118 exemplifica a aplicabilidade de algumas dessas estratégias para contribuir para uma edificação mais sustentável e que proporcione conforto ambiental aos usuários.
de
Fonte: Archdaily BR. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/775512/conheca-as-vantagens-das-fachadas-ventiladas/562128bae58ece6d440002b5 -conheca-as-vantagens-das-fachadas -ventiladas-imagem>
5. Captação de águas pluviais: a água não potável coletada pode ser utilizada como limpeza, para jardinagem, irrigação e descarga de vaso sanitário. Possui fácil instalação, baixo custo, possibilita economia na conta de água, entre outros benefícios. São implantadas calhas ou ralos na cobertura para o recolhimento da água. Em seguida, a água (que passa por um tubo) é direcionada para um filtro que retém partículas maiores e, posteriormente, vai para um reservatório próprio. Após isso, a água é novamente filtrada para que sejam recolhidas partículas menores e, após esse processo, a água é conduzida para um reservatório de armaze-
autora, 2021.
124 125
Brises verticais fixos na fachada poente
Figura 117 Desenho esquemático das camadas da fachada ventilada.
Figura 118 Estratégias projetuais sustentáveis.
Fonte: Elaborada pela
Telhado verde
Painéis solares fotovotáicos
Captação
águas pluviais Brises verticais móveis
Além dessas estratégias, um outro fator que contribui para que essa edificação seja sustentável é o tipo de sistema construtivo escolhido. Optou-se por um sistema estrutural híbrido, que ocorre quando “dois sistemas estruturais com mecânicas diferentes de redistribuição de forças podem ser unidos para formar uma construção operacional única”. (ENGEL, 1997, p. 320). Assim, o sistema estrutural da circulação vertical utiliza blocos cerâmicos e estrutura retilculada de pilares e vigas em concreto e o subsolo possui a estrutura de pilares em concreto e laje nervurada. Já o sistema dos edifícios habitacionais e da Casa Comum possui estrutura em madeira, mais especificamente a MLC (Madeira Laminada Colada) e CLT (Cross Laminated Timber).
As duas tecnologias são consideradas estruturas lameladas de madeira maciça, mas a diferença entre elas é a forma de colagem das lamelas. Para as peças de MLC, as lamelas de madeira são sempre coladas de forma paralela e, em uma edificação, são utilizadas como vigas, pilares ou arcos e pórticos. Já as peças de CLT são painéis com, pelo menos, três lamelas de madeira maciça coladas no sentido perpendicular entre si e são utilizadas como lajes de piso, lajes de cobertura e paredes que podem ser estruturais ou não com espessu-
Duas madeiras bastante utilizadas para essas estruturas são o eucalipto e o pinus, provenientes de florestas plantadas apresentando, assim, baixo consumo energético para produção. Além disso, um outro aspecto sustentável da madeira é que, durante o crescimento da árvore, ocorre a fixação e absorção do gás carbônico na madeira através da fotossíntese.
Uma outra característica interessante desses materiais é o seu processo de fabricação. Em síntese, com o projeto arquitetônico pronto, as peças são compatibilizadas em softwares 3d para gerar os planos de corte com equipamentos de usinagem com CNC (controle númerico computadorizado). Assim, as peças já saem de fábrica com os cortes e passagens para instalação de elétrica, hidráulica e outras furações prontas para a montagem no local da obra. Todo esse processo evita possíveis erros de cálculos e dimensões, contribuindo para uma construção mais rápida, eficiente e com desperdício mínimo de material. A rapidez na montagem também se dá pela leveza do material, necessitando de menos mão de obra para as instalações.
Para evitar deteriorações devido à intempéries, é necessário que as peças de madeira recebam um tratamento para proteger contra umidade ou deterioração biológica decorrente de fungos e insetos. Um dos produtos utilizados para essa proteção é o CCB, resultado da mistura de cobre, cromo e boro diluídos em água, em que o boro atua como inseticida e o cobre como fungicida. É bastante utilizado nas peças que ficam expostas a fontes de umidade. Nos painéis internos, pode ser utilizada a impregnação do boro. Já para proteger da degradação por exposição aos raios solares, poluição ou temperatura, as peças recebem uma camada de stain (resina) à base de água de alto desempenho.
Assim, para o presente trabalho, o sistema
de vigas e pilares são em MLC e as lajes de piso, de cobertura e paredes externas são em CLT. Para as paredes internas, optou-se por utilizar paredes em drywall, pois como o público-alvo deste trabalho demanda necessidades específicas que podem variar com o avanço da idade, este material proporciona uma maior flexibilidade de layout para os espaços internos. Assim como a MLC e CLT, o drywall também possibilita menos desperdício de material, rapidez na construção e é um material leve, de fácil manutenção e contribui para uma obra mais limpa. A figura 121 mostra uma perspectiva 3D da malha estrutural desenvolvida para o presente trabalho.
126 127
Figura 119 Colagem paralela das lamelas da MLC.
Fonte: Crosslam. Disponível em: <http://www.crosslam.com.br>
Figura 120 Colagem perpendicular das lamelas da
Fonte: Crosslam. Disponível em: <http://www.crosslam.com.br>
Figura 121 Perspectiva isométrica da malha estrutural. Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Caixa da circulação vertical em concreto pré-moldado
Vigas e pilares em MLC
Vigas e pilares em concreto pré moldado
Lajes de piso em CLT
BIOFILIA diretamente no humor, criatividade, disposição e saúde do indivíduo de modo geral. Por isso, como visto anteriormente, optou-se pela madeira como elemento principal da estrutura, dos brises móveis e fixos e da textura do revestimento da fachada ventiada. Além disso, a cor verde também foi utilizada nas fachadas internas das unidades habitacionais que compõem a circulação horizontal.
Alguns padrões do design biofílico foram utilizados como estratégias projetuais a fim de promover uma edificação mais integrada com a natureza, contribuindo para espaços mais saudáveis e ambientalmente mais confortáveis. São eles:
1. Conexão visual com a natureza: a área externa coletiva possui um grande espaço verde destinada à várias atividades realizadas pela comunidade do senior cohousing para a comunidade local. Internamente, foram criados diversos ambientes com jardins compartilhados para serem utilizados como espaços de contemplação, convivência, estar e lazer. As unidades habitacionais contam com jardineiras e local na varanda para um jardim privativo. A circulação horizontal de todos os andares também possui jardineiras e plantas. Além disso, o próprio uso da madeira aparente como principal material do edifício promove essa conexão direta com a natureza;
2. Presença do elemento água: uma piscina será projetada próximo à Casa Comum, gerando um espaço para lazer e atividades físicas ao ar livre. Além disso, será incorporado ao jardim próximo ao Espaço Movimento um grande espelho d’água como um importante elemento adicional para contribuir na sensão de bem-estar, conforto e relaxamento tanto durante as práticas de yoga e meditação como, também, momentos de contemplação e introspecção intregados aos elementos naturais;
3. Formas e padrões biomórficos: a utilização de cores, texturas, materiais e formas que remetem à natureza em espaços edificados pode influenciar
Para os muros, foi escolhido um revestimento em pedra e o percurso que dá acesso à Casa Comum foi utilizado piso permeável de deck de madeira.
Para o agenciamento entre os jardins, optou-se por manter o estado de solo natural (terra branca compactada);
4. Luz dinâmica e difusa: através de alguns elementos vazados como os brises e os cobogós, é possível criar variações e intensidades de luz e sombra nos espaços internos. Os brises foram utilizados nas fachadas poentes e nascentes das unidades habitacionais e da Casa Comum, e os cobogós em alguns espaços compartilhados da Casa Comum contribuindo, além da proteção solar do uso de ventilação natural, para uma boa eficiência energética da edificação.
Portanto, as estratégias biofílicas utilizadas, aliadas à algumas decisões sustentáveis para o projeto, tornam o edifício um importante espaço de bem-estar físico e emocional para o público da terceira idade. Viver em comunidade de forma ativa em um ambiente com estímulos visuais, olfativos, físicos e sensoriais que conectam o indivíduo ao ambiente natural só traz benefícios para a saúde. A seguir, uma sequência de imagens ilustram alguns desses espaços e os vários aspectos da biofilia incorporados ao projeto.
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Figura 122 Render da entrada principal do edifício. Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
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Figura 123 Render do espaço interno do edifício. Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
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Figura 124 Render da circulação horizontal (espaço de conexão) Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
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Figura 125 Render do jardim de contemplação. Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a taxa de envelhecimento aumentando no decorrer dos anos, faz-se necessário repensar na qualidade dos espaços físicos da moradia para a pessoa idosa, visto que o ambiente pode provocar estímulos positivos ou negativos na saúde do indivívuo.
O cohousing é uma arquitetura que une. E vai mais além disso. A vida comunitária permite aos moradores um senso de coletividade e respeito ao próximo, podendo ser um grande aliado no combate à solidão. Assim, o Edifício Co-lares 021 vem com uma proposta de ampliar as opções de moradia para a terceira idade, proporcionando uma conexão íntima com a natureza e com o bairro. Uma cidade amiga do idoso inclui opções diversas de moradia, bem como um espaço urbano que estimule a independência e a funcionalidade nessa faixa etária. O bairro Santana mostrou-se como uma boa opção, visto que sua diversidade de usos, proximidade com parque, praça, rio e serviços necessários para o dia a dia contribuem bastante para o envelhecimento ativo e, consequentemente, melhora da qualidade de vida da pessoa idosa.
138 139
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Idosos conversando na varanda.
Figura 02 Idosas moradoras do New Ground Cohousing.
Figura 03 Moradora do Cornerstone Village Cohousing.
Figura 04 Diagrama da projeção da população idosa no Brasil entre 2021 e 2060.
Figura 05 Reportagem sobre os impactos da pandemia na saúde do idoso.
Figuras 06 Reportagem sobre os efeitos da pandemia na saúde do idoso.
Figuras 07 e 08 Espaços coletivos e privados da casa de repouso Morada Geriátrica Nosso Senhora do Carmo no bairro da Encruzilhada.
Figuras 09 e 10 Espaços coletivos e privados da casa de repouso Conviver Geriátrico no bairro de Boa Viagem.
Figura 11 Moradores do Heartwood Commons.
Figura 12 Idosos do Westmont Living.
Figura 13 Diagrama com os determinantes do envelhecimento ativo.
Figura 14 Diagrama com os as aspectos do Guia Global Cidade Amiga do Idoso.
Figuras 15 e 16 - Vila dos Idosos, São Paulo.
Figuras 17 e 18 - Projeto Cidade Madura, João Pessoa.
Figura 19 Membros da Associação Abante Jubillar Sevila.
Figura 20 Etapa participativa das futuras moradoras do New Ground Cohousing.
Figura 21 Futuros moradores do Quimper Village, Port Townsend, WA.
Figura 22 Etapa participativa dos futuros moradores do Quimper Village, Port Townsend.
Figura 23 Moradores do Prairie Sky Cohousing no terraço comum, Canadá.
Figura 24 Exemplo de Casa Comum.
Figura 25 Moradores do Driftwood Village, Canadá.
Figura 26 Diagrama com os benefícios de morar em um cohousing.
Figura 27 Tipos de implantação de um cohousing.
Figura 28 Tipos de percurso de um cohousing.
Figura 29 Desenho ilustrativo do conceito de um cohousing.
Figura 30 Cozinha da unidade privativa voltada para a via pedonal.
Figura 31 Perspectiva com destaque para a localização central da Casa Comum.
Figura 32 Planta baixa do térreo com destaque na circulação de pedestres.
Figura 33 Marmalade Lane Cohousing: Casa tipo A.
Figura 34 Casa Comum do Marmalade Lane Cohousing.
Figura 35 Via de pedestre do Marmalade Lane Cohousing.
Figura 36 Unidade privativa do Marmalade Lane Cohousing.
Figura 37 Reunião dos arquitetos com as futuras moradoras do New Ground Cohousing.
Figura 38 - Espaços bem iluminados, passagens largas, rampas acessíveis no senior cohousing Wolf Creek Lodge, Califórnia (EUA).
Figura 39 Folhas de acanto de uma coluna grega.
Figura 40 Hall da Casa Tassel.
Figura 41 Fallingwater House.
Figura 42 Farnsworth House.
Figura 43 Elementos naturais no térreo do Hospital Khoo Teck Puat, Singapura.
Figura 44 Hospital Khoo Teck Puat, Singapura.
Figura 45 Centro Maggie, Leeds.
Figura 46 Centro Maggie de Leeds, Inglaterra.
Figura 47 Entrada do Centro Maggie.
Figura 48 O uso de iluminação natural.
Figura 49 Cores e texturas do Centro Maggie.
Figura 50 Padrões biomórficos do Centro Maggie.
Figura 51 Inspiração na natureza, Centro Maggie.
Figura 52 Materiais utilizados.
Figura 53 Corte técnico (sem escala) do Centro Maggie.
Figura 54 Planta baixa (sem escala) do Centro Maggie.
Figura 55 Moradoras do New Ground Cohousing.
Figura 56 Desenho ilustrativo mostrando o arranjo espacial e o programa arquitetônico.
Figura 57 Planta baixa do térreo do New Ground Cohousing.
Figura 58 Área de jardim e horta do New Ground Cohousing.
Figura 59 Moradora do New Ground Cohousing em sua residência privada.
Figura 60 Nanterre Cohousing.
Figura 61 Passarela entre os edifícios.
Figura 62 Corte do Nanterre Cohousing.
Figura 63 Planta baixa do térreo Nanterre Cohousing.
Figura 64 Planta baixa 1º pav. Nanterre Cohousing.
Figura 65 Acesso às residências do Nanterre Cohousing.
Figura 66 Senior Collective Housing.
Figura 67 Perspectiva esquemática do Senior Collective Housing.
Figura 68 Planta baixa do Senior Collective Housing.
Figura 69 Layout do apartamento do Senior Collective Housing.
Figura 70 Imagem externa do Senior Collective Housing.
Figura 71 Imagem interna do Senior Collective Housing..
Figura 72 Zoom do bairro Santana.
Figura 73 Imagem aérea do terreno 01 (bairro Poço da Panela).
Figura 74 Imagem aérea do terreno 02 (bairro Santana).
Figura 75 Imagem aérea do terreno 03 (bairro Santana).
Figura 76 Mapa RPA’s Recife.
Figura 77 Parque Santana.
Figura 78 Colégio Cognitivo.
Figura 79 Supermercado Big.
Figura 80 Diagrama de caminhabilidade.
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05 11 14 15 16 16 18 18 23 25 33 34 35 35 36 40 40 40 41 41 43 45 47 47 48 49 50 50 51 51 51 51 53 55 56 56
57 57 60 61 65 66 67 67 67 67 68 68 68 69 70 71 72 73 73 74 75 76 76 76 77 78 79 79 79 80 81 86 87 87 87 89 94 94 94 98
Figura 81 Diagrama da diretriz 1.1.
Figura 82 Diagrama das diretrizes 2.1 e 2.2.
Figura 83 Diagrama da diretriz 2.3.
Figura 84 Diagrama da diretriz 2.4.
Figura 85 Diagrama das diretrizes 3.1 e 3.2.
Figura 86 Diagrama da diretriz 3.3.
Figura 87 Diagrama da diretriz 3.4.
Figura 88 Diagrama da diretriz 3.5.
Figura 89 Diagrama da diretriz 4.1.
Figura 90 Diagrama da diretriz 4.2.
Figura 91 Diagrama da diretriz 5.1.
Figura 92 Diagrama do partido do projeto.
Figura 93 Maquete digital dos condicionantes climáticos.
Figura 94 Diagrama 1.1 da implantação.
Figura 95 Diagrama 1.2 da implantação.
Figura 96 Diagrama 2.1 da implantação.
Figura 97 Zoneamento das áreas privativas e comuns.
Figura 98 Etapa 1 do estudo volumétrico.
Figura 99 Etapa 2 do estudo volumétrico.
Figura 100 - Etapa 3 do estudo volumétrico.
Figura 101 - Etapa 4 do estudo volumétrico.
Figura 102 - Maquete digital da volumetria.
Figura 103 - Maquete digital da volumetria.
Figura 104 - Perpespectiva isométrica do zoneamento.
Figura 105 - Corte esquemático do zoneamento.
Figura 106 - Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Figura 107 - Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Figura 108 - Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Figura 109 - Dimensões referenciais (em metros) para deslocamento de um pessoa em pé.
Figura 110 - Módulo de referência (M.R) de uma pessoa que utiliza cadeira de rodas.
Figura 111 - Deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.
Figura 112 - Deslocamento mínimo de 90° (em metros) em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.
Figura 113 - Diâmetro mínimo para rotação de 360º.
Figura 114 - Banheiro das unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Figura 115 Quarto de um dos apartamentos das unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Figura 116 - Circulação horizontal para acesso às unidades habitacionais do Edf. Co-lares 021.
Figura 117 Desenho esquemático das camadas da fachada ventilada.
Figura 118 Estratégias projetuais sustentáveis.
Figura 119 Colagem paralela das lamelas da MLC.
Figura 120 Colagem perpendicular das lamelas da CLT.
Figura 121 Perspectiva isométrica da malha estrutural.
Figura 122 Render da entrada principal do edifício.
Figura 123 Render do espaço interno do edifício.
Figura 124 Render da circulação horizontal (espaço de conexão).
Figura 125 Render do jardim de contemplação.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Opções de moradia mais convencionais para os idosos.
Tabela 02 Características semelhantes em um projeto de cohousing.
Tabela 03 Design intencional de um projeto de cohousing.
Tabela 04 14 Padrões do Design Biofílico.
Tabela 05 Aspectos relevantes dos precedentes projetuais.
Tabela 06 Tabela síntese das características projetuais.
Tabela 07 Critérios para a escolha do território.
Tabela 08 - Tabela de potencialidades e desafios dos terrenos prováveis para a intervenção.
Tabela 09 População por faixa etária do bairro Santana.
Tabela 10 Parâmetros urbanísticos SRU 3 do Anexo 6.
Tabela 11 Dados construtivos do terreno.
Tabela 12 Tabela com o perfil dos moradores do senior cohousing.
Tabela 13 Tabela com o programa e dimensionamento do anteprojeto.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Gráfico da pirâmide etária do Brasil, 2018.
Gráfico 02 Gráfico da pirâmide etária do Brasil, 2060.
Gráfico 03 Evolução dos domicílios unipessoais de idosos (%)
Gráfico 04 Os 10 bairros em Recife com mais idosos.
Gráfico 05 Quantidade de ILPI por bairro em Recife.
Gráfico 06 Taxa de envelhecimento em Recife.
Gráfico 07 Gráfico de usos do bairro Santana, Recife.
142 143
106 123 124 125 126 126 127 130 132 134 136 106 106 106 107 107 107 107 107 107 108 110 111 112 112 113 114 114 115 115 116 117 118 119 120 120 120 120 121 121 121 121 122 122 113
15
20 21 22
15 20
94
17 39 46 59 64 83 86 88 88 108 109 90 91
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