


DISCENTES:
Isabella Silva
Mariana Moraes
Maria Paula Maia
Cartilha elaborada nas aulas de Disciplina Extensiva 02 ministrada pela docente Profa Raquel Manna Juliao, aos discentes do curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo no Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Santa Luzia.
Discentes:
Isabella Almeida Bastos Rodrigues Silva Mariana Forte Moraes
Maria Paula Aparecida Maia
Orientadora: Profa. Raquel Manna Juliao.
1ª edição
Belo Horizonte, MG 2024
Localização: Bairro Marilândia, distrito industrial do Jatobá, região do Barreiro, Belo Horizonte - MG
Abriga 750 famílias e apresenta 700 casas construídas ou em regime de autoconstrução;
A Ocupação é a forma de resistência e luta pela garantia de acesso à moradia digna e à inclusão social e desmarginalização da população de baixa renda.
Um dos maiores problemas enfrentados por ela é a constante ameaça de despejo e reintegração da posse da propriedade pela empresa R S Morizono Empreendimento e Participações LTD
Um dos problemas mesoestruturais que atormenta a comunidade é a INEXISTÊNCIA de SISTEMA DE COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO, permitindo que a água contaminada tome conta das ruas da ocupação.
Pensando nisso, esta cartilha busca apresentar uma SOLUÇÃO de captação e tratamento das ÁGUAS CINZAS, que é a água gerada a partir de processos domésticos como lavar louça, lavar roupa e tomar banho, e que corresponde de 50% a 80% do esgoto residencial.
A água evapora pela transpiração das folhas.
0 , 5 0
a 1 , 5 m d e p r o f u n d i d a d e Palha Galhos
Troncos
1,5 a 2 m de largura
A terra que é retirada para fazer o buraco é depositada em sua volta, para plantio das bananeiras, e de outras espécies, que gostam de água, formando o círculo de bananeiras e evitando que a água da chuva escorra para dentro do sistema
As águas cinzas (como pia, chuveiro e maquina de lavar) podem ir direto para o Círculo de Bananeiras, se seu solo tiver capacidade de infiltração.
Parte da água cinza infiltra no solo e é tratada pelos microorganismos, e parte das plantas junto aos nutrientes presentes na água.
DIMENSÕES:
1,5a2metrosdelargura 0,5a1metrosde profundidade
Pode ser instalado nos quintais das casas da Ocupação, como representado no mapa ao lado
2 Joelhos 90°
1 Cola para PVC
1 Balde com tampa de 20 L
2 Borrachas de vedação
1 Conexão Tê
2 Canos PVC
Obs.: o tamanho varia de acordo com cada caso.
Mudas de Bananeira, de Taioba, Mamão, Inhame e outras Palha Matéria orgânica
Baldes de margarina ou azeitona são ótimas opções para serem reaproveitados
A matéria orgânica pode ser: Folhas secas, galhos secos e restos secos de alimentos
CARACTERÍSTICAS DO SOLO:
Não deve ser implementado em solos alagadiços, várzeas inundáveis, áreas pantanosas;
Deve ser posicionado em locais que sejam afastados do lençol freático e de nascentes;
Também se deve evitar o seu uso em locais com solo arenoso, porém caso aconteça, é preciso adicionar uma camada de argila nas paredes e no fundo do buraco, ou de brita, dificultando a infiltração da água
CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DE IMPLANTAÇÃO:
Deve apresentar uma área de tamanho considerável, com mais de 4 m²;
Precisa ser aberto, com boa insolação e sem obstáculos para ventilação;
Deve ser de fácil acesso para o manejo, colheita e manutenção do sistema
1 º TRECHO DE TUBULAÇÃO: EDIFICAÇÃO -> CAIXA DE GORDURA
Deveserfeitaumatubulaçãoqueconduzaaáguacinzadas casas até a caixa de gordura que precisa ser instalada antes do ciclo de bananeiras para ajudar na retenção de sólidospresentesnaágua;
Ilustração da tubulação saindo casa até a caixa de gordura
Fonte: Autoral
2 º TRECHO DE TUBULAÇÃO: CAIXA DE GORDURA -> CICLO DEBANANEIRAS
É necessário instalar uma tubulação que sai da caixa de gordura para levar a água cinza até o círculo de bananeiras.Nofinaldessatubulação,devehaverumacurva de90°(umjoelho),porondeaáguavaisair.Essejoelhodeve ficar escondido no monte de palha seca, para que a água entreemcontatocomasuperfície
Joelho de 90 °
Ilustração da tubulação que chegará no Círculo de Bananeiras. Fonte: Autoral
A caixa de gordura deverá ser construída para ajudar na retenção de sólidos como restos de alimentos, fios de cabelo, entre outras sujeiras que possam estar na água cinza.
1 º - FURAÇÃO PARA CONECTAR AS TUBULAÇÕES:
Faça dois furos no balde de plástico em lados oposto um do outro, onde um deve estar 2 cm a 3 cm mais alto que o segundo.
Furo 1 -> Entrada ( 2 a 3 cm + alto)
Furo 2 -> Saída
2 º - POSICIONAMENTO E CRIAÇÃO DAS CONEXÕES:
A caixa deve ser posicionada entre a residência e o Círculo de Bananeiras e deve ficar enterrada, conectado à saída de água cinza da residência.
Saída de ág cinza da residência
Saída da água para o Círculo de Bananeiras
Em seguida, se deve conectar um Joelho de 90° no Furo 1 -> Entrada e um Tê no Furo 2 -> Saída, utilizando a cola de PVC.
Dica: Lixe o local onde serão colocadas as conexões antes de passar a cola, pois ajuda na fixação.
O Tê impede que sedimentos leves entrem na tubulação e cheguem até o Círculo de Bananeiras.
Por fim, se deve conectar a tubulação saindo da caixa de gordura até o Círculo de Bananeiras, com caimento de 2 cm por metro.
FORMATO DA ESCAVAÇÃO:
Prato fundo, meia lua ou côncavo; 0,5 m a 1 m 1,4 m a 2 m
Profundidade de aproximadamente 0,5 a 1,0 m e um diâmetro interno de 1,4 a 2,0 m;
Ilustração das dimensões da escavação
Fonte: Autoral
CAPACIDADE:
Essas dimensões garantem um volume interno de aproximadamente 1.000 L, suficiente para atender uma casa com 3 a 5 moradores;
O buraco não deve ser impermeabilizado nem compactado;
O buraco não deve ser maior do que o padrão apresentado No entanto, se for observado que o volume de água cinza produzida extrapola a capacidade de recebimento do círculo de bananeiras, deve-se construir um segundo círculo em seguida ou dividir o fluxo em dois ou três sistemas paralelos
FORMAÇÃO DA PRIMEIRA CAMADA:
Uma camada de troncos ou tocos de madeira secos compondo 40 cm, aproximadamente, do buraco;
FORMAÇÃO DA SEGUNDA CAMADA:
Uma camada de gravetos e madeiras finas preenchendo o buraco até quase sua superfície;
FORMAÇÃO DA TERCEIRA CAMADA:
Uma camada de palhoça seca composta por capim seco e folhas secas de bananeira, cobrindo toda a superfície;
BORDAS LATERAIS:
A terra retirada do centro do buraco deve ser colocada nas bordas do círculo para deixar elas mais altas. Isso cria uma pequena barreira que vai ajudar a segurar a água dentro do círculo.
Se o solo for muito arenoso é necessário adicionar uma camada de argila ou de brita no fundo do buraco para “ segurar ” a água no solo;
É necessário repor os materiais secos, como galhos, folhas, serragem e troncos, de tempos em tempos Essa reposição deve ser feita quando se observar que esses materiais já se decompuseram, o que pode variar dependendo do clima da região.
Círculo de Bananeiras sendo construído no Recanto Ecológico Rio da Prata em Bonito, MS. Sendo que, essa imagem mostra a finalização da etapa de preenchimento das camadas.
Fonte: Rio da Prata
Se pode plantar uma grande diversidade de espécies nosistema,enãoapenasasbananeiras. É essencial que, elas se adaptem bem à umidade do local, e ajudem a aproveitar melhor os nutrientes presentesnocírculo.Asmaisrecomendadassãoaquelas que apresentam uma maior capacidade de evapotranspiração, ajudando a regular o excesso de águanosistema.
NAS BORDAS DO CÍRCULO:
Plantas de Alta Evapotranspiração
ÁREAS MAIS INTERNAS DO CÍRCULO:
Plantas de Menor Porte
PRÓXIMO AO CENTRO DO CÍRCULO:
Plantas Aromáticas e menores
NO CENTRO DO CÍRCULO:
Materiais Orgânicos e Plantas de Cobertura
Dica: Contribui com a fixaçãodonitrogênio nosolo
É preciso, de tempos em tempos, repor os materiais orgânicos secos, como galhos, folhas e serragem. Isso deve ser feito quando se perceber que esses materiais já se decomporam, o que depende das condições do local onde foi implementado;
Também é importante controlar o crescimento das espécies de plantas do sistema;
No caso das bananeiras, é importante manter sempre três tamanhos diferentes em cada grupo: uma bananeira madura, uma de tamanho médio e um broto pequeno Isso ajuda a garantir que o ciclo de crescimento e produção continue de forma equilibrada
É um tratamento simples, de baixo custo e eficiente;
Permite criar um jardim com plantas que oferecem alimento e plantas decorativas para a comunidade;
Segura e aproveita a água, mantendo o solo úmido, sem precisar usar água potável para molhar as plantas, especialmente durante períodos mais secos e que quase não chove;
Cria um ambiente mais fresco e úmido, protegendo as plantas do vento e do sol forte;
A matéria orgânica presente se decompõe, enriquecendo o solo sem precisar de fertilizantes;
A estrutura circular e a cobertura das plantas evitam a erosão do solo, especialmente, em terrenos inclinadas;
Reduz o volume de esgoto, diminuindo o impacto nas fossas;
Ajuda a prevenir doenças e contaminações.
Requer um espaço considerável, o que pode não ser viável em áreas pequenas;
Necessita de manutenção periódica, como a reposição de matéria orgânica;
Atrai pragas, como roedores e insetos, se não for bem manejado;
Em períodos de chuva intensa pode acumular água e levar ao encharcamento do solo, afetando o desenvolvimento das plantas;
Exige monitoramento frequente para evitar o acúmulo excessivo de matéria orgânica ou água;
Não é adequado para todos os tipos de solo, especialmente os muito compactados ou com pouca drenagem;
Nem todas as espécies de plantas se adaptam bem, especialmente as que não toleram excesso de umidade.
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