Entre margens - brochura 2010-2011

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Prefácio

Pelo segundo ano consecutivo editamos uma brochura com textos dos alunos de 2º e 3º ciclos. Nesta edição, desta vez designada “Entre Margens”, congratulamo-nos com uma maior participação de alunos, sobretudo por aparecerem pela primeira vez textos de alunos do 5º ano, ainda que essa participação tenha sido apenas de duas turmas. Mas, já é um progresso, que esperamos tenha mais expressão no próximo ano. Muitos dos textos que temos o gosto de apresentar resultaram da articulação entre a disciplina de Língua Portuguesa e a BE, de acordo com o tema Viagens, escolhido para o presente ano lectivo e decorrentes do estudo de textos ou/e obras de leitura integral realizadas na disciplina. Este ano a capa foi realizada por alunos do 7º C, na disciplina de Educação Visual, leccionada pela docente Teresa Negrão e o processo de selecção incluiu a sondagem das preferências dos alunos e professores que iam passando pela BE. Mais uma vez, se a qualidade dos trabalhos pode ser discutível, o mesmo não se aplica ao empenhamento e orgulho dos jovens autores que manifestam satisfação e vontade de continuar a ver publicados os seus escritos.

Edição da BIBLIOTECA ESCOLAR Do Agrupamento de Escolas das Olaias Escola E. B. 2,3 das Olaias Lisboa, 26 de Abril de 2011 1


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A MINHA VIAGEM AO SÉCULO XII

Eu estava na praia com os meus amigos quando encontrei uma gruta e lá dentro estava uma máquina muito esquisita. Fiquei espantado a olhar, quando carreguei num botão verde apareceu uma luz branca e eu desapareci. Quando acordei estava numa cama de palha tão desconfortável, saí por uma porta feita de palha grossa, olhei em redor e vi que já não estava na praia. Perguntei a um velhote que passava com uns baldes às costas: - Estamos em que século, senhor? - Até parece que não sabes rapaz, o que estiveste a fazer? A viajar? - Como é que sabe? Zás! De repente ouviu-se uma chicotada nas costas do velhote. - Queres também levar, miúdo? – perguntou uma voz com arrogância. Eu comecei a fugir. Havia uma porta aberta no Castelo, e eu tinha ouvido uma conversa que estava uma máquina ali com vários botões. À noite arrombei uma porta com um pau muito fininho e entrei, subi as escadas e tive de passar na frente dos guardas. Atirei uma pedra e os guardas vieram atrás de mim, mas eu escondi-me por detrás do portão e fui à torre. Encontrei a máquina e lá estava um papel colado: “Do século 12 ao 21”. Fiquei espantado, eu estava no século XII. Os guardas começaram a chegar e eu carreguei no botão verde e zás, desapareci. Apareci na praia e voltei para junto dos meus amigos.

André Miguel Oliveira - 5.º B Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA VIAGEM A FRANÇA

Estava eu de partida com o meu pai para França quando vi que o meu pai se tinha esquecido do passaporte. Então disse-lhe: - Pai! Esqueceste-te do passaporte. - Pois é, obrigada! E lá fomos os dois para o aeroporto. Havia lá muita gente, crianças, adultos, idosos e muitas famílias que iam viajar. Quando chegou a minha vez e a do meu pai estava lá um polícia a pedir os passaportes. O meu pai mostrou o dele e o polícia disse que estava tudo em ordem e que podíamos ir. Quando entrei no avião estava um pouco nervosa, mas depois passou. Só me assustei quando houve uma poça de ar e parecia que o avião ia cair, mas depois o voo voltou ao normal e continuei a viagem mais tranquila. Quando cheguei a França a primeira coisa que vi foi a chuva! Fazia muito mau tempo, mas felizmente os quartos em França tinham aquecimento porque senão eu tinha morrido de frio. Em Paris, vi a Torre Eiffel, que é muito alta, vi o rio Sena e as várias pontes, o Arco do Triunfo, o museu do Louvre e ainda fui à Disneyland de Paris. Gostei muito, estive com a Minie, com o Mickey, com o Pato Donald e com o Pateta. Tirei muitas fotografias com eles e também brinquei muito. Depois fui para o hotel, mas acreditem que não queria sair da Disneyland. Jantei, vesti o pijama, lavei os dentes e fui dormir. No dia seguinte, vim para Portugal e encontrei-me com a minha mãe e os meus irmãos e contei-lhes o quanto me diverti lá!

Belisa Marques - 5.º B Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA VIAGEM AO PÓLO NORTE

Estava a preparar uma viagem de três dias ao Pólo Norte quando faltavam apenas duas semanas para o Natal, eu queria mesmo fazer uma viagem. Passaram os dias e chegou o dia de partir, demorei um dia inteiro para lá chegar. Cheguei lá… que frio! Estava um frio de morrer! Arranjei uma pequena casa e conheci algumas pessoas e animais, por exemplo, os esquimós, a foca e o urso polar. No dia de Natal os meus amigos ajudaram-me a preparar as decorações. Após as preparações do Natal, todos nós nos sentámos à mesa e comemos doces, bebidas e muito mais. No dia 25 de Dezembro todos nós entregámos e recebemos muitos presentes. Um dos presentes de que eu mais gostei foi a vinda do Pai Natal à nossa festa. A seguir ao Natal, só faltava um dia para eu voltar e nesse dia tirámos muitas fotografias e estive em casa do Pai Natal. Acabou a minha viagem e voltei para Portugal. Os meus colegas estavam com saudades minhas e queriam saber tudo, quem conheci, como era o ambiente lá… Contei-lhes o que se passou lá e mostrei as fotos que eu tinha tirado. Foi mesmo divertido! Bhavini Vasserano - 5.º B Ano lectivo 2010/2011 5


A MINHA VIAGEM A ESPANHA

Gostei muito de viajar e de avião andar. E foi muito divertido com o meu pai, a minha mãe e a minha irmã a acompanhar. Ao hotel cheguei e no meu quarto entrei, e espantada fiquei por ser tão bonito e colorido também. Do hotel saí, e para a rua fui com o meu pai, a minha mãe e a minha irmã sempre a acompanharem-me bem. Divertido foi andar por Espanha a ver sítios que mal conhecia e coisas que mal sabia que existiam. Passado algum tempo a casa regressei. E aos meus primos/as e tios/as a minha viagem contei

Carmen Dolores Pedro - 5.º B Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA VIAGEM PELO MUNDO

Num belo dia de Verão, pensei que era altura para fazer uma viagem à volta do mundo. Naquele dia eu sentia-me muito confiante. Não a ia fazer de barco, mas sim de helicóptero privado, pensei que seria divertido. Depois de uma semana a preparar as coisas para viajar, fui até ao local onde estava o helicóptero. A primeira coisa que fiz, foi conferir se havia kit de emergência: pára-quedas, algodão, barcos de borracha… Caso acontecesse a tragédia do helicóptero cair. Eu, o meu companheiro e o piloto não deixámos passar nada, verificámos tudo. Quando comecei a viagem, não fiz um trajecto normal como toda a gente faz. Eu fui para a frente e para trás, e assim sucessivamente. Primeiro a minha curiosidade foi conhecer a América Central. Adorei o local onde me fizeram uma festa de boas-vindas, foi muito giro. Adorei estar lá com as pessoas que eram muito simpáticas. Depois agradeci muito e disse que não ia ficar ali muito tempo, pois estava a fazer uma viagem pelo mundo. As pessoas daquela terra convidaram-me a voltar lá mais vezes dizendo para eu as avisar primeiro. Gostei da América e trouxe de lá lembranças que nunca mais esquecerei. Quando entrei outra vez no helicóptero já estava com saudades daquelas pessoas. Depois chegou a vez de visitar a Ásia, que me agradou também muito. Adorei estar lá com o meu segurança e companheiro que toda a gente achava que era o meu par. Gostaria de continuar a contar a minha viagem, mas fica para uma próxima vez pois nesta folha de papel não há espaço para tantas lembranças.

Liliana da Silva Khimji - 5.º B Ano lectivo 2010/2011

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A VIAGEM AO TEMPO DOS REIS

Era uma vez um cientista que era meu amigo. Construiu uma máquina do tempo para eu viajar até ao tempo dos reis. No dia seguinte já estava pronta, levei o meu cão e o meu melhor amigo. Entrámos na máquina e fomos viajar no tempo. Chegámos ao tempo do primeiro rei, filho de D. Henrique e D. Teresa, D. Afonso Henriques. Nós estávamos escondidos atrás de uma pedra até que o D. Afonso Henriques nos viu e perguntou: - Quem são vocês? - Nós somos do futuro de Portugal. - Como se chamam? - Eu chamo-me Nuno, este é o Joe e o meu cão Tobias. - Vocês são do futuro de Portugal? - Sim. - Então quem vai formar Portugal? - D. Afonso Henriques! – respondemos em coro eu e o Joe. Continuámos a falar até que chegou o tempo de ir embora, despedimo-nos e fomos embora. Voltámos para a máquina e regressámos ao nosso tempo.

Nuno Cochicho - 5.º B Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA VIAGEM A CABO–VERDE

Eu vinha da Escola quando a minha mãe me disse que íamos viajar. Eu perguntei quando seria e a minha mãe disse que era no dia seguinte. De seguida fui-me deitar. No dia seguinte, acordei e perguntei à minha mãe para onde íamos. - Vamos para Cabo-Verde. - disse a minha mãe. Eu fiquei muito contente. Então fomos para o aeroporto da Portela e embarcámos. Era a minha primeira viagem e era a primeira vez que ia andar num avião, gostei muito. Chegámos a Cabo-Verde, eu estava muito feliz, mas também tinha vergonha. Lá em Cabo-Verde é tudo muito diferente, os meus primos andavam descalços, fazia-me impressão. A minha mãe dizia para eu me descalçar, mas eu não conseguia. Era muito bom, íamos apanhar cocos, íamos à praia, eu gostei muito… Afinal era a ilha onde o meu pai nasceu. - É uma ilha muito bonita! - E eu perguntei à minha mãe: - Quando é que vamos à tua ilha, mãe? - A minha mãe disse que nascera em Portugal, mas que a ilha do Fogo, era a ilha onde o meu avô tinha nascido e que também é uma ilha muito linda. Foi onde eu fui pela segunda vez. Em algumas ilhas de Cabo-Verde fala-se de uma maneira e na ilha do Fogo de outra. Eu não gosto muito da língua, mas também sei falar. Eu gostei muito da viagem nem queria vir para Portugal, mas agora que sou grande acho que não vivia sem o meu país, onde cresci e aprendi a ser o que sou hoje. E assim foram as minhas férias na viagem a CaboVerde.

Núria Pereira - 5.º B Ano lectivo 2010/2011 9


A MINHA VIAGEM A FÁTIMA

Num belo dia de Verão, os meus pais decidiram ir ao Santuário de Fátima. Ora quando eu soube, saltei da cama e fui tomar banho. Depois de fazer o pequeno-almoço fui preparar a minha mala, tinha poucas coisas: uma garrafa cheia de água e outra vazia para encher de água benta. Fomos chamar as nossas primas e partimos. Na viagem tínhamos o telemóvel na mão para tirar fotografias aos animais que víamos, mas sempre que captávamos, saía desfocado. Era mesmo irritante! No meio do caminho, eu fiquei aflitíssima pois queria ir à casa de banho, então o meu pai parou e aproveitámos para almoçar. Quando chegámos a Fátima pusemo-nos a brincar e de seguida comemos um gelado que nos soube muito bem! Em vez de voltarmos logo para casa, fomos todos ao Shopping. Eu e as minhas primas comemos outro gelado, enquanto as nossas mães estavam numa loja. Depois regressámos a casa e foram mais umas horas de viagem, que cansativo! À noite, fomos jantar a casa das nossas primas e também vimos as nossas fotos. Éramos nós as quatro a enchermos as garrafas com água benta, a acender a vela, a correr, a brincar e muito mais… E foi assim que terminou o nosso dia. Foi muito divertido e engraçado.

Akruti Dilipe - 5.º C Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA VIAGEM Á ÍNDIA

Eu e a minha família fomos viajar até à Índia. Fui eu, a minha irmã, o meu irmão e os meus pais. Fomos de avião. Quando cheguei à Índia vi o meu tio que nos tinha ido buscar ao aeroporto. Fomos com o meu tio para casa, quando chegámos à nossa casa já estava de noite. Em casa vi as minhas tias, os meus tios, as minhas primas e os meus primos. Depois fomos jantar. Mas antes de irmos jantar, as minhas primas mostraram-me a casa toda. Vi que a casa era muito grande que tinha 3 casas de banho, seis portas, uma cozinha, sete janelas e um portão. No segundo dia vi as minhas tias a trabalhar, estavam a fazer o pequeno-almoço. O meu pai mostrou-me duas vacas que davam leite, porque na Índia não compram leite, compram vacas que dão leite. No dia seguinte os meus pais mostraram-me a cidade da Índia onde eu vivi. Vi lojas, muitas pessoas, muitas casas grandes e bonitas. Comi umas coisas que se chamavam “golgapa”, “racegule”, “gulab jamun”, “jalebi” e muitas mais. Depois disto tudo, cansámo-nos e fomos para casa descansar. Assim se passaram os dias e por fim voltei outra vez para Portugal. Deepika Rani - 5.º C Ano lectivo 2010/2011 11


UMA VIAGEM AO FUNDO DO MAR

Se eu fosse um peixe eu vivia debaixo de água. Eu gostava de ser um peixe-palhaço porque são divertidos e engraçados! Se eu fosse um peixe podia nadar pelo mar fora… Ora um dia enquanto peixe -palhaço pensei para mim o que podia haver em terra. Então eu disse: “Será que há também algas? Ou peixes?” Era estranho, não saber se era tudo igual… Naquela altura, fui para o cimo da água e vi que nada era igual, não havia algas, ou peixes, era como se fosse outro planeta. E vejam só, ainda por cima não conseguia respirar, e de imediato fui para debaixo de água porque senão podia asfixiar… E foi assim a minha viagem, descobri que não é tudo igual, existe também terra. Mas nós peixes só podemos estar no mar, mas o que ainda não descobri é se existe alguma coisa em terra, mas em breve eu vou saber.

Filipe Sandiães - 5.º C Ano lectivo 2010/2011

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UMA VIAGEM AO ALGARVE

No outro dia fui fazer uma viagem ao Algarve com o meu pai, a minha mãe e os meus três irmãos. Nós demorámos duas horas para chegar ao apartamento que o meu tio nos emprestou. Tinha piscina, um bar e tinha a praia quase ao lado. Nós fomos à praia e preparámos um lanche, a bola e a prancha. Nós quando chegámos à praia estendemos as toalhas e fomos jogar à bola, porque não podíamos ir à água, estávamos a fazer a digestão. Então fomos jogar à bola, quando era 15h30m fomos dar um mergulho e quando acabámos de dar mergulhos fomos para a toalha. Depois fomos embora da praia e fomos para o apartamento. Limpámos a areia dos pés e fomos para a piscina relaxar. Demos muitos mergulhos e eu até dei uma cambalhota, foi “bué fixe”! Limpámo-nos nas toalhas e fomos para casa. Tomámos banho, um de cada vez. A minha mãe fez carne alentejana com batatas para o jantar. Nós pusemos a mesa muito depressa, muito rápido porque estávamos com muita fome. Mais rápidos do que um Ferrari! Quando acabámos de jantar fomos ao bar comer um gelado e depois fomos a um concerto lá do Algarve. Era muito engraçado, eles cantaram a música dos Buraka Som Sistema. De manhã preparámos tudo para nos virmos embora, e à hora do almoço regressámos. João Pedro Ribeiro 5.º C Ano lectivo 2010/2011

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VIAGEM AO MUNDO DAS CORES

Uma vez a minha colega e eu vimos um lindo arco-íris ao longe e pensámos ir ver melhor, ao perto. Então lá estava escrita uma palavra passe, e para entrar no mundo das cores tínhamos de dizer tudo sobre nós. Para

entrar

dizíamos

a

nossa

cor

preferida

e

entravámos. Assim: “O meu nome é Lara. Tenho 11 anos, adoro muito a Escola, as minhas disciplinas preferidas são Educação Física e Inglês. E também adoro todas as cores, mas a minha preferida é o azul”. - Agora és tu, colega. “Eu sou a colega da Lara. Chamo-me Andreia e gosto muito de estudar, gosto muito da escola e das disciplinas todas. Só tive uma negativa a Matemática. E a minha cor preferida é o roxo.” Assim já pudemos entrar no mundo das cores. Era lindo, eu estava encantada com o que via naquele sítio lindo. Por fim gritei: - Ajudem-me a sair daqui deste lindo sítio… E por fim acordei em Lisboa.

Lara Micaela Campos - 5.º C Ano lectivo 2010/2011

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A MINHA MUDANÇA PARA O 2º CICLO Quando passei do 4º para o 5º ano, senti uma mudança muito brusca. Deixei a escola que me era familiar e passei para uma completamente desconhecida. Deixei os velhos rostos, os percursos habituais até à escola, os jardins perfumados, o recreio onde tantas vezes brincara, auxiliares educativos que já me chamavam a “pulguinha saltitona”, a professora que me ensinara durante quatro anos, e temia deixar também os meus colegas e amigos. Porém, quando cheguei à nova escola, ainda me acompanhavam a maioria dos meus colegas dedicados. A pensar que estávamos todos juntos a passar por esta fase de adaptação,

não

olhei

para

trás

e

segui

em

frente.

Anteriormente, tinha só uma professora para três disciplinas. De repente, já tinha dez professores para dez disciplinas. Eu e os meus amigos fazíamos parte de uma turma multicultural constituída por trinta alunos de múltiplas nacionalidades: portugueses, russos, ucranianos, búlgaros, chineses e ainda outras inúmeras nacionalidades. Não era fácil pertencer a uma turma tão grande, até porque havia muita agitação e confusão. Também era difícil estar numa escola onde eu era novata,

e

onde

havia

alunos

muito

mais

velhos

e

“assustadores”. No entanto, eu estava muito interessada e ávida para aprender tudo quanto os meus professores tinham para me ensinar, independentemente da minha agitada e gigantesca turma. Fui-me habituando a tudo a que esta nova escola me surpreendia: as competições e os concursos, os 16


professores sempre prestáveis, o jornal da escola onde apareciam textos maravilhosos que me faziam inveja e, tantas outras coisas a que perdi a conta na lista interminável a que posso chamar, “Mínimos Pormenores desta Escola que me Surpreendem”. Com o cérebro repleto de gramática, contas, reis e rainhas, desenhos, futebol, sistemas do corpo humano e muitos books, passei para o 6º ano. A turma que me esperava era praticamente a mesma, só que tinha menos alunos e era mais

simples

e

calma

apesar

de

ainda

ter

muita

multiculturalidade. Como aluna, mantive-me igual, só que agora estava mais aperfeiçoada e mais habituada aos professores e aos horários. A única surpresa que me aguardava no final desse ano lectivo, eram as provas de aferição.

Com

tranquilidade,

tirei

um

A

em

Língua

Portuguesa e um B em Matemática. Sabia que o que tinha aprendido era um bocadinho do bocadão que tinha que aprender no futuro. Assim, passei para o 7º ano e neste ano pretendo continuar a ser a mesma, excepto na inteligência que espero que aumente. Só que agora vejo as pessoas desta escola como a minha família e considero a própria escola a minha casa.

Sónia Darmendra Guiga - 8ºC Ano lectivo 2009/2010

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O Casamento Triste

Cá fora a Noite escurecia devagar pois não queria dar de caras com as trevas tão rapidamente. A Manhã fazia desaparecer o Sol no horizonte do lago do parque, o vento trazia as auroras boreais do Árctico, a Neve dançava pelo parque inteiro de modo a fazer esculturas de enfeite. No outro lado do parque, para além do lago, estava o Gato Malhado com os seus bigodes murchos e os olhos ainda mais pardos, a sonhar com a Sinhá, triste por ela ir casar com aquele hipócrita Rouxinol. O casamento ia decorrer dentro dum palácio grande e muito romântico de casca de árvore, produzido pelo Pica-Pau. Já lá dentro encontravam-se os pais da Andorinha a decorar o altar e o resto do palácio: fitas vermelhas passavam por entre as fitas brancas fazendo lacinhos, as cortinas realizadas pelas seis aranhas voavam presas às janelas, a mesa do jantar encontrava-se no piso de cima, decoradas com brilhantes vermelhos que reluziam, e velas que brilhavam mostrando a sua rica beleza. O altar, a parte mais importante do palácio, tinha dois sofás onde os noivos se iam sentar, brancos, com manchas vermelhas, pois tinham sido feitos pela Vaca Mocha. O chão estava decorado de pétalas de rosas que a galinha Carijó trouxera no dia anterior. Encontrava-se ainda uma grande passadeira vermelha desde a porta até ao altar, por onde a triste Andorinha iria passar.

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Presente na festa estava a Vaca Mocha que ia vestida com apenas um soutien da Zara a segurar os seus seios e o Sapo Cururu que vinha armado em bom, como se fosse o maior, somente com uma grande enciclopédia. O Papagaio, que ia unicamente com um laço feito de folhas de Jaqueira, o Pombo e a Pomba agarradinhos, ambos com óculos de sol, a pomba com uns em estrela e o pombo com um modelo em 3D. O Cachorro e a Cadela discutiam livremente já que não tiveram tempo para arranjar nenhum fato. O Pato preto e a Pata branca vinham com uma gravata feita de caruma de pinheiro e ela com um vestido feito de algas do lago. As Árvores, as Flores e a Terra apareceram mas com muita pressa, pois não podiam demorar muito uma vez que tinham de tomar conta dos seus filhos. Os pais da Andorinha apresentavam-se com naturalidade pois a sua beleza era indiscutível. A Andorinha ia vestida com um vestido feito pelas aranhas e com alguns adornos e o Rouxinol vinha com um fato preto que o Papagaio lhe tinha arranjado na paróquia. O casamento decorreu de forma agradável para todos, excepto para a Andorinha e o Gato que acabou por morrer numa terrível luta com a Cobra-cascavel!

Carolina e Hemaxi - 8º B Ano lectivo 2010/2011

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AMOR IMPOSSÍVEL Parque, 22-03-2009 Querido Gato Malhado, Hoje regressei à suave brisa do parque, apenas para te ver. Tenho que admitir que já não é a primeira vez que tal cena acontece. A atracção que sinto por ti já vem de algum tempo atrás, quando tu ainda corrias na relva fresca e doce, ao ritmo do vento, enquanto os teus bigodes esvoaçavam pelo ar. Jamais tive coragem para te falar deste sentimento mudo que há tanto tempo tenho guardado no meu coração. Não tive a noção deste acontecimento. Ai, foi tudo tão de repente! Nunca aconteceu nada entre nós, graças a esse teu coração duro e frio. Sempre que tinhas aquelas tuas “paixonetas”, de pouca duração, eu começava a abrir os olhos. Começava a perceber que não entendias nada do verdadeiro amor. Reparei que ultimamente tens andado de olho na jovem andorinha Sinhá. Apercebi-me que sentes algo por ela, pela carinhosa maneira como tu a olhas. Fico triste por saber que esse teu sentimento tão belo se aplica à Andorinha e não a mim. Mas, mesmo assim, nunca quis desistir. Sei que nunca mostrei grande interesse por ti, mas foi tudo graças à minha timidez. Acho que agi bastante mal, pois

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quando não estava, sentia imensa saudade, e quando estava, não mostrava interesse nem lutava para te conquistar. Ó Gato Malhado, tudo em ti me encanta. Esses teus olhos pardos, esses teus bigodes sem fim e esse teu pêlo sedoso e malhado deixam – me acreditar na existência da perfeição. Eu sou a Primavera. Aquela que te oferece o sol para poderes aquecer o teu dorso, aquela que te proporciona o mais belo perfume das variadas flores, aquela que te deixa realmente feliz. É na minha própria estação que finalmente consigo ver esse teu doce e enorme sorriso, que me deixa no sétimo céu. Contudo, espero que percebas o meu lado. Espero que não te venhas a afastar de mim por causa deste meu desabafo. Escrevo-te esta carta, apenas para te informar que o sentimento mais lindo e mais verdadeiro que existe é o amor. Amor foi o que eu vi em ti. Da apaixonada, Primavera Sónia Guiga - 8º B Ano lectivo 2009/2010

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O CASAMENTO DA PEQUENA ANDORINHA A manhã pairava levemente pelo ar e as árvores rebolavam de alegria. Estava um dia brilhante; o dia do casamento

da

Andorinha

Sinhá

com

o

Rouxinol.

Os

preparativos para a grande festa estavam quase terminados e os pais da andorinha ajudavam generosamente para que o casamento decorresse da melhor maneira. O grande salão estava do mais requintado que podia existir, com grandes mesas redondas para vários convidados. O salão estava coberto por um manto enorme cor-de-pérola e por compridos cortinados

com

um

padrão

lindíssimo.

As

aranhas

costureiras acabaram finalmente o vestido da Andorinha que estava magnífico e lhe ficava deslumbrante. A pequena Andorinha andava muito atarefada e nervosa pois queria que tudo corresse devidamente bem, embora estivesse um pouco triste pelo facto de o Gato Malhado não poder ir ao seu casamento. Na realidade, com quem ela queria mesmo casar era com o seu Gato, devido à diferença de raças. O dia decorria lentamente e a Andorinha via todos os convidados a chegar menos o seu querido Gato Malhado. Entretanto chegou a hora da refeição e já se fazia noite que, juntamente com o frio e o vento, percorriam as ruas. Os convidados iam vestidos a rigor. Os pais da Andorinha iam muito bem apresentados, os padrinhos da pequena Andorinha, a Pata Branca e o Pato-negro, levavam as alianças de pétalas vermelhas. O reverendo Papagaio e a Vaca Mocha animavam a festa com as suas cantorias pelo 23


que a Andorinha e o Rouxinol dançavam no meio do salão juntamente com os convidados. Já era bem tarde quando os convidados se começavam a ir embora. Tinha sido um dia muito longo e estava toda a gente muito cansada. A Andorinha e o Rouxinol foram de Lua-de-Mel para longe daquele sítio de recordações antigas. Ana Catarina - 8º A Ano lectivo 2009/2010

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UMA CANÇÃO ENTOADA NUM CERTO TOM DE AMOR Este ano o Inverno trouxe companhia consigo! Uma forte paixão que assolou os animais do parque Guaraná é agora notícia. A sua celebração será recebida por numerosos convidados, (são estimados cerca de quatrocentos oriundos dos locais mais remotos da Terra) que esperançosos, aguardam pela união matrimonial do Rouxinol com a Andorinha Sinhá. O casamento será celebrado no dia sete. O local definido e debaixo da centenária laranjeira, sob a bênção do padre Urubu. Pelas 15:00 encontra-se planeado um breve convívio junto à margem da cachoeira Cachu. A cerimónia terminará com um copo-de-água aprimorado num salão extremamente célebre. Diversidade, qualidade e originalidade, constituem o cardápio instaurado pela Velha Coruja. Esta revela-nos que foram

necessários

determinadas

diversos

iguarias,

esforços

dando

o

para

exemplo

encontrar

das

ostras,

capturadas na profundidade do Atlântico. O matrimónio visa finalmente oficializar o amor que une estas duas aves. Após um moroso processo de audições, a Pomba Branca foi a feliz contemplada com o cargo de interpretar

uma

oração

musical,

encerrando

assim

a

cerimónia. A escolha da laranjeira e da data não é alheia à ocasião. Segundo os anciãos, a árvore expressa um significado de pureza e virgindade, pretendendo validar a fidelidade da Andorinha

devida

ao

seu

esposo.

A

data

por

outra 25


perspectiva, visa fomentar positividade, dado que o número sete é encarado como o algarismo da sorte. A lua-de-mel está marcada para um retiro exótico da floresta amazónica e assegura dar espaço e descanso aos noivos durante uma semana. NOTA: A cobertura do evento será brevemente publicada e promete revelar todos os detalhes deste matrimónio.

Ana Catarina Carvalho - 8ºA Ano lectivo 2009/2010

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O CASAMENTO PERFEITO Ontem, por volta das 16:30h, celebrou-se o casamento da famosa Andorinha Sinhá e do garanhão Rouxinol. A igreja estava cheia de convidados e com muitos efeitos no seu interior e exterior. O casal, que se dirigiu para a igreja de trotineta, chegou com um ligeiro atraso. A noiva trazia um longo vestido branco e uns sapatos de diamantes, e o noivo vestia um blazer preto e sapatos igualmente pretos. Depois da cerimónia e do copo de água, os noivos vão em lua-de-mel para o Brasil.

Natacha Lume - 8ºA Ano lectivo 2009/2010

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O CASAMENTO TRISTE Cá fora a Noite escurecia devagar pois não queria dar de caras com as trevas tão rapidamente. A Manhã fazia desaparecer o Sol no horizonte do lago do parque, o vento trazia as auroras boreais do Árctico, a Neve dançava pelo parque inteiro de modo a fazer esculturas de enfeite. No outro lado do parque, para além do lago, estava o Gato Malhado, com os seus bigodes murchos e os olhos ainda mais pardos, a sonhar com a Sinhá, mas por outro lado triste por ela ir casar com aquele hipócrita Rouxinol. O casamento ia decorrer dentro dum palácio de casca de árvore, produzido pelo Pica-Pau, grande e muito romântico. Já lá dentro, encontravam-se os pais da Andorinha a decorar o altar e o resto do palácio: fitas vermelhas passavam por entre as fitas brancas fazendo lacinhos, as cortinas realizadas pelas seis aranhas voavam presas às janelas, a mesa do jantar encontrava-se no piso de cima, decoradas com brilhantes vermelhos que reluziam e velas que brilhavam mostrando a sua rica beleza. O altar, a parte mais importante do palácio, tinha dois sofás onde os noivos se iam sentar, brancos com manchas vermelhas pois tinham sido feitos pela Vaca Mocha. O chão estava decorado de pétalas de rosas que a galinha Carijó trouxera no dia anterior, e a finalizar, encontrava-se uma grande passadeira vermelha que ia desde a porta até ao altar, por onde a triste Andorinha iria passar. Encontravam-se na festa a Vaca Mocha que ia vestida apenas com um soutien da Zara a segurar os seus seios, o 28


Sapo Cururu que vinha armado em bom, como se fosse o maior, apenas com uma grande enciclopédia sobre o matrimónio, o Papagaio que ia unicamente com um laço feito de folhas de Jaqueira, o Pombo e a Pomba agarradinhos, iam ambos com óculos de sol. O Cachorro e a Cadela discutiam livremente já que não tiveram tempo para arranjar nenhum fato, o Pato preto e a Pata branca vinham com uma gravata feita de caruma de pinheiro e um vestido feito de algas do lago respectivamente. As Árvores, as Flores e a Terra vieram mas com muita pressa pois não podiam demorar muito uma vez que tinham de tomar conta dos seus filhos. A Andorinha ia vestida com um vestido feito pelas aranhas e com alguns adornos e o Rouxinol vinha com um fato preto que o Papagaio lhe tinha arranjado na paróquia. O casamento decorreu agradavelmente para todos, excepto para a Andorinha e o Gato que acabou por morrer numa terrível luta com a Cobra-cascavel!

Carolina e Hemaxi - 8ºB Ano lectivo 2009/2010

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Fortaleza, 22 de Março de 1935 Prezado Gato Malhado Espero que possas ler esta carta de amor recheada de alegria, luz e cores. Esta carta tem um valor muito essencial para mim e espero que ao lê-la te apercebas do quanto gosto de ti. Aquilo que tenho para te dizer, são umas quantas palavras desta apaixonada Primavera. Não és aquilo que dizem e pareces ser, pois dentro de ti vejo uma personalidade gentil, carinhosa e amável. Não importa o que os outros dizem, uma vez que eles não te conhecem da mesma forma que eu te conheço. Eu desejo-te ter tal como és. Não tens de mudar nada. Para mim, és um gato com um coração dócil. Não só os teus olhos pardos, feios e maus reflectem generosidade como também o teu corpanzil forte e leve. Gosto de ti desde as 1935 primaveras passadas. O primeiro olhar para ti foi como o renascer da juventude. És terno como o perfume das primeiras flores, fresco como o ar que paira por cima dos apaixonados. Com esta carta, espero que te apercebas deste meu grande amor por ti, pois sei que não posso exigir o amor de ninguém, apenas posso dar boas razões para gostarem de mim Sempre tua admiradora Primavera Comal e Dariana - 8ºB Ano lectivo 2009/2010 30


A Percorrer o Mundo, 20 de Junho de 1986 Meu doce Malhadinho, O sol emerge no longínquo horizonte trespassando a sua luz pelas inúmeras colinas, iluminando vales sombrios apagados pelas Trevas. Rejuvenesce diariamente as pétalas de mil girassóis que iniciam uma roda incessante ao seu passar. Sacodem-se as últimas gotas de orvalho na orla das folhas, essas pintadas de verde radiante. A cada minuto, um ser é revigorado e renasce um novo sabor que lhe dá alento à vida. Esta carta é somente uma mera colectânea de frases apaixonadas que se abrem e que me concedem minimamente o direito de amar. O verdadeiro sentimento, esse sim, habita no meu coração, e só tu o podes explorar. Ao vigésimo dia de Março fui contemplada com esta energia. Pela manhã, sobrevoei o parque e o meu olhar foi atraído. Atraído para uma fonte de luz manchada de partículas pretas contrastantes. Perante aquela visão, senti necessidade de amplificar a intensidade da luz, fertilizar ainda mais a actividade vegetal e convocar o arco-íris sob a curvatura do céu. Os teus olhos pardos descomunais fitaramme e corei. Um gato com os braços estirados, reluzindo não só vivacidade como também empatia, vislumbrava. Porém, agora, após todo o meu esforço e dedicação para te satisfazer, julgas-me invisível, moves-te impassível, num certo tom de indiferença. Não foste capaz de reconhecê-lo, 31


fustigando-me a alma. O interesse fora completamente desviado por uma andorinha que se limita a criticar as tuas acções. Porém, o que nutro por ti vence tudo aquilo que me magoa. Estou consciente da realidade, estudei as tuas virtudes (uma lista ínfima) e sei de cor os teus defeitos. Uns dizem

intratável,

eu

prefiro

peculiar.

Outros

referem

arrogante, eu opto por afectuoso. As correntes cederam e finalmente me sinto apta para revelar os meus sentimentos. A minha paixão pelo teu ser transborda a minha mente de tal modo que é impossível contê-la, pois uma grandessíssima inundação provocaria. Ficaria desorientada, sem rumo, perdida nos confins do desespero. A

paixão

abraça

as

leis

da

natureza

que

espontaneamente ocorre. Sem horário definido, sem aviso, sem precaução nem cura, carente de quaisquer prenúncios de danos sentimentais, sensível a atitudes mais desonestas… Com muito afecto, Primavera

Ana Carvalho - 8ºA Ano lectivo 2009/2010

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Carta do Gato Malhado para os pais da Andorinha Sinhá Cabeças de cima, 23 de Março de 1956 Caríssimos senhores: Venho por este meio dizer-vos que a vossa filha está bem. Aliás, está óptima. Está com a pessoa de quem realmente gosta e com quem quer ficar. Não vou exigir resgate por ela nem nada parecido. Apenas vos quero dizer que nunca mais nos vão ver a não ser que nos deixem casar um com o outro. Estamos num sítio onde não nos vão encontrar. Apenas vos digo isto: Estamos mais perto do que podem imaginar. Escusam de perguntar aos animais do parque pois nenhum deles sabe do nosso paradeiro. Se vos consola dizer-vos, ela está sempre a pensar em vocês a toda a hora. Está muito preocupada com a vossa situação e a vossa preocupação. Ela está bem, está linda como sempre, alegre e apesar de tudo, muito bem disposta. Quando lerem esta carta, peço-vos que não a mostrem a ninguém, principalmente a ninguém do parque, porque se eu souber que vocês disseram alguma coisa é dessa que nós fugimos e nunca mais nos põem a vista em cima. Para a trazer de volta, não quero só casar-me com ela, quero uma bonita cerimónia com a minha família incluída na lista de convidados. Não quero ninguém do parque na festa para além do Sapo Cururu e da Coruja. Para além disso, não quero o reverendo Papagaio como anfitrião da cerimónia. Se 33


tiverem alguma coisa a dizer, escrevam para a seguinte morada: “ Rua da Betesga “ nº 34 - 1ª porta. Para finalizar, quero apenas dizer-vos que darei um óptimo esposo e genro e espero que vocês também dêem bons sogros e me aceitem tal como sou e como a vossa filha gosta. Muitos cumprimentos do vosso futuro genro. Gato Malhado Gonçalo Ribeiro - 8º A Ano lectivo 2009/2010

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Lisboa, 14 de Fevereiro de 2010 Meus queridos sogros: Como sabem, raptei a vossa filha e têm que me prometer que me deixam ficar com ela. Sei que este é um amor impossível para vocês mas eu gosto muito dela. Por isso, fui eu que anulei o casamento com o Rouxinol pondo o vento a soprar sucessivamente e o tempo a chover torrencialmente. Ela está segura num descampado comigo, num sítio onde nada nem ninguém nos vai encontrar. Para vocês a receberem de volta, têm de me prometer que não contam nada a ninguém. Duma coisa podem ter a certeza: ela está em boas mãos e nunca a tratarão mal, pois o meu amor por ela nunca o vai deixar. Contra tudo e contra todos, marcaremos na mesma o nosso casamento para muito breve. Se porventura mudarem de ideias, teremos muito gosto em acertar os pormenores do nosso casamento. Com os meus cumprimentos, Gato Malhado Natacha Lume e David Santos - 8ºA Ano lectivo 2009/2010

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Lisboa, 04 de Junho de 2009. Meu Querido Gato Malhado. Escrevo-te esta carta para te dizer que gosto muito de ti embora saiba que não gostas da Primavera por causa das flores. Não sei por onde começar mas aqui vai: eu gosto muito de ti porque és um Gato Malhado muito bonito, charmoso, elegante e muito mais. Se disser tudo, nunca mais saio daqui. Espero que um dia venhas a gostar de mim tal como eu gosto de ti. Sem ti, já não sou a mesma Primavera, pois as flores murcham e o sol não fica radiante. Por mais que os animais do parque falem mal de ti e tenham medo de ti, eu mesmo assim gosto de ti e nada nem ninguém consegue mudar o que sinto por ti. És o Gato Malhado mais simpático que conheço. E assim me declaro. Um beijo grande da tua amada Primavera. Com muitos abraços, da sempre tua, Primavera Dariana – 8º B Ano lectivo 2009/2010

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TEATRO D. MARIA O que há de melhor? 8º B e 9º E juntos, Sob uma onda de calor. Entrámos no Teatro E a festa começou, Vimos o Pingas com meio copo, E logo bêbado ficou. De seguida, uma voz se ouviu: Era o Ponto a anunciar A peça que ali surgiu. Nos adereços pegámos, que por ali estavam espalhados, era nossa missão entregá-los onde deviam ficar guardados. De adereços na mão Chegámos ao primeiro andar E subiu à boca, o coração Ao ouvirmos uma histérica a gritar. Era uma tal Delfina De cintura fina, fina Que mais parecia cantar. E logo se foi embora Coitadinha, estava a desesperar. Perdera-se da hora! Fomos avançando 38


Sempre do Ponto acompanhados, Lindas histórias fomos ouvindo E ficando reconfortados! Mas o mal chegou, Algo de mau foi dito Soubemos então do incêndio Com que o Teatro foi destruído. E foi lá no salão nobre Que nos recebeu Garrett! Com a sua voz grave Que respeito mete Relatou com alma Sua razão de viver: Salvar o nosso teatro Fazer o teatro reviver. Recordaram ainda outras actrizes Que ali, entre luzes e cores, Tornaram tão felizes Outros, ou os seus amores.

Rosana Pontes - 8º B Ano lectivo 2009/2010

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POEMA NUMÉRICO 1 é necessário 2 não fica atrás 3 é ao contrário 4 o que se faz? 5 dá a resposta 6 assim ajuda 7 nele aposta 8, Caluda! 9 é o contrário 10 não complica 11 o necessário 12 é a obliqua.

Hugo Moreira 7ºB Ano lectivo 2009/2010

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RECEITA PARA FAZER UM AMIGO 100g de amor Mais 70g de honestidade Dão para dar e vender A nossa amizade 60g de confiança E 50 de lealdade Só tu e eu compreendemos Que é assim a amizade 90g de respeito 70g de solidariedade E assim fica o bolo feito E assim sinto a amizade.

Hugo - 7ºB Ano lectivo 2009/2010

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RECEITA PARA FAZER UM AMIGO… É fácil fazer um amigo. Uma das vantagens é que pode ser um abrigo Junte uma colher enorme de amor (Uma dica é retirar o rancor) Com litros e litros de lealdade E assim se dá o começo de uma amizade Para sempre, é a duração da receita. Sem mentiras nem jogo sujo, está a receita feita.

Ivânia - 7º B Ano lectivo 2009/2010

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RECEITA PARA FAZER UM AMIGO Tempo de preparação: Rápido Custo: Não há pagamento Grau de dificuldade: Fácil Ingredientes: Amor, honestidade, confiança, lealdade, respeito e solidariedade 200g de confiança 200g de honestidade Faz-se uma aliança Para uma grande amizade. Com a chave do diário Guarde bem os segredos São de uso culinário E não se contam pelos dedos. Para finalizar a receita 100g de confiança vou precisar E mais 2 colheres de amor Para o meu amigo respeitar Assim é só servir Está pronto a aplicar O truque de culinária Para um amigo encontrar. Isabel, 7ºB Ano lectivo 2009/2010 43


O MUNDO DOS NÚMEROS 1 Sino 2 Igrejas 3 Canções 4 Queixas 5 Amigos 6 Saudades 7 Abraços 8 Amizades 9 Carinhos 10 Corações 11 Beijinhos 12 Emoções 13 É o número para terminar. Do mundo dos números não me posso queixar!

Rosana Pontes - 7ºB Ano lectivo 2009/2010

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RECEITA PARA FAZER UM AMIGO Se quero um amigo 200 gramas de amor tenho que dar Se quero um amigo 5 ml de honestidade nรฃo podem faltar Se quero um amigo Confianรงa irei juntar Se quero um amigo Lealdade e respeito terei de adicionar E se com solidariedade tudo polvilhar No fim, ficarei com um amigo E poderei brincar.

Rosana Pontes - 7ยบB Ano lectivo 2009/2010

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RECEITA PARA FAZER UM AMIGO Se quer preparar um amigo, É preciso de 10 ml de honestidade, 100 g de lealdade, 50 g de solidariedade. Junte uma pepita de amor, E um pó de respeito, E tudo ficará perfeito. Junte um pingo de confiança, Para que fique com segurança.

Mupepe - 7ºB Ano lectivo 2009/2010

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A MINHA AUTOBIOGRAFIA

Chamo-me

Catarina,

tenho

13

anos,

nasci

na

maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, no dia 13 de Julho de 1997, pelas 10 horas e 20 minutos, com 3 quilos e 340 gramas e 52 cm de altura. Fui a primeira neta e sobrinha da família. Quando era bebé, não me achavam parecida com ninguém da minha família. Hoje em dia, quase todas as pessoas afirmam que sou parecida com o meu pai, e no feitio também. A minha personalidade e maneira de ver a vida é igual à da minha tia e madrinha, algo de que me orgulho. Até aos 2 anos, vivi na Rua Capitão Roby. Depois os meus pais decidiram mudar-se para a casa onde vivo actualmente, que se situa na Calçada da Picheleira. Aos 2 anos entrei para o Colégio O Pelicano, onde passei grandes momentos e encontrei muitos amigos com quem ainda hoje tenho contacto. Saí do colégio quando passei para o 5ºano. Mudei-me para a Escola E B 2, 3 das Olaias, que ainda frequento, e onde é tudo diferente, pois existem mais disciplinas

mais

professores

e

temos

de

ser

mais

responsáveis. Gosto da zona onde vivo, pois fica perto dos meus amigos e da minha escola. Sou uma adolescente normal, com olhos verdes e cabelos castanhos. Actualmente, gosto de ir para a escola com os meus amigos. Quando for grande, o meu desejo é vir a ser

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psicóloga ou advogada porque ambas as profissões ajudam as pessoas. Tenho um sonho, que irei tentar concretizar: ir a Nova Iorque, a cidade que nunca dorme e onde os prédios são muito, muito altos. Tenho muitos colegas e poucos amigos. Aqueles que estão sempre connosco, que nos apoiam nas decisões certas até às mais erradas, os que gostam de mim pelo que sou, que me conhecem, são poucos. Nos últimos 4 meses, posso dizer que têm sido os mais felizes, pois tenho tido a oportunidade de presenciar o crescimento do meu primo Rafael.

Catarina Girão - 8ºC Ano lectivo 2010/2011

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AUTOBIOGRAFIA

Chamo-me Sónia Guiga e nasci no dia 18 de Agosto de 1997, na maternidade de S. Sebastião de Pedreira às 11:00 horas da noite. Quando nasci, tinha olhos e cabelos pretos tal como agora. Era um bebé pequenino e chorava muito, logo não foi preciso o médico dar-me uma palmada no traseiro. O meu pai chama-se Darmendra Guiga e a minha mãe chama-se Crina Maugi. Tenho uma irmã que se chama Tânia e que tem actualmente 8 anos. O meu pai é um bocado casmurro e resmungão porém, para compensar, a minha mãe é meiga e amável. Já a minha irmã tem dias em que é muito doce e outros em que é insuportável. Moro na Avenida François Mitterrand que se situa no Bairro do Armador e estudo na Escola E B 2,3 das Olaias. Tenho uma estatura inferior à indicada para a minha idade e possuo cabelos pretos ligeiramente ondulados que herdei do meu pai, pois ele tem os cabelos encaracolados. Os meus olhos são de um castanho muito escuro e por vezes não sei se são castanhos-escuros ou pretos. Gosto muito de ler, é um vício que herdei dos meus tios. Quando for mais velha quero exercer a profissão de médica, pois é uma profissão onde se ganha muito dinheiro e onde posso ser útil. Sónia Guiga - 8º C Ano lectivo 2010/2011

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AUTOBIOGRAFIA

Chamo-me Vítor Aires e nasci às 20.30h do dia 17 de Abril de 1997. Era gorducho, pesava 3,4 kg e nasci na melhor maternidade do país, a maternidade Alfredo da Costa. Tenho os olhos como a minha mãe, o cabelo como o meu avô falecido e as orelhas como o meu pai. A minha família é pequena, mas muito divertida. Tenho duas avós, três tios, três tias, quatro primos e, como óbvio, uma mãe e um pai. Toda a família da parte paterna, é baixa e gordinha, mas a da parte materna é alta e magra, excepto eu que sou baixo. A minha avó paterna chama-se Teresa, tem sensivelmente 60 anos e é muito amiga do seu neto. Tenho também duas tias que se chamam Maria João e Carina, muito brincalhonas. Os meus tios têm o mesmo nome, Luís e são, sem dúvida, muito divertidos. Finalmente, da parte paterna, tenho dois primos, a Mafalda e o Leonardo, com 11 e 6 anos respectivamente e com quem me divirto muito. Da parte materna tenho uma avó que se chama Vitaliana e que me criou desde bebé, a minha tia que se chama Cristina e que me defende sempre, o meu tio Nelson e os meus primos reguilas, o Hugo e o Pedro, com 22 e 16 anos respectivamente. Gosto de morar no meu bairro porque apesar dos problemas que tem é simpático e todos se conhecem. A minha infância foi também muito boa. Frequentei o externato S.Francisco até aos 3 anos, onde fui muito bem cuidado, de 51


seguida fui para o jardim de infância da escola 28 (actual escola Eng. Duarte Pacheco), e permaneci lá até à 4ª Classe. Entretanto, fui para a escola E B 2,3 das Olaias que frequento desde o 5º ano. Gosto de ouvir música, fazer “Tai Chi”, mas sobretudo dançar. Já recebi muitas medalhas e muitos troféus mas os prémios que me deram mais prazer foi o prémio de Campeão Nacional e Vice-Campeão Europeu. Espero que a minha vida corra muito bem e que continue a fazer as coisas que mais gosto na vida!!! Vítor Aires – 8º C Ano lectivo 2010/2011

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AUTOBIOGRAFIA Chamo-me Iara Fernandes de Sena e sou brasileira. Amo o meu nome porque no Brasil, esse nome é de uma Sereia, que dizem ser a “mãe das águas” e envolve uma lenda. Nasci numa cidade não muito grande e no interior do Brasil, Gurupi, que fica no antigo estado de Góais. Sou filha de Raimundo Nonato Fernandes de Sousa e Dilma Santana de Sena. Tenho um irmão mais novo que eu um ano. Nasci no dia 21 de Janeiro na maternidade Santa Catarina e quando tinha apenas nove messes de idade comecei a andar. Tenho uma família enorme, espalhada por todo o Brasil que se conheceu há uns 7 anos atrás, só. Infelizmente, não tive a oportunidade de conhece-los a todos como queria pois há seis anos, quando tinha nove anos de idade eu e os meus pais mudamo-nos para Portugal. Mas tenho plena certeza que terei a oportunidade de conhece-los um dia. Mudamo-nos para a capital de Portugal, onde tencionava continuar o quarto ano, na escolha primária da actor vale, mas por lei, obrigaram-me a repetir esse ano sem ter reprovado é essa a razão por estar atrasada um ano, pois hoje com quinze anos continuo no oitavo ano na escola básica do 2º e 3º ciclo das Olaias; mas odeio profundamente alguns alunos, ao contrário que de outros gosto mesmo muito. Hoje, sei mais ou menos como a vida é traiçoeira, aprendi isso com o meu pai, com quem pareço-me muito fisicamente e psicologicamente. Iara Sena – 8º A Ano lectivo 2010/2011 53


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O REGRESSO

Sentei-me numa cadeira e por uns momentos fechei os olhos e tentei recordar tudo da minha vida. Recordei como fugi de Vig, como enfrentei o mar, como o meu pai se opôs à minha vida de marinheiro, como embarquei no navio Angus, um cargueiro inglês que passou por Vig. Depois de o capitão do barco me ter batido, fugi de novo e fui parar a uma cidade onde havia casas de granito, os carros carregados de pipas de vinho, onde conheci Hoyle, um inglês que vivera e a ainda vivia naquela cidade chamada Porto. Ele ajudou-me na adaptação. No princípio fui o seu empregado e quando faleceu, fiquei com todos os seus negócios. Fiquei muito rico, fartei-me de mandar cartas para Vig, para que o meu pai me perdoasse, mas a minha mãe respondia-me dizendo para eu nunca mais voltar a Vig. No Porto conheci uma mulher que me deu cinco filhos, e desses filhos nasceram muitos netos. Depois de toda a minha riqueza, dos meus negócios, do homem importante que sou, ainda tinha um sonho para realizar: regressar a Vig. Agora que passaram 40 anos, estou de olhos abertos sentado na minha cadeira, na minha casa situada na ilha de Vig.

Anatoly - 8º B Ano lectivo 2010/2011 55


AS MEMÓRIAS Tenho 54 anos de idade e posso finalmente voltar à minha querida ilha. Ainda me imagino na minha cama, na casinha no meio da floresta, longe do mar. E por mais incrível que pareça, quando fecho os olhos, consigo ouvir as ondas a bater nas rochas. Quando aqui cheguei com a minha família, ao pisar a areia, o meu coração disparou e senti uma sensação péssima. Ao atravessarmos a floresta para chegarmos a casa dos meus pais, recordei a época em que eu e a minha irmã brincávamos ali, e quando mentia aos meus pais dizendo que ia brincar com ela e ia apreciar a grandiosidade do mar e a sua beleza oculta. Pergunto-me o que será feito dela! Avisto a casa e sei que estou prestes a descobrir a resposta à pergunta que me deixa tão inquieto. Reparei que havia luzes acesas, apressei o passo e a curiosidade está a ponto de matar-me. Bati à porta e um senhor de meia idade, com bom aspecto e ar muito simpático, veio abri-la. Perguntei pelos meus pais e pela minha irmã e ele, entusiasmado, solicitou-me que entrasse e me pusesse à vontade. Disse também que a casa era minha, e explicou-me que a sua esposa não se encontrava porque estava a trabalhar, mas que não tardaria a chegar. Calculei logo que ele era o meu cunhado. Atrevo-me novamente a perguntar pelo meu velho pai. Reparei na sua expressão de desgosto e culpa. Pergunto-lhe como aconteceu e ele explicame como sucedeu tão terrível tragédia. Conta que alguns 56


meses depois de a minha mãe falecer, se suicidou. A notícia chocou-me. Pergunto-me se seria eu o responsável… Ou teria sido por causa da solidão?… Entretanto a minha irmã chega a casa. Espantada, corre na minha direcção e abraça-me. Emocionada, diz que sente muito. Fiquei instalado durante algum tempo em sua casa e isso permitiu-me conhecer o meu cunhado e os meus dois sobrinhos. Decidi que nunca mais deixarei Vig. Talvez se nunca tivesse deixado a ilha, o meu pai ainda estivesse vivo, e possivelmente voltaria a amar o mar novamente. Mas parece que a minha desobediência também me encaminhou para a mulher da minha vida. Sem ela, não seria quem sou. Iara Sena - 8ºA Ano lectivo 2010/2011

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DE VOLTA A VIG Quando cheguei a Vig, fui para casa do meu pai, Sören. Estava vazia e calma, os móveis estavam tapados com lençóis brancos; destapei a poltrona onde o meu pai se sentava e estava cheia de pó, mas ainda sentia um cheiro que pertencia ao meu pai. Sentei-me na poltrona e, de repente, fechei os olhos e fiz uma viagem ao passado. O mais curioso era que quase todos os acontecimentos e memórias do passado, passaram-se em Vig, nesta casa. Lembrei-me do primeiro Natal em Vig, com toda a minha família, lembrei-me dos presentes e das canções que foram cantadas, também me lembrei do meu aniversário, um dos melhores que celebrei. Mas na minha viagem ao passado surgiu-me um acontecimento, que deixara uma marca para toda a minha vida: a morte do meu filho Sören. Foi tão chocante, mas a vida continua. Lembrei-me da torre que tinha, não muito longe da minha casa. Mandei que ali fosse construída para observar os navios. Depois acordei da minha viagem ao passado e pensei: tive bons e maus momentos, e tive pessoas que gostaram de mim e se morrer hoje ou amanhã morrerei feliz. Mupepe Petronelle - 8ºB Ano lectivo 2010/2011

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Porto, 17 de Dezembro de 1995 Querido diário: Fugi do navio Angus. Depois do capitão me ter chicoteado daquela maneira, passei a ter medo dele. Sentiame injustiçado. Afinal o que fizera de tão mal? Limitei - me a divertir os meus companheiros. Mas obviamente, o capitão Angus não pensava assim. Era um homem terrível e cruel. Sentia um ódio tão grande por ele, que esse sentimento não me deixou pensar com clareza. Fugi, e nem pensei duas vezes nas consequências que teria de arcar. Refugiei-me na cidade onde o navio tinha atracado. Quando vi a cidade pela primeira vez, ainda no navio, parecera-me muito bela. Como um comité de boas-vindas, havia um arco de gaivotas. O rio era esverdeado e turvo onde pareciam flutuar imagens. À esquerda, viam-se casas, cada uma com a sua cor: branco, amarelo e vermelho, que se misturavam com os negros granitos. A cidade parecia-me sem saber como, antiga, muito antiga. Parecia-me possuir muitas memórias e recordações. Parecia-me mágica devido ao facto de todos os vidros das janelas estarem a luzir. Era agitada e inquieta. Havia ecos, vultos, gritos, reflexos de luzes no rio. Era

plenamente

hipnotizante.

Logo

que

vi

a

cidade,

apaixonei-me por ela completa e irremediavelmente. Todavia, agora que estou sozinho e quase sem nada, a cidade parece-me sombria e perigosa. As pessoas passavam por mim, gesticulando e falando numa língua que me era completamente desconhecida. Tudo era diferente: os cheiros, 59


as vozes, os rostos, a luz, os locais, as ruas, as igrejas, os jardins. Eu possuía só um pequeno saco, com os poucos pertences que trouxera de Vig. Através de verdes grades de ferro, observei os jardins sussurrantes e com enormes arvores. As igrejas desta cidade bela e ao mesmo tempo sombria, não eram claras e frias como as de Vig. Estas igrejas eram de azulejo doiradas e na penumbra, os rostos das figuras

sorriam-lhe,

e

incompreensivelmente

pareciam

conhecer-me. Acabei por passar as noites mornas, nos degraus de uma escada, nos bancos do jardim público. E assim andei por lá solitariamente, durante quatro dias. Suportei estes quatro dias com a esperança de que acontecesse um milagre, que encontrasse uma solução, algo ou alguém que me ajudasse. Tentei ser forte, enquanto por dentro me sentia destroçado. Contudo, ao quinto dia, reconheci o meu erro: ter fugido de Vig. Chorei e gritei, solucei e pedi a Deus que me ajudasse. Foi neste momento, o mais desgraçado da minha vida, que um homem inglês chamado Hoyle, me encontrou. Ajudou-me e tratou de mim. Até amanhã, diário. Hans. Sónia Guiga - 8º C Ano lectivo 2010/2011

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AS MEMÓRIAS DO REGRESSO

Tinha consciência de que já estava a viver os últimos minutos da minha longa vida. Foi nesses últimos momentos que me lembrei do meu tão desejado regresso a Vig. Recordome desse dia com muita nitidez, quase como se tivesse acontecido hoje. Foi um dos melhores dias da minha vida. Regressei a Vig passados quarenta anos após a minha fuga. Nesses quarenta anos cresci, aprendi e mudei muito. No entanto Vig permanecia tal e qual como estava no dia em que fugi. Estava um belo e quente dia de Agosto. O céu estava azul, repleto de brancas nuvens de algodão. Passava uma leve brisa que me despenteava os cabelos. Inalei o perfume da minha terra e enchi os pulmões desse cheiro maravilhoso. Era um perfume doce e suave que matava as saudades. Depois de todas as viagens que já realizara, tinha visto muitas

cidades

e

vilas

bonitas,

porém,

nenhuma

se

comparava a Vig. A paisagem era de uma tal beleza que nenhuma palavra a conseguia descrever justamente. Revi as casas com o lintel baixo e a floresta densa que escondia o interior de Vig, onde se encontrava a minha antiga casa. Comigo levava Ana, a minha mulher. Quando lhe contei que iria regressar a Vig, ela quis vir comigo. Concordei, até porque me faltava a coragem para regressar sozinho. Quando atracámos no porto, várias pessoas acorreram ao cais e me reconheceram. Vi pessoas e rostos conhecidos que tinham envelhecido tal como eu. Soube logo aí que a 61


minha irmã Cristina tinha casado e que tinha tido quatro filhos, dois rapazes e duas raparigas. Disseram-me que lamentavam a morte da minha mãe, e que o meu pai e a minha irmã ficariam muito contentes com o meu regresso. Quanto ao facto de o meu pai ficar contente com o meu regresso, não tinha a certeza, mas mesmo assim sorri e acenei com a cabeça que sim. O primeiro local que visitei foi o promontório. Tinha sido exactamente aí que me tinha apaixonado pelo mar. Permanecia igual. Tal como tinha feito outrora, estendi-me e vi o quanto calmo estava o mar. As águas baloiçavam alegremente e eram um reflexo do meu estado de espírito. Só depois de o observar intensamente, me dirigi para a casa onde morara a minha família. A cada passo que dava, a minha ansiedade aumentava e a minha respiração acelerava. Cheguei finalmente a casa e vi que o meu pai se encontrava na soleira da porta, à minha espera. Estava um bocado curvado, com o cabelo de um branco imaculado, a pele enrugada e profundas rugas marcavam o seu rosto; contudo, os seus olhos brilhavam e a sua boca estava contorcida num sorriso inesperado. Quando ergueu as mãos para me abraçar, reparei outra vez na beleza das suas mãos. Abracei o meu pai, um gesto que nunca tínhamos feito, nem mesmo quando eu era pequeno. - Pensei que nunca me perdoaria. - disse-lhe. - Hans, a tua mãe antes de morrer suplicou-me que quando tu voltasses a Vig, te perdoasse e que te recebesse de braços abertos. Disse-me que deveria olhar somente para a 62


felicidade do meu filho e que deveria deixar a teimosia para trás. Acrescentou que a minha persistência acabaria por destruir os laços que uniam a nossa família e, que se as pessoas perdoassem e dessem segundas oportunidades, haveria muito para viver neste mundo. Depois de ela morrer, reflecti bastante no que me disse e os argumentos que antes me

pareceram

fracos

e

irreais,

agora

pareciam-me

verdadeiros e concretos. Vi que de facto ela tinha razão e aceitei a minha derrota. - explicou o pai. - Significa que me perdoa depois de tudo o que fiz? interroguei. - Sim, perdoou-te. - afirmou ele. - Obrigado, pai. - agradeci eu. - De nada, meu filho, de nada. - repetiu ele. E assim foi. O meu maior desejo concretizou-se. O meu regresso foi um sucesso e o arrependimento que antes sentira por ter fugido, desvaneceu-se. Fechei os olhos, pensando que ainda me aguardavam muitos desafios. Sónia Darmendra Guiga - 8º C Ano lectivo 2010/2011

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Página de um Diário 7/12/2010 Bem, agora já não sou marinheiro, sou apenas mais uma pessoa no meio de tantas outras numa cidade que não conheço. Um marinheiro tem de ter coragem, e aguentar a pressão do mar, mas eu nem o meu capitão consegui aguentar. Estou arrependido, fugi e agora sinto que deixei de lutar pelo que era o meu maior e verdadeiro sonho de menino. Conheço o mar como as palmas da minha mão e agora nem sei onde estou. Aqui, tudo é diferente de Vig. Nas primeiras noites que passei aqui, dormi nos degraus de uma escada. Tive quatro dias sem conviver com ninguém. Finalmente, ao fim de cinco dias nesta cidade desconhecida, Hoyle que é um senhor que me recebeu de braços abertos em sua casa, veio ao meu encontro pois eu estava perdido e a chorar. Hoyle, apesar de viver aqui há trinta anos, nunca se habituou à cidade, apenas ao clima e aos vinhos. De resto, ele fazia questão que tudo fosse inglês: os amigos, os jornais e até mesmo a comida. Hoyle trata-me bem, e até já conheço um pouco desta pequena cidade que tem imensos jardins. Aqui as mulheres andam descalças e carregam cestos de areia. É uma cidade agradável, mas tenho saudades de Vig, dos meus pais, que neste momento não me querem ver de novo pela humilhação que lhes causei.

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Continuo a sonhar que um dia irei ser capitão de um navio, e esse é sem dúvida, o meu principal desejo. Para Hoyle, eu sou como um filho adoptivo, e tudo o que ele me pede para fazer eu faço também como forma de pagamento por me ter acolhido. Tenho sonhado com Vig. Apesar de todo o conforto e da companhia de Hoyle, não me habituei a esta cidade estrangeira. Catarina Girão - 8º C Ano lectivo 2010/2011

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VIAGENS

Tenho 54 anos de idade e posso finalmente voltar à minha querida ilha. Ainda me imagino na minha cama, na casinha no meio da floresta, longe do mar e, mas por mais incrível que pareça, quando fecho os olhos, ainda consigo ouvir as ondas a bater nas rochas. Quando aqui cheguei com a minha família, ao pisar a areia, o meu coração disparou e senti uma sensação péssima. Ao atravessarmos a floresta para chegarmos a casa dos meus pais, veio-me á ideia a época em que eu e a minha irmã brincávamos ali e quando mentia aos meus pais que ia brincar com ela e ia apreciar a grandiosidade do mar e a sua beleza oculta. Pergunto-me o que será feito dela?! Avisto a casa e sei que estou prestes a descobrir a resposta à pergunta que me deixa tão inquieto. Reparei que havia luzes acesas, apressei o passo. A curiosidade estava a ponto de matar-me. Bati à porta e um senhor de meia idade, com bom aspecto e um ar simpático, abriu-ma. Perguntei-lhe pelos meus pais e pela minha irmã e ele, com entusiasmo, convidou-me a entrar. Disse-me para me pôr à vontade porque a casa era minha. Explicou-me que a sua esposa não se encontra, que estava a trabalhar mas não tardaria a chegar. Calculei logo que ele era o meu cunhado. Atrevo-me novamente a perguntar pelo meu velho pai e reparei na sua expressão desgostoso. Pergunto-lhe como aconteceu e ele explica-me como se sucedeu terrível 66


tragédia, conta que alguns meses depois de a mãe falecer o meu pai se suicidou. A notícia chocou-me, pergunto-me se seria eu o responsável… Ou teria sido apenas por causa da solidão?… Entretanto a minha irmã chega a casa. Espantada, corre na minha direcção e abraça-me emocionada. Fiquei instalado durante algum tempo na sua casa o que me permitiu conhecer o meu cunhado e os meus dois sobrinhos. Decidi que nunca mais deixarei Vig, mas gostaria que o meu pai nunca tivesse posto fim à vida tão cedo e daquela forma. De novo penso que talvez se nunca tivesse deixado Vig, ainda estaria vivo, e possivelmente voltaria a amar o mar novamente. Mas parece que a minha desobediência me encaminhou para outras pessoas e outros lugares. Sem a mulher da minha vida, não seria quem hoje sou. Sem os lugares por onde passei, não seria quem sou hoje. Sónia Guiga - 8º C Ano lectivo 2010/2011

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O REGRESSO A VIG Quando cheguei a Vig, fui visitar a minha antiga casa. Já lá não estava ninguém, mas nada tinha mudado. Fui até ao círculo de luz, onde tinha tido a última conversa com o meu pai. Foi uma grande emoção para mim. Encontrei a minha irmã já casada, com filhos e feliz ao lado do marido. Estava bem diferente, estava mais crescida. Quando a vi, dei-lhe um grande abraço e chorei de alegria. Infelizmente, os meus pais já tinham morrido. Fiquei com pena, porque nunca mais os tinha visto. Fui ver o mar onde tinham morrido os meus tios, estava cheio de saudades, parece que o tempo tinha parado nestes quarenta anos. Agora que estou reformado e já não posso trabalhar mais, vou ficar aqui em Vig e acabar o resto dos meus dias com os meus filhos, a minha mulher, a minha irmã e todos aqueles que eu deixei há 40 anos. Inês Pimenta - 8º D Ano lectivo 2010/2011

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O REGRESSO Estava

muito

contente,

porque

finalmente

tinha

conseguido voltar à minha terra. Foi maravilhoso. Foi como se eu tivesse voltado a viver. Sentia aquele maravilhoso cheiro do mar, o barulho das ondas.

Reencontrar

os

meus

pais

foi

um

momento

inesquecível. Tinha conseguido o perdão do meu pai. Organizei uma enorme festa, tendo convidado os habitantes

da

ilha.

Mandei

cozinhar

todos

aqueles

cozinhados que há já tanto tempo tinha vontade de comer. A família já estava maior: os meus filhos, os meus netos, todos queriam conhecer Vig. Fizemos uma longa viagem, aproveitando o tempo para relembrar as minhas façanhas. Só me resta agradecer a Deus por sempre me ter acompanhado. Joana Almeida - 8ºD Ano lectivo 2010/2011

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VIG Senti-me feliz, emocionado, diferente, bem comigo mesmo. Senti que não fui só eu a mudar, senti que tudo mudou. Nada era como dantes. Um sonho concretizado e por momentos um alívio também, pois, durante muito tempo, temi não voltar e morrer com esse sentimento de culpa e de arrependimento, medo de que ficasse algo por dizer, algo por fazer. Senti que em toda a minha vida faltou algo. E isso foi provado neste mesmo dia. Faltava-me sentir novamente este aroma a maresia, esta brisa, a terra por debaixo dos meus pés, a ilha, o povo. Era Vig que me faltava e agora posso ter a certeza. A certeza não, mas posso ter a consciência tranquila, pois tentei que nada ficasse por fazer. Agora sim, estou pronto para morrer e ficar perto do meu pai. Momentos que passei, momentos que vivi, que nunca irei esquecer. O que fizeram por mim, a minha fuga para fora da ilha, o desentendimento com o meu pai, o capitão Hoyle, toda a minha riqueza, toda a minha tristeza, a minha alegria, mas acima de tudo a minha experiência de vida. As minhas perdas também fazem parte desta minha viagem interior, assim como, a dura viagem que travei para chegar onde cheguei. João Miranda 8ºE Ano lectivo 2010/2011 70


REGRESSO II Ao fim de quarenta anos, resolvi voltar para Vig. Mesmo sem o perdão do meu pai, pensei que estando perto dele, talvez pudesse reconciliar-me. Assim que cheguei, dirigi-me para casa dele. Já tinha ouvido na cidade que ele andava muito doente e que vivia sozinho desde que a minha mãe morrera. O meu pai recebeume de braços abertos e disse-me que não respondera às cartas, por já não ter tido forças nas mãos. O meu coração encheu-se de alegria, pois finalmente consegui o perdão tão desejado. Conversámos durante várias horas e contei-lhe que já tinha netos e que eram lindos. Pediu-me que trouxesse a minha família para Vig, para os conhecer. Também confessou que sonhava em ser avô. Semanas depois, voltei para casa, levando a minha família. Quando cheguei e dei a notícia, todos ficaram entusiasmados, pois nunca tinham saído da cidade. Certa

noite,

em

alto

mar,

ocorreu

uma

violenta

tempestade. Tentei salvar todos, mas, no meio da confusão, a minha mulher caiu ao mar. Foi um desespero total. Ninguém sabia como seria a nossa vida, pois era ela o nosso suporte. O resto da viagem foi muito triste, ninguém conversou, todos tinham apenas vontade de chorar. Ao chegar a Vig, meu pai ficou muito triste, devido ao sucedido, mas, ao mesmo tempo, muito feliz, pois pôde finalmente conhecer os netos e os bisnetos.

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Decidimos passar o resto das nossas vidas em Vig. Era ali que nos sentíamos felizes. O meu pai morreu três meses depois da nossa chegada. Morreu feliz, pois teve a família toda reunida. Lea Arone 8ºD Ano lectivo 2010/2011

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REGRESSO III

Ao chegar a Vig, senti uma enorme emoção: era como se tivesse voltado aos meus tempos de infância. Senti uma certa sensação no estômago, como se me tivesse apaixonado, como se... Bem, não sei descrever, sei que me senti bem. Senti o cheiro a maresia. Aquele cheiro fez-me lembrar o quanto sonhava com o mar. Como adorava as ondas, como pensava em vir a ser capitão. Sonhava com tempestades, com o sol a pôr-se no horizonte, a tocar o mar. Sonhava com as cores alaranjadas do sol, com a frescura do vento a tocar-me no rosto, em tardes quentes de Verão. Fui aprendendo com a vida que o mar é formoso. Aprendi que é também muito perigoso, pois perdi grandes homens em tempestades. Mesmo assim, o mar continua a ser a minha grande paixão. Tenho tanto para dizer e tão pouco tempo para o fazer, que esta história ficará com um final aberto. Espero ainda um dia poder dizer-vos tudo o que enfrentei. Irei, então, escrever uma outra odisseia...

Ruben Cardoso - 8º D Ano lectivo 2010/2011

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O QUE ACONTECERIA SE O TIGRE RETRATADO NESTE QUADRO SALTASSE CÁ PARA FORA Num lindo dia de sol, as pessoas passeavam pela galeria de arte a admirar os belos quadros, as magníficas esculturas, as imponentes estátuas, as surpreendentes antiguidades e muitas outras coisas que deixavam qualquer um a salivar. Era dia vinte e um de Junho, e havia uma festa de inauguração na galeria. A galeria era um espaço repleto de arte e talento com as paredes revestidas de branco a transmitir muita tranquilidade. No entanto, a arte que mais despertava a curiosidade e o interesse das pessoas era um quadro que tinha retratado uma floresta tropical e um tigre com ar feroz. O quadro parecia tão real que as pessoas ficavam realmente surpreendidas. As primeiras perguntas eram relativas ao autor do quadro. E o gerente da galeria repetia sem cessar a mesma frase: - Foi o Picasso. Um homem cheio de talento e jeito para pintar. Comprei esta maravilha por um milhão de euros e com muita dificuldade. A festa acabou e os visitantes saíam satisfeitos. O gerente olhou à volta, saiu e trancou a porta. Na galeria reinava o silêncio, e quando ninguém esperava, o tigre retratado no quadro salta para fora e como uma flecha desce dois pisos, passa por uma porta disfarçada que ao olhar humano parecia uma parede vulgar. Detrás de umas grades fortíssimas estava Picasso, um pintor muito célebre, dotado de um dom especial para pintar com realismo. Surpreendentemente, o tigre começa a falar a língua humana: - Picasso, já não consigo ver-te mais atrás dessas grades. O que posso fazer por ti? E o Picasso respondeu calmamente, como se fosse natural um tigre saber falar.

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- Nada, meu caro amigo. A culpa de estar aqui preso é toda minha. Não devia ter exibido o meu talento. - Não te culpabilizes, Picasso. O culpado é aquele gerente. Rouba os talentosos e lucra com eles. - replica o tigre. - No entanto isso não resolve o problema. O que aconteceu hoje? - pergunta Picasso. - Houve uma festa de inauguração. As pessoas estavam realmente admiradas com os teus quadros. - E o que estava a fazer o gerente? - interroga o artista. - Andava de um lado para o outro a dar marmelada, e dar uma colher numa ou outra conversa. Sinceramente, quando ele passava pelo meu quadro, só me apetecia cravar as minhas presas no seu pescoço. - relatou o animal ferozmente. - Temos que ter cautela, amigo. Não te esqueças. - avisa Picasso ansiosamente. - Eu sei. No entanto, a paciência não é o meu ponto forte. Sabes, estava aqui a pensar num plano para tirar-te daí e pôr o gerente atrás das grades. Realmente, ele merece ser preso depois de tudo o que fez. - conta o tigre. - E que plano é esse? - questionou Picasso, não conseguindo esconder a curiosidade. - Amanhã, virão alguns empresários, muito importantes segundo o gerente. Querem negociar o teu quadro. E se eu me revelasse, lhes contasse a verdade e te mostrasse aí preso, eles de certeza que ficariam contra o gerente e te libertariam imediatamente. - explica o tigre. - Excelente plano, meu caro. - concordou Picasso. - Muito bem. Amanhã de manhã, a acção começa. - diz o tigre energeticamente. E como sempre, volta para o seu quadro. 76


No dia seguinte, ao primeiro raio de sol, o tigre e o Picasso acordam sentindo a esperança no ar. O gerente entra, verifica se está tudo em ordem e põe-se a praticar os discursos preparados na véspera. Mais tarde chegam os empresários que depois analisam a galeria de uma ponta à outra, guiados pelo gerente. Param à frente do quadro do Picasso, e a primeira reacção é de admiração total tal como já tinha acontecido com as outras pessoas. Logo a seguir põem-se a discutir o preço daquele quadro maravilhoso. Mas de repente, o tigre salta do quadro e começa a rugir. Os empresários e o gerente estavam tão aterrorizados que nem conseguiram mexer um músculo. Para sua surpresa, o tigre começa a falar: - Desculpem assustar-vos, mas era necessário aterrorizar-vos para não fugirem. O que acontece é que este malfeitor prendeu Picasso há dois anos atrás e obrigou-o a fazer quadros para depois expô-los, ganhando muito dinheiro com isso. Só que há limites para tudo. Picasso merece ter uma vida com liberdade, e não atrás das grades. Os empresários acreditaram no tigre, libertaram Picasso e mandaram prender o gerente. O que aconteceu ao Picasso e ao tigre? Ninguém sabe. Sónia Guiga - 7º C Ano lectivo 2009/2010

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1489, CARAVELA VERA CRUZ – BREVE DIÁRIO DE UM RATO A BORDO

Olá! Eu sou um Rato e encontro-me geralmente no porão, da Caravela Vera Cruz onde estão também aprisionados escravos que vão sendo capturados durante as viagens marítimas. Aqui existem aranhas, baratas, entre muitos outros animais, como coelhos, galinhas… que são mortos conforme a necessidade de alimentos da tripulação. Normalmente alimento-me de baratas, aranhas e outros insectos, mas quando estes escasseiam, evidentemente, tenho de recorrer a outro tipo de alimentação, sendo esta os restos de comida que deixam aos escravos e que encontro por sorte, sem ser morto, na cozinha. Supondo que não encontro mais nada, tenho de me sujeitar a comer as fezes que os escravos fazem no chão do porão, por não terem direito a um balde e pincel que só os grumetes e os homens do leme podem usar, visto que só eles têm esse privilégio - balde e pincel privativos. De vez em quando fazemos uma pequena visita aos grumetes, à noite, quando estes acabam de limpar o chão do convés e de deitar ao mar as fezes que transbordam do balde. Comparada à vida destes homens, eu tenho uma vida maravilhosa, sem dúvida! Assim termino este desabafo, meu pequeno diário, a bordo…

Isabel Simões - 8º B (a propósito da visita à Caravela Vera Cruz) Ano lectivo 2010/2011

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ENCONTREI UM CÃO!

Era uma vez … Estou a brincar! Quando andava a passear pelo jardim ouvi uns gemidos, muito baixinhos e aflitos. Dirigi-me até ao arbusto e estava lá um cachorro preso numa armadilha, ferido. Eu tirei a pata dele com muito cuidado para não o magoar mais e peguei-lhe ao colo. Pobre cão, estava todo ferido, sem condições nenhumas! Cheguei a casa, dei-lhe um banho, desinfectei a pata, enrolei-a com uma ligadura e coloquei o cão numa caixa toda furadinha para ele poder respirar. Ia levá-lo ao veterinário. E lá fui eu, devagarinho, sempre de olho no pobre coitado do cachorro! Quando cheguei, pedi urgência. Entrei no consultório e perguntei se ele iria ficar bem. Foi aí que lhe dei o nome de Betty, pois era uma cadelinha de um ou dois anos. A doutora fez-lhe o curativo e disse: Ela, a Betty, vai ficar óptima! Tem que ter cuidado e tratá-la bem! – disse a médica muito séria. - Sim, sim, vou ter todo o cuidado com a Betty! Depois fomos para casa, dei-lhe água e ração para cães bebés, escovei-lhe o pêlo e arranjei-lhe uma caminha para dormir as suas sestas. Passado um mês, voltei ao consultório. A médica estava muito feliz por Betty estar curada e disse:

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- Teve muita sorte, a Betty é uma sortuda, porque se não se tivesse curado não tinha outro remédio senão cortarlhe a perna! - Ai meu Deus, que horror, a minha Betty, pobre coitada, graças a Deus que ela está bem! E foi assim que a minha história com a Betty começou. Hoje somos as melhores amigas. Adoro esta cadela!

Rita Almeida - 7º A Ano lectivo 2010/2011

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Suponha que o Diabo concedia ao fidalgo um último desejo: permitir-lhe que escrevesse uma carta à mulher.

Inferno, 22 de Janeiro 1430. Olá Minha Dama, É com poucas saudades que te escrevo esta carta, esperando que estejas mal de saúde e que o teu novo amante te tenha causado sofrimento. Para falar verdade, nem me apetecia escrever uma carta para ti, mas como tinha uma oportunidade única de voltar a estar em contacto contigo, não hesitei e resolvi escrever esta carta para veres o quanto eu te odeio. Desprezaste-me! E eu que confiava em ti… devias ir para o Inferno…melhor, vou garantir um lugar para ti aqui no Inferno, que é onde estou neste momento! E não tenhas medo nem fiques incrédula! É mesmo realidade: o teu amante, o poderoso D. Anrique, que agora está morto, é o mesmo que te está a escrever esta carta. E do Inferno, acreditas?! Mas repito: não tenhas medo do Inferno! É um sítio muito fogoso, com muitas almas ardentes e muito cheiro a queimado! Admirar-te-ias se visses e sentisses o calor que se sente aqui nesta cidade de fogo maléfico! Por isso, digo-te e repito mais uma coisa: ainda que não acredites, vais pagar pelos teus actos terrenos aqui 82


neste enormíssimo mar de fogo devorador de almas condenadas, sua malvada! E se queres ir para o Paraíso, que é um belíssimo e magnífico lugar, então é só confessares os teus pecados, estares mesmo arrependida e começares a praticar o Bem! Coisa de que não és capaz. Traíste-me com uma pessoa de menos preço e quando morri, ficaste contentíssima. Mas uma dúvida permanece na minha linda cabecinha: aquelas coisas que me dizias eram mesmo verdade ou era tudo mentira? Gostava muito que fosse verdade, que fossem coisas ditas com sentimento e amor. Mas paciência! A crueldade e a maldade fazem parte da tua miserável alma. Sem amor, o teu amante de outrora, o triste e desprezado fidalgo, Dom Anrique P.S: No caso de quereres mandar a resposta a esta carta, é só chamar três vezes e em voz alta pelo Diabo, frente ao espelho, que o mensageiro dele aparece e leva a tua carta.

Mayuri Panchá - 9ºB Ano lectivo 2010/2011

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Paraíso, 32 de Abril de 1900.

Maria,

Escrevo-te esta carta a fim de te informar que me encontro muito feliz, apesar de estar morto, pois como fui muito boa pessoa na vida terrena, mereci ir para o Paraíso. No entanto, nunca mais te vou ver pois o Diabo disse-me que irás para o Inferno, (Terra Sem-Sabor). O Diabo contou-me que o teu choro era falso, era um choro de alegria. As tuas lástimas eram lástimas que tua mãe te ensinou. Fingiste que estavas a sofrer, porém eu estava a morrer e tu já estavas a divertir-te com o teu amante. Traísteme e continuas a trair, logo o teu destino nunca poderá ser o Paraíso. Paraíso, Paraíso, mereço eu! Homem nobre e com muito boa prática religiosa! Não há homem com tal prestígio. No batel divinal viajei, ao Paraíso cheguei. Não percebo! Por que é que me traíste? Eu que nunca pensei em ter uma amante, visto que é um pecado à luz da Igreja. E tu que tinhas um amante? Realmente, não entendo! Como foste capaz? O que é que faltava em mim? Pensei que tinha sido um bom marido, todavia neste momento tenho a certeza que estava enganado. Como é que preferiste outro? Como Maria? Espero que tenhas lido esta carta e que me escrevas pela última vez… Do teu marido, Henrique P.S. – Espero pela tua resposta…!

Mayuri - 9º B Ano lectivo 2010/2011 84


Imagine o requerimento que o Onzeneiro dirige ao senhor Provedor da Justiça a solicitar que o deixe voltar ao mundo dos vivos para ir buscar o dinheiro que por direito lhe pertence.

28 de Janeiro de 1905.

Exmo. Senhor Provedor da Justiça, Eu

Pedro

Silva,

onzeneiro,

portador

do

cartão

nº3011199620, morador na Rua Vergílio Freire, lote 748, 5ºesquerdo, freguesia de Marvila, venho por este meio solicitar que me autorize a voltar à vida terrena a fim de ir buscar o dinheiro que lá deixei e que por direito me pertence. Sem esse dinheiro, o Anjo não permite que eu embarque no batel divinal e me dirija ao Paraíso. Pede deferimento, 28 de Janeiro de 1905

Hemaxi Narotamo - 9ºB Ano lectivo 2010/2011

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Biografia imaginária do Sapateiro

José António Rodrigues, nascido a 29 de Fevereiro de 1477 na

cidade

de

Barcelos,

é

um

homem

Português

principalmente direccionado para a área da Sapataria. Casou-se em 1496, com uma Senhora da nobreza de nome Josefina Andrade. Participou na obra de Gil Vicente (Auto da barca do inferno) em 1517. É conhecido por fazer lindos sapatos, a troco de muito dinheiro. Em 1522 fundou a Sapataria Cristal, em Barcelos, e em 1524 abriu outra em Lisboa. Por volta de 1530, já era uma marca em expansão a nível mundial, onde já tinha fundado lojas em Madrid, Barcelona, Sevilha, Bruxelas, Paris, Roterdão, Amesterdão entre outros. 1531 foi um ano marcante na sua vida, pois perdeu a sua esposa num acidente de carro. Morreu em 1533, na cidade de Lisboa de doença prolongada. Deixou dois filhos herdeiros, José e António Rodrigues que repartirão a sua fortuna entre bens e negócios.

Nélson Leite - 9º A Ano lectivo 2010/2011

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O Depoimento Declaro que na vida terrena o meu Senhor Dom Anrique não teve um comportamento digno de um fidalgo, devido a atitudes que teve perante as classes não privilegiadas. Creio que o meu senhor não merece ir para o Paraíso. O meu amo, que conheço desde que nasci, viveu uma vida de prazer, marcada por inúmeros pecados. Infelizmente, tenho pena de ter sido seu pajem mas tinha de trabalhar para me sustentar. Quando as pessoas do povo vinham a sua casa pedir ajuda para resolver problemas agrícolas ou outros, ele desprezava-os deixando o pobre povo desesperado. Traiu a sua mulher com uma amante. Coitada da mulher que já não conseguia suportar o romance do esposo com uma outra moça. Nem conseguiu salvar o seu casamento por muito que quisesse. Fez com que uma família que pertencia ao povo, uma família paupérrima que não tinha pão para comer nem seque roupa confortável para vestir, tivesse sair do seu lar só porque o Senhor Dom Anrique queria construir nesse terreno um clube de equitação. Era uma pessoa que não dava valor às pessoas de outra classe social inferior à sua. Muitas vezes eu não recebia salário porque o fidalgo gastava-o a jogar poker com os seus amigos. São estes os meus argumentos contra o nobre fidalgo D. Henrique, que está a ser julgado. Comal Givan - 9ºB Ano lectivo 2010/2011 87


O requerimento Ex.mo Senhor Provedor da Justiça

Chamo-me António Matos, exerci na vida terrena uma profissão designada Onzeneiro. Venho por este meio solicitar que me deixe voltar ao mundo dos vivos para ir buscar o dinheiro que me pertence, uma vez que alguns dos meus clientes não me pagaram. E visto que o Anjo, aquele senhor que é proprietário do barco do Paraíso, não me deixou entrar porque não tinha dinheiro. Esperarei pela sua resposta muito em breve

Pede deferimento, Lisboa, 4 de Janeiro de 2010

Comal Givan - 9ºB Ano lectivo 2010/2011

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