Livro Umuaraminha Novas e Antigas Descobertas

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Umuaraminha

Novas e Antigas Descobertas

MEIRE TEZA MARCOS VAZ

Umuaraminha c

Novas e Antigas Descobertas

SÉRIE A ALMA DE UMUARAMA É A LITERATURA

VOLUME 5

Umuarama-PR, outono de 2025.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) T e z a , M e i r e U

2 5 -

para catálogo sistemático:

B i b l i o t e c á r i a - C R B 8 / 8 4 1 5

Texto Meire Teza Revisão

Kátia Sirlene Azevedo

Amanda Azevedo Doenea

Direção de arte e edição Marcos Vaz

Ilustração e cores

Fotos Meire Teza

Foto Marcos Vaz

Código de Barras

Rodrigo Faccio

Arquivo Pessoal

Luci Lemes

Câmara Brasileira do Livro

Impressão e acabamento Patras

Copyright © 1990/2025 - Meire Teza/Marcos Vaz Produções - Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc., nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização dos autores. Os personagens da Turma do Umuaraminha são criações do cartunista Marcos Vaz, proprietário dos direitos autorais.

Gata Preta Editora/Marcos Vaz Produções Fone: (44) 3622-7774 - Umuarama-PR email: cartunistamarcosvaz@hotmail.com site: www.marcosvaz.com.br | issuu.com/marcosvaz

Oi! Olha eu aqui de novo, lembram-se de mim? Sou o curumim Umuaraminha, da tribo indígena Xetá. Fiquei conhecido como contador de histórias e convido vocês a fazer uma pequena viagem pela História de Umuarama comigo. Eu sou o representante oficial da cidade, vocês sabiam? Pois é, desde 1990. O que talvez vocês não saibam é que eu posso viajar no tempo, graças ao meu vaga-lume mágico de estimação. Você vem comigo? A Meire veio!

– Plim! Fez o vaga-lume sobre mim! E lá fui eu, para a década de 1970. Com a cidade crescendo, as famílias chegando e o comércio evoluindo, acabei fazendo várias descobertas, as quais aqui vou narrar.

Havia sido construída uma linda igreja, a Igreja Matriz, cujas quermesses eram fartas de doces como paçoca, maria-mole, pé de moleque, algodão-doce e coração de abóbora. Ali também havia um parque instalado na praça, onde hoje fica a biblioteca da Unipar e o anfiteatro Neiva Pavan Machado. Sim, ali já foi uma praça.

Na praça, vendia-se a Sodinha, um refrigerante que todas as crianças amavam tomar e que, ao beber, senti cócegas no nariz por causa das borbulhas.

A paróquia São Francisco de Assis era composta pelos freis capuchinhos. Frei Clemente fazia jus ao nome e acolhia a todos com carinho e bondade.

A Igreja era linda e todos os finais de semana as missas eram disputadíssimas, tanto pelos cidadãos como pelas crianças que eram coroinhas do padre.

Eu adorei ver como as quermesses aconteciam, assim como todas as crianças da cidade daquela época, que hoje são adultos e pais ou mesmo avós de muitos de vocês que estão lendo esta história.

A MISSA E SEUS MISTÉRIOS

Em todas as missas a Igreja lotava e em reverência ao padre todos aguardavam. Em uma dessas missas em que o silêncio reinava, de repente, ouve-se um PUUUUMalto, muito alto!

O espanto foi geral, nesse momento, vi a Zoli, irmã da Meire, olhar para ela e dizer em alto e bom tom: – Creeeedo, Meireee!!!

Todos olharam ao mesmo tempo, tapando o nariz devido ao PUM fedorento e com olhar desaprovador, em silêncio a Igreja ficou. Mas eu, que tudo observava, sabia de onde o PUMsaltara, não era da pobre Meire que ajoelhada estava, e sim da própria Zoli, que de tão envergonhada, nem da missa mais participava e de cabeça baixa, no banco permaneceu sentada.

Quando a missa terminou todos se retiraram, mas a irmã da Meire ficou, ficou, ficou...

Enquanto todos não se foram, ela do banco não se levantou, deixando claro, assim, que aquele que mente e trapaceia não consegue fingir para sempre. A verdade sempre aparece. E o PUUUUMna Igreja, até hoje é comentado. Que vexame, hein, Zoli???

A EDUCAÇÃO DAS FREIRAS

Um dos colégios mais chiques era o Colégio São José, também conhecido como “Coleginho das Irmãs”, que era administrado pelas freiras, onde somente as crianças das famílias mais abastadas podiam estudar.

O uniforme era lindo, vi a Meire lá na frente muitas vezes sorrindo, como que querendo entender por que as crianças passavam tantas horas ali a aprender. E, então, ela entendeu que aquela escola era feita para a elite, que queria seus filhos educar bem. Era um colégio muito rígido, que hoje já não existe mais, as crianças que ali estudavam e aprendiam, recebiam uma educação tradicional.

Nos desfiles cívicos da cidade, a escola triunfava com suas crianças e uniformes, em um desfile impecável e cheio de magia. Eu sempre assistia e até alguns amigos fazia, pois um indiozinho como eu, era uma atração para eles, e disso eu sabia.

OS ESPORTES E AS CRIANÇAS

Umuarama progredia e eu sempre feliz estava, pois as crianças se desenvolviam e adepta ao esporte a cidade se tornava. Tinha em nossa cidade o time de handebol feminino, que pelo saudoso professor Amário* era treinado. Um time vitorioso que marcou época e fez história, deixando saudade. A equipe outros times vencia e, nos jogos estudantis, sempre em alta se mantinha.

*Professor Amário Vieira da Costa (1951-1988) foi um dedicado e exemplar professor de educação física que faz parte da história de Umuarama. Seu nome foi dado ao principal ginásio de esportes da cidade, como homenagem póstuma.

Havia também, no Gigante da Baixada**, o TIGRÃO: um time de futebol profissional que a todos encantava. O estádio era palco de grandes disputas travadas, onde jogadores e treinadores a camisa suavam.

*Estádio de futebol LúcioPipino

O esporte era praticado por toda comunidade estudantil e os colégios municipais e estaduais vários times formavam.

O professor Amário e a jogadora Luciene preparavam as equipes para os jogos estudantis, além de treinar a equipe de futebol, para os campeonatos estaduais e nacionais.

Vendo tudo isso, pude perceber que o esporte era mais incentivado do que hoje em dia. Não entendo por quê. Esporte, lazer e cultura, isso sim é uma grande jogada.

A CIDADE E OS SÍTIOS

Para toda a garotada, os sítios e seus rios eram alegria garantida, pois nesses momentos de prazer, risadas e gargalhadas eram sempre sortidas.

A garotada partia para os sítios, passear e ter momento de lazer, andar com os pés no chão e comer frutas no pé. Mexerica, jabuticaba, amora e carambola. Em um desses passeios, uma vaca brava atrás da molecada correu e uma criança que em árvore não subia, atrás de uma árvore se escondeu. Os outros na árvore subiram e da vaca se livraram, só vi uma menina que na árvore não subiu e o medo a afligiu.

Ela estava tremendo, tremendo enquanto corria. E a vaca tentava pegá-la. Meu Deus! Que agonia! Os que na árvore estavam, mangas verdes na vaca jogavam, e de tanto levar mangada, a vaca desencorajaram.

Depois que a vaca se foi, todos ao rio se atiraram. Muito se divertiram e brincaram e da menina que não subia em árvore, sarro tiraram. Eu de longe observava e pensativo ficava: Como pode essa criança na árvore não subir? Se para nós curumins é tão fácil na natureza se divertir?

ANIVERSÁRIO DA CIDADE E DESFILES

Outro grande momento do ano, antigamente, era o aniversário da cidade, quando todas as escolas e grupos, de um lindo desfile participavam.

As escolas todos os anos suas fanfarras ensaiavam e durante muitos meses as crianças se esmeravam. Havia muitas fanfarras, mas, a dos Desbravadores da Escola Adventista se sobressaía.

Todos os desbravadores seus belos uniformes vestiam e seus instrumentos tocavam.

Todos os participantes que na fanfarra muito aprendiam, sentiam enorme orgulho de nela participar e quando chegava o dia do desfile a cidade toda, bem cedo, começava a acordar.

A Avenida Paraná cheia de gente ficava e de ambos os lados da rua o povo se aglomerava. Quando os grupos organizados a avenida desciam, eram ovacionados pelo público que muitas palmas batiam. E todos cheios de orgulho o Hino Nacional cantavam.

O PROGRESSO AVANÇANDO

Os dias foram passando, a cidade crescendo e nós, crianças de hoje, vemos o futuro acontecendo. Antigamente, as lojas eram muito modernas – até mais do que as que hoje existem – como a Hermes Macedo, que foi a maior loja de departamentos que já houve em Umuarama. Sem contar a Riachuelo, uma enorme loja de roupas que teve a primeira escada rolante da cidade – até hoje não houve outra igual – nela, uma vez a Meire caiu e no chão o bumbum bateu.

A Faculdade (Fafiu*) hoje Universidade é. Sentado na escada da Igreja me peguei a pensar e refletir, até que de repente, a Meire ao meu lado sentou a sorrir: – O que pensa tanto, Umuaraminha?

– Em como a vida e a cidade mudaram. Antes nas ruas quase não havia carros e as ruas eram cheias de crianças brincando de betes, queimada, vôlei e futebol – respondi.

*Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Umuarama

Então continuei: – As ruas eram fechadas para que as crianças brincassem, e eu pegava carona com elas. Descer a Avenida Rolândia de carrinho de rolimã era uma aventura sem igual. Ir à Serraria Aratimbó para passar a pinguela que ficava atrás, ao lado do Harmonia Clube de Campo, para pegar argila no rio ou matinhos secos para montar os Presépios de Natal, também fez parte da infância de muita gente.

Hoje as crianças não sabem mais o que é tradição, poder sair e brincar, ver as carrocinhas nas ruas a transitar. Agora são horas no computador, tempo gasto a jogar.

Tudo é feito às pressas e o tempo só vive a encurtar.

– Como você acha que as crianças deveriam viver? – indagou Meire.

– Ah! Ter mais tempo de lazer. Brincar com os amigos e os pais.

Olhar mais nos olhos dos amigos e atividades físicas praticar.

A Meire sorriu e ao me beijar, despediu-se e pôs-se a andar.

APRENDER COM O PASSADO PARA CONSTRUIR O FUTURO

Plim! Fez novamente o vaga-lume sobre mim! E lá fui eu, de volta ao ano de 2018.

Cá estava eu, de volta aos dias de hoje. Fazer essa viagem no tempo para conhecer um pouco da história da cidade foi uma aventura fascinante – que eu quero repetir. Mais legal foi saber que a Meire cresceu, tornou-se professora, pedagoga e até escritora!

O que de mais importante aprendi nesta aventura é que aquela felicidade dos tempos de outrora me fará mais feliz quando eu souber que em minha cidade as crianças resgataram os valores daqueles tempos: dar valor à saúde, aos momentos de lazer ao ar livre com os amigos e familiares e fazer, de fato, jus à fama de “Capital da Amizade”, um lugar onde todos possam juntos: brincar, estudar e socializar.

ArquivoPessoal

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Desde seus primeiros passos na trajetória profissional, Rosimeire TezaMeire Teza - demonstrou uma paixão inabalável pelo conhecimento e pela transmissão de saberes. Formada em Pedagogia pela Faculdade Global, classe de 2011, ela iniciou sua carreira na Escola Adventista de Umuarama, onde trabalhou em 2011 e 2012. Seu compromisso com o desenvolvimento dos alunos era evidente, e se destacava por sua forma inovadora de ensinar, sempre incentivando os estudantes a questionarem, explorarem e descobrirem o mundo ao seu redor. Após esse período, Rosimeire deu continuidade à sua trajetória no ensino particular, de 2012 a 2023, como Neuropsicopedagoga, auxiliando escolas e faculdades a promoverem a inclusão de alunos com necessidades especiais. Ao longo desses anos, ela marcou profundamente a vida de seus alunos, colegas e de toda a comunidade, mostrando uma sensibilidade única para reconhecer e valorizar o potencial de cada indivíduo. Sua postura ética, aliada a um profundo amor pela educação, fez com que ela se tornasse uma referência não apenas para os profissionais da área, mas também para todos que acreditam na força transformadora do ensino. E a dedicação de Meire Teza à educação estava intrinsicamente ligada à sua paixão pela literatura. Em sua página no Facebook ela deixou um legado de crônicas.

O cartunista Marcos Vaz é primo em primeiro grau da escritora Meire Teza. Filho dos mineiros José Francisco e Juracy Rita, foi criado em Umuarama, para onde os pais se mudaram pouco depois de ele comemorar seu primeiro aniversário. Em 1986 criou o personagem Umuaraminha, dentro da turma do Brilhante, personagens baseados nos seus amigos de infância. Anos mais tarde, Umuaraminha se tornaria Símbolo Oficial de Umuarama, ao ser incluído na Lei Orgânica de 1990. No final de 1992, mudou-se para Curitiba, onde sua carreira foi impulsionada com o lançamento dos personagens Curitibinha (1993), Paranazinho e Brasilzinho (1997). Residiu na capital paranaense por 18 anos, até retornar à terra natal em 2010. Tornou-se cartunista, editor, arte-educador e fundou o Instituto Brasilzinho. Seus gibis, livros e jornais institucionais somam mais de 20 milhões de exemplares, distribuídos em todo o Brasil e exterior.

Em 2011, a Cartilha do Direito Internacional do Trabalho em quadrinhos, produzida pelo artista, foi lançada na sede da ONU para a Europa (Genebra, Suíça), nos idiomas inglês, espanhol, francês e português. Em 2012 lançou um gibi bilíngue (português e japonês) do Brasilzinho, por intermédio do Rotary Internacional, em Tóquio e mais 12 cidades do Japão. Em 2017 voltou a produzir os gibis do Curitibinha e em 2018 recebeu o título de Cidadão Honorário de Umuarama, com o qual foi agraciado em 1995.

Luci Lemes

SÉRIE A ALMA DE UMUARAMA É A LITERATURA

Novas e Antigas Descobertas

SÉRIE

A

ALMA

DE UMUARAMA É A LITERATURA

A cidade de Umuarama tem como símbolo oficial um personagem de história em quadrinhos, o Umuaraminha, criado por Marcos Vaz. Segundo o dicionário, símbolo é a imagem que representa e encerra a significação de ideias e acontecimentos. Esse personagem mora nas revistas e nos livros onde são apresentados os quadrinhos. Umuaraminha é um índio Xetá, representante da etnia que habitava esta região antes da colonização. Hoje, existem pouquíssimos representantes desse grupo entre nós, infelizmente.

A mensagem desse típico personagem é lembrar que Umuarama é um lugar que foi criado para ser bom. Um lugar em que deve ser respeitada sua natureza e aqueles que nela vivem, pois uma cidade é feita para cuidar de quem mora nela. Mas o Umuaraminha, antes de nos dizer algo, é na sua essência um personagem de literatura. O que quer dizer isso? Que para encontrá-lo, há de se compreender desenho (imagem) e escrita (texto) que são partes essenciais de uma história em quadrinhos.

Logo, a vocação desta cidade é tornar a leitura acessível a todos os seus habitantes. Pois só sendo leitor para entender a alma de Umuarama.

Quem lê, constrói melhor a sua história e da sua terra.

Irma Lovato

Professora

Foi a partir de um diálogo entre a professora Irma Lovato e o cartunista Marcos Vaz, quando ela fez esta leitura do personagem, que o artista teve a ideia de criar esta série de livros.

Meire Teza: Uma Vida Dedicada à Educação e à Literatura

A dedicação de Meire Teza à educação sempre esteve ligada à literatura, não apenas como um registro de ideias e sentimentos, mas sim como um espelho que reflete o potencial de cada leitor. Sua trajetória se enriqueceu com a influência de seu pai, Adolfo Teza, pioneiro em Umuarama, cuja coragem e visão foram fundamentais para a formação de seus filhos. O lançamento deste livro é, portanto, muito mais do que um feito literário, uma homenagem póstuma e o reconhecimento de um ciclo de amor e dedicação à cultura e à educação. Para aqueles que tiveram o privilégio de conhecer a educadora, a imagem de Rosimeire Teza permanece viva, através de sua jornada inspiradora.

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