memórias da nossa terra
António Reis Marques
Pescadores e Marítimos S
esimbra foi, durante sécu los, famosa por ser terra de homens do mar. Homens conhecidos como pescadores e marítimos, os quais, ainda que tivessem origem comum, exerciam actividades ou pro fissões diferenciadas que ti veram a maior relevância na economia local. Marítimo tem aqui o sen tido genérico de homem do mar, podendo ser ou não pes cador, uma vez que era cor rente a mobilidade profissio nal dado o carácter aleatório das pescas ou a sazonalidade de algumas das suas artes. A chamada cédula maríti ma, que era um título de
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habilitação dos profissionais da pesca, pois nunca houve cédula de pescador, servia também para qualificar to dos aqueles que tinham qual quer outra ocupação no mar, sendo até idênticas as con dições exigidas para a sua obtenção. No contexto das pescas se simbrenses, por marítimos eram designados os homens que tripulavam as embarca ções de transporte de pesca do e tráfego de mercadorias, porquanto, à grande capa cidade produtiva das várias modalidades piscatórias te ria de estar associada a da condução do peixe até aos
grandes mercados consumi dores do país, particular mente o de Lisboa. Importa sublinhar que nes se tempo, da navegação à vela, as grandes vias de co municação eram as estra das do mar e, naturalmen te, os principais meios de transporte eram os barcos que, em Sesimbra, tinham re levância na chamada “canoa da picada” utilizada, no seu regresso, como veículo de mercadorias destinadas ge ralmente ao comércio local. Depois da implantação da República, uma pequena rua situada no extremo Poente da vila, junto ao ribeiro da