Revista Sesimbr’Acontece nº 47

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memórias da nossa terra

António Reis Marques

Pescadores e Marítimos S

esimbra foi, durante sécu­ los, famosa por ser terra de homens do mar. Homens conhecidos como pescadores e marítimos, os quais, ainda que tivessem origem comum, exerciam actividades ou pro­ fissões diferenciadas que ti­­­ ve­ram a maior relevância na economia local. Marítimo tem aqui o sen­ tido genérico de homem do mar, podendo ser ou não pes­ cador, uma vez que era cor­ rente a mobilidade profissio­ nal dado o carácter aleatório das pescas ou a sazonalidade de algumas das suas artes. A chamada cédula maríti­ ma, que era um título de

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ha­­­­­bilitação dos profissionais da pesca, pois nunca houve cédula de pescador, servia também para qualificar to­­­ dos aqueles que tinham qual­ quer outra ocupação no mar, sendo até idênticas as con­ dições exigidas para a sua obtenção. No contexto das pescas se­­­ simbrenses, por marítimos eram designados os homens que tripulavam as embarca­ ções de transporte de pesca­ do e tráfego de mercadorias, porquanto, à grande capa­ cidade produtiva das várias modalidades piscatórias te­­ ria de estar associada a da condução do peixe até aos

grandes mercados consumi­ dores do país, particular­ mente o de Lisboa. Importa sublinhar que nes­­­­­­­­ se tempo, da navegação à ve­­la, as grandes vias de co­­­ municação eram as estra­ das do mar e, naturalmen­ te, os principais meios de trans­­porte eram os barcos que, em Sesimbra, tinham re­­­ le­vân­­cia na chamada “ca­­noa da picada” utilizada, no seu regresso, como veículo de mer­cadorias destinadas ge­­­ ral­mente ao comércio local. Depois da implantação da República, uma pequena rua situada no extremo Poente da vila, junto ao ribeiro da


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