Cultura Crítica 12
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RM Pastiche Crônicas de Noel Rosa I
Cultura, política e modernidade em Noel Rosa
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Antonio Pedro Tota
N
o plano estético, Noel de Medeiros Rosa, ou simplesmente Noel, foi um dos que livrou o samba do ritmo amaxixado, dando-lhe uma pontuação mais elaborada e em sintonia com o processo de urbanização. No plano das representações, sua obra pode ser um adequado instrumento para se pensar o paradoxo tradicional/moderno em nosso país. Por exemplo, quando o cinema falado tomava o lugar do mudo, Noel compôs, em 1932, “São coisas nossas”, uma clara referência ao primeiro filme falado brasileiro, Coisas nossas (Catani e Souza, 1983). A letra do samba revela a tensão entre o moderno e o tradicional, num quase lamento pelo processo de urbanização da sociedade brasileira: Queria ser pandeiro prá sentir o dia inteiro a tua mão na minha pele a batucar Saudade do violão e da palhoça Coisa nossa... coisa nossa.