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3.3 As Assemblages
from “É fantástico, virou Hollywood isso aqui” – Os processos artísticos pós-modernos nos carnavais de Pa
3.3 As Assemblages
Cada objeto, uma história pra contar
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Vivo a aventura de outra vez eternizar
Tijuca, coleciona na Avenida
Emoções pra toda vida
Um tesouro singular121
Outro conceito artístico das alegorias de Paulo Barros são as assemblages. Para melhor compreendê-las, primeiro faz se necessário conceitualizá-las, para tal, apresenta-se a definição de Jorge Glusberg:
Em 1912, os cubistas fizeram colagens com materiais tais como: papéis, areia, panos, cartas e envelopes. Os futuristas. Dadaístas e surrealistas usaram colagens em contextos diferentes.(...) O passo seguinte foi a assemblage (encaixes), nos meados dos anos cinquenta, quando New York foi aceita como capital da arte de vanguarda. Esta técnica produz uma pintura composta inteiramente de materiais não tradicionais, dispostos de tal forma que dão à obra altos e baixos relevos. A assemblage pode ser descrita como a mais elaborada forma de collage. Não é mais somente uma técnica de suporte ao processo criativo, mas sim o ato artístico em si, eliminando-se o pictórico. (GLUSBERG, 2013, p.27)
O carnavalesco em seu livro dá a sua definição da técnica:
Buscando fazer a diferença, eu faço carros-conceito. Alegorias de fuscas, de panelas, de plantas naturais, de cartas de baralho. Isso chama-se assemblage, que significa pegar o mesmo material e reunir de uma forma única. É o “conceito de material”. Muitas imagens são registros da vida cotidiana, só que descontextualizados. (BARROS, 2013, .p..75)
Inúmeros são os exemplos desse tipo de técnica em suas alegorias, desde a coroa de latas de tintas da Tuiuti, em 2003. Cabe introduzir mais dois exemplos marcantes. O primeiro é do ano de 2005, na Unidos da Tijuca. Em uma alegoria que representava o país de “Oz”, a escultura e o carro foram cobertos de 2 mil panelas. (figura 28) O livro Abre-alas a definia da seguinte forma:
121 “Vou juntando o que eu quiser, minha mania vale ouro. Sou Tijuca, trago a arte colecionando o meu tesouro”
Unidos da Tijuca 2008. Compositores: Julio Alves, Sereno, Paulo Rios e Beto Lima.
Um pouco como Dom Quixote, as crianças dão vida a tudo e todos, os elementos da natureza ganham significados diferentes. Para elas, podem existir monstros nas sombras ou animais que falam. Na alegoria, um Homem de Lata confeccionado com 12.000 utensílios de cozinha representa o Mundo de Oz. (LIESA, 2005 a; p. 171)
Figura 28- Imagem da alegoria onde pode se notar a escultura que representava o personagem “homem de lata” forrada de panelas.122
Ainda sobre esta alegoria, a carnavalesca e comentarias Maria Augusta comenta durante a transmissão do desfile oficial124 , que
isso é uma linguagem profundamente atual, do terceiro milênio. Há vários artistas no mundo trabalhando com esse tipo de proposta, de trazer o material do cotidiano para se transformar em objeto de arte dentro do conceito de modernidade... O carnaval do Paulo é uma instalação de arte.
A próxima alegoria apresentada, é uma das preferidas pelo carnavalesco, que em seu livro afirma:
O “Fuscão preto” (figura 29) fugia de qualquer padrão, de todo conceito de carnaval. Não tinha espelhos nem 10 centímetros de paetê, nenhuma referência carnavalesca. Era o objeto falando do objeto. Esse carro, por mim, estaria intacto e guardado até hoje como uma instalação artística. Talvez tenha sido uma das minhas maiores alegrias ao criar uma alegoria. (BARROS, 2013. p.150)
A alegoria era descrita com as seguintes especificidades no livro “Abre-Alas”:
122 Fonte:http://imgs-srzd.s3.amazonaws.com/srzd/upload/u/n/unidostiju2005 _revriosambacarnaval .jpg 124 https://www.youtube.com/watch?v=tBvRzqoCIjY
A alegoria traz um carro-cegonha, com 21 fuscões pretos, uma instalação gigante composta por automóveis reais, recolhidos em ferros-velhos, legalmente adquiridos pela Escola para a produção dessa escultura de arte contemporânea. Entre os três andares da alegoria, o artista fixou canos de descarga criando uma obra impressionante. (LIESA, 2006 a; p. 217)
Figura 29- Detalhe da Alegoria “Fuscão Preto”, Tijuca 2006.125

Ao contemplar esses automóveis empilhados, imediatamente associa-se às “Caixas de sabão Brillo”, de Andy Warhol (figura 30), transferidas do cotidiano e instauradas no espaço da arte.
Figura 30- Imagem da obra de Andy Warhol, Brillo Box, 1964.127

125 Fonte: http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2014/03/sambodromo-em-30-atos-2006-vila-surpreendefavoritas-em-briga-apertada/ 127 Fonte: http://www.select.art.br/viva-a-america/