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Imagem 2 Divisão política do Ceará – Maracatus nos Municípios
Imagem 2: (mapa) Divisão política do Ceará – Maracatus nos Municípios: Fonte: Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará, adaptado pelo autor.
Esse detalhamento da territorialidade dos maracatus se faz necessário para situá-los em um território geopolítico, afinal, localizar-se geograficamente representa se situar em territórios simbólicos, onde coexistem as memórias, os interesses sobre as afirmações de tradições culturais e a inserção em espaços de disputa zoneados pelas políticas culturais e pela repercussão midiática. Nesse viés, cabe questionar: maracatus cearenses ou fortalezenses? Convém esclarecer que os maracatus não dependem dessa dicotomia, pois é no Ceará que eles se firmam e é da cultura do Ceará que os maracatus se alimentam e se fortalecem. Nos maracatus cearenses, se vê a utilização de referências da história local como base das suas narrativas de origem, bem como do desenvolvimento de suas práticas culturais. Notamos essas referências locais se expressarem, tanto na manutenção do desfile durante o carnaval, pelas ruas do centro da cidade, quanto nas festas que realizadas em suas sedes em diferentes épocas do ano. Nessas ocasiões, são lembrados os heróis negros e mártires políticos importantes no cenário cearense, dos quais podemos citar Bárbara de Alencar, mártir política da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador; o jangadeiro Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar, memorável por ter liderado a greve de jangadeiros em 1881, impedindo o transporte de homens escravizados nos portos de Fortaleza; e ainda artistas – cantados respectivamente nas loas dos Maracatus Az de Ouro e Nação Fortaleza – como o artesão e mestre Joaquim Pessoa Araújo; o Mestre Juca do Balaio, balaieiro do Maracatu Az de Ouro, reconhecido como Tesouros Vivos do Ceará (falecido em 2006); e o mestre bonequeiro Chico Batista 31 . Ligados ao carnaval, e dentro de uma estrutura de concurso, os maracatus cearenses preparam-se durante todo o ano para esse momento apoteótico, onde desfilam oficialmente no domingo de carnaval, participando do concurso organizado pela Associação Cultural das Entidades Carnavalescas do Estado do Ceará – ACECCE, com recursos da Prefeitura de Fortaleza e de patrocinadores. A participação no desfile está diretamente ligada à liberação de recursos por parte da Secretaria de Cultura de Fortaleza, através dos editais de incentivo ao carnaval, nos quais os maracatus apresentam projetos que devem ser realizados ao longo do
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31 Sobre o Barbara de Alencar e Dragão do Mar, C.f. respectivamente: ALBUQUERQUE, Michele Rodrigues de. Bárbara de Alencar: do mito à narrativa histórica. In: Historien - Revista de História [1]; Petrolina, out./dez. 2009. p.90-95.; . C.f.: XAVIER, Patrícia Pereira. O Dragão do Mar na “Terra da Luz”: a construção do herói jangadeiro (1934 - 1958). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestrado em História Social. São Paulo, 2010.