“O JONGO DA CASA GRANDE” Alessandra Ribeiro Martins1 RESUMO: Neste artigo, apresentamos um breve registro da experiência da Comunidade Jongo Dito Ribeiro e de sua atuação política frente à Casa de Cultura (AFRO) Fazenda Roseira, localizada na periferia da cidade de Campinas-SP. Considerando que o conflito é parte integrante da vida social e que o esforço intelectual deve voltar-se para a compreensão de sua expressão nos contextos urbanos contemporâneos, dado que o Brasil é um país que possui persistentes desigualdades sociais e econômicas, analisamos como uma comunidade jongueira, patrimônio imaterial do sudeste, defende, protege e articula com seus pares para a defesa de uma casa de cultura e para o fortalecimento da identidade afro-brasileira, de modo a realizar através de suas ações uma nova política no panorama cultural.
PALAVRAS-CHAVE: jongo, patrimônio imaterial, política cultural, identidade negra e memória.
O Jongo
Assim como as demais obras do homem, os espaços urbanos são produções culturais sujeitas a diferentes apropriações. É através de um permanente processo de criação e reapropriação que o homem transforma o ambiente em que vive, ao mesmo tempo em que estabelece as bases para criações futuras. O uso material do passado é a essência da cultura e é aquilo que, por sua vez, transforma o material cultural em patrimônio.2 Para compreendermos a Comunidade Jongo Dito Ribeiro, e suas ações junto à Casa de Cultura Fazenda Roseira e sua parceria com diversos grupos do segmento afro da cidade de Campinas e Região Metropolitana, é fundamental entender o conjunto de ações e estudos do qual participa este patrimônio imaterial. O jongo ou caxambú é um patrimônio imaterial cultural brasileiro, reconhecido pelo 1
Historiadora graduada e Mestre Urbanista POSURB - Programa de Pós Graduação em Urbanismo - Bolsa CAPES Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Email.alejongo@gmail.com. Vale ressaltar que a mesma é jongueira da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, do qual esse artigo reflete também relatos de sua experiência quanto acadêmica e liderança desta comunidade. 2 DURHAM, Eunice - “Cultura, patrimônio e preservação”, texto n. 2. In: ARANTES, Antonio A (org) Produzindo o passado. São Paulo: Brasiliense, pp.23-24 . (1984) 1