“Saídas de Turma”: dinâmicas e performances de Bate-Bolas no carnaval do subúrbio carioca

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“SAÍDAS DE TURMA”: DINÂMICAS E PERFORMANCES DE BATE-BOLAS NO CARNAVAL DO SUBÚRBIO CARIOCA Marcos Vinícius Pinheiro da Silva 1 Fernanda Delvalhas Piccolo 2 Resumo: No Rio de Janeiro, a manifestação dos bate-bolas é muito recorrente no subúrbio. Além das máscaras, fantasias e temas anuais, os bate-bolas têm, como constituição de sua identidade, as brincadeiras. Entre elas estão as saídas de turma, momento em que as turmas, como são denominados os grupos de bate-bolas, aparecem pela primeira vez ao público usando a sua nova fantasia anual, sendo esse momento o auge para essas comunidades. Embalados ao som do funk, rap, samba e com um público ansioso para a sua aparição, os indivíduos que performam bate-bolas ganham na coletividade e na vestimenta utilizada uma nova personagem, elemento importante na construção da performance desses brincantes. Esses festejos carregam importância não só para os próprios foliões, mas elementos que complementam a festa como o público, os comerciantes do entorno e as equipes de som contratadas, movimentando e fazendo parte do calendário local. Com base na observação in loco desse evento, feito pela Turma do Complexo de Realengo, em Realengo, bairro do Rio de Janeiro em 2018, e de uma análise audiovisual da mesma turma, porém da edição 2016 da festa, este artigo busca, a partir do olhar multidisciplinar da produção cultural, mas especialmente a partir da antropologia, refletir sobre como uma manifestação da cultura popular mobiliza partes diferentes em um interesse comum e como se desenrolam as dinâmicas desses bate bolas no seu principal festejo, o carnaval, e quais são os estilos de performance dos indivíduos nessa coletividade. Palavras-chave: bate-bolas, saídas de turma, carnaval, performance, produção cultural Introdução O presente artigo abordará as denominadas “saídas de turma”, festas feitas pelos grupos de bate-bolas, nas zonas Oeste e Norte do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense no período de carnaval, para dar início ao calendário da turma e na sua trajetória pelos festejos de rua da cidade. Para tal partimos de um grupo específico da Zona Oeste carioca, o “Complexo de Realengo”, para então pensarmos, sob uma perspectiva antropológica, as performances feitas por esses grupos nesses eventos e salientar a interferência desses festejos na comunidade e no comércio do entorno, ressaltando a efervescência causada por esses acontecimentos no cotidiano de sua localidade. Para tal pesquisa, foi utilizada uma metodologia qualitativa, desenvolvida por meio da observação direta in loco de uma saída de turma do grupo selecionado, com o objetivo de 1

Graduando do Bacharelado em Produção Cultural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). marcospinheiro04@hotmail.com 2 Doutora em Antropologia Social e Professora do Bacharelado em Produção Cultural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). fernanda.piccolo@ifrj.edu.br


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