“DEIXA EU BRINCAR DE SER FELIZ”:1INTERAÇÕES SIMBÓLICOECONÔMICAS NO CARNAVAL DE RUA DO RIO DE JANEIRO Rebeca Eler de Carvalho Eiras2 Resumo: A partir de uma perspectiva econômica e de um olhar sobre as relações simbólicas que se estabelecem no interior do carnaval de rua carioca procura-se compreender e suscitar questionamentos acerca das interações entre e dentro de cada uma dessas esferas, pensando também no papel do poder público diante dessa realidade. Pretende-se também um olhar para os processos de ressignificação contidos dentro dos momentos de revitalização vividos pela festa popular. Palavras-chave: carnaval, blocos de rua, festa popular, economia da festa, processos simbólicos
INTRODUÇÃO “Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizavaas com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.” Clarice Lispector, Restos do Carnaval em Felicidade Clandestina, 1971
Hibridismo, fluidez, inversão, mito, ritual, celebração, rito, extravagância, mercado, espetáculo, são algumas das palavras que poderíamos utilizar para descrever o carnaval brasileiro contemporâneo em suas múltiplas manifestações. Este artigo se propõe a olhar mais especificamente para o carnaval de rua do Rio de Janeiro através de uma análise das relações simbólicas econômicas dos blocos de rua. É importante
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Trecho da música “Todo carnaval tem seu fim” de Marcelo Camelo
2 Aluna do curso de Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense, pesquisadora pelo Observatório Brasileiro de Economia Criativa do Rio de Janeiro. rebeca.eler@gmail.com