As redes sociais do samba e do carnaval de rua carioca

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As Redes Sociais do Samba e do Carnaval de Rua Carioca1. Andréa Almeida de Moura Estevão Jornalista, Mestre em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ. Professora da UNESA. Jorge Edgardo Sapia Cientista Social pela UFF, Mestre em Sociologia pelo IUPERJ, Professor da UNESA e Professor Temporário da UFRRJ Palavras-chave:

BLOCOS

CARNAVALESCOS,

SAMBA , REDES SOCIAIS. Introdução Nos últimos dois anos temos nos dedicado a pesquisar sobre o movimento de retomada do carnaval de rua carioca, iniciado na década de 1980. Essa pesquisa tem como algumas de suas diretrizes mapear personagens, lugares de memória, fatos e narrativas que permitam o resgate da história recente desse movimento; assim como as disputas não apenas em torno do espaço festivo carnavalesco, mas também em torno dos desejos de cidade presentes no Rio de Janeiro, nas últimas décadas. Convidados a participar do II Congresso Nacional do Samba, encontro que propõe uma releitura da Carta do Samba, elaborada há cinquenta anos pelo folclorista Edison Carneiro, buscaremos contribuir com algumas considerações sobre a relação íntima, os laços estreitos e afetivos entre alguns desses blocos de carnaval da retomada2, no Rio de Janeiro, com os botequins e as rodas de samba da cidade. A Carta Nacional do Samba é de 1962, momento em que as ideias de nação e de cultura popular pontuavam o debate no qual o samba, desde o final da década de 1930, tinha sido escolhido símbolo da identidade brasileira e convocado para viabilizar o projeto de construção da Nação. Projeto que só será concretizado com a implantação, a partir de meados de 1960, de um sistema de comunicação via satélite, permitindo a consolidação de uma indústria cultural. Produto da indústria cultural, o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, embalado entre

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Trabalho apresentado no Segundo Congresso Nacional do Samba. UNIRIO. Rio de Janeiro. 1e 2 de Dezembro de 2012. 2 Blocos, são grupos carnavalescos, abertos à participação de todos, sem cordas e sem obrigatoriedade de indumentária própria. Os participantes desfilam em cortejo, cantando durante o percurso uma música autoral feita especificamente para a ocasião. Para o presente trabalho propomos a seguinte classificação: blocos da primeira geração, Cacique de Ramos, Bafo da Onça, Boemios de Irajá e Clube do Samba; blocos da segunda geração ou da retomada, Barbas, Simpatia é quase Amor, Suvaco de Cristo, bloco de Segunda, Carmelitas, Meu Bem Volto Já, Escravos da Mauá e Que Merda é Essa; e blocos do crescimento, que incluem todos aqueles formados no terceiro milênio e que, no carnaval do ano 2012, totalizaram aproximadamente 500 agremiações.


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