CARNAVAIS: FESTA DA PLURALIDADE MIRANICE MOREIRA DA SILVA.∗
INTRODUÇÃO O presente artigo aborda os festejos carnavalescos da cidade de Feira de Santana-Ba na década de 1930. Trata-se de um trabalho que segue pelo campo da História Cultural, que tem como base as discussões de práticas e representações de Roger Chartier (CHARTIER, 1990). O texto busca compreender as práticas e os significados múltiplos que o cenário festivo apresenta. Sobre os festejos carnavalescos da cidade, é identificada a existência do entrudo, do carnaval e da micareta. A presente discussão considera que tais denominações fazem parte de uma modalidade festiva que são os folguedos carnavalescos, pois do ponto de vista prático, apresentam elementos similares. A temática do carnaval apareceu entre os historiadores nas últimas décadas do século XX dentro da corrente historiográfica da nova História Cultural, movimento este que traz novos objetos à pesquisa histórica. Essa agitação teve como um ponto decisivo o surgimento da Escola do Annales1, originada na França em 1929 (BURKE, 1997) A partir da crise de paradigmas de 1929, os novos problemas surgiram. A História Cultural nasceu um pouco depois, como um contraponto a uma das vertentes da Escola dos Annales, que é a História das Mentalidades. Para Chartier, um dos percussores da vertente histórica cultural, as mentalidades contemplavam aspectos do cotidiano, do âmbito cultural e social, porém caiu na mesma armadilha do universalismo, que era
Mestranda do Programa de Mestrado História Cultura e Poder da Universidade Estadual de Feira de Santana-Ba. 1 A escola do Annales teve como idealuzadores Lucien Febvre, Marc Bloch, Fernanda Braudeu, Georde Buby, Jacques Le Goff e Emmanuel Le Roy Ladurie. Este último produziu um dos maiores clássicos sobre o carnaval. O carnaval de Romanes.(LE ROY LADURIE, 2002) A revista foi uma inovação no pensamento histórico, que propunha: “Em primeiro lugar, a substituição da história tradicional narrativa de acontecimentos por uma história-problema. Em segundo lugar, a história de todas as atividades humanas e não apensa história política”.(BURKE, 1997. pp. 11-12.) ∗