VINICIUS DE MORAES, ENREDO DAS ESCOLAS DE SAMBA
Jackson Raymundo (PG-UFRGS) – jacksonraymundo@yahoo.com.br
Vinicius, o erudito que deu forma ao popular na canção. Vinicius, esteta da “brasilidade”. Vinicius, o poeta, o dramaturgo, o cronista, o diplomata (nem sempre “diplomático”). Vinicius, no plural. “Os” Vinicius. Quando se fala de brasilidade, uma das primeiras lembranças que vem à cabeça é o carnaval brasileiro, e em especial as escolas de samba. Manifestação artística genuinamente brasileira, tornaram-se uma das faces mais visíveis da nossa cultura dentro e fora do país. Unindo o canto, a dança, as artes visuais, a moda, o cinema etc., as escolas de samba forjaram uma “arte nova”, em que o “primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade”, como define Pilla Vares: Por sua linguagem, por sua música, pela dança e pela coreografia que apresenta, a escola de samba pode ser vista como um modelo de arte nova [grifo do autor], capaz de expressar em seu movimento sempre surpreendente as mais autênticas tradições populares, revestidas de uma forma em que se pode perceber nitidamente todos os estilos de arte contemporânea em estado bruto, em que o primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade. (PILLA VARES, 2000, p. 90)
O objetivo deste trabalho, então,é analisar como Vinicius de Moraes, que na sua pluralidade tornou-se um ícone nacional, foi representado nos desfiles escolas de samba, considerados símbolos de “brasilidade”. Nele, observou-se tanto o enredo em sua forma prosaica, o tema-enredo, quanto em sua forma cancional, o samba-enredo. O corpus delimitou-se às escolas de samba do Rio de Janeiro, dada a dificuldade de se trabalhar com as letras de uma manifestação cultural que ocorre anualmente em boa parte do país, e ao profundo vínculo do poeta com a cidade. Na abrangência do corpus, consideraramse tanto os enredos explicitamente biográficos quanto aqueles que homenagearam ou se inspiraram em sua obra - particularmente na peça teatral “Orfeu da Conceição”.