Apresentando sambas,enredo com temas gratos ao regime militar, a escola de samba Beija, Flor de Nilópolis, presidida por um contraventor, conquistou o seu lugar no Carnaval carioca
"Brasil no ano 2000", enredo da Beija-Flor no Carnaval de 1974: naquela década, a agremiação foi insrrumento para a associação entre política, jogo do bicho e festa popular
m 1975, uma pequena escola de samba da Baixada Fluminense, a Beija-Flor de Nilópolis, entrou na avenida com um enredo intitulado "O grande decênio". Exaltava as realizações da primeira década do regime militar implantado no país 11 anos antes. Dizia o samba, composto por Bira Quininho: " É de novo Carnaval/ Para o samba este é o maior prêmio/ E a Beija-Flor vem exaltar/ Com galhardia/ O grande decênio/ Do nosso Brasil que segue avante/ Pelo céu, mar e terra/ Nas asas do progresso constante/ Onde tanta riqueza se encerra (bis)! Lembrando PISe PASEP/ E também o FUNRURAL (bis)/ Que ampara o homem do campo/ Com segurança total".
Este enredo deu à escola de Nilópolis o apelido de "Unidos da Arena" (referência ao partido governista, Aliança Renovadora Nacional), que a perseguiria por bom tempo e que seria alimentado por um certo ressentimento vindo de setores do mundo do samba e da intelectualidade progressista, devido ao sucesso que a Beija-Flor faria nos anos seguintes, ocupando espaços antes restritos às agremiações tradicionais. Mas como é que esta associação entre a então pequena escola da Baixada e a ditadura militar se iniciou? Ao longo de sua história, as escolas de samba do Rio de Janeiro passaram por diversas mudanças que, em escala menor, refletiam as transformações políticas, econômicas e sociais vivenciadas pela so-