Desfiles Virtuais de escolas de samba: (re)pensando a relação carnaval e cibercultura José Maurício Conrado Moreira da Silva Universidade Presbiteriana Mackenzie Resumo O presente trabalho constrói uma análise dos processos comunicativos do carnaval, apontando o surgimento, no Brasil, dos desfiles de escola de samba virtuais, um evento carnavalesco construído na Internet, mas baseado nos desfiles de rua tradicionais. Este fato sugere algumas reflexões sobre comunicação e cibercultura, consistindo estas no campo de saber que sustenta este trabalho. A pesquisa tem como ponto de partida o argumento de que corpo e ambiente são processos co-evolutivos estudados pelas teorias evolutivas da cultura (Katz & Greiner, 2005). Para entender os significados de um evento carnavalesco na Internet, o trabalho faz uma proposta interdisciplinar, pois também utiliza conceitos oriundos das teorias contemporâneas da comunicação (Sodré, 2002), das pesquisas sobre cibercultura (Lévy, 1999), pós-modernidade (Jameson, 2006) e da história do carnaval (Sebe, 1997). Como parte fundamental de suas análises, o trabalho se constrói a partir da seguinte questão: a Internet, como tecnologia da comunicação que simula um espaço, pode ser considerada um ambiente que propicia a permanência e ao mesmo tempo transformação de processos culturais e comunicativos, onde inevitavelmente corpo e ambiente estão envolvidos? Assim, discussões contemporâneas como “real X virtual” foram levantadas como metáfora para a discussão “carnaval X realidade”. A partir daí, o trabalho discute os processos comunicacionais nas relações entre corpo e espaço virtual, questionando as possibilidades comunicativas de um desfile carnavalesco em versão digital. As conclusões levantadas se referem à possibilidade de que o carnaval possa também se contaminar pelas possibilidades interativas da Internet, da mesma forma que está ocorrendo com livros, obras de arte, etc.
O surgimento dos desfiles virtuais
“Não lhes dizia eu que os verdadeiros carnavalescos são uma raça á parte, uma gente que se não parece com as outras gentes e que nasce carnavalesca para viver carnavalesca e morrer carnavalesca¿” Olavo Bilac
Os desfiles de escola de samba já existem há bastante tempo. Como afirma Cabral (1996:41), a primeira escola de samba de rua era na verdade um bloco. Foi fundada em 1928 por Ismael Silva, sendo batizada por “Deixa Falar”. Brincou pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, mas teve vida efêmera, vindo a se extinguir pouco tempo 8º Congresso LUSOCOM
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