O que eu faço é fantasia: O desfile das Escolas de Samba do RJ nos/dos/com cotidianos da Educação Ba

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O QUE EU FAÇO É FANTASIA: O DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO NOS/DOS/COM COTIDIANOS DAS AULAS DE ARTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA André Luiz Porfiro ProPed-UERJ-Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, (Grupo de Pesquisa Ilè Obà Òyó e ISERJ-Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro, aporfiro@gmail.com

RESUMO EXPANDIDO “Acredito que a escola de samba, como organismo catalisador da alma popular, é uma fatalidade histórica. Seu trajeto começou a ser urdido nas senzalas, entre as lembranças da terra distante, do sofrimento e humilhação impostos na travessia não desejada, na impiedade dos leilões, e na saga que começava a ser vivida. Tudo isto teria que ser contado depois e, para ser fiel aos depositários das lembranças, na sua forma predileta. Em canto[batuque] e dança”1.

O samba no Rio de Janeiro, entendido em sua dimensão performática, sem distinção entre o canto, a dança e o batuque, desde a sua origem percorreu caminhos tortuosos para manter-se vivo. No início do século XX era proibido pelas autoridades policiais de ser tocado na sala da casa das tias baianas da Praça XI. Os sambistas se reuniam no quintal, no fundo da residência, enquanto na sala, como estratégia para afugentar a determinação policial, tocava-se chorinho, ritmo originado do samba, mas permitido. Os sambistas do início do século passado utilizaram estratégias parecidas com a dos africanos sequestrados de sua terra em séculos anteriores. Aceitando nomes cristãos para deuses africanos mantiveram sua tradição. Contemporaneamente, o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro é considerado a manifestação cultural protagonista do carnaval da cidade. A predominância cultural afro-negrobrasileiro é determinante para tal protagonismo. A partir da promulgação da Lei 10.639/ 2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira tornou-se obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. Entendo que o estudo dos elementos

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COSTA, Haroldo. 100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro, São Paulo, Irmãos Vitale, 2001, p. 211.


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