Provaremos ao subúrbio e toda a cidade: Memórias e identidades através do G.R.E.S. Império Serrano

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Provaremos ao subúrbio e toda a cidade: Memórias e identidades através do GRES Império Serrano ALESSANDRA TAVARES DE SOUZA PESSANHA BARBOSA* Deixei minha mente vagar E no rastro da memória O Império vem mostrar Histórias da nossa história (JANGADA: 1990)

A epígrafe que faz parte de um dos sambas enredos da escola de samba Império Serrano nos remete à reflexão sobre memória e história. Como matéria prima da história, a memória, em diferentes meios sociais, apresenta-se de maneira difusa. A memória assume uma relação dialética com a história na medida em que, através da primeira, diferentes grupos sociais baseiam os discursos que lhes dão existência. O recurso memorialista é utilizado por grupos sociais na construção de discursos identitários, e através destes discursos o historiador se depara com a relação entre memória e história. Ao se lançarem à pesquisa histórica que contempla a memória, os historiadores se acham em território movediço. Acostumados ao tempo passado1·, deparam-se com o aspecto subjetivo da construção e/ou reconstrução das lembranças. Assim, faz-se necessário considerar que a memória de um fato está perpassada pelos valores que a experiência individual forja ao longo do tempo. Desta forma, assim como em Bosi, o historiador deve observar que: “Por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ele não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se e, com ela, nossas ideias, nosso juízos de realidade e de valor.” (BOSI, 1994) A dualidade entre o coletivo e individual na constituição das identidades pode ser encontrado na constituição das memórias. Na direção da construção de um discurso memorialista, que dá continuidade à identidade aos grupos, a memória seria um

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Mestre em História Social – PPGHS- UERJ/FFP

Em relação às fontes históricas. Mesmo a um passado próximo, como a história do tempo presente, o passado é o tempo que o historiador está habituado a utilizar.


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