Anais da VII Semana de História Política | IV Semana Nacional de História: Política e Cultura & Política e Sociedade Rio de Janeiro: UERJ, 2012 (ISSN 2175-831X)
O RISO POLÍTICO-SOCIAL NOS CARNAVAIS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO DURANTE A DÉCADA DE 1980 Eduardo Pires Nunes da Silva* Resumo Este trabalho inscreve-se no quadro teórico de renovação da história política. Analisa o carnaval através da formatação subversiva do riso como posicionamento político de sambistas diante do processo de reabertura política brasileira. A apresentação visa discutir os enredos dos carnavais das Escolas de Samba do Rio de Janeiro durante a década de 1980. Com a dissolução do regime militar e seus aparelhos censores, busco demonstrar como tal conjuntura atingiu os enredos do carnaval carioca. Palavras-Chave: Carnaval, Enredos, Redemocratização Brasileira. Abstract This work fits into a theoretical range of a political history renewal. It analyzes Brazilian carnival through the subversive aspect of laughter as a samba political positioning before the process of Brazilian democracy reestablishment. This study aims to discuss the Rio de Janeiro Samba Schools plots during the 1980s. With the dissolution of dictatorial military regime and its censure instruments, I aim to demonstrate how such historical context achieved and affected the Rio carnival samba plots. Keywords: Carnival, Narratives of the samba schools, Redemocratization Brazilian.
Novos estudos sobre história política mostram que a disciplina não é mais uma crônica do Estado – como foi durante a sedimentação da História como disciplina em fins do século XIX –, atualmente ela é, sobretudo, um estudo sobre as relações de poder. Neste estudo social do poder, o componente humano faz a história política abrir diálogo com outras perspectivas de análise, como a história econômico-social e, no caso deste artigo, com a história das culturas e mentalidades. A partir das contestadoras noções de Michel Foucault sobre o percurso historiográfico encaminhado até então, principalmente em Arqueologia do Saber, a amplitude de análise na via do poder foi inserida na História de modo muito fértil, vindo a florescer concretamente na renovação da história política ocorrida em fins do século XX. Esta renovação apropriou-se de outras renovações, como a da Nova História Cultural, apurando sua análise para camadas mais baixas e se valendo por exemplo, de conceitos como o de circularidade cultural presente nos trabalhos de Mikhail Bakhtin e Carlo Ginzburg. O carnaval e as festas populares são habitualmente estudados pela historiografia pela via da história da cultura ou da história social, sendo muito raras as opções de análise através da via do político1. Dessa maneira a historiografia acerca do carnaval negligencia por diversas vezes a questão do poder na festividade. Muitas dessas concepções teóricas esvaziadas de estudo social do poder provém da análise sobre o carnaval como uma
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