Dieverson Colombo

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fogo era abanado somente pelo fole, que tem aproximadamente 160 anos. “Quando foi criado, aquilo era como uma tecnologia que hoje é a internet. Coisa de primeiro mundo”, conta Élio. Estragado com o tempo, a solução foi instalar um motorzinho elétrico. Sem contar que para trabalhar com o fole era necessária uma pessoa manuseando o tempo todo.

Rotina facilitada

Juntar água do poço, fazer um churrasco ou produzir materiais para trabalhar nunca foi um problema para a família Rigatti. E as ferramentas para essas atividades não eram feitas com molde, em que basta bater em cima para saírem praticamente prontas. Com 16 filhos, Angelo precisava colocá-los para trabalhar. Havia a agricultura, mas a terra começou a escassear. Ferrarias eram necessárias, praticamente os postos de combustível da época. “Aqui na Linha Muller, num raio de três quilômetros, existiam oito. Todas elas sobreviviam. Hoje só existe a minha, que no início era maior que a Tramontina”, lembra Élio, que agora é funcionário público estadual. De acordo com ele, nos anos 1970, se a Tramontina, hoje líder do segmento no Brasil, vendesse uma enxada, eles vendiam 100 dúzias da mesma peça. A matéria prima da produção até os anos 1960 era trilho de trem e de bonde. Com a proliferação da indústria, começaram a ser utilizadas molas de caminhão e de automóvel que, segundo Rigatti, eram feitas com um aço melhor. “A região nunca se desenvolveu, porque só tinha água do rio e no verão escasseava. Faltava para trabalhar. E sem água não dava para movimentar a roda. Então a gente não se dedicava somente à ferraria. Quando tinha água, se trabalhava. No inverno nunca faltava”, comenta. Dos produtos, poucos se modernizaram. Alguns ainda não existem para o consumidor. O principal motivo é que a família Rigatti, por ter uma produção manual, os personalizava. Um exemplo são ferramentas para canhotos, como foices. Fazer máquina para embutidos também era função das ferrarias. “Os italianos chegaram no Brasil e sabiam da tecnologia para a gente fazer o salame e o presunto embutido. Só que muitos deles vieram fugidos. Eles não trouxeram máquinas. Então, foram em ferrarias e fizeram essa máquina para dar enchimento no salame.” Até os produtores de leite eram auxiliados pelos ferreiros. Na época da Segunda Guerra Mundial, os produtores conseguiam transportar a pé 20 litros de leite para vender, 10 em cada balde, e carregavam um em cada mão. Mas era necessário aumentar a produção. Para isso, as


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