Magazine 60+ #37

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Sabe-se que é comum uma diminuição da capacidade olfativa com o envelhecimento. Assim, as conclusões dos estudos se baseiam na comparação da ocorrência de hiposmia observada durante o envelhecimento saudável com a alteração verificada em pacientes diagnosticados com doenças neurodegenerativas. Na DA, a hiposmia chega a atingir em torno de 85 a 90% dos pacientes, além de ocorrer de forma mais abrupta e mais grave. Na DP, as alterações olfativas estão presentes em uma proporção de 70% a 80% dos pacientes. É um sintoma que ajuda tanto no diagnóstico precoce da doença como na distinção entre DP e algumas condições neurodegenerativas como tremor essencial, tremor distônico, entre outras. Desse modo, a ocorrência e a intensidade dessa alteração olfativa pode ser utilizada como um marcador de doenças neurodegenerativas em estágio inicial. Em outras palavras, o diagnóstico de hiposmia surge como um importante parâmetro de detecção precoce dessas doenças e, assim, serve de alerta para a necessidade de serem intensificadas ações de prevenção, que envolvem a manutenção das interações sociais e a prática regular de atividades físicas e intelectuais, como a estimulação cognitiva, por exemplo. Nesse sentido, à medida que envelhecemos torna-se fundamental nos atentarmos para possíveis perdas de olfato. Uma forma de percebermos isso é prestarmos mais atenção em nosso paladar, uma vez que esses dois sentidos estão diretamente conectados. Assim, se você tem sentido mais falta de sal ou açúcar nos alimentos em relação a outras pessoas, uma ação essencial é buscar por um especialista para que passe por uma avaliação olfativa. Além de atuar como uma ferramenta essencial na promoção da saúde do cérebro, esse tipo de avaliação pode ajudar a prevenir o agravamento de doenças como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, visto que a ingestão de sal e açúcar podem aumentar caso haja uma perda de olfato. Os testes para avaliação olfativa mais utilizados nas pesquisas atualmente são: University of Pensilvania Smelling Test (UPSIT) e o Sniffin’ Sticks. Em geral, a avaliação inclui: ● Testes de Identificação de Odores: avaliam a habilidade de reconhecer odores já familiares a pessoas de uma determinada cultura; ● Testes de Limiar Olfativo: avaliam a menor concentração de determinado odor que é capaz de ativar os receptores olfativos, isto é, que o sujeito é capaz de perceber; ● Testes de Discriminação de Odores: avaliam a habilidade em detectar odores diferentes entre si; ● Testes de Memória Olfativa: verifica se o paciente reconhece um odor previamente experimentado. Mesmo com o grande problema que a perda do olfato pode representar, avaliações olfativas não estão entre os exames de rotina solicitados pelos médicos em geral, uma vez que os pedidos deste tipo de exame são normalmente motivados apenas pelas queixas dos próprios pacientes, os quais dificilmente percebem possíveis perdas de olfato. Portanto, cabe a nós estarmos sempre atentos a esta questão e perguntarmos ao médico ou a outros profissionais de saúde com quem tivermos contato. Fontes consultadas: BASTOS, L. O. D. (2019). Acurácia dos testes de identificação de odores no diagnóstico da Doença de Parkinson. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Wehrmann, L. (2019). O papel da avaliação olfativa no diagnóstico da doença de alzheimer em idosos sulbrasileiros: um estudo exploratório. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia Farmacêutica) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

magazine 60+ #37 - Agosto/2022 - pág.54


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