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SHEILA IBRAHIMO

A minha carreira como digital influencer começou de forma não propositada, mas sempre tive um cuidado muito grande com a minha imagem, sempre fiz formações para cuidar-me a 360 graus, seja ao nível visual ou até mesmo ao nível textual, para saber apresentar e falar correctamente e assim fui traçando a minha carreira na internet também e depois tornei-me digital influencer porque as marcas começaram a apreciar o trabalho que eu ia fazendo individualmente e começaram a fazer propostas e aí criei um perfil profissional para poder oferecer o mesmo nível de qualidade e coerência para todas as marcas que actualmente estão comigo.

Como tem sido a sua carreira na TV?

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A minha carreira na TV tem sido muito interessante, de muito crescimento, poder ter um programa actualmente que vai estar num dos horários mais nobres da TVM, que é a televisão de maior alcance em Moçambique, é de facto para mim um grande marco também e três vezes por semana, com o meu nome mais de uma vez. Então, sim, acho que tem sido uma carreira brilhante e vou traçando sempre com muita vontade de continuar a aprender.

Já estive em várias áreas da televisão, não só apresentação, como produção de conteúdos, produção visual e também a todos os níveis, na verdade, acabo entendendo um bocadinho tanto da pós-produção também, da edição de vídeos, da iluminação e vou tentando desdobrar-me para oferecer uma qualidade uniforme.

Quando é que decide entrar para o mundo do empreendedorismo? E concretamente para o mercado de cosméticos e cuidados pessoais?

Eu sempre fui empreendedora, até porque com seis anos eu já fazia desenhos e vendia na escola. Sempre tive isto na veia, já fiz vários, vários tipos de empreendimento, como pulseiras de missangas, revenda de produtos e em 2021, se não estou em erro, comecei com a minha marca de cosméticos, porque estávamos a entrar na pandemia, eu acabava de sair de uma empresa privada, queria ter uma autonomia financeira e assim acreditei que já tinha um nome no mercado, então seria também um caminho mais fácil, porque as pessoas já confiavam na minha qualidade, na marca Sheila Ibrahimo.

Quais são os principais desafios que você enfrentou ao iniciar e administrar o seu próprio negócio de cosméticos?

Eu acho que um dos maiores desafios foi a logística, porque tentar perceber esta questão de timings e depois nós tivemos já a altura o covid-19, que é o ano em que iniciamos o negócio, onde estava tudo muito atrasado por causa da pandemia, foi sem dúvida um bocadinho desafiador tentar encontrar promoções para não deixar os clientes à espera de produtos, entender o nível de escoamento, porque nós tínhamos picos, então acho que sim, foi sem dúvida, e também passar esta qualidade para as pessoas, sei que isto exigiu-se um grande investimento da minha parte.

Como você lida com a concorrência e o mercado tão competitivo quanto os cosméticos?

Eu acho que em Moçambique o mercado não é assim tão competitivo quanto isso, eu conheço e prezo sempre pela minha qualidade, é sim competitivo porque nós temos marcas, mas são internacionais e têm um valor muito, muito mais alto, então eu cá sinto-me de facto muito confortável, porque é uma marca moçambicana, que as pessoas identificam-se com produtos criados para a pele, maioritariamente negra, para o nosso clima, e oferecer o mesmo nível de qualidade que marcas internacionais como a Kylie, como a Kylie Cosmetics, como a Fenty Beauty, então acho que tenho de ser muito grata a isso.

E já começou a abrir-se também o mercado, hoje em dia vemos várias pessoas iniciarem o negócio na área de cosméticos, e isto deixa-me com muito orgulho, e também acaba por ser uma certificação do meu outro lado de influencer, e é isso que eu quero no fundo, incentivar as pessoas a criarem a sua independência.

A Sheila tem uma legião de seguidores nas redes sociais (500k+). Como é lidar com este lado da fama?

Eu comecei com a fama um bocadinho cedo, com 17 anos, então sempre fez parte um bocadinho de mim e eu acabo sendo sempre eu, seja na televisão, na internet, na vida pessoal, por isso também não é um fardo para mim ter muitas pessoas a visualizarem aquilo que eu faço porque nunca deixo de ser quem sou e acho que temos a vantagem de ter um público muito respeitoso, o que sem dúvida facilita muito a nossa vida.

Sim, acho que tenho que ser também muito grata a isso e agradecer as pessoas que acompanham, que tornaram-se a minha família, eu nunca digo os meus seguidores, mas digo a minha família virtual porque são pessoas que criam relações também fora das redes sociais comigo.

Uma das facetas que a Sheila apresenta, é o de sempre tentar criar conteúdo, quer através de Podcasts, Publicações, etc, viradas para o Empoderamento Feminino. Acha que esta é uma área ainda em deficit em Moçambique?

Sem dúvida, nós estamos numa altura em que as mulheres começam a ganhar a sua independência financeira e a lidar também com o empreendedorismo de forma mais profissional. Já vemos mulheres que não olham apenas para ter um salão ou uma boutique como um grande marco, mas que querem muito mais e estarem em posições que vão mudar a sociedade, seja financeiramente ou socialmente. É assim um trabalho que tenho vindo a fazer.

Acha que os Digital Influencers, podiam ser mais pró-activo em relação a assuntos que tenham a ver mais com a cidadania?

Eu acho que o influenciador é aquele que faz com que as pessoas tomem uma determinada atitude. Faz toda a diferença sermos pró-activos, até porque fazemos parte da sociedade, e não é apenas algo que vai servir a nós, mas como uma bola de neve, voltará para nós, seja com os que trabalham connosco, com os nossos familiares. Então, sim, se nós temos o poder de influenciar pessoas, é também o nosso dever a tornar a nossa sociedade num lugar melhor.

Além das parcerias com diversas marcas para Publicidade, a Sheila Ibrahimo, tem também dado a cara em várias campanhas da ONU MULHERES. Como é participar dessas campanhas globais?

Eu acho que o objectivo principal da minha vida e da minha carreira é de facto mudar vidas, porque faço sempre um trabalho social, mesmo quando aparentemente é de cariz comercial. Então estar a trabalhar com a ONU Mulheres ou com outras associações não grandes quanto, sinto-me bastante privilegiada também por ser uma das escolhidas, mas também sinto que estou a trilhar o caminho certo e que tenho que continuar a trabalhar e acreditar que é possível tornarmos uma sociedade melhor para as mulheres e não só ao nível de Moçambique, mas da África.

Vamos tentar olhar assim a um nível mais abrangente.

Um conselho para as meninas que se inspiram em si?

Eu sei que tem muitas meninas adolescentes que acreditam e acompanham a vida da Sheila e o que eu tenho a dizer é que estudem bastante, sejam uma referência na área que vocês escolherem, não existe uma área perfeita para sermos ricos, como muitas vezes parece que andamos todos atrás de dinheiro, mas é importante fazermos aquilo que nós gostamos, trabalhar para tornar as nossas habilidades em habilidades de facto diferenciadas e depois todos os bónus virão como consequência, então estudem muito, esforcem, sejam melhores para vocês e ofereçam o melhor para o mundo.

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