Revista sme nº 8 completo

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Revista SME | 1


Em foco

Instituto Presbiteriano Mackenzie Diretor Presidente José Inácio Ramos Diretor de Operações da Educação Básica Francisco Solano Portela Neto

Diretora dos Sistemas Mackenzie de Ensino e da Escola de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos - AEJA Débora Bueno Muniz Oliveira Coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino Mônica Cotrin Huertas Coordenadora de Desenvolvimento de Projetos Especiais Arlene Goulart

Sistema Mackenzie em Revista ISSN 2358-9353 Produção Gráfica - Marketing e Relacionamento Déspina Nogueira Revisão Alessandra Ribeiro Faria Apoio Operacional Edson Yukio Nakashima Projeto Gráfico e Diagramação Imagem Um Impressão Pancrom Indústria Gráfica Capa Imagem Um Imagem da Capa Shutterstock/Galushko Sergey Produção Instituto Presbiteriano Mackenzie Rua da Consolação, 896 – Consolação - São Paulo/SP - CEP 01302-907 Portal: sme.mackenzie.br E-mail: sme@mackenzie.br Os textos das Escrituras Sagradas foram extraídos de diversas versões da Bíblia Sagrada Todos os direitos reservados ao Mackenzie. Proibida a venda, distribuição, reprodução parcial ou total, inclusive de ilustrações e fotos.

2 | Revista SME

10 anos de SME: Inovação e Excelência em Educação Escolar Cristã Desde a sua fundação, em 1870, o Mackenzie tem aplicado práticas educa­ cionais de vanguarda, demonstrando sua preocupação com a formação integral das pessoas. O profundo apreço pela mensagem cristã e pelas Escrituras motivaram o casal Chamberlain a deixar o seu país, a se dedicar ao campo missionário e a se envolver com a escolaridade formal das pessoas. Essa visão educacional tem estado presente no Mackenzie, transformando muitas vidas, em todos esses anos. Foi com essa mesma missão que o Sistema Mackenzie de Ensino foi criado: oferecer à comunidade acadêmica e às escolas uma proposta educacional que promova a educação do ser humano “instruído em toda sabedoria, douto em ciência, versado no conhecimento, competente para servir”. (Daniel 1.3-4) Com essa visão e missão de educação, biblicamente referenciada, acredi­ tamos contemplar aspectos essenciais das pedagogias existentes, desde as que priorizam a excelência acadêmica, até as que valorizam fundamentalmente a interação social. Diante das transformações sociais, econômicas, culturais pelas quais passa a sociedade, os educadores cristãos têm o desafio de pensar a escola como local de transformação pessoal e crescimento intelectual dos alunos. Escolas cristãs precisam ser reconhecidas como exemplo, pela excelência do trabalho que realizam, da mesma forma que os profissionais que ali ensinam devem se esmerar para serem Mestres, dignos de serem imitados. E estamos certos de que essa desafiadora, mas doce tarefa se torna mais efetiva quando escolas com o mesmo propósito se unem, em laços de parceria, pa­­­ra proporcionarem às famílias uma educação norteada pela concepção cristã de mundo, tendo como fundamento os princípios bíblicos e os valores ético-mo­ rais universais. Estamos muito felizes e gratos a Deus pela forma como Ele tem abençoado o Mackenzie e toda equipe do Sistema Mackenzie de Ensino durante esses dez anos, em que têm produzido material reconhecidamente de qualidade e valor. Que Deus continue a nos capacitar e a nos abençoar por muitos anos à frente!

José Inácio Ramos Diretor Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Graduou-se em Administração pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal em Brasília – DF, com pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral – MG. Construiu sua carreira profissional no Banco do Brasil, onde atuou por mais de 35 anos. Assumiu a presidência do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie no período de janeiro de 2013 a junho de 2016, sendo membro dele desde 2008. Presbítero da Igreja Presbiteriana Nacional em Brasília-DF, tem ocupado importantes cargos na Igreja Presbiteriana do Brasil.

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Em foco

Instituto Presbiteriano Mackenzie Diretor Presidente José Inácio Ramos Diretor de Operações da Educação Básica Francisco Solano Portela Neto

Diretora dos Sistemas Mackenzie de Ensino e da Escola de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos - AEJA Débora Bueno Muniz Oliveira Coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino Mônica Cotrin Huertas Coordenadora de Desenvolvimento de Projetos Especiais Arlene Goulart

Sistema Mackenzie em Revista ISSN 2358-9353 Produção Gráfica - Marketing e Relacionamento Déspina Nogueira Revisão Alessandra Ribeiro Faria Apoio Operacional Edson Yukio Nakashima Projeto Gráfico e Diagramação Imagem Um Impressão Pancrom Indústria Gráfica Capa Imagem Um Imagem da Capa Shutterstock/Galushko Sergey Produção Instituto Presbiteriano Mackenzie Rua da Consolação, 896 – Consolação - São Paulo/SP - CEP 01302-907 Portal: sme.mackenzie.br E-mail: sme@mackenzie.br Os textos das Escrituras Sagradas foram extraídos de diversas versões da Bíblia Sagrada Todos os direitos reservados ao Mackenzie. Proibida a venda, distribuição, reprodução parcial ou total, inclusive de ilustrações e fotos.

2 | Revista SME

10 anos de SME: Inovação e Excelência em Educação Escolar Cristã Desde a sua fundação, em 1870, o Mackenzie tem aplicado práticas educa­ cionais de vanguarda, demonstrando sua preocupação com a formação integral das pessoas. O profundo apreço pela mensagem cristã e pelas Escrituras motivaram o casal Chamberlain a deixar o seu país, a se dedicar ao campo missionário e a se envolver com a escolaridade formal das pessoas. Essa visão educacional tem estado presente no Mackenzie, transformando muitas vidas, em todos esses anos. Foi com essa mesma missão que o Sistema Mackenzie de Ensino foi criado: oferecer à comunidade acadêmica e às escolas uma proposta educacional que promova a educação do ser humano “instruído em toda sabedoria, douto em ciência, versado no conhecimento, competente para servir”. (Daniel 1.3-4) Com essa visão e missão de educação, biblicamente referenciada, acredi­ tamos contemplar aspectos essenciais das pedagogias existentes, desde as que priorizam a excelência acadêmica, até as que valorizam fundamentalmente a interação social. Diante das transformações sociais, econômicas, culturais pelas quais passa a sociedade, os educadores cristãos têm o desafio de pensar a escola como local de transformação pessoal e crescimento intelectual dos alunos. Escolas cristãs precisam ser reconhecidas como exemplo, pela excelência do trabalho que realizam, da mesma forma que os profissionais que ali ensinam devem se esmerar para serem Mestres, dignos de serem imitados. E estamos certos de que essa desafiadora, mas doce tarefa se torna mais efetiva quando escolas com o mesmo propósito se unem, em laços de parceria, pa­­­ra proporcionarem às famílias uma educação norteada pela concepção cristã de mundo, tendo como fundamento os princípios bíblicos e os valores ético-mo­ rais universais. Estamos muito felizes e gratos a Deus pela forma como Ele tem abençoado o Mackenzie e toda equipe do Sistema Mackenzie de Ensino durante esses dez anos, em que têm produzido material reconhecidamente de qualidade e valor. Que Deus continue a nos capacitar e a nos abençoar por muitos anos à frente!

José Inácio Ramos Diretor Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Graduou-se em Administração pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal em Brasília – DF, com pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral – MG. Construiu sua carreira profissional no Banco do Brasil, onde atuou por mais de 35 anos. Assumiu a presidência do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie no período de janeiro de 2013 a junho de 2016, sendo membro dele desde 2008. Presbítero da Igreja Presbiteriana Nacional em Brasília-DF, tem ocupado importantes cargos na Igreja Presbiteriana do Brasil.

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Ponto de vista

Atos 4:20 – “... pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” Hésio Cesar de Souza Maciel Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Foi Presidente do Conselho Deliberativo e Diretor Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas, Faculdades Moraes Junior –RJ; Graduado em Direito, Universidade Gama Filho. Especialização em Administração Hospitalar, São Camilo-SP; Especialização em Gestão de Pessoas, IAG-PUC RJ. Mestre em Gestão de Serviços de Saúde, Instituto Universitário de Lisboa/EBAPE-FGV Rio. Conselheiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Nesses 10 anos de existência, quais são os fatos ou acontecimentos a respeito do Sistema Mackenzie de Ensino que o senhor acompanhou e considera que merecem destaque? O Sistema Mackenzie de Ensino (SME) nasceu do desejo do nosso Conselho Deliberativo, expresso no Planejamento Es­tratégico de 2004, que no Objetivo Es­ tratégico nº 5 decidiu “Expandir a Marca e Filosofia Mackenzie, atendendo à visão dos seus fundadores e ao desejo do seu associado vitalício, a IPB”, e que no item 7 estabeleceu “Produzir e implantar o Sistema Mackenzie de Ensino”. Então, o SME é um projeto institucional estratégico. O primeiro projeto do SME foi apre­ sentado pela, então, Diretoria Educa­­cional em 28/09/2004, e a primeira edição, com 27

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livros e 27 manuais voltados para o Ensino Fundamental I (projeto piloto), fi­cou pronta no ano de 2006. Tive a opor­tunidade de acompanhar a evolução do SME, que hoje já tem mais de 360 livros editados, e diria que são marcos nesse pe­­ríodo: lAs conclusões previstas dos materiais dos segmentos, o que sempre é um desafio: o Fundamental I, em 2010; o Fundamental II, em 2011; o Mack Ouro, hoje Mackenzie Educacional, em 2012; o Ensino Médio, em 2013. lA integração em todo o tempo das áreas pedagógica e teológica, acompa­ nhadas pela Chancelaria da UPM e por professores do Centro Andrew Jumper, prin­cipalmente na decisão de lançarmos o Sistema Mackenzie Educacional, em 2012, que é um sistema de ensino éti­co-valorativo de confessionalidade não explícita, a

ser oferecido a escolas parti­ culares não confessionais e à rede pública de ensino. lAlcançarmos 240 escolas e cerca de 45.000 alunos. lProjetarmos para 2020 as metas de 400 escolas e cerca de 90.000 alunos. Merece destaque também o esforço e a inteligência de toda a equipe do SME, e aqui, presto uma homenagem a todos, manifestando o nosso reconhecimento ao trabalho de todos, personificado nas pessoas do Dr. Solano Portela, e da Profª Débora Bueno Muniz Oliveira. Poderia discorrer sobre a missão educacional da Igreja Presbiteriana do Brasil, que é a mantenedora do Instituto Presbiteriano Mackenzie? A Reforma Protestante foi um marco para a expansão da educação. Segundo José Jardileno (2011), são conhecidas as contribuições de Lutero para os rudi­men­ tos da educação pública, para os novos métodos da educação das crianças, para as políticas públicas de acesso à educação para todos, explicitadas em seus escritos “Aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham Escolas” (1524) e “Lugar de criança é na

Residência do casal Chamberlain

Escola: Prédica para que se mandem os filhos a escola” (1530). Calvino, trazendo na bagagem a ex­ pe­­riência de docência em Strasburgo, de­ di­cou grande parte de suas energias à lida educacional, criando escolas e refor­mando o ensino. Mesmo sem dedicar um texto específico à educação, foi nesse cam­po que sua Reforma teve sucesso mais duradouro, com repercussões do cal­vinismo nos países da Europa ocidental, e na América do Norte, onde, a partir do século XVII, os reformados levaram pa­ra a América do Norte a sua fé e as suas instituições. Fundaram em 1636, o Harvard College; em 1701, o Yale College, e em 1746 o Colégio de Nova Jersey, que deu origem à Universidade de Princeton. Nas intenções educacionais calvinistas pa­­­ra as crianças e os jovens de Genebra se destacavam: formar o cidadão útil pa­ra a sociedade com base nos ensinos das Escrituras Sagradas, no domínio das línguas clássicas e nas humanidades (artes e ciências), a fim de que o mesmo pudesse se tornar o construtor de um novo mundo. Genebra contava com escolas primárias distribuídas pelas igrejas da cidade as quais estavam sob a direção dos ministros de cada comunidade, as conhecidas “escolas de paróquias”.

Foto: Acervo CHCM

SME: falar das coisas que vimos e ouvimos

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Ponto de vista

Atos 4:20 – “... pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” Hésio Cesar de Souza Maciel Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Foi Presidente do Conselho Deliberativo e Diretor Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas, Faculdades Moraes Junior –RJ; Graduado em Direito, Universidade Gama Filho. Especialização em Administração Hospitalar, São Camilo-SP; Especialização em Gestão de Pessoas, IAG-PUC RJ. Mestre em Gestão de Serviços de Saúde, Instituto Universitário de Lisboa/EBAPE-FGV Rio. Conselheiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Nesses 10 anos de existência, quais são os fatos ou acontecimentos a respeito do Sistema Mackenzie de Ensino que o senhor acompanhou e considera que merecem destaque? O Sistema Mackenzie de Ensino (SME) nasceu do desejo do nosso Conselho Deliberativo, expresso no Planejamento Es­tratégico de 2004, que no Objetivo Es­ tratégico nº 5 decidiu “Expandir a Marca e Filosofia Mackenzie, atendendo à visão dos seus fundadores e ao desejo do seu associado vitalício, a IPB”, e que no item 7 estabeleceu “Produzir e implantar o Sistema Mackenzie de Ensino”. Então, o SME é um projeto institucional estratégico. O primeiro projeto do SME foi apre­ sentado pela, então, Diretoria Educa­­cional em 28/09/2004, e a primeira edição, com 27

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livros e 27 manuais voltados para o Ensino Fundamental I (projeto piloto), fi­cou pronta no ano de 2006. Tive a opor­tunidade de acompanhar a evolução do SME, que hoje já tem mais de 360 livros editados, e diria que são marcos nesse pe­­ríodo: lAs conclusões previstas dos materiais dos segmentos, o que sempre é um desafio: o Fundamental I, em 2010; o Fundamental II, em 2011; o Mack Ouro, hoje Mackenzie Educacional, em 2012; o Ensino Médio, em 2013. lA integração em todo o tempo das áreas pedagógica e teológica, acompa­ nhadas pela Chancelaria da UPM e por professores do Centro Andrew Jumper, prin­cipalmente na decisão de lançarmos o Sistema Mackenzie Educacional, em 2012, que é um sistema de ensino éti­co-valorativo de confessionalidade não explícita, a

ser oferecido a escolas parti­ culares não confessionais e à rede pública de ensino. lAlcançarmos 240 escolas e cerca de 45.000 alunos. lProjetarmos para 2020 as metas de 400 escolas e cerca de 90.000 alunos. Merece destaque também o esforço e a inteligência de toda a equipe do SME, e aqui, presto uma homenagem a todos, manifestando o nosso reconhecimento ao trabalho de todos, personificado nas pessoas do Dr. Solano Portela, e da Profª Débora Bueno Muniz Oliveira. Poderia discorrer sobre a missão educacional da Igreja Presbiteriana do Brasil, que é a mantenedora do Instituto Presbiteriano Mackenzie? A Reforma Protestante foi um marco para a expansão da educação. Segundo José Jardileno (2011), são conhecidas as contribuições de Lutero para os rudi­men­ tos da educação pública, para os novos métodos da educação das crianças, para as políticas públicas de acesso à educação para todos, explicitadas em seus escritos “Aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham Escolas” (1524) e “Lugar de criança é na

Residência do casal Chamberlain

Escola: Prédica para que se mandem os filhos a escola” (1530). Calvino, trazendo na bagagem a ex­ pe­­riência de docência em Strasburgo, de­ di­cou grande parte de suas energias à lida educacional, criando escolas e refor­mando o ensino. Mesmo sem dedicar um texto específico à educação, foi nesse cam­po que sua Reforma teve sucesso mais duradouro, com repercussões do cal­vinismo nos países da Europa ocidental, e na América do Norte, onde, a partir do século XVII, os reformados levaram pa­ra a América do Norte a sua fé e as suas instituições. Fundaram em 1636, o Harvard College; em 1701, o Yale College, e em 1746 o Colégio de Nova Jersey, que deu origem à Universidade de Princeton. Nas intenções educacionais calvinistas pa­­­ra as crianças e os jovens de Genebra se destacavam: formar o cidadão útil pa­ra a sociedade com base nos ensinos das Escrituras Sagradas, no domínio das línguas clássicas e nas humanidades (artes e ciências), a fim de que o mesmo pudesse se tornar o construtor de um novo mundo. Genebra contava com escolas primárias distribuídas pelas igrejas da cidade as quais estavam sob a direção dos ministros de cada comunidade, as conhecidas “escolas de paróquias”.

Foto: Acervo CHCM

SME: falar das coisas que vimos e ouvimos

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Ponto de vista

George W. Chamberlain e Mary Ann Annesley Chamberlain

O binômio “evangelização e educação” também caracterizou a implantação da obra presbiteriana no Brasil. O iniciador da Igreja Presbiteriana no Brasil, o Rev. Ashbel Green Simonton, tinha interesse pela educação, o que se materializou na criação da escola paroquial anexa à igreja do Rio de Janeiro, nos idos de 1862. O fundador do Mackenzie, em 1870, o Rev. George Whitehill Chamberlain, é outro exemplo da visão dos cristãos reformados: ao lado de uma igreja, uma escola, pois a educação está no “DNA” dos presbiterianos. Podemos afirmar que pioneirismo e tradição sintetizam e representam a importância do Instituto Presbiteriano Mackenzie para o sistema educacional brasileiro? Esta é uma das marcas do Mackenzie, e podemos trazer à memória alguns exemplos deste pioneirismo na educação: a introdução do ensino democrático sem preconceitos, em classes mistas; a introdução da cultura física esportiva no sistema educacional primário de São Paulo; a introdução do sistema educacional misto no Brasil Império; a abolição do castigo físico na escola; a criação das bolsas de estudo para alunos sem recursos; a primeira faculdade de Filosofia em São Paulo; a primeira Escola

6 | Revista SME

Fotos: Acervo CHCM

Podemos afirmar também que o Sistema Mackenzie de Ensino surgiu para corroborar com a missão educacional da Igreja Presbiteriana do Brasil e do Mackenzie? De que forma isso tem ocorrido?

de Engenharia privada, cujo diploma era validado pela Universidade de Nova York; a segunda faculdade de arquitetura no Brasil. Agora, o desafio de uma entidade cen­tenária como o Mackenzie é continuar sendo pioneira e inovadora, sem abrir mão dos seus valores centenários, e princi­pal­ mente da sua confessionalidade. Isso me faz lembrar dos ensinamentos de Jim Col­ lins (1995), que afirma em um dos seus best-sellers sobre organizações visionárias e centenárias: “Uma empresa visionária preserva qua­se que religiosamente a sua ideo­ lo­­gia cen­tral – mudando-a muito pou­ co, se mu­dar. Os valores centrais de uma empresa visionária formam uma ba­se sólida e não se deixam levar por tendências e modas passageiras; em alguns casos, os valores centrais per­ maneceram intactos por mais de cem anos. E o objetivo fundamental de uma empresa visionária – sua razão de ser – pode servir de guia por muitos sécu­­ los, como uma estrela no horizonte. Contudo, ao mesmo tempo em que man­têm suas ideologias centrais bem de­ter­minadas, as empresas visionárias demonstram ter uma incrível vontade de progredir que lhes permite mudar e se adaptar sem comprometer seus ideais tão acalentados.”

Com certeza podemos afirmar que o Sistema Mackenzie de Ensino fortalece a missão educacional da IPB e do Mackenzie. O sonho de ter uma escola ao lado de cada igreja se tornou muito difícil em face dos complexos desafios de se manter uma, tanto pelos custos envolvidos, quanto pelas normatizações legais e trabalhistas etc. A capilaridade da missão educacional neste país continente se torna possível através de um sistema de ensino e, mais adiante, com a implantação das ferramentas do ensino a distância (EaD). Assim, quando o Mackenzie disponi­ bi­liza ao mercado um sistema de ensino que traz os valores cristãos e reformados de forma inteligente, contextualizada e pe­ dagogicamente adequada estamos con­­­tri­­­­ buindo com a missão educacional da Igreja.

Para concluir, quais expectativas o senhor nutre a respeito dos próximos anos do Sistema Mackenzie de Ensino? Segundo estudos da Fundação Le­ mann, escolas que adotaram sistemas de ensino têm melhor desempenho aca­ dêmico. Tenho algumas expectativas e sonhos, mas vou me apropriar do sonho que o Presidente do Supremo Concílio, Rev. Roberto Brasi­leiro, externou em uma reunião de plane­jamento estratégico do Mackenzie: que o Sistema Mackenzie de Ensino tenha condições de ser oferecido a todos os co­légios confessionais, mediante as condi­ções financeiras de cada um. Ou seja, que alcancemos tais condições de susten­ta­bi­­­lidade econômica que te­ nhamos os meios que possibilitem o acesso a todos os colégios confessionais, mediante as suas reais possibilidades. É um grande de­sa­fio, pois temos a res­ ponsabilidade de sermos mordomos na sustentação do Ma­ckenzie, mas o que nos move é uma visão missionária da educação para o país.

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Ponto de vista

George W. Chamberlain e Mary Ann Annesley Chamberlain

O binômio “evangelização e educação” também caracterizou a implantação da obra presbiteriana no Brasil. O iniciador da Igreja Presbiteriana no Brasil, o Rev. Ashbel Green Simonton, tinha interesse pela educação, o que se materializou na criação da escola paroquial anexa à igreja do Rio de Janeiro, nos idos de 1862. O fundador do Mackenzie, em 1870, o Rev. George Whitehill Chamberlain, é outro exemplo da visão dos cristãos reformados: ao lado de uma igreja, uma escola, pois a educação está no “DNA” dos presbiterianos. Podemos afirmar que pioneirismo e tradição sintetizam e representam a importância do Instituto Presbiteriano Mackenzie para o sistema educacional brasileiro? Esta é uma das marcas do Mackenzie, e podemos trazer à memória alguns exemplos deste pioneirismo na educação: a introdução do ensino democrático sem preconceitos, em classes mistas; a introdução da cultura física esportiva no sistema educacional primário de São Paulo; a introdução do sistema educacional misto no Brasil Império; a abolição do castigo físico na escola; a criação das bolsas de estudo para alunos sem recursos; a primeira faculdade de Filosofia em São Paulo; a primeira Escola

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Fotos: Acervo CHCM

Podemos afirmar também que o Sistema Mackenzie de Ensino surgiu para corroborar com a missão educacional da Igreja Presbiteriana do Brasil e do Mackenzie? De que forma isso tem ocorrido?

de Engenharia privada, cujo diploma era validado pela Universidade de Nova York; a segunda faculdade de arquitetura no Brasil. Agora, o desafio de uma entidade cen­tenária como o Mackenzie é continuar sendo pioneira e inovadora, sem abrir mão dos seus valores centenários, e princi­pal­ mente da sua confessionalidade. Isso me faz lembrar dos ensinamentos de Jim Col­ lins (1995), que afirma em um dos seus best-sellers sobre organizações visionárias e centenárias: “Uma empresa visionária preserva qua­se que religiosamente a sua ideo­ lo­­gia cen­tral – mudando-a muito pou­ co, se mu­dar. Os valores centrais de uma empresa visionária formam uma ba­se sólida e não se deixam levar por tendências e modas passageiras; em alguns casos, os valores centrais per­ maneceram intactos por mais de cem anos. E o objetivo fundamental de uma empresa visionária – sua razão de ser – pode servir de guia por muitos sécu­­ los, como uma estrela no horizonte. Contudo, ao mesmo tempo em que man­têm suas ideologias centrais bem de­ter­minadas, as empresas visionárias demonstram ter uma incrível vontade de progredir que lhes permite mudar e se adaptar sem comprometer seus ideais tão acalentados.”

Com certeza podemos afirmar que o Sistema Mackenzie de Ensino fortalece a missão educacional da IPB e do Mackenzie. O sonho de ter uma escola ao lado de cada igreja se tornou muito difícil em face dos complexos desafios de se manter uma, tanto pelos custos envolvidos, quanto pelas normatizações legais e trabalhistas etc. A capilaridade da missão educacional neste país continente se torna possível através de um sistema de ensino e, mais adiante, com a implantação das ferramentas do ensino a distância (EaD). Assim, quando o Mackenzie disponi­ bi­liza ao mercado um sistema de ensino que traz os valores cristãos e reformados de forma inteligente, contextualizada e pe­ dagogicamente adequada estamos con­­­tri­­­­ buindo com a missão educacional da Igreja.

Para concluir, quais expectativas o senhor nutre a respeito dos próximos anos do Sistema Mackenzie de Ensino? Segundo estudos da Fundação Le­ mann, escolas que adotaram sistemas de ensino têm melhor desempenho aca­ dêmico. Tenho algumas expectativas e sonhos, mas vou me apropriar do sonho que o Presidente do Supremo Concílio, Rev. Roberto Brasi­leiro, externou em uma reunião de plane­jamento estratégico do Mackenzie: que o Sistema Mackenzie de Ensino tenha condições de ser oferecido a todos os co­légios confessionais, mediante as condi­ções financeiras de cada um. Ou seja, que alcancemos tais condições de susten­ta­bi­­­lidade econômica que te­ nhamos os meios que possibilitem o acesso a todos os colégios confessionais, mediante as suas reais possibilidades. É um grande de­sa­fio, pois temos a res­ ponsabilidade de sermos mordomos na sustentação do Ma­ckenzie, mas o que nos move é uma visão missionária da educação para o país.

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Panorama

Marcando presença, firmando e fidelizando parcerias

Quantidade de alunos por segmento 30000 25000

Antônio Carlos Teixeira Junqueira Neto Assessor Comercial no Mackenzie Soluções, responsável pela área comercial dos sistemas de ensino do Mackenzie. Graduado em Publicidade e Propaganda, com especialização em Gestão Estratégica de Marketing e MBA em Gestão Estratégica Empresarial.

Refletir acerca dos dez anos de existência do Sistema Mackenzie de Ensino, e sobre o momento atual, que pode ser considerado como de transição definitiva para a maturidade, é tarefa extremamente prazerosa e gratificante. Gratificante, porque, se no início do projeto alguém pudesse ter lançado algu­ ma dúvida em relação ao sucesso da implantação do sistema ou à sua pere­ nidade, hoje veria o registro histórico do SME apontando para uma trajetória muito bem-sucedida em que muitos desafios, grandes e pequenos, foram vencidos. Gratificante, porque existe consciência de que os bons resultados foram possíveis pelo fato de o SME ter aprendido a cultivar e explorar uma multiplicidade de recursos que possui: uma consistente proposta educacional, uma singular proposta filosó­ fico-teológica, uma comprometida equipe de profissionais da área da educação que atua na preparação dos materiais e na

8 | Revista SME

capacitação dos docentes, entre outros. São recursos exclusivos do SME, que agre­­­­ gam valores únicos e contribuem pa­ra o bom desempenho dos alunos dos Colé­ gios Presbiterianos Mackenzie e da rede de escolas parceiras. Gratificante porque ao colocar o “Ano 1” dessa história diante desse momen­ to em que nos encontramos, é gratidão que invade nossos corações: a Deus, que sempre esteve à frente desse ideal; aos profissionais do Mackenzie que trabalha­ ram para tirar o projeto do papel; e, de maneira muito especial, aos diretores dos colégios que utilizaram a versão piloto do SME em primeira mão: as três unidades do Mackenzie (São Paulo, Barueri e Bra­sília), mais quatro escolas parceiras que per­­­­ manecem conosco até essa data: a Aca­ demia Cristã de Boa Viagem (Recife/PE), o Instituto Presbiteriano de Ensino (Goiânia/ GO), o Colégio Presbiteriano Rev. Profº Felipe Manoel de Campos (Porto Feliz/

Alunos

20000 15000 10000 5000 0

2010

2011

Segmento SP) e o antigo Liceu Rocha Eterna, atual Colégio Presbiteriano de Tatuí (Tatuí/SP). Se em 2007 havia sete instituições de ensino, com cerca de 560 alunos, hoje são mais do que 230 instituições, que atendem mais de 40 mil alunos espalhados pelo país (vide gráfico). Além dos eventos da implantação e do desenvolvimento do sistema, a história do SME também registra o esforço feito para continuamente agregar e manter novos parceiros ao redor de um projeto de elevada relevância, com potencial para promover grandes e significativas mudanças na sociedade brasileira. O que se observa, ao longo dos anos, é que a missão institucional de “educar para o exercício consciente e crítico da cidadania” impregnou de tal maneira a marca Mackenzie, que conferiu atributos

2012

2013

Ensino Médio

2014

2015

Fundamental

2016

Infantil

aspiracionais a ela, atributos que também impregnaram a marca SME, e que exercem enorme força de atração entre educadores, pais e alunos. Autores, que defendem esse entendimento, afirmam que os clientes se sentem bem com os produtos e têm cada vez mais orgulho de fazer parte de um movimento grandioso. É sob essa ótica que trabalhamos a ideia da fidelização, e não sob a simples perspectiva de grande parte da litera­tura contemporânea que, quase que invaria­­­ velmente, se refere a “ações de fideli­za­ ção”, reduzindo-a a um conjunto de ações para encantar e satisfazer neces­ sidades. Essas ações possuem valor, e sempre nos empenharemos para adotar as que pu­de­ rem contribuir para o sucesso dos nossos parceiros. Queremos, contudo, ultrapas­sar os limites do circunstancial e do convencional.

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Panorama

Marcando presença, firmando e fidelizando parcerias

Quantidade de alunos por segmento 30000 25000

Antônio Carlos Teixeira Junqueira Neto Assessor Comercial no Mackenzie Soluções, responsável pela área comercial dos sistemas de ensino do Mackenzie. Graduado em Publicidade e Propaganda, com especialização em Gestão Estratégica de Marketing e MBA em Gestão Estratégica Empresarial.

Refletir acerca dos dez anos de existência do Sistema Mackenzie de Ensino, e sobre o momento atual, que pode ser considerado como de transição definitiva para a maturidade, é tarefa extremamente prazerosa e gratificante. Gratificante, porque, se no início do projeto alguém pudesse ter lançado algu­ ma dúvida em relação ao sucesso da implantação do sistema ou à sua pere­ nidade, hoje veria o registro histórico do SME apontando para uma trajetória muito bem-sucedida em que muitos desafios, grandes e pequenos, foram vencidos. Gratificante, porque existe consciência de que os bons resultados foram possíveis pelo fato de o SME ter aprendido a cultivar e explorar uma multiplicidade de recursos que possui: uma consistente proposta educacional, uma singular proposta filosó­ fico-teológica, uma comprometida equipe de profissionais da área da educação que atua na preparação dos materiais e na

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capacitação dos docentes, entre outros. São recursos exclusivos do SME, que agre­­­­ gam valores únicos e contribuem pa­ra o bom desempenho dos alunos dos Colé­ gios Presbiterianos Mackenzie e da rede de escolas parceiras. Gratificante porque ao colocar o “Ano 1” dessa história diante desse momen­ to em que nos encontramos, é gratidão que invade nossos corações: a Deus, que sempre esteve à frente desse ideal; aos profissionais do Mackenzie que trabalha­ ram para tirar o projeto do papel; e, de maneira muito especial, aos diretores dos colégios que utilizaram a versão piloto do SME em primeira mão: as três unidades do Mackenzie (São Paulo, Barueri e Bra­sília), mais quatro escolas parceiras que per­­­­ manecem conosco até essa data: a Aca­ demia Cristã de Boa Viagem (Recife/PE), o Instituto Presbiteriano de Ensino (Goiânia/ GO), o Colégio Presbiteriano Rev. Profº Felipe Manoel de Campos (Porto Feliz/

Alunos

20000 15000 10000 5000 0

2010

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Segmento SP) e o antigo Liceu Rocha Eterna, atual Colégio Presbiteriano de Tatuí (Tatuí/SP). Se em 2007 havia sete instituições de ensino, com cerca de 560 alunos, hoje são mais do que 230 instituições, que atendem mais de 40 mil alunos espalhados pelo país (vide gráfico). Além dos eventos da implantação e do desenvolvimento do sistema, a história do SME também registra o esforço feito para continuamente agregar e manter novos parceiros ao redor de um projeto de elevada relevância, com potencial para promover grandes e significativas mudanças na sociedade brasileira. O que se observa, ao longo dos anos, é que a missão institucional de “educar para o exercício consciente e crítico da cidadania” impregnou de tal maneira a marca Mackenzie, que conferiu atributos

2012

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Ensino Médio

2014

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Fundamental

2016

Infantil

aspiracionais a ela, atributos que também impregnaram a marca SME, e que exercem enorme força de atração entre educadores, pais e alunos. Autores, que defendem esse entendimento, afirmam que os clientes se sentem bem com os produtos e têm cada vez mais orgulho de fazer parte de um movimento grandioso. É sob essa ótica que trabalhamos a ideia da fidelização, e não sob a simples perspectiva de grande parte da litera­tura contemporânea que, quase que invaria­­­ velmente, se refere a “ações de fideli­za­ ção”, reduzindo-a a um conjunto de ações para encantar e satisfazer neces­ sidades. Essas ações possuem valor, e sempre nos empenharemos para adotar as que pu­de­ rem contribuir para o sucesso dos nossos parceiros. Queremos, contudo, ultrapas­sar os limites do circunstancial e do convencional.

Revista SME | 9


Ideias e Inovações

SME: fundamentos pedagógicos para uma educação escolar cristã e significativa ““E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”. (Romanos. 12.1)

Marili Vieira - Doutora em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009), mestre em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002) e graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988), com habilitação em Orientação Educacional, e Administração Escolar (1996). Atuou como orientadora educacional, coordenadora pedagógica e diretora pedagógica entre os anos de 1988 a 2006 no Colégio Batista Brasileiro. Atuou como coordenadora pedagógica no Sistema Mackenzie de Ensino de 2007 a 2011. Atualmente é prof. assistente doutor I da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como Coordenadora de Apoio Pedagógico na pró-reitoria acadêmica, sendo responsável pelos trabalhos de formação continuada dos docentes e pelo acompanhamento dos Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos presenciais bem como na modalidade EAD da Instituição. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores e gestão pedagógica, atuando principalmente com os seguintes temas: formação de professores, identidade profissional, projeto político pedagógico, ensino.

A transformação e a renovação do entendimento são alvos da educação. Na educação cristã, a não conformação com o mundo é o diferencial que propõe tal transformação e renovação. Precisamos ter claro quem é o ser humano a quem educamos. Biblicamente, ele não é passivo, não é determinado pelo seu ambiente ou por fatores externos, nem é totalmente ativo, trazendo em si mesmo todas as capacidades inatas para, dado

10 | Revista SME

algum estímulo, transformar o seu espaço externo. Ele é interativo, relacional, não apenas na forma de se comunicar coope­ rativamente para a aprendizagem, mas no sentido epistemológico do que é ser relacional. Ao aprender, o ser huma­no usa sua mente, suas emoções e sua capacidade de conhecer, perceber, questionar, para buscar a verdade, e assim construir teorias, conceitos e proposições. Portanto, há uma relação entre fato­

res internos ao sujeito (suas emoções, suas percepções, sua imaginação) que apren­­de e os fatores externos. O filósofo cris­tão Clark (CLARK, 1981, p. 316, apud MAc­­ CULLOUGH, 2005, p. 21) afirma que “Deus criou a mente e o mundo para que se harmonizem”. O conhecimento cons­truí­ do pelo aluno não é fruto de sua subje­ tividade apenas, nem é fruto de ques­ tões objetivas e neutras. É, sim, fruto de sucessivas relações que se estabelecem entre as suas percepções e seu ambiente externo: o objeto de aprendizagem, o do­ cente que o ensina e as percepções dos demais colegas que estão aprendendo. Por esse motivo, o modelo utilizado pelo SME é cognitivo-interacionista. Esta forma de ver o homem e o mundo, isto é, interativa, gera uma filo­ so­­fia de educação direcionada a um mo­ delo pedagógico que considera essa inte­ ratividade do ser humano no processo de ensino e aprendizagem. Neste mode­­lo, o ensino será organizado e de responsa­ bilidade do professor. Mas este deverá exi­ gir a ação mental do aluno sobre o objeto de aprendizagem, e favorecer o contato e o confronto das conclusões e percepções do aluno com outras, de colegas e de teó­ ricos sobre o assunto.

Quando examinamos os livros do SME, percebemos que há intenção clara de favorecer esse movimento do aluno com o conteúdo que irá aprender, ques­ tionando-o sempre sobre as percepções e conhecimentos prévios que possui so­bre o conteúdo e desafiando-o ao seu apro­ fundamento. O material propõe ao professor que o aluno explore, investigue, organize os conceitos que estão sendo apresentados. O professor se responsabiliza pela apre­ sen­­tação organizada dos conteúdos e pe­­ la promoção de atividades que exijam a ação do aluno, que promovam o apren­der e o aprender a aprender (usando diver­sas habilidades e competências cog­ni­tivas). É um modelo pedagógico que não propõe a comunicação e a avalia­ção passiva do conteúdo para o aluno e nem propõe ati­ vidades sem intencio­nalidade específica, ao contrário, propõe a ativação da cognição e de novas habi­­­lidades e competências com ativi­da­des intencionalmente planejadas pe­ lo pro­fessor. Referencial MACCOUGH, M. “Filosofia Educacio­ nal”. ACSI. Fundamentos Pedagógicos. São Paulo: ACSI-Brasil, 2005.

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Ideias e Inovações

SME: fundamentos pedagógicos para uma educação escolar cristã e significativa ““E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”. (Romanos. 12.1)

Marili Vieira - Doutora em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009), mestre em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002) e graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988), com habilitação em Orientação Educacional, e Administração Escolar (1996). Atuou como orientadora educacional, coordenadora pedagógica e diretora pedagógica entre os anos de 1988 a 2006 no Colégio Batista Brasileiro. Atuou como coordenadora pedagógica no Sistema Mackenzie de Ensino de 2007 a 2011. Atualmente é prof. assistente doutor I da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como Coordenadora de Apoio Pedagógico na pró-reitoria acadêmica, sendo responsável pelos trabalhos de formação continuada dos docentes e pelo acompanhamento dos Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos presenciais bem como na modalidade EAD da Instituição. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores e gestão pedagógica, atuando principalmente com os seguintes temas: formação de professores, identidade profissional, projeto político pedagógico, ensino.

A transformação e a renovação do entendimento são alvos da educação. Na educação cristã, a não conformação com o mundo é o diferencial que propõe tal transformação e renovação. Precisamos ter claro quem é o ser humano a quem educamos. Biblicamente, ele não é passivo, não é determinado pelo seu ambiente ou por fatores externos, nem é totalmente ativo, trazendo em si mesmo todas as capacidades inatas para, dado

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algum estímulo, transformar o seu espaço externo. Ele é interativo, relacional, não apenas na forma de se comunicar coope­ rativamente para a aprendizagem, mas no sentido epistemológico do que é ser relacional. Ao aprender, o ser huma­no usa sua mente, suas emoções e sua capacidade de conhecer, perceber, questionar, para buscar a verdade, e assim construir teorias, conceitos e proposições. Portanto, há uma relação entre fato­

res internos ao sujeito (suas emoções, suas percepções, sua imaginação) que apren­­de e os fatores externos. O filósofo cris­tão Clark (CLARK, 1981, p. 316, apud MAc­­ CULLOUGH, 2005, p. 21) afirma que “Deus criou a mente e o mundo para que se harmonizem”. O conhecimento cons­truí­ do pelo aluno não é fruto de sua subje­ tividade apenas, nem é fruto de ques­ tões objetivas e neutras. É, sim, fruto de sucessivas relações que se estabelecem entre as suas percepções e seu ambiente externo: o objeto de aprendizagem, o do­ cente que o ensina e as percepções dos demais colegas que estão aprendendo. Por esse motivo, o modelo utilizado pelo SME é cognitivo-interacionista. Esta forma de ver o homem e o mundo, isto é, interativa, gera uma filo­ so­­fia de educação direcionada a um mo­ delo pedagógico que considera essa inte­ ratividade do ser humano no processo de ensino e aprendizagem. Neste mode­­lo, o ensino será organizado e de responsa­ bilidade do professor. Mas este deverá exi­ gir a ação mental do aluno sobre o objeto de aprendizagem, e favorecer o contato e o confronto das conclusões e percepções do aluno com outras, de colegas e de teó­ ricos sobre o assunto.

Quando examinamos os livros do SME, percebemos que há intenção clara de favorecer esse movimento do aluno com o conteúdo que irá aprender, ques­ tionando-o sempre sobre as percepções e conhecimentos prévios que possui so­bre o conteúdo e desafiando-o ao seu apro­ fundamento. O material propõe ao professor que o aluno explore, investigue, organize os conceitos que estão sendo apresentados. O professor se responsabiliza pela apre­ sen­­tação organizada dos conteúdos e pe­­ la promoção de atividades que exijam a ação do aluno, que promovam o apren­der e o aprender a aprender (usando diver­sas habilidades e competências cog­ni­tivas). É um modelo pedagógico que não propõe a comunicação e a avalia­ção passiva do conteúdo para o aluno e nem propõe ati­ vidades sem intencio­nalidade específica, ao contrário, propõe a ativação da cognição e de novas habi­­­lidades e competências com ativi­da­des intencionalmente planejadas pe­ lo pro­fessor. Referencial MACCOUGH, M. “Filosofia Educacio­ nal”. ACSI. Fundamentos Pedagógicos. São Paulo: ACSI-Brasil, 2005.

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Em destaque

SME: 10 anos integrando conhecimentos

Trabalho com a Educação Escolar Cris­ tã já há alguns anos. Nos primeiros tempos dessa empreitada olhava para as escolas cristãs em nosso país e me incomodava o fato de que a vida religiosa das comu­ nidades escolares, sua visão e missão, pou­co reflexo tinham dentro da sala de aula. Não que os professores deixassem de com­partilhar os valores da própria escola, mas não sabiam, de maneira prática, como fazê-lo. Como expresso no testemunho recente de uma professora “sou uma cristã professora, mas dificilmente posso dizer que sou uma professora cristã!”, qual é a grande dificuldade envolvida na realidade de muitas escolas e desta professora? Primeiro, há um desconhecimento da necessidade de integração. Por que, em um mundo com tantas especializações, al­ guém deveria preocupar-se com integra­ ção? Percebemos que o mundo escolar e acadêmico corre sempre o risco de ca­ minhar para processos de desintegração. A escola cristã não está imune ao problema da falta de reconhecimento da necessidade da integração do saber. A prova mais cla­

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ra disso é o fato de que hoje procura-se, quase que desesperadamente, a inter­dis­ ciplinaridade, multidisciplinaridade, temas transversais, elementos que tragam de vol­ta alguma integração ao conhecimento desconectado. Em segundo lugar, há o desco­nhe­ cimento dos mecanismos de integração. Logo depois dos primeiros anos do Ensino Fundamental, o aluno passa a aprender por “fatias” e o professor a perder a condição de conectar os pontos do conhecimento. Como integrar o conhecimento sem que isto seja um movimento artificial? Alerta desde o princípio a esta rea­ li­ dade, o SME sempre teve como fun­ damento próprio da visão de mundo cristã a integração do conhecimento. A base para isto é o fato de que para toda a realidade existe um só criador, de onde todas as coisas procedem. Podemos dizer que, naturalmente, como fruto da visão cristã de mundo o material do SME tende a integrar o conhecimento a respeito de toda a criação. Logo, tendo sólido fun­damento, pusemo-nos a buscar os meios claros de

Foto: Wittayayut/shutterstock

Mauro Fernando Meister Graduado em Teologia, Mestre em Teologia Exegética pelo Covenant Theological Seminary (USA) e Doutor em Literatura Semítica pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul). Diretor e Professor do Departamento de Teologia Exegética no CPAJ (Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper). Consultor TeológicoFilosófico do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e Diretor Executico da Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI Brasil)

integração que deveriam estar explícitos em toda a coleção do material didático em função do conceito cristão de que podemos conhecer a verdade e a realidade, a partir da revelação na Palavra de Deus. Assim, o conhecimento integrado nos materiais do SME apresenta algumas van­ tagens: 1- A conexão do conhecimento ob­ tido com a realidade: apresentamos o que corresponde à realidade da criação, o mundo de Deus. 2- A conexão do conhecimento com a vida: o conhecimento da verdade so­ bre o homem a partir da realidade da existência de Deus, da queda do homem, da redenção do atual estado da condição

humana e de uma consumação que enche o coração de real esperança. 3- A conexão do conhecimento entre áreas da ciência: a compreensão das coi­ sas do mundo criado a partir de uma di­ mensão que vai além do determinismo na­turalista. 4- A conexão do conhecimento teórico e a aplicação prática para a vida em todas as suas dimensões: o conhecimento não utilitarista, mas útil e experimental. Dessa forma, a cada nova versão e revisão do material, ao longo destes anos, temos descoberto novas e variadas maneiras de colocar nos livros um conhecimento íntegro e integrado: são 10 anos integrando conhecimento.

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Em destaque

SME: 10 anos integrando conhecimentos

Trabalho com a Educação Escolar Cris­ tã já há alguns anos. Nos primeiros tempos dessa empreitada olhava para as escolas cristãs em nosso país e me incomodava o fato de que a vida religiosa das comu­ nidades escolares, sua visão e missão, pou­co reflexo tinham dentro da sala de aula. Não que os professores deixassem de com­partilhar os valores da própria escola, mas não sabiam, de maneira prática, como fazê-lo. Como expresso no testemunho recente de uma professora “sou uma cristã professora, mas dificilmente posso dizer que sou uma professora cristã!”, qual é a grande dificuldade envolvida na realidade de muitas escolas e desta professora? Primeiro, há um desconhecimento da necessidade de integração. Por que, em um mundo com tantas especializações, al­ guém deveria preocupar-se com integra­ ção? Percebemos que o mundo escolar e acadêmico corre sempre o risco de ca­ minhar para processos de desintegração. A escola cristã não está imune ao problema da falta de reconhecimento da necessidade da integração do saber. A prova mais cla­

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ra disso é o fato de que hoje procura-se, quase que desesperadamente, a inter­dis­ ciplinaridade, multidisciplinaridade, temas transversais, elementos que tragam de vol­ta alguma integração ao conhecimento desconectado. Em segundo lugar, há o desco­nhe­ cimento dos mecanismos de integração. Logo depois dos primeiros anos do Ensino Fundamental, o aluno passa a aprender por “fatias” e o professor a perder a condição de conectar os pontos do conhecimento. Como integrar o conhecimento sem que isto seja um movimento artificial? Alerta desde o princípio a esta rea­ li­ dade, o SME sempre teve como fun­ damento próprio da visão de mundo cristã a integração do conhecimento. A base para isto é o fato de que para toda a realidade existe um só criador, de onde todas as coisas procedem. Podemos dizer que, naturalmente, como fruto da visão cristã de mundo o material do SME tende a integrar o conhecimento a respeito de toda a criação. Logo, tendo sólido fun­damento, pusemo-nos a buscar os meios claros de

Foto: Wittayayut/shutterstock

Mauro Fernando Meister Graduado em Teologia, Mestre em Teologia Exegética pelo Covenant Theological Seminary (USA) e Doutor em Literatura Semítica pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul). Diretor e Professor do Departamento de Teologia Exegética no CPAJ (Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper). Consultor TeológicoFilosófico do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e Diretor Executico da Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI Brasil)

integração que deveriam estar explícitos em toda a coleção do material didático em função do conceito cristão de que podemos conhecer a verdade e a realidade, a partir da revelação na Palavra de Deus. Assim, o conhecimento integrado nos materiais do SME apresenta algumas van­ tagens: 1- A conexão do conhecimento ob­ tido com a realidade: apresentamos o que corresponde à realidade da criação, o mundo de Deus. 2- A conexão do conhecimento com a vida: o conhecimento da verdade so­ bre o homem a partir da realidade da existência de Deus, da queda do homem, da redenção do atual estado da condição

humana e de uma consumação que enche o coração de real esperança. 3- A conexão do conhecimento entre áreas da ciência: a compreensão das coi­ sas do mundo criado a partir de uma di­ mensão que vai além do determinismo na­turalista. 4- A conexão do conhecimento teórico e a aplicação prática para a vida em todas as suas dimensões: o conhecimento não utilitarista, mas útil e experimental. Dessa forma, a cada nova versão e revisão do material, ao longo destes anos, temos descoberto novas e variadas maneiras de colocar nos livros um conhecimento íntegro e integrado: são 10 anos integrando conhecimento.

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Fundamentos para uma Educação Escolar Cristã Prof. Solano Portela é Diretor de Operações da Educação Básica do Instituto Presbiteriano Mackenzie, formado na área de Ciências Exatas, fez seu mestrado no Biblical Theological Seminary, nos Estados Unidos.

Escolas cristãs são poucas e raras. Iniciar, administrar e manter essas esco­ las é um desafio perene. Mais desafia­­dor ainda é demonstrar e gerar convenci­ men­­to do que é uma verdadeira educa­ ção escolar cristã, tanto aos próprios edu­­­ca­­dores cristãos, como aos pais. Por ve­zes essas escolas e seus educadores e administradores não percebem que exis­ te uma profunda necessidade de diferen­ ciação e de reafirmação de uma identidade con­­fessional. Os pais, por outro lado, enquanto che­gam até a apreciar o “clima” cristão da escola, ainda assim almejam que o con­ teúdo e a forma de educar seja “igual” às demais escolas de prestígio que eles conhecem. Em muitas ocasiões, escolas cristãs são alvo de críticas e problemas são despertados pelos próprios pais cris­ tãos. “Isso é coisa de Escola Dominical” é uma afirmação ouvida com incômoda fre­quência. Mas existe pertinência na edu­ cação escolar cristã, e pais cristãos de­ ve­riam apoiar as escolas que têm essa abordagem e fazer todo o esforço para

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nelas educarem os seus filhos. No entanto, existem alguns alertas, não somente para os pais, mas para as escolas, pois, ser uma escola cristã significa assumir identidades muito específicas da fé cristã, algumas dessas bem essenciais: 1- A escola cristã tem, não somen­ te, PROPÓSITOS diferentes, mas o CON­ TEÚDO deve ser diferente, e essa diferença pode começar no próprio nome da escola, pois a identificação deveria estar bem cla­ ra a todos que a procuram e aos que ne­ la estudam. No entanto, não basta uma identificação como cristã apenas no nome. 2- O diferencial deve se estender à abordagem de todas as matérias. Elas de­vem ser entrelaçadas à realidade do Deus Criador. Os alunos têm que assimilar naturalmente valores universais que emanam da Palavra de Deus e permeiam todas as áreas do conhecimento, de tal maneira que eles próprios FARÃO DIFE­ RENÇA no mundo tenebroso em que vivemos, no qual constituirão famílias e construirão suas carreiras. Deverão ser influenciadores de uma sociedade cada vez mais decadente, senão serão por ela cooptados e influenciados, às vezes por falta exatamente de uma educação marcadamente cristã. 3- Outra marca da diferença dessas escolas é a prática cristã que existe den­ tro dos seus muros. Quão diferentes são os relacionamentos naquela escola? Quão diferentes são os seus alunos – em qualidade, em preparo, mas, essen­ cialmente em transformação de vida. Elas formam pessoas que alicerçarão suas vi­das nos princípios de relacionamento apre­ sentados nas Escrituras? Se fosse possível resumir e encontrar

em um texto bíblico aquilo que as escolas cristãs deveriam ser como veículos da gra­ ça de Deus, utilizaríamos a declaração de Jesus sobre João Batista, no evangelho de João 5.35: “[João] era a lâmpada que ardia e alumiava… “ Nesse texto, Jesus indica que as pes­ soas procuravam a João porque ele tinha uma LUZ. As escolas cristãs devem ter luz, devem ser luzeiros em um mundo onde as trevas estão em toda parte, onde o “vale da sombra da morte” repre­ senta o que é a jornada de todos nós. Chamamos os estudantes de ALUNOS. Eti­mologicamente isso significa “aqueles que não têm luz”, onde a luz é necessitada, pois ela está ausente. Alunos acorrem às escolas exatamente para obter luz. E onde encontrariam luz maior do que nas escolas cristãs? Fontes de luz! Local de morada da LUZ DO MUNDO! Transmissoras dessa luz em tudo que ensinam. Uma luz que deve permear a vida daqueles que exercem os seus ministérios e que pode transformar a vida daqueles que ali aprendem os ca­ minhos da vida. No entanto, note que Jesus não fa­­la da uma luz qualquer, Muitas escolas exis­­­ tem. Muitas escolas seculares até pos­­­suem raios de luz, podem dar bons conhe­ cimentos sobre a Criação, ainda que ne­ guem ao Criador; ainda que soneguem do conhecimento dos seus alunos a VER­ DADEIRA LUZ. A questão é: escolas cristãs possuem a luz da qual fala Jesus? Muitas, sim; outras, não. A LUZ de João; a luz que os seguidores de Cristo DEVEM propagar; a LUZ que faz com que escolas sejam comunidades ensinadoras da graça de Deus, deve ser: uma Luz que alumia; que ilumina! Aquela que atinge o intelecto; que esclarece as questões; que nos faz compreender o mundo de DEUS; que revela todas as coisas; que traça o contraste real entre luz e trevas; que levará os seus alunos a não somente compreender o sentido da vida,

Foto: Monkey Business Images/shutterstock

Olhares

mas a observar os princípios e valores em todos os seus detalhes. As escolas cristãs devem também ser uma Luz que arde! Não é uma luz fria. Na realidade, a luz é produzida porque algo foi colocado em chamas. É uma luz que causa impacto; uma luz que queima dentro das mentes e corações; que estimula as emoções e os sentimentos; que solidifica os relacionamentos; que desperta o amor de uns para com os outros e de todos para com Deus. A conjunção desses dois aspectos é que gera escolas que são verdadeiros veículos da graça. É preciso cuidar para que escolas cristãs não apresentem ape­ nas um dos aspectos dessa luz. Muitas transbordam em emoção e apresentam grandes relacionamentos, mas relegam a um segundo plano a missão primordial de EDUCAR, de iluminar. Outras ocupamse tão somente do intelecto! Iluminam e preparam bem os alunos para as matérias, mas nunca chegam a relacioná-las com o Criador. Falta alma ao ensinar! Escolas Cristãs têm que arder e iluminar! Precisamos de mais escolas cristãs que tenham essa visão.

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Fundamentos para uma Educação Escolar Cristã Prof. Solano Portela é Diretor de Operações da Educação Básica do Instituto Presbiteriano Mackenzie, formado na área de Ciências Exatas, fez seu mestrado no Biblical Theological Seminary, nos Estados Unidos.

Escolas cristãs são poucas e raras. Iniciar, administrar e manter essas esco­ las é um desafio perene. Mais desafia­­dor ainda é demonstrar e gerar convenci­ men­­to do que é uma verdadeira educa­ ção escolar cristã, tanto aos próprios edu­­­ca­­dores cristãos, como aos pais. Por ve­zes essas escolas e seus educadores e administradores não percebem que exis­ te uma profunda necessidade de diferen­ ciação e de reafirmação de uma identidade con­­fessional. Os pais, por outro lado, enquanto che­gam até a apreciar o “clima” cristão da escola, ainda assim almejam que o con­ teúdo e a forma de educar seja “igual” às demais escolas de prestígio que eles conhecem. Em muitas ocasiões, escolas cristãs são alvo de críticas e problemas são despertados pelos próprios pais cris­ tãos. “Isso é coisa de Escola Dominical” é uma afirmação ouvida com incômoda fre­quência. Mas existe pertinência na edu­ cação escolar cristã, e pais cristãos de­ ve­riam apoiar as escolas que têm essa abordagem e fazer todo o esforço para

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nelas educarem os seus filhos. No entanto, existem alguns alertas, não somente para os pais, mas para as escolas, pois, ser uma escola cristã significa assumir identidades muito específicas da fé cristã, algumas dessas bem essenciais: 1- A escola cristã tem, não somen­ te, PROPÓSITOS diferentes, mas o CON­ TEÚDO deve ser diferente, e essa diferença pode começar no próprio nome da escola, pois a identificação deveria estar bem cla­ ra a todos que a procuram e aos que ne­ la estudam. No entanto, não basta uma identificação como cristã apenas no nome. 2- O diferencial deve se estender à abordagem de todas as matérias. Elas de­vem ser entrelaçadas à realidade do Deus Criador. Os alunos têm que assimilar naturalmente valores universais que emanam da Palavra de Deus e permeiam todas as áreas do conhecimento, de tal maneira que eles próprios FARÃO DIFE­ RENÇA no mundo tenebroso em que vivemos, no qual constituirão famílias e construirão suas carreiras. Deverão ser influenciadores de uma sociedade cada vez mais decadente, senão serão por ela cooptados e influenciados, às vezes por falta exatamente de uma educação marcadamente cristã. 3- Outra marca da diferença dessas escolas é a prática cristã que existe den­ tro dos seus muros. Quão diferentes são os relacionamentos naquela escola? Quão diferentes são os seus alunos – em qualidade, em preparo, mas, essen­ cialmente em transformação de vida. Elas formam pessoas que alicerçarão suas vi­das nos princípios de relacionamento apre­ sentados nas Escrituras? Se fosse possível resumir e encontrar

em um texto bíblico aquilo que as escolas cristãs deveriam ser como veículos da gra­ ça de Deus, utilizaríamos a declaração de Jesus sobre João Batista, no evangelho de João 5.35: “[João] era a lâmpada que ardia e alumiava… “ Nesse texto, Jesus indica que as pes­ soas procuravam a João porque ele tinha uma LUZ. As escolas cristãs devem ter luz, devem ser luzeiros em um mundo onde as trevas estão em toda parte, onde o “vale da sombra da morte” repre­ senta o que é a jornada de todos nós. Chamamos os estudantes de ALUNOS. Eti­mologicamente isso significa “aqueles que não têm luz”, onde a luz é necessitada, pois ela está ausente. Alunos acorrem às escolas exatamente para obter luz. E onde encontrariam luz maior do que nas escolas cristãs? Fontes de luz! Local de morada da LUZ DO MUNDO! Transmissoras dessa luz em tudo que ensinam. Uma luz que deve permear a vida daqueles que exercem os seus ministérios e que pode transformar a vida daqueles que ali aprendem os ca­ minhos da vida. No entanto, note que Jesus não fa­­la da uma luz qualquer, Muitas escolas exis­­­ tem. Muitas escolas seculares até pos­­­suem raios de luz, podem dar bons conhe­ cimentos sobre a Criação, ainda que ne­ guem ao Criador; ainda que soneguem do conhecimento dos seus alunos a VER­ DADEIRA LUZ. A questão é: escolas cristãs possuem a luz da qual fala Jesus? Muitas, sim; outras, não. A LUZ de João; a luz que os seguidores de Cristo DEVEM propagar; a LUZ que faz com que escolas sejam comunidades ensinadoras da graça de Deus, deve ser: uma Luz que alumia; que ilumina! Aquela que atinge o intelecto; que esclarece as questões; que nos faz compreender o mundo de DEUS; que revela todas as coisas; que traça o contraste real entre luz e trevas; que levará os seus alunos a não somente compreender o sentido da vida,

Foto: Monkey Business Images/shutterstock

Olhares

mas a observar os princípios e valores em todos os seus detalhes. As escolas cristãs devem também ser uma Luz que arde! Não é uma luz fria. Na realidade, a luz é produzida porque algo foi colocado em chamas. É uma luz que causa impacto; uma luz que queima dentro das mentes e corações; que estimula as emoções e os sentimentos; que solidifica os relacionamentos; que desperta o amor de uns para com os outros e de todos para com Deus. A conjunção desses dois aspectos é que gera escolas que são verdadeiros veículos da graça. É preciso cuidar para que escolas cristãs não apresentem ape­ nas um dos aspectos dessa luz. Muitas transbordam em emoção e apresentam grandes relacionamentos, mas relegam a um segundo plano a missão primordial de EDUCAR, de iluminar. Outras ocupamse tão somente do intelecto! Iluminam e preparam bem os alunos para as matérias, mas nunca chegam a relacioná-las com o Criador. Falta alma ao ensinar! Escolas Cristãs têm que arder e iluminar! Precisamos de mais escolas cristãs que tenham essa visão.

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Para refletir

Cosmovisão cristã e cansaço: liberdade e descanso Filipe Costa Fontes - Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Rev. José Manoel da Conceição (2004), pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2006), e Licenciatura Plena em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (2009). Mestre em Teologia com concentração em Filosofia pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (2009), e em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2012). Doutorando em Educação, Arte e história da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É ministro presbiteriano desde fevereiro de 2006. Professor de disciplinas da área de Cultura Geral (Filosofia e Sociologia) no Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (JMC); Consultor Teológico-Filosófico do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e editor de resenhas da Revista Fides Reformata. É casado com Lenice e pai de Ana Lívia e Daniel

Vivemos em um mundo exigente! Há muita gente super ocupada hoje em dia. E uma das experiências humanas mais comuns na atualidade é o cansaço. Pensando nisto, este texto pretende refle­tir sobre o can­sa­­­­ ço, promovendo um entendi­­­mento bibli­ ca­­­­mente orientado dessa experiência e su­ gerindo condições para que ela seja viven­ ciada de modo mais adequado. Para compreendermos corretamente a nossa experiência de cansaço, devemos saber, primeiramente, que ela é uma ex­­ pe­­riência natural. Somos criaturas limi­ tadas e finitas, e fomos criados com um objetivo grandioso: espelhar a imagem do Criador no contexto de uma tríplice relação – a relação com ele, com os outros seres humanos e com as demais coisas criadas. Considere as atividades envolvidas no cumprimento desse objetivo criacional – culto, família, trabalho. Paralelamente, considere nossas limitações e finitude e será pouco provável que você permaneça com dúvidas sobre o fato de que o cansaço é algo mais do que esperado. Em segundo lugar, devemos saber

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que, atualmente, temos uma experiência maximizada de cansaço. Não vivemos no mundo exatamente tal qual foi cria­ do por Deus, mas em um mundo que­ brado. Logo, nós não vivenciamos mais os relacionamentos para os quais fomos criados da maneira como fomos criados para fazê-lo. Deus nos criou para um relacionamento harmônico com o nosso semelhante. Mas, atualmente, esse rela­ cio­ na­­ mento é marcado por tensões e de­­sentendimentos. Deus nos criou para um relacionamento harmônico com o mun­do. Mas hoje o mundo oferece resis­ tência à nossa tentativa de conhecê-lo e desenvolvê-lo. O pecado quebrou o mundo. E suas quebraduras maximizam nossa experiência de cansaço. Elas nos obrigam a atividades que antes não tínha­ mos de realizar (como a reconciliação em relacionamentos, por exemplo) e, além disso, impõem sobre nós uma sensação cons­ tante de insatisfação. No mundo que­­brado, além de lidar com um número maior de atividades, temos que lidar com o fato de que os resultados delas costumam

es­­tar sempre aquém do que gostaríamos, e, não poucas vezes, do esforço que em­ pre­­gamos. Finalmente, devemos saber que nos­­­­­sa experiência de cansaço pode ser ma­­­­­xi­ mizada ainda mais. O pecado não que­ brou apenas os outros e o mundo. Ele nos quebrou também, e uma de suas maiores quebraduras em nós foi o egoísmo, que pode possuir uma relação bastante estreita com o nosso cansaço. O cansaço pode ser maximizado pelas motivações egoístas que nutrimos. Pense no que acontece quando realizamos nossas atividades motivados unicamente pelo desejo de sermos reco­ nhecidos pelas pessoas. Dizemos mais ‘sim’ do que ‘não’, e, frequentemente, colo­­camos sobre os ombros mais peso do que conseguiríamos carregar. Motivações egoís­­tas desequilibram nossa agenda e, também, tornam mais comum a expe­ riência de frustração pelos resultados não alcançados. Quanto mais vivemos exclu­ sivamente em função de nós mesmos, mais chance temos de chegar ao fim de um dia de trabalho com a sensação de não ter feito nada útil. Nessas condições, cada imprevisto, por menor que seja, e apesar das oportunidades de realização que ofereça, desestabiliza-nos por nos impedir de alcançar o nosso alvo maior: aquilo que nós planejamos - a realização de nossa própria vontade. Motivações egoístas po­ dem estar na base do cansaço expresso pela reclamação rancorosa: Que dia ruim! Não fiz nada do que eu queria fazer! Seria possível evitar a experiência de cansaço? A resposta é não. Tanto pela nossa condição criacional, quanto pela nossa condição decaída, o cansaço é uma experiência inevitável para nós. Mas, seria possível minimizá-la? Ou, pelo menos, evitar que ela se torne ainda maior? Nesse caso a resposta é sim. Não podemos evitar o cansaço, mas podemos evitar torná-lo ainda maior. Para isso, há duas coisas principais

a fazer. A primeira é cultivar uma visão adequada do mundo, uma cosmo­ vi­ são cristã. Muito do cansaço que experi­­ mentamos pode ser derivado de susten­ tarmos um falso entendimento sobre quem somos e para que existimos. Nós maximizamos o cansaço quando assumi­ mos a mentalidade comum de que o trabalho é um mal necessário, e o sentido da vida está mais relacionado à diversão do que ao trabalho. Afinal, quem acredita que nasceu para viver em um resort, de pernas para o ar, tenderá a se sentir muito mais penalizado à mesa de um escri­ tório. A segunda, e mais fundamental, é liberdade. Porém, não me refiro à liber­­­ dade frequentemente defendida e dese­ jada pelo mundo contemporâneo – a ausência de limites e restrições –, mas à liberdade da escravidão de si mesmo [do egoísmo], para o serviço a Deus e ao próximo. Quando desfrutamos dessa liberdade somos menos tendentes ao dese­­­quilíbrio de agenda que suplanta prio­ ridades e à frustração pelos resultados não alcançados. Afinal, podemos dizer não, ainda que isso custe algo de nossa autoi­ magem e reconhecimento. Além disso, mantemos mais facilmente a estabilidade diante de imprevistos. Pois, ao invés de vê-los como empecilhos, passamos a vêlos como oportunidades inesperadas para cumprir nosso objetivo maior: servir a Deus e ao próximo. Finalmente, como podemos desfrutar dessa liberdade? Segundo a Bíblia, ela é oferecida gratuitamente por Deus, na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho (2 Co­rín­­tios 5.15) a todos que, simplesmente, atendem ao seu convite: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobre­carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, por­que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu far­do é leve (Mateus 11.28-30).

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Para refletir

Cosmovisão cristã e cansaço: liberdade e descanso Filipe Costa Fontes - Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Rev. José Manoel da Conceição (2004), pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2006), e Licenciatura Plena em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (2009). Mestre em Teologia com concentração em Filosofia pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (2009), e em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2012). Doutorando em Educação, Arte e história da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É ministro presbiteriano desde fevereiro de 2006. Professor de disciplinas da área de Cultura Geral (Filosofia e Sociologia) no Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (JMC); Consultor Teológico-Filosófico do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e editor de resenhas da Revista Fides Reformata. É casado com Lenice e pai de Ana Lívia e Daniel

Vivemos em um mundo exigente! Há muita gente super ocupada hoje em dia. E uma das experiências humanas mais comuns na atualidade é o cansaço. Pensando nisto, este texto pretende refle­tir sobre o can­sa­­­­ ço, promovendo um entendi­­­mento bibli­ ca­­­­mente orientado dessa experiência e su­ gerindo condições para que ela seja viven­ ciada de modo mais adequado. Para compreendermos corretamente a nossa experiência de cansaço, devemos saber, primeiramente, que ela é uma ex­­ pe­­riência natural. Somos criaturas limi­ tadas e finitas, e fomos criados com um objetivo grandioso: espelhar a imagem do Criador no contexto de uma tríplice relação – a relação com ele, com os outros seres humanos e com as demais coisas criadas. Considere as atividades envolvidas no cumprimento desse objetivo criacional – culto, família, trabalho. Paralelamente, considere nossas limitações e finitude e será pouco provável que você permaneça com dúvidas sobre o fato de que o cansaço é algo mais do que esperado. Em segundo lugar, devemos saber

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que, atualmente, temos uma experiência maximizada de cansaço. Não vivemos no mundo exatamente tal qual foi cria­ do por Deus, mas em um mundo que­ brado. Logo, nós não vivenciamos mais os relacionamentos para os quais fomos criados da maneira como fomos criados para fazê-lo. Deus nos criou para um relacionamento harmônico com o nosso semelhante. Mas, atualmente, esse rela­ cio­ na­­ mento é marcado por tensões e de­­sentendimentos. Deus nos criou para um relacionamento harmônico com o mun­do. Mas hoje o mundo oferece resis­ tência à nossa tentativa de conhecê-lo e desenvolvê-lo. O pecado quebrou o mundo. E suas quebraduras maximizam nossa experiência de cansaço. Elas nos obrigam a atividades que antes não tínha­ mos de realizar (como a reconciliação em relacionamentos, por exemplo) e, além disso, impõem sobre nós uma sensação cons­ tante de insatisfação. No mundo que­­brado, além de lidar com um número maior de atividades, temos que lidar com o fato de que os resultados delas costumam

es­­tar sempre aquém do que gostaríamos, e, não poucas vezes, do esforço que em­ pre­­gamos. Finalmente, devemos saber que nos­­­­­sa experiência de cansaço pode ser ma­­­­­xi­ mizada ainda mais. O pecado não que­ brou apenas os outros e o mundo. Ele nos quebrou também, e uma de suas maiores quebraduras em nós foi o egoísmo, que pode possuir uma relação bastante estreita com o nosso cansaço. O cansaço pode ser maximizado pelas motivações egoístas que nutrimos. Pense no que acontece quando realizamos nossas atividades motivados unicamente pelo desejo de sermos reco­ nhecidos pelas pessoas. Dizemos mais ‘sim’ do que ‘não’, e, frequentemente, colo­­camos sobre os ombros mais peso do que conseguiríamos carregar. Motivações egoís­­tas desequilibram nossa agenda e, também, tornam mais comum a expe­ riência de frustração pelos resultados não alcançados. Quanto mais vivemos exclu­ sivamente em função de nós mesmos, mais chance temos de chegar ao fim de um dia de trabalho com a sensação de não ter feito nada útil. Nessas condições, cada imprevisto, por menor que seja, e apesar das oportunidades de realização que ofereça, desestabiliza-nos por nos impedir de alcançar o nosso alvo maior: aquilo que nós planejamos - a realização de nossa própria vontade. Motivações egoístas po­ dem estar na base do cansaço expresso pela reclamação rancorosa: Que dia ruim! Não fiz nada do que eu queria fazer! Seria possível evitar a experiência de cansaço? A resposta é não. Tanto pela nossa condição criacional, quanto pela nossa condição decaída, o cansaço é uma experiência inevitável para nós. Mas, seria possível minimizá-la? Ou, pelo menos, evitar que ela se torne ainda maior? Nesse caso a resposta é sim. Não podemos evitar o cansaço, mas podemos evitar torná-lo ainda maior. Para isso, há duas coisas principais

a fazer. A primeira é cultivar uma visão adequada do mundo, uma cosmo­ vi­ são cristã. Muito do cansaço que experi­­ mentamos pode ser derivado de susten­ tarmos um falso entendimento sobre quem somos e para que existimos. Nós maximizamos o cansaço quando assumi­ mos a mentalidade comum de que o trabalho é um mal necessário, e o sentido da vida está mais relacionado à diversão do que ao trabalho. Afinal, quem acredita que nasceu para viver em um resort, de pernas para o ar, tenderá a se sentir muito mais penalizado à mesa de um escri­ tório. A segunda, e mais fundamental, é liberdade. Porém, não me refiro à liber­­­ dade frequentemente defendida e dese­ jada pelo mundo contemporâneo – a ausência de limites e restrições –, mas à liberdade da escravidão de si mesmo [do egoísmo], para o serviço a Deus e ao próximo. Quando desfrutamos dessa liberdade somos menos tendentes ao dese­­­quilíbrio de agenda que suplanta prio­ ridades e à frustração pelos resultados não alcançados. Afinal, podemos dizer não, ainda que isso custe algo de nossa autoi­ magem e reconhecimento. Além disso, mantemos mais facilmente a estabilidade diante de imprevistos. Pois, ao invés de vê-los como empecilhos, passamos a vêlos como oportunidades inesperadas para cumprir nosso objetivo maior: servir a Deus e ao próximo. Finalmente, como podemos desfrutar dessa liberdade? Segundo a Bíblia, ela é oferecida gratuitamente por Deus, na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho (2 Co­rín­­tios 5.15) a todos que, simplesmente, atendem ao seu convite: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobre­carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, por­que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu far­do é leve (Mateus 11.28-30).

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Percepção

@sme.mackenzie: 10 anos trabalhando com princípios do Saber, para Crescer e Escolher com sabedoria! “Como efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres”. (Salmo 126.3)

Débora Muniz Oliveira possui licenciatura em Letras e Pedagogia; pós-graduação em Educação. É Diretora dos Sistemas Mackenzie de Ensino e AEJA Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos.

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Alegria e gratidão. Esses são os sentimentos que afloram em nós quando olhamos para trás e vemos tudo que o Senhor nos fez, nesses dez anos de Sistema Mackenzie de Ensino. Sonhamos um sonho: ver crianças, adolescentes e jovens tendo uma verdadeira formação integral; estudando e aprendendo todos os conteúdos entrelaçados interdisciplinar e transversalmente, a partir de uma “cosmovisão cristã”. Entendemos que todo conhecimento vem de Deus, assim como as habilidades e competências, necessárias para o crescimento acadêmico e indispensáveis para a análise, a crítica e a decisão sábia, diante dos desafios da vida. O desejo e alvo do Sistema Mackenzie de Ensino é participar da vida das escolas parceiras, auxiliando-as na sua tarefa de ensinar e formar cidadãos que: a) se reconheçam responsáveis diante de Deus e dependentes Dele; b) aprendam a administrar os recursos naturais em benefício do bem comum, para preservação da vida; c) desenvolvam suas habilidades psicossociais, interpessoais e intrapessoais, por meio do diálogo, cooperação, solidariedade e respeito mútuo e d) estejam preparados para as exigências do mundo contemporâneo. Escolas cristãs precisam assumir a responsabilidade de formar o caráter de seus alunos e para isso, é necessário ter uma prática que valorize a aprendizagem significativa, que associe os conteúdos à vida, criando uma motivação intrínseca para a aquisição do conhecimento. O Mackenzie tem, ao longo de sua trajetória, se caracterizado como instituição confessional centrada em valores universais de formação de cidadãos e profissionais conscientes de seus direitos e deveres, preocupados com o desenvolvimento da sociedade. Nos alegramos com nossa história e com a história de tantas outras escolas, que tem se associado a nós, nessa busca pelo ensino de excelência que, por sua vez, se comprova na história de alunos que aprendem, crescem e florescem dando frutos, que podem tornar nosso mundo mais ético e solidário. Que Deus nos dê sabedoria, inteligência e entendimento para cumprir­ mos nossa missão.

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Percepção

@sme.mackenzie: 10 anos trabalhando com princípios do Saber, para Crescer e Escolher com sabedoria! “Como efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres”. (Salmo 126.3)

Débora Muniz Oliveira possui licenciatura em Letras e Pedagogia; pós-graduação em Educação. É Diretora dos Sistemas Mackenzie de Ensino e AEJA Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos.

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Alegria e gratidão. Esses são os sentimentos que afloram em nós quando olhamos para trás e vemos tudo que o Senhor nos fez, nesses dez anos de Sistema Mackenzie de Ensino. Sonhamos um sonho: ver crianças, adolescentes e jovens tendo uma verdadeira formação integral; estudando e aprendendo todos os conteúdos entrelaçados interdisciplinar e transversalmente, a partir de uma “cosmovisão cristã”. Entendemos que todo conhecimento vem de Deus, assim como as habilidades e competências, necessárias para o crescimento acadêmico e indispensáveis para a análise, a crítica e a decisão sábia, diante dos desafios da vida. O desejo e alvo do Sistema Mackenzie de Ensino é participar da vida das escolas parceiras, auxiliando-as na sua tarefa de ensinar e formar cidadãos que: a) se reconheçam responsáveis diante de Deus e dependentes Dele; b) aprendam a administrar os recursos naturais em benefício do bem comum, para preservação da vida; c) desenvolvam suas habilidades psicossociais, interpessoais e intrapessoais, por meio do diálogo, cooperação, solidariedade e respeito mútuo e d) estejam preparados para as exigências do mundo contemporâneo. Escolas cristãs precisam assumir a responsabilidade de formar o caráter de seus alunos e para isso, é necessário ter uma prática que valorize a aprendizagem significativa, que associe os conteúdos à vida, criando uma motivação intrínseca para a aquisição do conhecimento. O Mackenzie tem, ao longo de sua trajetória, se caracterizado como instituição confessional centrada em valores universais de formação de cidadãos e profissionais conscientes de seus direitos e deveres, preocupados com o desenvolvimento da sociedade. Nos alegramos com nossa história e com a história de tantas outras escolas, que tem se associado a nós, nessa busca pelo ensino de excelência que, por sua vez, se comprova na história de alunos que aprendem, crescem e florescem dando frutos, que podem tornar nosso mundo mais ético e solidário. Que Deus nos dê sabedoria, inteligência e entendimento para cumprir­ mos nossa missão.

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