Complexo Cultural Lúdico: A perspectiva infantil sobre os espaços (parte 1)

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Complexo Cultural Lúdico

A perspectiva infantil sobre os espaços

Universidade de Brasília

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

TFG | Marília Campos Martins de Oliveira

Universidade de Brasília

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho Final de Graduação

Complexo

Cultural Lúdico

A perspectiva infantil sobre os espaços

Autora: Marília Campos Martins de Oliveira

Matrícula: 17/0110583

Orientador: Eliel Américo Santana da Silva

Banca avaliadora: Márcia Urbano Troncoso

Brasília, 2023

Sumário

1. Introdução

Justificativas e objetivos

2. Contextualização

Playgrounds para todos

Direito à cidade

A perspectiva infantil

Saúde mental

Educação e desenvolvimento

O museu contemporâneo

3. Área de intervenção

Localização

Parque Dona Sarah

Kubitschek

Diagnóstico

Avaliação de demandas

Local de intervenção

Condicionantes climáticas

4. Estudos de caso

Programa arquitetônico

Materialidade e estética

Playgrounds

Abordagens e intenções

Materialidade e estética

Mobiliário urbano e atividades

Exposições

5. Estudo preliminar

Diretrizes de projeto

Programa arquitetônicourbanístico

Programa de necessidades Materialidade

6. O projeto

Processo criativo Implantação

Projeto

Composição

Setorização

Amarelo

Verde Rosa

Azul Cinza

Paisagismo

Complementares

Pós-projeto

7. Referências Bibliográficas

INTRODUÇÃO

Introdução

Justificativas e objetivos

A ideia do Complexo Cultural Lúdico parte de algumas preocupações que dizem respeito ao bem-estar e saúde do público geral e de algumas indagações sobre como a sociedade lida com essas questões. É de entendimento geral que uma vida saudável passa pela prática de atividades físicas, sociabilidade e lazer, porém muitas vezes a saúde mental é deixada de lado ao se pensar em equipamentos públicos de lazer que possam servir a comunidade. Diante disso, o complexo cultural lúdico se apresenta como um equipamento de lazer que busca trabalhar essas

questões com um caráter educativo sobre temas lidos como pertencentes somente à infância, atribuição exclui do adulto a possibilidade de trabalhar esses temas que acabam sendo considerados bobos e insignificantes. Alguns exemplos desses temas são a percepção sensorial, o autoconhecimento, o entendimento dos sentimentos e o brincar. Nota-se a necessidade de trabalhar esses temas, pois muitas das características comportamentais interpretadas como infantis são, na verdade, fundamentais para o bem-estar de todas as idades.

Um exemplo disto é a noção de que brincar é algo relacionado apenas à infância, ou de que chorar é algo infantil e que deve ser suprimido, quando é, na verdade, apenas algo natural aos seres humanos e está profundamente ligado com a saúde mental A preocupação com a integração da criança na sociedade e uma boa educação também é uma das justificativas do projeto, uma vez que ele pode ter caráter educativo e de conscientização a respeito das necessidades e percepções das crianças sobre o espaço. A arquitetura tem um caráter

transformador no que diz respeito à psicologia ambiental. Tendo isso em vista, o Complexo Cultural Lúdico visa instigar no seu usuário, efeitos que remetem a comportamentos realizados na infância, visando valorizar ações e reflexões tidas como infantis deixadas de lado conforme a passagem do tempo. Para isso, será utilizada a psicologia das cores, efeitos sensoriais e mobiliário interativo para instigar a inventividade, curiosidade e espacialidade e interação dos visitantes.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Contextualização

Playgrounds para todos

A palavra “lúdico” é oriunda do latim ludus, que significa brincar ou jogar. Brincar tem um papel muito importante na infância, desenvolvendo o raciocínio por meio da descoberta do mundo e auxiliando no desenvolvimento do corpo e da mente. Desde a primeira infância essa atividade é beneficial e o brincar vai se transformando ao longo da vida. A educação Montessoriana destaca que deve ser incentivada a independência da criança e isso acontece ao guiar a criança ao praticar atividades por conta própria, para que ela descubra o mundo por meio da tentativa e dos sentidos.

Direito à cidade

Com o tempo o brincar despretensioso toma a forma de esportes e atividades físicas, tendo suas vantagens, porém estas atividades passam a acontecer dentro de regras. Muitas vezes a atividade física é feita quase que por obrigação para melhorar a saúde e muitas pessoas acabam por abandonar totalmente essas práticas. Atualmente é possível perceber o lúdico em outras atividades como jogos eletrônicos e de tabuleiro, porém essas ocasiões são raras no dia a dia do cidadão.

Uma cidade que atende as crianças é uma cidade boa para todos:

"As mesmas normas de segurança urbana e vida pública que servem para os adultos servem para as crianças, a não ser pelo fato de que as crianças são bem mais vulneráveis ao perigo e à violência que os adultos."

Essa afirmação traz reflexões importantes, já que ao se pensar na criança na cidade, principalmente da perspectiva de pais e responsáveis, as inseguranças da cidade e dos espaços públicos parecem mais evidentes

Os espaços destinados a crianças, que já são escassos na cidade, precisam de um bom planejamento, pois as crianças têm necessidades diferentes dos adultos. Também percebe-se que apenas dedicar um lugar para as crianças não é o suficiente, pois se "as crianças saem de sob os olhos vigilantes de uma grande quantidade de adultos para um lugar onde a proporção de adultos é baixa ou inexistente" não há uma real melhora Por isso é tão importante integrar todos nos locais lúdicos.

Contextualização

A perspectiva infantil

A imaginação da criança é muito fértil e transborda da sua mente para a realidade. Sua perspectiva sobre os espaços é cheia de possibilidades. Um tronco de árvore pode ser um foguete, uma casinha para seres mágicos ou apenas um obstáculo a ser ultrapassado em uma corrida com os amigos, o meio fio toma proporções nunca imaginadas em uma excursão pela floresta que se tornou a calçada em frente a sua casa.

Elas criam histórias no seu cotidiano, absorvem conhecimento e aprendem sobre a vida, aprendem sobre si mesmas e encaram desafios, formam sua personalidade e criam laços. O olhar adulto está acostumado a ver o mundo de forma objetiva e do jeito literal como ele se apresenta. Trazer o ponto de vista das crianças para o espaço nos convida a retomar características pessoais que se perderam no tempo.

Saúde mental

OMS e esse é um indicativo de que estamos falhando em evitar problemas relacionados à qualidade de vida da população.

O presente projeto não se propõe a resolver esse problema que é tão amplo, mas pretende servir como um exemplo, atuar na conscientização sobre esse assunto e promover uma nova abordagem.

A saúde mental é um assunto que por muitos anos foi tabu na sociedade e as medidas para resolver problemas relacionados a ela não são o suficiente. Como política pública, problemas de saúde mental são tratados como algo a se tratar e não a trabalhar antes que vire um problema. O Brasil é campeão mundial em quantidade de pessoas que sofrem de ansiedade de acordo com "As cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório que o planejamento urbano deveria aprender, elaborar e testar suas teorias."

Contextualização Educação

e desenvolvimento

As abordagens na educação são diversas, porém, podemos afirmar que a educação de qualidade tem um papel muito importante para o desenvolvimento de toda a sociedade, já que abordagens assertivas, principalmente na infância, podem ajudar a evitar problemas de desenvolvimento e de saúde mental. Quando falamos de crianças com necessidades especiais, a ação de uma educação de qualidade e especializada na infância tem uma importância maior ainda. A teoria de desenvolvimento cognitivo de Wallon, é centrada na psicogênese do ser humano na totalidade e seu estudo foi centrado nos aspectos afetivo, cognitivo e motor. Ele divide o desenvolvimento em cinco estágios: 1º - impulsivo e emocional (0 a 1 ano), 2º - sensório, motor e projetivo (1 a 3 anos), 3º - personalismo (3 a 6 anos) e 4º puberdade e adolescência (11 em diante)

Maria Montessori defendia que a criança devia ser vista como um ser humano completo, e não como um projeto de adulto. Diante disso, ela explica que as crianças devem ser estimuladas nos aspectos da independência, movimentação e iniciativa pessoal A educadora, médica e pedagoga é conhecida pelo método educativo que desenvolveu e que ainda é usado hoje em escolas do mundo todo. Destacou a importância da liberdade, da atividade e do estímulo para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Montessori acreditava em uma “educação para a vida”, que ia além do acúmulo de informações. Defendia o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com estágios de desenvolvimento correspondentes a diferentes faixas etárias.

O espaço da escola, na visão montessoriana, era pensado e preparado de maneira a facilitar a movimentação, a independência e a iniciativa pessoal das crianças. As atividades sensoriais e motoras também desempenhavam uma função fundamental, de forma que os alunos

poderiam tocar e manipular tudo o que estivesse ao alcance deles

Contextualização

O museu contemporâneo

Ao se pensar a tipologia arquitetônica museu de arte na atualidade, muitas vezes pensamos que ele deve ser um local neutro para que a obra possa se destacar, porém, novas abordagens são propostas, como explica Dianna Izaías Amaral (2014, p 37), ao dizer que "ele funcionaria como um fator suplementar na captação de públicos e na divulgação das demais atividades promovidas pelas instituições". Um exemplo de como o edifício pode ter esse papel é a relevância que o Museu Guggenheim adquiriu pela sua notável arquitetura. Entende-se que o museu não precisa ser neutro, desde que respeite as obras que participarão de seu programa.

Isso não necessariamente pede que o museu seja uma tela em branco, já que a arquitetura possui vários elementos, que hora podem dar destaque exclusivamente a obra e ora podem transmitir uma mensagem propositalmente com a sua própria forma. Atualmente, museu é uma tipologia arquitetônica que abrange mais do que ser um local para expor elementos históricos, mas pode ser um local para fazer história e propor um novo modelo de sociedade O Museu do Amanhã de Santiago Calatrava exemplifica isso, sendo um espaço interativo com sua maior área em exposição permanente que pretende conversar com o seu público e falar diretamente sobre os rumos possíveis que a sociedade pode tomar.

museu não é uma tipologia estática.

O

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Área de intervenção

Localização

Parque Dona Sarah Kubitschek

Fundado em 11 de outubro de 1978, o Parque da Cidade se tornou um ponto de encontro diário para milhares de brasilienses O Parque Urbano também é um marco da arquitetura e urbanismo da capital federal, contando com grandes nomes. Tem o projeto de Oscar Niemeyer, obra paisagística de Burle Marx e área urbanística desenvolvida por Lúcio Costa, e ainda azulejos de Athos Bulcão.

Localização da área de intervenção. Fonte: Produção própria Qgis

O Parque contabiliza uma área de 420 hectares, uma série de atrativos para todas as idades, como churrasqueiras, quadras para a prática de diversas modalidades esportivas, parques infantis,

praças, lagos, Centro Hípico, restaurantes e Pavilhão de Exposições, além de uma grande área verde e que serve de palco para eventos de colecionadores de carros, feiras itinerantes, eventos culturais e concertos musicais. O local recebe, em média, 14 mil pessoas de segunda a sexta-feira e 37 mil aos fins de semana. Em eventos especiais, o público pode chegar a 80 mil espectadores. Seu acesso é livre por 24 horas do dia em todos os dias da semana. O seu acesso livre e localização fazem com que muitas pessoas atravessem o parque como rota alternativa e apreciem o parque.

Área de intervenção Diagnóstico

Para propor o Complexo Cultural Lúdico, analisamos os equipamentos de lazer presentes atualmente no Parque da Cidade, com foco em equipamentos infantis e equipamentos grande potencial desperdiçado, em destaque:

Parque Ana Lídia

Nova Nicolândia

Castelinho do Parque da Cidade

Escorregadores gigantes

Praça das fontes

Parquinho praça das fontes Playground das churrasqueiras Playground do bosque dos

pinheiros
1. 2 3. 4. 5. 6. 7. 8 9. 1 2 3 4 5 7 6 8 9
Piscina de ondas
Mapa do parque da cidade e pontos de interesse. Fonte: Produção própria

Área de intervenção

Diagnóstico

Esses parques e playgrounds não se encontram em bom estado de conservação, e muitas vezes possuem erros de design que não propiciam o seu bom uso. Um exemplo disso é a falta de segurança devido à altura elevada de

alguns elementos do playground que tem como principal público crianças e a insalubridade de alguns equipamentos, que se encontram enferrujados, acumulam lixo ou são locais escuros e estreitos.

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Parque Ana Lídia. Fonte: Captura de tela Google Maps Nova Nicolândia. Fonte: Captura de tela Google Maps Castelinho do Parque da Cidade. Fonte: Captura de tela Google Maps Escorregadores gigantes. Fonte: Captura de tela Google Maps. Parquinho praça das fontes. Fonte: Captura de tela Google Maps Playground das churrasqueiras. Fonte: Captura de tela Google Maps Playground do bosque dos pinheiros. Fonte: Captura de tela Google Maps Piscina de ondas. Fonte: Captura de tela Google Maps Praça das fontes. Fonte: Captura de tela Google Maps
2 3 4 7 8 9 5 6

Área de intervenção

Avaliação de demandas

Conforme o levantamento das principais demandas do parque disponível no Plano de Uso e Ocupação do Parque da Cidade desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Parque da Cidade (Pág.18), podemos notar que o parque carece de algumas propostas

Dentre as indagações, destacamos as que dizem respeito a área selecionada para o presente trabalho:

Implantação do paisagismo nos bosques (recantos)

Implantação de ciclovia (já prevista)

Possibilidade de espaços para locação de cadeiras, guardasóis, espreguiçadeiras e carrinhos de bebês

Padronização das vendas volantes como, pipoqueiro, vendedores de algodão doce, churros e picolés.

Regularização dos pontos de venda existentes (lanchonetes e quiosques)

Locação de quiosques para:sorveteria, sucos e saladas, coco verde, jornais e revistas, souvenires e massagistas.

Recuperar e modernizar, com vistas à inclusão de portadores de necessidades especiais, os parques infantis (playgrounds), especialmente os localizados nas proximidades da área do Estacionamento n°4 e o Parque das Churrasqueiras.

Implementar as ações em andamento relativas ao projeto da nova pista de caminhada. Prever espaço para atividades de skate.

Planejamento/renovação do mobiliário urbano, como bancos, lixeiras, luminárias, placas de sinalização, entre outros.

O local escolhido para a implantação do edifício fica na Zona Cultural do Parque da Cidade, prevista no projeto de Burle Marx O atual programa do parque da cidade cumpre alguns dos planejamentos do autor, mas fica destacado que o local destinado para teatros, cinema e restaurante encontrase hoje desocupado, representando um bom local para a implantação do complexo cultural, já que condiz com o tema proposto para a área e pode trazer destaque para os demais programas culturais que se apresentam de forma pontual na área. Como citado anteriormente, vários dos equipamentos de lazer encontram-se em péssimo

estado ou são pouco frequentados, e pretende-se que e a implantação do Complexo Cultural Lúdico possa guiar o público para esses locais e valorizar esses equipamentos que já existem. Os equipamentos de destaque mais próximos são a Praça das fontes (5), Parquinho praça das fontes (6), Playground das churrasqueiras (7), Playground do bosque dos pinheiros (8) e a Piscina de ondas (9). Outros elementos a serem valorizados são a escala bucólica e as áreas livres que são palco de pique-niques e eventos esporádicos como shows de música e eventos recorrentes como a feira de exposição de carros antigos.

6 7 8 9 5
Fonte: Plano de Uso e Ocupação do Parque da Cidade desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Parque da Cidade (Pág.18 e 19) Mapa do local de intervenção e pontos de interesse. Fonte: Produção própria

PIQUE-NIQUE

Área de Local de in

Fazemos uma breve co previsto no projeto par do Parque da ci equipamentos existen notamos que não e teatros e cinemas e re

PISTA DE AEROMODELISMO

PLAYGROUND

PRAÇA DAS FONTES

ESTACIONAMENTO

TEATRO E CINEMAS

RESTAURANTES

PLAYGROUND

UNIDADE MÉDICA

ESTACIONAMENTO

SETOR DE GRANDES ÁREAS SUL

ANEL VIÁRIO ANEL VIÁRIO Vista aérea parque da cidade Fonte: Captura de tela Google Maps

Gráfico de chuvas Radiação mensal média

Área de intervenção

Condicionantes climáticas

O clima de Brasília é tropical, com verão quente e úmido e inverno: moderado e seco, sem todas as estações bem definidas. A umidade relativa do ar é baixa em todo ano.

A época mais quente do ano é setembro e a cidade possui alta amplitude térmica diária, por conta da baixa inércia térmica da atmosfera, com pouca umidade constantemente.

Gráfico de chuva. Fonte: ProjetEEE

Gráfico de radiação média mensal. Fonte: ProjetEEE

Rosa dos ventos Carta solar

Gráficos condicionantes climáticas Fonte: Sol-ar Gráficos rosa dos ventos. Fonte: ProjetEEE

Zona de conforto térmico Úmidade Relativa

Gráficos de temperatura e zona de conforto Fonte: ProjetEEE

Gráficos de umidade relativa do ar Fonte: ProjetEEE

Mapadecondcionanescimátcas Fonte:Produçãoprópia

ESTUDOS DE CASO

Estudos de caso: Programa arquitetônico

Cité Des Sciences Et De L'industrieAdrien Fainsilber: O museu Cité Des Sciences Et De L'industrie, em Paris, está localizado ao lado do parque de la Villette O museu de ciências e indústria é um edifício com um programa diverso com exposições permanentes e itinerárias. As exposições têm caráter educacional e grande parte delas é interativa. O seu programa é pensado para abranger diversas idades e existe uma ala chamada Cité Des Enfant, onde existem exposições interativas com determinação de cada faixa etária à qual a exposição é destinada. A acessibilidade é pensada com muito cuidado no projeto. Um exemplo disso é a sinalização de áreas e exposições com pouco ruído, elevadores e fornecimento de fones de ouvido para visita guiada em diversos idiomas.

Exposição temporária. Fonte: site oficial Cité Des Sciences Et l'industrie. Mapa conceitual Fonte: site oficial Cité Des Sciences Et l'industrie. Exposição permanente. Fonte: site oficial Cité Des Sciences Et l'industrie.Fotografia por: © S. Chivet / EPPDCI

Estudos de caso:

Materialidade e estética

Restaurante Roly - Poly/ studio VASE: O restaurante Roly-Poly é um espaço que usa de formas, cores e mobiliário para criar uma atmosfera lúdica e que instiga o brincar. Segundo os arquitetos, "Nas escadas, vários objetos de cerâmica com cores fluorescentes do artista Lee Heon-jeong são dispostos para os usuários brincarem." O restaurante também usa dos sentidos em suas abordagens. São exemplo disso, as cores, o uso da iluminação, a fachada com painéis metálicos que se movem ao vento, presença de água e vegetação, mobiliário interativo e uso de formas orgânicas e curvas.

Fotografias restaurante Roly-poly. Fonte: Archdaily Fotografias restaurante Roly-poly. Fonte: Archdaily Desenhos arquitetònicas. Fonte: Archdaily Desenhos arquitetònicas. Fonte: Archdaily

Estudos de caso: Playgrounds

Aldo Van Eyck: Foi um arquiteto alemão que construiu cerca de 800 playgrounds por toda Amsterdam entre os anos de 1947 e 1978, onde as famílias tinham pouco acesso aos seus próprios terrenos ao ar livre, a necessidade de espaços públicos qualitativos era excepcionalmente alta. Usou os espaços ociosos pós-guerra e os transformou em playgrounds para solucionar as demandas da cidade.

A obra de Eyck foi caracterizada por ter: um design simples, conexão com a comunidade e o trabalho com qualquer tipo de espaço.

A composição dos espaços lúdicos consistia em posições minimalistas e geométricas com elementos de concreto e metal para brincar e alguns bancos. Outro elemento importante nos playgrounds foi o acesso livre e sem cercas ao local.

Sketches de estudo Sonsbeek Pavilion , Aldo Van Eyck Fonte: https://socks-studio com/ Playgrounds de Aldo van Eyck.Fonte: Vitruvius Foto: Marcos Rosa Sketches de estudo Sonsbeek Pavilion , Aldo Van Eyck Fonte: https://socks-studio com/ Fotografia de playground de Aldo Van Eyck Fonte: the Amsterdam City Archive

Estudos de caso: Abordagens

e intenções

Studio Ghibli:

As obras de Hayao Miyazaki têm muita sensibilidade ao retratar os momentos simples e as ações das crianças. Em seus filmes elas são destemidas e curiosas e veem o mundo de uma maneira que os adultos não conseguem ver. Os cenários mágicos são recorrentes nos filmes, em destaque Ponyo e Meu amigo Totoro.

Outros filmes do estúdio tem uma abordagem realista e sensível. Em "memórias de ontem", a personagem explora memórias da sua infância e como elas foram importantes para o seu desenvolvimento como pessoa.

Cenas dos filmes do studio Ghibli. Fonte: Site oficial do Studio Ghibli Cenas dos filmes do studio Ghibli. Fonte: Site oficial do Studio Ghibli Cenas dos filmes do studio Ghibli. Fonte: Site oficial do Studio Ghibli

Estudos de

caso: Abordagens e intenções

Os sentimentos - Richard Jones: O livro infantil mostra em cada par de páginas uma nova emoção de forma visual, utilizando as cores e a ilustração para evocar e explicar essas emoções para os pequenos leitores.

Alguns elementos em comum aparecem nas ilustrações que podem representar sentimentos positivos ou negativos. No caso dos sentimentos tristeza e calma, é utilizado azul e a água, mas representam sensações opostas dependendo de como esses elementos aparecem.

Páginas do livro Os sentimentos. Fonte: Fotografia do livro de Richard Jones Páginas do livro Os sentimentos. Fonte: Fotografia do livro de Richard Jones Páginas do livro Os sentimentos. Fonte: Fotografia do livro de Richard Jones

Kaleidoscope Kindergarten / SAKO Architects: O jardim de infância localizado no Japão aproveita o seu plano de necessidades para aplicar elementos de cor que remetem á infância O prédio tem paredes brancas, mas são utilizados vidros coloridos e formar circulares para dar vida ao ambiente. O projeto usa as formas curvas também em sua planta, deixando o projeto com poucas quinas e assim tornando-o mais seguro para as crianças.

Estudos de caso:

Materialidade e estética

Pavilhão Future Materiality / Pravda

Bureau: O projeto utiliza formas simples, mas seu material possibilita que a instalação seja interessante, usando de transparências e reflexões.

Fotografias do edifício. Fonte: Archdaily Fotografias do edifício. Fonte: Archdaily Fotografias do edifício. Fonte: Archdaily Desenho arquitetônico Fonte: Archdaily

Estudos de caso:

Materialidade e estética

Museu H.C.Andersen Hus / Kengo

Kuma & Associates: O Museu conta com um partido formal que utiliza diversos círculos que se encontram formandos corredores curvos. Ele utiliza também de vigas de madeira para acompanhar as formas curvas e de fechamentos de vidro. No seu interior, exposições imersivas acontecem dentro dos círculos

Fotografias do edifício. Fonte: Archdaily Planta do subsolo. Fonte: Archdaily Planta do térreo. Fonte: Archdaily

Estudos de caso:

Mobiliário urbano e atividades

Parque Bicentenário Infantil -

ELEMENTAL: O parque infantil localizado em Santiago utiliza de elementos simples que servem de playground para as crianças. São utilizadas esferas e escorregadores dispostos no relevo para criar um espaço de brincadeiras.

Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB Brasília: Inaugurado em 12 de outubro de 2000, o edifício de Oscar Niemeyer, com o projeto paisagístico de Alda Rabello Cunhade é palco de diversas formas de arte, sendo um local de grande relevância no lazer de Brasília. O Centro Cultural conta com amplos espaços de convivência, café, restaurante, galerias, sala de cinema, teatro, salas multiúso, jardins e uma praça central para eventos abertos, onde são realizados shows, espetáculos e performances. O seu espaço aberto é importante para o público infantil, que em 2022 foi melhor contemplado com a instalação de um playground musical

Hélio Oiticica: As obras de Hélio trazem elementos sensoriais para atingir o efeito desejado. Tropicália, por exemplo, é um percurso sensorial que recria a brasilidade, por meio de elementos naturais, como pedras, água, plantas tropicais, textos e músicas.

Fotografias de Magic Square 3, Hélio Oiticica. Fonte: https://ccbb.com.br/brasilia/programacao/magic-square/ Fotografias do edifício. Fonte: https://ccbb.com.br/brasilia/ Fotografias do parque. Fonte: Archdaily

Estudos de caso:

Mobiliário urbano e atividades

Woods of Net / Tezuka Architects: O pavilhão é um espaço para abrigar a obra de Toshiko Horiuchi Macadam. O trabalho do artista é uma grande rede projetada para as crianças rastejarem, rolarem e pularem

"Queríamos projetar um espaço tão suave quanto a floresta onde a fronteira entre o exterior e o interior desaparecesse. O espaço atrai pessoas como fogueira. As crianças brincam dentro da rede assim que o fogo e os pais sentam e deitam na mata."

Tezuka Architects

Fotografias do parque. Fonte: Archdaily
Fotografias do parque. Fonte: Archdaily

Playgrounds 2016, MASP -

Condorelli ,

Estudos de caso:

Exposições

Playgrounds 1969, MASP - Nelson

Leirner: No ano seguinte à inauguração do Museu de Arte de São Paulo (MASP)

Nelson Leirner instalou no Vão livre a exposição Playgrounds, com obras participativas, que pretendiam convidar o público a aproveitar esse espaço do museu, brincando e interagindo com a exposição e com a cidade

,

O

e

escolhidos artistas cujas práticas envolvem o jogo, a participação, a esfera pública e a convivência coletiva, e por isso foram convidados a conceber propostas retomando o espírito de Playgrounds de Nelson Leirner.

Fonte: Lina Bo Bardi, "Estudo preliminar – Esculturas praticáveis do Belvedere Museu de Arte Trianon", 1968. Coleção MASP Fotografias da exposição. Fotografia: Eduardo Ortega Céline Ernesto Neto Grupo Contrafilé, Grupo Inteiro, Rasheed Araeen Yto Barrada: Foram Fotografia Playgrounds 1969, MASP - Nelson LeirnerFonte: Coleção MASP Representação da instalação de Ernesto Neto Fonte: croqui próprio

Estudos de caso: Exposições

Colorscape - Francis Kéré: A instalação de Francis Kéré usa fitas coloridas, que caem de estruturas metálicas suspensas por cabos. Ao intereragir com o púbico, ela cria um efeito de mescla entre as diferentes cores de fitas.

Fotografias do projeto. Fonte: Archdaily Fotografias do projeto. Fonte: Archdaily Fotografias do projeto. Fonte: Archdaily diagrama do projeto. Fonte: Archdaily

ESTUDO PRELIMINAR

Estudo preliminar

Diretrizes de projeto

Trazer a perspectiva infantil;

Evocar emoções;

Promover um espaço acessível para todas as pessoas;

Promover eventos educativos;

Valorizar a Zona Cultural e os equipamentos do Parque da Cidade;

Usar formas criativas e inusitadas;

Promover o uso dos 7 sentidos;

Incorporar a natureza no projeto;

Projetar em diferentes escalas;

Programa arquitetônico-urbanístico

Para solucionar a proposta de um espaço lúdico para todas as idades localizado no Parque Dona Sarah Kubitschek, foram pensadas três frentes principais:

1. Museu das emoções:

Exposição permanente "Os Sentimentos": A exposição pretende causar, por meio da ambientação, alguns sentimentos específicos nos visitantes, para mostrar como os ambientes podem ter impacto significativo nos usuários e educar sobre a importância do autoconhecimento. A exposição consiste em salas onde são utilizadas diversas táticas no ambiente, como cores, texturas, formas, mobiliário, temperaturas e sons para evocar as emoções selecionadas. É inspirada no livro infantil "sentimentos", onde cada par de páginas representa uma emoção.

Exposição rotativa:

Pretende-se valorizar a produção de arte local, voltada a processos manuais. Para isso foi proposta uma área onde possa ser comercializado artesanato de artesões de todo o DF desde que se encaixem nos temas: infância, educação, autoconhecimento, saúde mental, lúdico

2. Área externa:

Playground

Serão propostos playgrounds arquitetônicos onde o mobiliário urbano vai ter o papel de incentivar alguns comportamentos que norteiam o projeto, como a interação tátil com o mundo ao seu redor, a criatividade e o próprio brincar, além de áreas verdes e jardins.

3.

Alimentação

e apoio

Quiosques/ apoio pique-nique:

A alimentação possibilita a permanência dos usuários no local por mais tempo e torna o complexo mais independente Por conta da implantação no parque da cidade, ela acontecerá por meio de quiosques e equipamentos de apoio para pique-niques, que já acontecem nas áreas adjacentes ao espaço do projeto. A alimentação é parte importante da interação entre a família, e hábitos saudáveis podem ser reforçados, assim como uma boa relação com a comida. Para a criança esse é um momento de descoberta e para o adulto a comida também é uma experiência sensorial importante, onde estão em destaques cores, cheiros, sabores e sons

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Primeiras ideias do Complexo Cultural Lúdico Fonte: produção própria.

Estudo preliminar

Programa de necessidades

A partir das três áreas gerais, foi desenvolvido o programa de necessidades do complexo cultural, conforme o Guia para projetos de arquitetura de museus, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Museus. Tomando como base o exemplo de programa básico de museu de pequeno porte voltado para arte, do arquiteto Marcelo Sbarra (2015), foi desenvolvido o programa específico do Complexo Cultural Lúdico:

Tabela de áreas previstas. Fonte: produção própria.
Área Ambiente quantidade Museu das emoções Exposição aberta 4 Exposição coberta 3 Área externa Área para pique nique 1 pátio central 1 espelho d'água 1 jardim sensorial 1 parquinhos simplificados 3 Alimentação e apoio Apoio para pique-nique 1 Café 2 recepção 2 salas de administração 4 banheiros feminino, masculino e unisex 2 loja de artesanato 2 Sentidos Interação Criatividade Liberdade Movimento Sentimentos

Estudo preliminar

Materialidade

Partido formal

Por conta de seu programa e função social, museus podem ter caráter monumental, porém, devido a sua implantação no Parque Sarah Kubitschek, projeto de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Burle Marx, vê-se necessário respeitar a escala bucólica do parque da cidade. Para isso, o museu tem um perfil volumétrico mais baixo.

A estética do museu segue o caráter lúdico e para que o museu convide o usuário do Parque da cidade a adentrar o seu interior, seguindo os elementos curvos que saem do edifício e formam o mobiliário urbano. O círculo é um elemento que irá se repetir de diversas maneiras no projeto

Materiais

Os materiais do edifício devem refletir a contemporaneidade do programa e da arquitetura do Complexo Cultural Lúdico.

O sistema estrutural escolhido foi o de madeira laminada colada, por conta da abundância de curvas do projeto, com vedações verticais de alvenaria e de madeira. Será utilizada madeira no interior, nas estruturas aparentes, no mobiliário e no tratamento das fachadas, assim como nas esquadrias.

As coberturas serão feitas com uma lajes planas independentes com platibanda e telha metálica embutida. Os demais materiais aparecerão no projeto seguindo a paleta de cores propostas, dentre eles o acrílico colorido, cordas, pinturas e tecidos.

Paleta de cores do projeto

A paleta de cores principal do projeto foi escolhida baseada no livro Psicologia

das Cores As três primeiras cores remetem ao lúdico, sendo relacionadas a diversão, criatividade e descontração.

No projeto cada cor representa um conjunto se sensações e emoções, por isso foi escolhido também o verde para completar o conjunto de quatro cores que vai definir as áreas do projeto

Paleta de cores personalizada. Fonte: produção própria. Representação dos materiais. Fonte: produção própria. Esquema volumétrico. Fonte: produção própria.

EAo trazer referências de projetos que trazem sensações especificas, foi possível perceber constantes de material, cor, forma ou combinações utilizados para evocar algumas sensações Também foi importante perceber quais os sentidos que seriam ativados em cada exposição, já que o objetivo é que é tornar a exposição mais imersiva.

As cores foram fundamentais para definir as áreas principais do projeto, sendo feita uma simplificação do círculo cromático para definir onde se localizaria cada exposição, conforme o sentimento que deseja-se causar no visitante

P
área central coberta: playground principal coberto banheiros e adm apoio para pique nique expo com água exposiçã o fitas expo com placas móveis expo dos sons interativo expo com plantas expo com bolas coloridas e pedrinhas expo com luzes audição tato olfato visão tato audição tato tato visão tato visão tato visão 1: playground niveis 2:jardim sensorial 4: playground com água 3: playground labirintico banheiros e adm área para picknick área para picknick

O PROJETO

O Projeto

Complexo Cultural Lúdico

0 10 30

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