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Meu dia no dia da posse
from Grifo 32
by Jornal Grifo
Estava em Tapes, na casa de uma amiga, bem pertinho da lagoa e longe da internet. Muito bonita e agradável – uma casa feita pra gente não levar junto as preocupações. O que não fiz, de besta.
Mas passei muitas horas na varanda, lendo Lucia Berlim e Rubem Braga. Nunca vi tantos passarinhos desde a minha infância. Tinha até tico-ticos, que eu pensava que estavam a caminho da extinção.
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Na manhã da posse, um rapaz com toda cara de coitado deixou um volante preso no portão. Veja só, era uma propaganda da campanha do Onix. Estavam lá as caras trogloditas: a dele e a do miliciano. Embaixo, a triste legenda: Tapes está com Bolsonaro. Botei no lixo descartável – Tapes não tem coleta de lixo tóxico.
Um sol de rachar, muita poeira por causa dos carros dos turistas e aquele pobre diabo perdido numa esquina do tempo. Tem a mesma tristeza e loucura do sebastianismo. Ou não. É um sebastianismo degradado, vil até o tutano. Aí lembrei de um conto do Philip K. Dick: o mundo acabou, mas as fábricas automáticas continuam produzindo quinquilharias. Sim, talvez o melhor comentário sobre o pesadelo capitalista.
Assisti à posse na casa de um conhecido. Puxamos a tevê pra varanda e ficamos de costas para os vizinhos, bolsonaristas, que almoçavam embaixo de uma figueira. Não deixamos o som tão alto como eles às vezes deixam o som de seus sertanejos universitários, ou ginasianos. Não queríamos esfregar a vitória na fuça deles, como muitos outros da mesma laia, na frente de quartéis ou nas redes sociais, ficaram esfregando a derrota em nossa cara. Pena? Acho que pode ser mais simples: educação, fair play, um treco assim. Ou sensatez? Não se mexe com animais feridos, como dizia o Tarzan.
Não me senti numa desforra. Me emocionei, às vezes, apesar do meu cansaço e pose de durão. Acho que não consigo esquecer a luta que temos pela frente, mesmo em plena festa.
Quando o pessoal gritou sem anistia, gritei junto mentalmente. No outro dia vi o título de uma coluna da Thaís Oyama que chamou isso de jacobinismo. Gozado. Não desejar indulto para criminosos agora é jacobinismo. Se fosse uma manada bozolóide gritando lincha, seria apenas grosseria. Ou liberdade de expressão, como implorar por golpe diante do quartel.
Vi que lavaram a rampa do palácio com sal grosso. Devemos começar a lavar também as palavras, me parece. Aposto que vai faltar sal grosso no mercado. Como eu gostaria de poder escrever sem raiva. Nem digo com alegria, sem raiva dava pro gasto.
Todo presidente deixa um legado. O último que saiu tirou o “le”.
Mouzar Benedito
Vida de fascista na Flórida não está sendo nada florida.
Carlos Castelo
A mãe de Hitler, a avó de Mussolini e a tia de Goebbels morreram na prisão em Brasília e ninguém denunciou os crimes cometidos contra essas patriotas.
Luiz Hespanha
O diabo veste farda.
Celso Vicenzi
Ganhamos a eleição, mas a extrema direita volta e meia rouba a narrativa.
Caco Bisol
Vamos ter que estatizar as Lojas Americanas?
Schröder
Um dia é da fake news, o outro do desmentido.
Carlos Castelo
O que falta para Bolsonaro sentar no banco dos réus? Escolher a almofada?
Celso Vicenzi
O boi baba... No dia 8, vendo Brasília pela TV, me lembrei da velha cartilha. Como baba!
Mouzar Benedito
Se Timothy Leary fosse pagodeiro seu grupo se chamaria Fungo de Quintal.
Carlos Castelo
Anderson Torres preso. Nada mais perfeito. Lugar de torres é no xadrez.
Santiago
José Múcio precisa de um ministro para a própria defesa
Luiz Hespanha
Receio: existe bolsonarismo depois da morte?
Carlos Castelo
Pelé e Papa provaram: quando o defunto é importante, o enterro é ao vivo!
Mouzar Benedito
Empresários dizem que a privatização protege nosso patrimônio dos interesses políticos. Mas quem nos protege dos interesses empresariais?
Celso Vicenzi
A especialidade do agronegócio brasileiro é plantar bomba.
Carlos Castelo
Otimismo, sim. Mas com uma pulga atrás da orelha.
Caco Bisol
No Brasil os golpes fardam, mas não tardam.
Celso Vicenzi
A valorização do meio ambiente, das mulheres e dos públicos alternativos dá ao Lula III um tom de Mangueira: é o governo verde e rosa desfilando na esplanada.
Luiz Lanzetta
Um Torres sozinho pode derrubar um ex-presidente, seus filhos, uma quase rainha, vários ex-ministros e até pijamas de generais que se imaginam blindados.
Luiz Hespanha
Até a Reuters já traçou a rota do voo Miami – Papuda
Luiz Hespanha
Até os piores adultos sonham em voltar a ser crianças. Inclusive, pra pegarem penas mais leves.
Carlos Castelo
Lemann e brothers quebraram as Americanas
Caco Bisol
O humor é uma arma que mira no sorriso e acerta na cabeça.
Angel Boligán
Pra não engordar ainda mais as despesas, os governos precisam de um moderador de apetite... por cargos!
Celso Vicenzi
O Brasil é o único lugar do mundo onde bombeiro financia sinistro.
Carlos Castelo
O cúmulo da estupidez é, além de se orgulhar da própria, fazer selfie autoincriminatória.
Luiz Hespanha
O mundo todo convivendo com inteligência artificial e, aqui, a gente lidando com burrice natural.
Carlos Castelo
Cavalete é pônei, cavalo pequeno. O feminino, lógico, é eguete.
Mouzar Benedito
AU, AU!
O ótimo apelido dado aos generais de pijama, delegados da PF e coronéis PM ligados mais a Bolsonaro que às suas corporações é "general, delegado, coronel PET"... Paulo de Tarso Riccordi
Bem, ainda tenho 70 anos. Importaé o que farei depois. Provavelmente 71 anos.
Caco Bisol
Fiz um texto longo, ficou prolixo. Foi pro lixo.
Mouzar Benedito
No xadrez do golpe, Torres e peões já caíram, a (ex-primeira) dama tá em xeque (ou seria cheque?) com os cartões corporativos, bispos e igrejas, vulneráveis, o cavalo (pangaré) que dava coices no Congresso e achou que era rei abandonou o tabuleiro e virou simples peão nas ruas da Flórida. Pronto pra ser retirado do jogo democrático e ser jogado, literalmente, no xadrez.
Celso Vicenzi
O bolsonarismo tem uma solidariedade única: é impossível ser estúpido e medíocre sozinho.
Luiz Hespanha
Ninho vazio
- Mãe, o que tu pretende fazer quando eu não estiver morando mais contigo?
- Gritar quando estiver transando.
Omar Rösler