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Flechas, cotovelos e tapiocas em quatro atos

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A digital militar

A digital militar

Luiz Hespanha

Aenésima tentativa de golpe não foi derrotada totalmente porque o fascismo tem aceitação na sociedade. A derrota parcial é resultado das forças da liderança de Lula e das instituições em re/construção; da falta de apoio interno e externo aos golpistas e da mediocridade bolsozóica, que se isolou ainda mais ao fornecer em imagens e documentos provas contra si. A Justiça não pode ser branda com inimigos da democracia, usem jeans, tailleur, terno ou farda. O direito à impunidade e a tutela militar não estão garantidos na Constituição.

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Mas, reconheçamos: a mediocridade e a impunidade parecem infinitas. Elas foram exercidas em provincianismo, mesquinhez e plenitude por Temer, Bolsonaro, um certo juiz e promotores fascistóides. Audácia virou covardia, respeito virou estupidez e a imbecilidade ganhou eco. A mentira e a ignomínia viraram leis e políticas governamentais. O literato de sarcófago, o Duce de Condomínio e os camisas pretas de Curitiba contaram ora com o aplauso, ora com o silêncio estrondoso da mídia e dos Rentistas Selvagens e seus Farialimers

O roteiro antidemocracia continua pronto para reuso. Atualizemos en- tão seus calcanhares e nuances forjados e superdimensionados, afinal Lula, o PT e a esquerda não são adversários, mas inimigos da mídia corporativa com suas armadilhas e ilações; e de segmentos sociais que não se admitem fascistas, mas apenas elite político-econômica e militar.

I Largadas e queimadas

A mídia já lançou candidatos à presidência. Se der para derrotar Lula agora, ótimo. Se não, que ele seja manietado e que sejam dinamitados rumores e pontes da reeleição ou cortadas as asas de qualquer provável sucessor à esquerda. Haddad, Dino, Rui Costa, Wellington Dias, Camilo Santana e Alexandre Padilha estão entre alvos a serem abatidos. Tem também a Marina, o Sílvio Almeida e o renitente Ciro Gomes, que precisam ser içados para embaralhar o jogo. A direita limpinha que sempre se diz de “centro”, tem Lady Tebet, Alckmin e Alexandre Morais, que devem ser louvados e vitaminados, até nas intrigas. Todo mundo na fogueira para ser queimado como batata doce em festa junina já na largada, o que inclui quem o golpismo precisa preservar.

II Haja flecha

Janja também é alvo preferencial. Haja flecha para quem ousa ser mu- lher no sentido amplo, geral, irrestrito, feminista e companheira do termo. Qualquer palavra ou atitude vira polêmica. Do vestido ao substantivo, do silêncio ao pretérito imperfeito do subjuntivo. Diminuí-la é preciso. Se nada existe contra ela, então tudo se fabrica, tudo deve ser superdimensionado.

III Guerra de Cotovelos

“Adoro fazer política pela mídia que finjo odiar”. A frase se aplica a muitos que estão no governo Lula e que acham que não tiveram o reconhecimento devido, leia-se cargos. No espectro da Frente Ampla isso é parte do jogo. No interior da esquerda, também. Mas, no Brasil de agora, a guerra de cotovelos (e não só) por espaços praticada via arsenal de intrigas, é canalhice mesmo. O velho e manjado fogo amigo amado pelo inimigo.

IV Tapioca Forever

As palavras impeachment e corrupção (a dos outros) continuam na moda. Elas servem ao colunismo amestrado e ao golpismo de plantão. Lula será alvo de pedidos de impeachment que virão até de Marte. “Denúncias” pipocarão e podem superar o monumental Escândalo da Tapioca que atingiu o então ministro dos Esportes, Orlando Silva. Quem viver rirá.

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