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Guaraná para recomeçar
Tragédia em galpão de cooperativa fez com que Eliana buscasse novos meios de subsistência
Além de presidente da Coomapem, que este ano completa 60 anos, Elianaé representante na Câmara setorial de Fibras Naturais eagricultura familiar da Fazenda Manancial. Essa última função veio após umadas maiores tragédias que ela viveu: um incêndio em 2013 no galpão da cooperativa, que deixou quase R$3 milhões de prejuízo aos cooperados.
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“Eu me vi de ponta a cabeça. Precisei me reinventar como mulher, como produtora, como gestora, como mãe. Anecessidade me fez ser diversa, pois continuei sendo presidente da cooperativa, mas precisei buscar dentro da minha propriedade aminha subsistência.Minha função na cooperativa é remunerada, masnão recebo há 10 anos por conta do incêndio”, relata. Em sua fazenda de 25 hectares, Eliana já plantoumaracujá, melancia mamão, macaxeira, pimenta de cheiro ea sua mais nova paixão éo guaraná. Desde 2018, ela tem parceria com o Sabores Vegetais do Brasil, que começou após ela terparticipado do projeto Corredores do Guaraná da Amazônia. “Este foi um recomeço importante,pois sem a parceriade umaempresa priva- da, eu jamais teria conseguido fazer o trabalho que faço hoje. E tudo isso eu consegui também por meio da cooperativa”. Com plantações consorciadas - quando se planta outra cultura na mesmaterr- elaconsegue fazer umarotação de cultura e manter sua produção para venda. “O consórcio foi ideia minha. Pensei: já que oguaranásó vai dar rentabilidade a partir do segundo ano, como pequena produtora, não tenho como esperar cultura pordois anos. Então fiz um trio: mamão, guaraná e pimenta de cheiro. Virou referência e até estudos de universi- mil. Em 2010, elasucedeu opai na presidênciae continuou trabalhando com o PAA. Dois anos depois, com renda de R$ 1 milhão no programa, a Coomapem ganhou um prêmio nacional. “Eu acabei com esse negócio de devolver recursos. Enquantonossosprodutoresda várzea não produziam porconta da cheia, eu ia atrás de agricultores em terra firme para cooperar Foi um período muito bom, em que vendíamos nossa produção para Marinhae o Exército por meio de editais” O trabalho dela como presidente da cooperativa émarcado pela presença. “Eu amo ter o contato estar com o produtor, saber a realidade. Ia com umaturma de recreio poressas comunidades até Coari. Muitas vezes eu era a única mulher,com 12 homens numa viagem para pegar fibra para trazer para a cooperativa Precisava deixar meus filhos sob os cuidados de outras pessoas. Sofriamuito com saudade epreocupação. Mas nãome arrependo de nada. Tudo isso me fez ser quem eu sou” Além de produtora, Eliana cuida de toda a parte administrativa da cooperativa dade.Botei acara atapa emostrei que dá certo” Em sua propriedade, Eliana também desenvolve uma pesquisa em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apoiada pela Sabores Vegetais do Brasil: ojardim clonal de guaranazeiros. “Trabalhamos com uma condução diferente O intuito é tirarmos muda desse jardim, que é mais adensado. Faço o controle para o pesquisador e, segundo me falaram, somos o primeiro jardim clonal de guaranazeiros do mundo atrabalhar desta forma”