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Mulher de fibra e energia
Seja com a juta, malva, macaxeira ou guaraná: ela se garante na multicultura e na gestão
LUANACARVALHO luanacarvalho@acritica.com
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A vida da produtora Eliana Medeiro, 50, é de lutas erecomeços. Primeira presidente mulher da Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (Coomapem) mas vivendo o cooperativismo desde a infância como filha de cooperado, ela lia na sede que “o trabalho é masculino porque é muitopesado”

Mas ela provouocontrário ehoje tem quase 100% de sua diretoria formada por mulheres.
Ainda criança, Eliana sentia correndo nas veias a paixão por pessoas e por liderar projetos. Filhamais velhadepais produtores de juta emalva na região de várzea de Manacapuru, aos oito anos ela já ajudava o pai, um dos fundadores da cooperativa.“Eu colocava as coisas no recreio elevava para a cooperativa.Eulembro de ir para casa com sacolas de dinheiro da fibra que meupai vendia, para que ele pagasse os trabalhadores que ajudavam na colheita”, relembra.
Aos14anos, Elianafoi para frase
“Muitas vezes eu era a única mulher, com 12 homens numa viagem para pegar fibra nos municípios para trazer para a cooperativa”

ELIANA MEDEIRO Presidente da Coomapem
Manacapuru para estudar ealguns anos depois começou a estagiar na cooperativa.“Com o passar dos anos, eu ia pra assembleiae mesmosem tervoz (por não ser cooperada) eu me fazia tervoz, falava com os produtores sobre as oportunidades de usar as tecnologias sociais e de equipamentosa nosso favor, falava de políticas públicas, mas não me ouviam”. Ela passou por todos os setores da cooperativa esofreu muito preconceitopor ser mulher.“Me colocaram para fazer tudo. Até ensacar fibra. Mas nuncareclamei etudo isso me serviu de aprendizado. Fui crescendo em conhecimento, visibilidade. Buscava, viajava, estudava, mas quando eu chegavana cooperativa e falava das ideias, não me deixavam desenvolver”
Um dos projetos que ela lutou para implementar foi o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que promove o acesso à alimentação eincentiva aagricultura familiar, criado em 2003.
“Ninguém acreditava esó tinha um jeito de eu conseguir fazer isso: sendo presidente da cooperativa” Mas, Eliana, não era cooperada eem seu primeiro pedido para se associar,foi rejeitada.
“Alguns cooperados deram a ideia de lançarmos meu pai para presidente já que era um dos fundadores. Ele teve receio, mas como eu já trabalhava há anos nessa parte de administração, eu disse que o ajudariae assim fiz” Em 2006, com opai presidente, ela credenciou acooperativa no programa federal.
“Começamos com R$ 100mil reais, sendo que 96% eram novos cooperados que eu precisei ir em busca, pois os antigos não acreditavam no programa” No outro ano, ovalor saltou para R$ 495