Boletim mulheres LSR-CIT

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MULHERES

NA LUTA BOLETIM DAS LUTAS FEMINISTAS

NO BRASIL E NO MUNDO


A ERA DA LUTA DAS MULHERES!

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As cortinas caíram: no Brasil e no

da Liberdade, Socialismo e

mundo, a sociedade está sendo

Revolução – LSR de diversos

obrigada a encarar de frente

estados do Brasil, e algumas

o machismo escancarado nas

companheiras de outras seções do

diversas camadas sociais. Nem

Comitê por uma Internacional dos

debaixo do tapete vermelho de

Trabalhadores (CIT) contaram um

Hollywood deu pra esconder

pouco sobre a relação das políticas

mais os assédios, os abusos, as

de austeridade e a violência contra

violências contra mulheres. Nas

a mulher, onde atuam e como

escolas dos mais diversos bairros

estão respondendo, na organização

as meninas começam a denunciar.

coletiva! Na página da LSR você

Ao mesmo tempo, vivemos uma

pode conferir na íntegra, todos

das maiores crises econômicas e

os textos. Acompanhe! Venha

políticas mundiais. Como esses

construir conosco um feminismo

fatos se relacionam? As mulheres

classista e socialista!


No processo de construção desse boletim, perdemos uma companheira aguerrida nas lutas contra esse sistema nefasto. Marielle Franco, mulher negra, periférica, socialista, a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro pelo PSOL, relatora da comissão que acompanha a intervenção militar no Rio, foi brutalmente assassinada no dia 14 de março de 2018. Os textos foram produzidos antes do acontecimento, mas refletem essa mesma realidade em que tal barbárie é imposta pra nós. Mais que nunca é necessário transformar a dor em luta, coletivamente. Sua vida e sua morte não serão em vão.

MARIELLE FRANCO,

PRESENTE!

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RIO GRANDE

DO NORTE No Rio Grande do Norte (RN) esse cenário desumano aponta um crescimento de 44,2%. Foram 104 assassinatos em 2015 contra 150 registrados em 2017, de acordo com o OBVIO - Observatório da Violência do Rio Grande do Norte, grupo de pesquisa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Com este cenário, não é possível, então, intervir na problemática individualmente, pois é visível que os altos índices têm uma relação direta com as políticas de austeridade que vêm sendo implementadas no último período pelo ilegítimo governo de Temer. Precisamos tirar o romantismo que a burguesia tenta depositar nas contrarreformas e entender a cilada do falso discurso de que a sua implementação é a única saída para tirar o Brasil da lama, quando na realidade o princípio fundamental desta reforma é novamente o de favorecer as pessoas ricas e condenar as pobres. Nós, mulheres da classe trabalhadora, somos alvos diretos desse processo e a única chance de combatê-lo é nos organizando. 4


RIO DE

JANEIRO No estado do Rio de Janeiro a

Com a atual intervenção militar, a

violência de gênero não só se

vida dessas mulheres periféricas

perpetua a cada dia como aumenta.

fica por um fio. Não são discutidas

A realidade é ainda pior no interior.

políticas públicas e muito menos

Rio das Ostras, por exemplo, é a

implementadas. As mulheres no Rio

capital do estupro no estado. É

de Janeiro resistem, organizando-

uma cidade relativamente pequena

se em diversos movimentos sociais,

ao lado do polo petrolífero de

promovendo fóruns, manifestações

Macaé, que sofre com o descaso da

e representações de liberdade. Nós

prefeitura com as conferências de

da LSR consideramos legitimas

políticas para mulheres, com a falta

essas formas de organização e

de infraestrutura e segurança, além

nos solidarizamos sempre. Agimos

de recentemente ter fechado a

dentro do PSOL, tanto no setorial

Casa da Mulher e nunca ter aberto

de mulheres como nos outros

uma delegacia da mulher. Nas

assuntos do partido, além de

periferias, favelas, e na parte rural,

acompanharmos diversos coletivos

as violências conseguem ser mais

como o Chega de Estupros em Rio

absurdas e sempre vivenciamos a

das Ostras.

morte de mulheres. 5


MINAS

GERAIS O estado de Minas Gerais se enquadra na segunda maior faixa de taxas de feminicídio no Brasil, em comparação com outros estados: em números absolutos de estupros e violência sexual, Minas Gerais figurou em quarto lugar nos consumados e terceiro nos tentados, com taxas médias; ainda, a proporção entre as vítimas mulheres brancas e negras foi de 44% para 32% em 2004, invertendo-se em 2014 para 48% e 62%, respectivamente. Acerca das formas de resistência, em Minas Gerais existe a Rede Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, que recentemente incluiu a Casa de Referência da Mulher Tina Martins. A Casa Tina Martins é fruto da primeira ocupação urbana organizada por mulheres na América Latina. Inicialmente foi ocupado um prédio público abandonado na região da Guaicurus, conhecida por ser local de trabalho das

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trabalhadoras sexuais, localizado no baixo centro de Belo Horizonte. As negociações avançaram com a cessão de um espaço para autogestão do movimento de mulheres, que hoje desenvolve trabalhos a partir de 4 eixos: 1) Formação Política, 2) Encaminhamento à Rede, 3) Acolhimento por meio de 3 tipos de auxílios gratuitos (psicológico, jurídico e assistência social) e 4) Abrigamento em situações emergenciais. Atualmente, com o vencimento da cessão de uso, a Casa sofre ameaças de despejo o que significaria um retrocesso no atendimento de centenas de mulheres. Resistiremos juntas para que a Casa Tina Martins permaneça em condições de atendimento. #ResisteTina


GOIÁS Nessa realidade de exploração nos inserimos no debate das políticas de austeridade: um olhar dentro da crítica anticapitalista que percebe uma articulação do capital influenciando a nossa própria existência enquanto mulher. Nossa vida e nossa morte. No 8 de março, fomos às ruas denunciar que Goiás está entre os cinco estados com o maior número de violência contra mulher, o segundo no rancking de feminicídios, e o primeiro em cesárias desnecessárias. O ponto alto da caminhada foi quando chegamos ao Terminal Praça A, um dos maiores da cidade, onde passa uma linha de ônibus chamada EIXÃO. Essa linha conecta Goiânia às cidades vizinhas que compõe a região metropolitana e é a mais lucrativa da América Latina. A classe trabalhadora enfrenta várias dificuldades no transporte, e as mais afetadas são as mulheres que sofrem todos os tipos de violência, como assaltos, assédios, falta de estrutura e segurança tanto as ruas como também dentro dos terminais. Nós, mulheres da LSR falamos em nome das mulheres do PSOL com essas trabalhadoras sobre a importância de estarmos unidas e em luta por nossos direitos! 7


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PARANÁ O Paraná figura entre os três

mais violentos da cidade, no

estados onde se comete mais

Sítio Cercado, onde atuamos por

assassinatos por questão de

meio do Núcleo PSOL. Esta se

gênero no Brasil, uma média

evidenciou como um dos maiores

de 6,4 mortes para cada 100

ganhos da nossa organização nos

mil habitantes, de acordo com

últimos 2 anos, pois é através dela

o levantamento do Ipea. É uma

que conseguimos dialogar com a

média superior à nacional que é

população trabalhadora sobre as

de 5,82. Das cidades do Paraná,

contrarreformas deste governo

a que possui o maior índice de

e seus ataques sobre a classe.

feminicídio é Piraquara, situada

Sabemos dos nossos limites, por

na região metropolitana de

sermos jovens, mas entendemos

Curitiba. Segundo um balanço da

que para o próximo período há

Secretária de Estado de Segurança

a necessidade de intensificar

Pública (SESP), os bairros mais

nossa atuação através do Núcleo

violentos de Curitiba foram, CIC,

do PSOL/ Sítio Cercado, pois

Tatuquara e Sítio Cercado, bairros

acreditamos ser uma ferramenta

que tiveram maiores números

valiosa que possuímos para

de homicídios, e as vítimas não

falar com os trabalhadores da

se diferem muito, são mulheres,

região sobre as contrarreformas,

homens da classe trabalhadora.

e sobre seus impactos na

A principal intervenção da LSR

população feminina, negra, LGBT e

em Curitiba é em um dos bairros

trabalhadora.

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SÃO PAULO

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A secretaria de segurança pública

últimas manifestações relâmpago,

de SP, mostra que uma mulher é

levando cerca de 10 mil mulheres

morta a cada 4 dias e 60% morrem

para as ruas, na última ação

dentro de casa. Sem dúvida um

contra a PEC 181, que impunha

caso subnotificado, pois muitas

retrocessos em casos de aborto

famílias sequer chegam a fazer

legal. Para além disso, participou

a denúncia. A denúncia é uma

de ações coletivas chamadas para

ação de grande importância, mas

denunciar situações de mulheres

a luta contra as contrarreformas

mortas barbaramente. Contudo,

do governo ilegítimo e o

muito ainda precisa ser feito.

congelamento dos gastos, fazem

Uma campanha nacional contra o

parte da mesma batalha. Nós

feminicídio que demande 1% do PIB

estamos nas lutas mencionadas

para combater a violência contra a

acima e na organização direta

mulher e a retomada da construção

dos eventos do 8 de março, mas

das casas abrigos e de acolhimento

para além disso fazemos parte

em todos os munícipios do país.

da Frente Feminista de Esquerda

Além de garantir o funcionamento

(FFE), espaço de frente muito

das DEAM’s 24 horas e nos finais

importante em SP que organizou as

de semana.


PERNAMBUCO É dialogando com a realidade

aspecto interno da organização,

concreta das mulheres negras

para a garantir a participação

e periféricas que identificamos

de nossas companheiras nos

não só processos de resistências

processos políticos, deliberamos

cotidianos, organizados e não

coletivamente que os companheiros

organizados coletivamente, que

da organização iriam se dividir

vamos identificando alternativas

em 2 tarefas durante o 8M, a

para a superação dessa opressão.

de campanha financeira da

Aqui em PE, nós construímos

organização; e na facilitação da

o Fórum de Mulheres de

creche, espaço que permite que

Pernambuco, que reúne diversas

as mães participem da política

organizações e mulheres para

com a tranquilidade de que não

avançarmos na luta feminista

botaremos um celular ou papel

a partir da auto-organização,

e caneta na mão para distrair

discussão e elaboração de política

a criança. A expectativa é que

públicas, atividades de formação,

o 8M assim como foi no ano

atos e demais intervenções. É

passado torne a luta contra as

a partir dele, principalmente,

contrarreformas cada vez mais

que construímos o 8M. No

pulsante, combativa e consequente.

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SEÇÕES INTERNA

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ACIONAIS D0 CIT

COMITÊ POR UMA INTERNACIONAL DXS TRABALHADORXS

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LYBRES Y COMBATIVAS

IZQUIERDA REVOLUCIONARIA / CIT ESTADO ESPANHOL SIDICATO DE ESTUDIANTES

As políticas reacionárias dos

... e ao longo deste período,

governos capitalistas garantem

também levantamos a bandeira

a opressão das mulheres

do feminismo revolucionário

trabalhadoras com impunidade,

firmemente. Em 2017, a partir das

e Mariano Rajoy e o Partido

Libres y Combativas organizamos,

Popular destacam-se por direito

pela primeira vez na história do 8

próprio: aprovaram uma reforma

de março, uma greve de estudantes

educacional digna da ditadura

contra a violência sexista, que foi

de Franco que privilegia a Igreja

um sucesso total e que culminou

com bilhões de euros para que

em manifestações massivas em

continuem disseminando suas

que milhões de pessoas criaram

mensagens abertamente sexistas

um grito ensurdecedor contra o

e homofóbicas e contra o direito

machismo. E este ano será ainda

ao aborto, além de cortarem a

maior: participaremos ativamente

ajuda à dependência, condenam-

da greve feminista que foi

nos à escravidão doméstica. No

convocada em escala internacional,

Estado espanhol, nos sentimos

convidando todos estudantes para

tremendamente inspiradas pela

a greve geral estudantil contra o

luta das mulheres nos EUA contra

machismo no mesmo dia.

o Trump, com o movimento Ni Una Menos na América Latina, a luta pelo direito ao aborto na Polônia 14


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ROSA

RESISTÊNCIA CONTRA A OPRESSÃO, SEXISMO E AUSTERIDADE SOCIALISMO REVOLUCIONÁRIO /CIT PORTUGAL

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P ortugal está entre os países

ou seja, menos 1 hora e 45 minutos.

com menor taxa de emprego da

Com a degradação do Sistema

Europa, o que afeta sobretudo

Nacional de Saúde em particular

as mulheres. Para além disso, as

nos últimos anos, a inexistência

mulheres trabalhadoras no país são

de uma rede pública e acessível às

as mais afetadas pelos contratos

famílias trabalhadoras de creches

precários e part-time, tendo como

e lares, o cuidado de familiares

consequência uma maior exposição

ficou sobretudo à responsabilidade

ao assédio sexual no trabalho.

das mulheres. Nos últimos meses,

Relativamente a dados de 2016

apesar de não existir um movimento

referente à desigualdade salarial,

feminista significativo em Portugal,

“a remuneração média da mulher-

é possível registar um aumento

licenciada é, em média, apenas

do número de mulheres nas ruas

entre 70,7% (se for considerado o

das cidades mais importantes —

Ganho) e 71,8% (se for considerado

denunciando sobretudo a violência

apenas a remuneração base)

machista na justiça e na família,

da remuneração de um homem

e acompanhando as marchas a

licenciado, enquanto uma

nível internacional contra o Trump.

trabalhadora com apenas o 1º ciclo

Temos estado presentes em todos

do Ensino Básico recebe entre 80%

estes momentos de luta, em Lisboa

e 83% da do homem com idêntico

e em Coimbra, com um programa

nível de escolaridade”. Relativo

de classe e socialista que vá além

ao trabalho não-remunerado em

das propostas liberais de resposta

Portugal, segundo dados de 2015,

à violência machista apresentadas

no total, em média, o trabalho não

pelas atuais lideranças destes

pago implica para as mulheres

movimentos, ligadas às direções

uma afetação de tempo diária de

do Bloco de Esquerda e do Partido

4 horas e 23 minutos; e para os

Socialista. Para além disso, temos

homens de 2 horas e 38 minutos,

participado de um novo coletivo


feminista iniciado pelas mulheres

gestão democrática por estudantes

do MAS, a Assembleia Feminista,

e trabalhadores/as de educação;

apoiando a iniciativa internacional

do acesso a uma educação sexual

de paralisação de mulheres no dia

inclusiva nos currículos; e da

8M com importantes bandeiras

abolição de todas as propinas, taxas

para a mulher trabalhadora. No

e emolumentos, para uma educação

Sindicato de Estudantes, estamos

realmente gratuita e universal. Por

também a mobilizar a juventude

fim, a ROSA —Resistência contra a

para a participação de ações

Opressão, Sexismo e Austeridade,

no Dia Internacional da Mulher

setor das mulheres do SR, irá lançar

Trabalhadora, reivindicando

neste próximo dia 8 de março

uma educação democrática sem

uma nova campanha pelo direito

opressões, por meio da defesa do

a creches públicas, gratuitas e de

aumento do Orçamento de Estado

qualidade para todas as famílias a

para a Educação para um programa

residir e a trabalhar no Conselho

nacional educativo de combate à

de Lisboa, ligando a luta da mulher

violência e para garantir condições

à luta contra a austeridade e a um

laborais dignas de professores/as,

programa socialista de socialização

auxiliares/as e psicólogos/as; do fim

e gestão democrática do trabalho

das privatizações no ensino; de uma

doméstico.

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LYBRES Y COMBATIVAS

IZQUIERDA REVOLUCIONARIA / CIT MÉXICO SIDICATO DE ESTUDIANTES

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Basta abrir alguma página da

sexual ou discriminação (por

web para encontrar notícias

razões de gênero ou gravidez)

de feminicídios, assédio, todos

exercidas por seus empregadores

os tipos de violência. Apenas

ou colegas, evidenciando que

hoje, encontrei três notícias sem

mesmo sendo mais qualificada do

procurá- las, todas terminaram

que os homens, estes o vêem como

em feminicídios, assassinadas

inferior. Outro tipo de violência

por seus parceiros, seja por

comum é no relacionamento

seu marido, seu namorado ou

conjugal, tanto no namoro quanto

simplesmente por um homem que

no casamento, que atenta contra

se sentia mais poderoso ou que

sua maneira de pensar, vestir,

viu a mulher como alguém fraco,

sentir. Tais atitudes tornam-se

alguém de sua posse, alguém que

invisíveis com o amor romântico.

se poderia matar. A violência de

Na família, ao tomar decisões

gênero que vive especificamente

por nós, ou por supor atividades

no México é brutal, de acordo

ou papéis que só correspondem

com as estatísticas, cerca de 70%

às mulheres. No que se refere

das mulheres sofreram, em algum

ao abuso sexual, os principais

momento de suas vidas, agressões

agressores são tios e primos. No

de tipo sexual, físico, laboral e

dia a dia, a violência exercida em

emocional. A violência contra as

espaços públicos ou comunitários

mulheres tornou-se normalizada

de natureza sexual, vão desde

e tem muitas arestas e âmbitos.

frases ofensivas de natureza

No mundo escolar, por colegas de

sexual, perseguição e abuso sexual

classe ou professores que fazem

(manipulação, exibicionismo

comentários sobre como uma

obsceno). Houve diferentes

menina/jovem deve se comportar.

expressões da luta feminista,

No local de trabalho com agressão

principalmente a luta contra o


19


20

feminicídio com # NiUnaMás:

foram realizados mecanismos de

as manifestações públicas

reeducação e conscientização,

assumiram mais força desde o ano

destianados à homens violentos.

passado, em que houve quatro

Em março, de 8 a 10, haverá um

manifestações que monopolizaram

Encontro da mulher que luta,

a mídia, no entanto, ainda

convocado pelo Conselho Nacional

não demos o passo para uma

Indígena e pelo EZLN. A realidade

convocatória de paralisação

exposta da violência de gênero,

geral. Foram organizados comitês

tanto no México quanto no resto

de pais e mães de vítimas de

do mundo, levou à expressão

desaparecidos que não só incluem

pelo movimento de diferentes

mulheres, mas que as origens

formas de resistência, não só

são provenientes das mortes de

das mulheres, mas também dos

Juarez (trabalhadores da maquila,

setores mais conscientes e, por

profissionais do sexo e mulheres

outro lado, a maioria da classe

de todos os tipos, desapareceram

trabalhadora violada. Isso nos

e foram assassinadas em Ciudad

leva a compreender como está

Juarez). Existem organizações

nossa atuação nesse processo e,

que funcionam como uma rede

quase um ano após o lançamento

de apoio psicológico e jurídico,

da plataforma feminista de

com trabalho de conscientização

nossa organização, a Libres y

sobre a violência sexista. Em

Combativas já deu seus primeiros

algumas comunidades indígenas,

passos no posicionamento da


luta feminista. A base de nossa

Pedagógica Nacional; uma de

atuação no movimento são as

nossas camaradas é membro de

ideias, é a explicação e a defesa de

um dos sindicatos universitários

um feminismo de classe, ou seja,

mais importantes do país e está

desmantelando a falsa ideia de

desenvolvendo um trabalho aberto

uma luta dos sexos. O outro fator

em colaboração com outras

é audácia, entendendo-a como

companheiras da organização,

uma tática permanente de estar

fazendo propagandas com

atenta a momentos e situações em

cartazes, folhetos, telas, o que

que podemos intervir com nossas

nos permitirá maior presença e

ideias e determinação. Uma das

disseminação de ideias. Estamos

nossas grandes realizações é a

convencidas de que a plataforma

elaboração do nosso programa

terá um crescimento exponencial

mínimo de demandas concretas no

no momento-chave, sob a

contexto da opressão das mulheres

condição de fortalecer a formação

especificamente em nosso país:

política das companheiras

a mulher indígena, a mulher

que estão se posicionando

trabalhadora, os feminicídios,

nas diferentes frentes, com a

que são uma aberração total

explicação do nosso programa e

e a expressão da podridão do

mantendo táticas arrojadas para

sistema capitalista. Como Libres

intervir, o que também permitirá o

y Combativas já temos um

crescimento e o fortalecimento do

grupo formado na Universidade

partido. 21


ROSA

REPRODUCTIVE RIGHTS, AGAINST OPPRESSION, SEXISM & AMP; AUSTERITY SOCIALIST ALTERNATIVE /CIT IRLANDA

22

A Irlanda tem a segunda maior

primeiros cortes implementados

taxa da União Europeia de

pelo Estado, no ano de 2008, em

mulheres que evitam transitar em

resposta à crise foram justamente

determinados locais ou se expor

nos já inadequados serviços

a certas situações por medo de

de atendimento às vítimas de

serem agredidas, segundo um

violência. Atualmente, uma

estudo da Agência de Direitos

questão que assola o país é a

Fundamentais da União Europeia,

crise imobiliária, por meio da qual

intitulado “violência contra

os alugueis subiram 65% desde

mulheres: mapeamento da União

2012 e, contraditoriamente, foram

Europeia”. 33% das pessoas que

instituídas políticas neoliberais

responderam acha que violência

que implicaram na quase total

contra a mulher era algo comum,

ausência de moradias públicas,

e 50% respondeu que acha ser

muito embora a crise imobiliária

relativamente comum. 41% das

seja real e as pessoas fiquem

mulheres irlandesas conhecem

efetivamente sem teto. Esse fator

alguém de seu círculo de amizades

é um empecilho gigantesco para

ou família que sofreu violência nas

que trabalhadoras e mulheres

relações íntimas. A última década,

pobres saiam de relacionamentos

marcada pela crise econômica,

abusivos e violentos. A seção do

tem sido um tempo de aumento

CWI/CIT na Irlanda tem um papel

de violência contra as mulheres na

central no desenvolvimento do

Irlanda, o que se corrobora pelo

ROSA, um movimento feminista

aumento substancial na demanda

e socialista irlandês. A ROSA faz

por serviços de auxílio destinado

campanhas que buscam alcançar

a mulheres. Simultaneamente, os

não apenas mudanças na cultura


e atitudes machistas, através de atitudes contra a abordagem machista e culpabilizante do Estado quando se volta à violência contra mulheres e pessoas fora dos espectros binários de gênero. As campanhas também têm o objetivo de contestar o domínio privado da saúde e investimentos públicos, não apenas para estabelecer serviços às vítimas, mas também para garantir abrigo. Há também campanhas para criação de um sistema de educação pública que seja laico, progressista, que inclua pessoas LGBTQ, com programas de educação sexual que abranja todas as pessoas e suas diferentes sexualidades, ressaltando a importância do consentimento. Nesse momento, manifestantes da ROSA e militantes da nossa organização estão no coração de uma grande batalha para descriminalizar o aborto, que culminará em um referendo ao final de maio para acabar com a proibição. 23


SOCIALIST ALTERNATIVE CIT EUA

24

Aqui nos Estados Unidos,

e a agenda política machista do

os ataques da direita vêm

Partido Republicano são reflexos

constantemente reduzindo o

do sexismo que o capitalismo

acesso ao aborto, a desigualdade

fomenta e são constantemente

de salários mantém as mulheres

reforçadas pela desigualdade

em situação pobreza de forma

sistêmica de gênero. Os

desproporcional, e a violência

recorrentes cortes em massa aos

contra as mulheres persiste em

serviços sociais nas instâncias

níveis pandêmicos. A cada dois

federais, estaduais e municipais

minutos uma mulher é violentada

trazem consigo consequências

sexualmente. Entretanto, talvez

devastadoras para toda uma gama

o machista mais notório esteja

de programas que proporcionam

na Casa Branca. A vitória de

serviços cruciais para mulheres

Donald Trump nas urnas e sua

e pessoas negras. As mulheres

gestão odiosa são convocações

sofrem as consequências dessas

para todas as mulheres tomarem

políticas de austeridade, e a

providências. As atitudes

pobreza imposta nos mata. A

desprezíveis com as mulheres,

somatória de salários baixos


25


26

com a falta de serviços sociais

maior dia de protesto nacional, e

faz com que as mulheres sejam

constituíram a base para um novo

economicamente dependentes

movimento de mulheres. Esse

das pessoas com quem se

potencial apenas aumentou com

relacionem, forçando muitas a

o desenvolvimento da campanha

permanecer em relacionamentos

#MeToo (#eutambém), que

abusivos. Ao mesmo tempo,

escancarou e se tornou símbolo

mais da metade de todas as

de resistência contra o assédio

mulheres vítimas de homicídio nos

sexual que assola nossa sociedade.

Estados Unidos são mortas pelos

A seção do CIT/CWI dos Estados

companheiros. Salários iguais

Unidos teve um papel importante

para trabalhos iguais, licença-

na resistência contra Donald

maternidade, creches públicas,

Trump e na mais recente onda de

fixação de um salário mínimo,

protestos contra assédio sexual,

tudo isso beneficiaria as mulheres

inclusive organizando protestos

de forma desproporcional,

ou liderando contingentes de

enquanto reduziria os lucros

pessoas do #MeToo nos atos.

das empresas. Além disso, há

É necessário um movimento

segmentos econômicos inteiros

de base organizado e que atue

cujo lucro tem relação direta com

dentro de nossos ambientes

os padrões de beleza machistas

de trabalho para conquistar

e a objetificação das mulheres.

mudanças duradoras nas vidas

Para conseguir vitórias reais para

das mulheres. Acreditamos que,

as mulheres, e para toda a classe

para verdadeiramente acabar

trabalhadora, temos que lutar

com o machismo estrutural que

contra os interesses das grandes

permite que nossos superiores

corporações. Em 21 de janeiro

nos assediem, temos que

de 2017 – o primeiro dia efetivo

combater simultaneamente sua

da gestão de Donald Trump –

causa estrutural: o capitalismo.

mais de um milhão de pessoas

Podemos criar um sistema e uma

protestaram contra o machismo de

nova sociedade que extermine

Trump nos Estados Unidos. Essas

com o capitalismo predador, e

demonstrações que ocuparam

seja liderada de acordo com os

todo o país marcaram um lugar

interesses das trabalhadoras e dos

na história americana, como o

trabalhadores.


27



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